Cap.2
Pode parecer exagero, mas não é. Ele era todo perfeito. Um japonês lindo ! Era branco, tinha um cabelo liso, perfeitamente cortado, tinha uma franja. Seu nariz ela afilado, tinha os olhos puxados, mas não muito. Uma boca pequena. Parecia ser magro. Usava óculos. Ele era, apaixonável. Os dias passaram, mas eu não tirava os olhos dele nas aulas. Adorava as aulas de educação física, pois podia vê-lo sem restrição. E adorava quando pegava ônibus, ele sempre pegava o mesmo que o meu. As vezes ele olhava pra mim. Ficava feliz quando ele olhava pra mim. Certa vez, estávamos apenas os dois na sala. Ele estava calmo, quando de repente ficou afoito, e desmaio.
- Ei !- corri pra ver o que tinha acontecido com ele- ou- falei, dando leves tapas no seu rosto. Aos poucos ele foi acordando- o que houve ?- ele me abraçou em seguida e começou a chorar.
- Minha mãe... morreu. Ela morreu !!- falava, me abraçando fortemente e se debulhando em lágrimas.
- Calma, calma, você tem certeza ?
- Tenho. Me ligaram, avisando. Ela... foi atropelada. Ai, eu não acredito nisso !!!- falava, chorando- um carro vem me buscar. Eu preciso ir- falou, rapidamente, pegando suas coisas- me leva até lá embaixo, por favor, eu não quero ir sozinho, é...
- Eric- ele olhou, como se tivesse estranhado.
- Tudo bem, me chamo Kazumi. Você deve estar me achando um louco !- falava, limpando os olhos.
- Não, entendo, vamos- falei, pegando as minhas coisas e descendo as escadas com ele. Todos olhavam, já que ele não parava de chorar. Ele chegou no portão, já tinha alguém que ele conhecia, parecia ser pai, ele correu pra abraça-lo. Fiquei apenas olhando de longe. Ele entrou no carro e logo saiu, de dentro, ele deu um tchau pra mim, com as mãos. Estava triste, pelo que ele estava passando.
UMA SEMANA DEPOIS
Ele havia passado uma semana sem comparecer na escola. Achava que ainda estava de luto. Até vê-lo andando pelos corredores da escola, com papéis na mão. Ele usava uma camisa preta, ficava lindo nela. A propósito, pude perceber que ele era médio de altura. Ele saiu da sala, olhou pro lado, me viu. Veio em minha direção.
- Você ainda me acha louco ?- falou, normal
- Não. Nunca te achei louco- ele baixou a cabeça por alguns segundos, e olhou pra mim
- Vou me transferir daquilo- ouvir aquilo foi uma tristeza.
- O que ? Porque ?
- Vou passar a morar com o meu pai, em Osaka. Por isso vou embora.
- Mas...
- Mas ?- me levantei e sai correndo.
- Ei !- ele gritou, nem olhei pra trás. Era o garoto que eu gostava, que iria embora. Eu nem tive tempo pra saber nada dele. Nem fiquei mais no colégio. Fui direto pra casa. Chorava com um besta. Nem sabia porque chorava tanto. Nem tive a oportunidade de conhece-lo direito, mas parecia que ele tinha morrido.
5 ANOS DEPOIS
5 anos haviam se passado. O que havia mudado ? Muita coisa. Me formei em Letras a pouco tempo. Havia virado escritor, e passei a trabalhar pra um amigo meu, que era associado com grandes escritoras, e corporações de cinema. Com o dinheiro que ganhava, havia saído de casa, e passei a morar sozinho, num apartamento, no centro de Tóquio. Havia aprendido a gostar daquela cidade. Havia me assumido gay pra minha família, e obtive apoio, ainda bem. Meu cabelo estava maior, e agora eu usava franja. Fiquei com poucos garotos, e o último tinha sido um amigo de faculdade, que trabalhava comigo. Mas nunca esqueci aquele garoto que revirou meus pensamentos. Meu primeiro amor.
- Eric- meu chefe estava na porta do meu escritório.
- O que foi Atsu ?
- Eu tenho uma chance de ouro pra você.
- Como assim ?
- Uma produtora veio aqui, dizendo que queria uma boa história de romance, mostrei algumas sinopses suas e eles gostaram. Querem que você escreva, uma nova. E se eles gostarem, você pode ter o seu primeiro trabalho como roteirista- não pude conter a felicidade.
- Você deve estar brincando né ?
- Claro que não.
- Enquanto tempo eles vão querer isso ?
- 2 meses.
- Nossa, tão pouco tempo.
- Mas eles podem prorrogar. E isso é só pra produzir a sinopse.
- Ok. Eu preciso comemorar.
- Pode ir, seu horário já terminou.
- Ai, valeu chefe- falei dando um beijo no rosto dele. Peguei minhas coisas e fui embora, rindo como uma criança que acaba de ganhar um presente. Fui beber. Cheguei no local, estava vazio, poucas pessoas. Pedi um drink que eu costumava tomar sempre. Foi quando sentou um homem ao meu lado. Até ai tudo bem. Mas seu perfume era tão forte que eu acabei olhando. Parecia conhecido. Ele olhou pra mim, sorriu. Logo chegou o meu drink. Comecei a tomar, quando uma voz grossa falou.
- Por acaso, você se chama Eric ?
Continua
Gostaram ????
