Tô meio desanimada. Desculpem a demora e muito obrigada pelos comentarios. Essa história era só mais um projeto sem pretensão mas vocês tornaram ela importante <3 Até a próxima.
Rafaela.
A semana correu bem, apesar de pequenos conflitos que sempre apareciam. Mateus, Bernardo, Olívia e até mesmo Guilherme se mostraram ótimas pessoas, sempre animavam Alice quando ela começava a dar indícios de tristeza. Eu me encantava com aquela menina a cada dia mais, sabia que não seria fácil em certas horas mas ela definitivamente valia a pena.
Abri os olhos incomodada com o barulho do despertador em cima da cômoda e dei de cara com Alice me observando, ela tinha uma expressão serena no rosto e eu simplesmente não consegui deixar de encarar de volta, hipnotizada.
- O que foi? - Perguntei com a voz ainda rouca de sono.
- Você tava babando.
Passei a mão pelo rosto rapidamente e ela riu enquanto sentava em cima de mim. Sentei na cama também, com ela em meu colo.
- Tô brincando. - Ela sussurrou de olhos fechados, com o rosto praticamente colado no meu.
Nossos lábios se encostavam, ela fazia carinho na minha nuca com uma mão, me fazendo arrepiar inteira. Eu apertava sua cintura. Já estava mais do que excitada só de sentir aquele corpo no meu, o cheiro, a respiração que já começava a acelerar até que...
- HORA DAS MADAMES LEVANTAREM POIS NÃO PODEMOS NOS ATRASAR E... Vish gente, desculpa.
Mateus gritou da porta do quarto e saiu de lá rindo, depois de desviar de 2 almofadas voadoras; lançadas por Alice, claro.
- Me lembra de trancar isso da próxima vez. - Eu disse e ela riu.
- Me lembra de pôr ele pra dormir com uma fita adesiva na boca da próxima vez.
Alice me beijou e levantou. Em menos de 30 minutos já estávamos todos devidamente arrumados e descemos para tomar café. Foi uma bagunça só, Mateus e Olívia quando se juntavam eram terríveis. Ainda ríamos de alguma piada sem graça de Bernardo quando a porta da frente se abriu e a dona Marta entrou. Tinha uma expressão cansada mas era indiscutivel que a mulher era linda, assim como a filha. Alice abaixou a cabeça e se concentrou na xícara de leite na sua frente, como se ela fosse falar. Depois de alguns segundos todos nós fizemos o mesmo. Guilherme foi até ela e a abraçou, ela retribuiu carinhosamente, beijou a cabeça do pequeno e disse que iria subir para dormir. Eu observava Alice do outro lado da mesa, que havia desviado o olhar, como se ver tudo aquilo a machucasse muito, e de fato eu sabia que machucava. Ser tratada como um ninguém pela pessoa que deveria ser a mais importante da sua vida. Bem... é.
Bernardo deixou a irmã em casa e depois nos deixou no colégio. Alice e eu saímos na frente e ficamos esperando por Mateus no portão. Ele desceu do carro e como não havia muita gente naquela hora, aproveitou e beijou Bernardo.
- Ta podendo hein, viado. - Disse Alice assim que ele chegou perto.
- Não enche, Alice, sua babaca. - Mateus respondeu rindo.
Fomos brincando até a entrada da escola e sentamos embaixo de uma árvore enorme que havia no pátio, esperando o sinal bater. Eu estava sentada no meio das pernas de Alice e ela me abraçava por trás, deitando a cabeça no meu ombro e olhando para Mateus que falava algo sem noção, como sempre. Eu achava engraçado o olhar das pessoas que passavam e nos observavam surpresas, não pelo fato do namoro entre duas garotas mas sim pelo fato de Alice Heins estar finalmente namorando alguém. Pelo menos era esse o boato que se podia ouvir pelos corredores. Uns olhares eram de ódio puro, outros magoados, algumas garotas pareciam querer voar em mim e me tirar dali com tapas, haviam olhares de pura surpresa mesmo, uns maldosos (esses vinham de homens, em sua maioria). E eu? Pra mim tudo que importava era sentí-la em mim, como naquele momento. Acordar todos os dias olhando pra aqueles olhos lindos e poder ouvir sua voz antes de levantar. Estava perdida em meus pensamentos até que um olhar magoado se dirigiu a nós. Ana Luiza, do outro lado do pátio nos observava com os olhos marejados. O sinal bateu e ela sumiu rapidamente no meio dos alunos.
- Tu deveria falar com ela. - Disse Alice me assustando.
- Ai, Alice. Não assusta.
Ela riu.
- Rafa, tô falando sério.
- Sapatão magoada é bicho que não se brinca. - Disse Mateus.
- Eu falo com ela depois. Na verdade não entendo, nós... Ahn, só ficamos uma vez. - Disse observando Alice.
Tinha medo de como ela reagiria à informações desse tipo, mas ela só encostou a cabeça na árvore atrás de si e falou:
- Rafa, não é preciso uma história de Hollywood pra uma pessoa se apaixonar por outra. Acontece que hoje em dia tá tudo tão morto dentro das pessoas que todos esquecem que o amor é algo indefinível. Você não pode impor seus padrões a ele. Simplesmente acontece.
- Tem razão. - Mateus disse - Desculpa, pensei alto.
Nós rimos e Alice já se preparava para zoar Math quando um Lucas de olho roxo e boca machucada apareceu na nossa frente. Alice não parava de rir atrás de mim e Mateus estava em alerta.
- Cara... Vir assim pro colégio. Parabéns, tu é mais corajoso do que pensei que fosse.
- Essa é a última vez que eu aviso, a última vez que me permito ser bonzinho, mas da próxima vez eu juro que não vai passar. Se eu fosse você tomaria muito cuidado. - Lucas disse e riu. Um daqueles risos que eu odiava.
Ele deu as costas e foi embora.
- Se eu fosse você, colocaria um band-aid na sobrancelha - Alice gritou e soubemos que ele ouviu quando o vimos levantar o dedo do meio.
Alice riu.
- Da pra explicar? - Perguntei.
- Eu acabei acertando ele na briga com o tio. Vamos?
- ESPERA!!!!!! Aquele olho roxo foi você quem deu a ele? - Mateus perguntou caindo na gargalhada.
- Tenho medo de vocês. - Eu disse.
- Gente, cala a boca e vem. As provas começam em poucas semanas. - Alice disse e pegou minha mão.
Me senti a garota mais sortuda do mundo, andando de mãos dadas com, a agora, minha namorada.
