A Máfia dos Solteiros - Capitulo 2 pt 2

Um conto erótico de Charlie
Categoria: Homossexual
Contém 1497 palavras
Data: 14/06/2014 22:56:42
Assuntos: Amigos, Amor, Gay, Homossexual, Sexo

Os três deram um abraço coletivo em Lennon que se encheu ainda mais de esperança. De alguma forma estranha, ele estava preparado para qualquer que fosse o resultado.

Assim, na manhã seguinte, os quatro seguiram para o laboratório e ficaram esperando por quase meia hora na recepção até que o nome de Lennon fosse chamado por uma moça jovem e simpática, que o levou para uma sala exageradamente branca. Lá, Lennon sentou-se e esperou até que viessem retirar seu sangue. Ele ficou olhando para aquele líquido vermelho saindo de seu corpo, imaginando o que aquela pequena quantidade poderia guardar. O resultado sairia em dois dias.

O resto do dia foi estranho para todos os quatro. Lennon preferiu recolher-se em sua casa, assistir Brokeback Mountain, o que era novidade, uma vez que ele só costumava assistir filmes da Bel-Ami. Júnior procurou pesquisar na internet sobre HIV e sobre como conviver com portadores da doença. Ítalo cozinhou a tarde inteira e comeu tudo sozinho, era a única forma que ele conhecia de afastar pensamentos ruins. Já Pascoal, deixou os livros da faculdade de lado e, pela primeira vez, em muitos anos, rezou.

Quando Ennis del Mar despediu-se pela última vez de Jack Twist, no filme, Lennon tomou uma decisão. Ele levantou-se, tomou um demorado banho, escolheu sua melhor roupa e seguiu para o bar, onde há dois meses, teve sua última transa sem proteção, cujas possíveis consequências, estavam lhe aterrorizando desde ontem.

Ao chegar ao bar, ele teve uma espécie de flashback. A mesma música da Gaga tocando ao fundo, homens se encoxando em todos os cantos do local e, o que mais lhe chamou atenção, o mesmo loiro no balcão, bebendo descontraidamente. Sem saber exatamente o porquê, Lennon se aproximou do rapaz, exatamente como na vez anterior.

_Oi. _falou Lennon, percebendo a expressão de surpresa do loiro quando este o viu.

_Oi cara. _começou o loiro. _Desculpa por ontem, mas eu não podia dormir em paz, se eu não te contasse o que estava acontecendo.

_Você não tem pelo que se desculpar. Se aconteceu mesmo alguma coisa, que eu só vou descobrir depois de amanhã, a culpa foi minha também, afinal, eu me descuidei e sequer me arrependi depois.

De uma maneira estranha, os dois se olharam diferente da primeira vez. Antes, se olharam com desejo, tesão, mas dessa vez, eles estavam se olhando nos olhos, como se tentassem investigar a alma um do outro.

_Mas espera aí, como é que você se chama mesmo? _perguntou Lennon. _Eu sempre te chamei de meu loiro.

_Meu nome é João Carlos, mas você pode continuar me chamando de “meu loiro”, pelo menos ilusoriamente acaba se tornando verdade.

Sim, eu sei reconhecer quando está rolando um clima entre duas pessoas e isso definitivamente estava acontecendo naquele momento. João Carlos estava mais tímido, impossível não se sentir culpado com o que poderia ter transmitido a Lennon. Este, por sua vez, tocou a mão do garoto e lhe mostrou um sorriso acolhedor, que se fosse traduzido em palavras, significaria: “Pode ficar tranquilo, está tudo bem.”

_Mas me diz uma coisa, meu loiro, como foi quando você descobriu que estava carregando esse vírus tão temido? _perguntou Lennon ainda segurando a mão de João Carlos.

_No começo foi difícil pra mim. Difícil inclusive pra me aceitar. Mas, com o tempo eu descobri que não era só comigo que acontecia isso. As pessoas em todo mundo, de todas as idades, têm problemas de aceitação. Seja a adolescente que descobre que seu rosto tá cheio de espinhas, ou o cara de meia idade que descobre que a calvície é inevitável ou mesmo a mulher que depois de 20 anos de casada se vê diante de um divórcio. É difícil viver, é difícil se aceitar, mas há maneiras de tornar a vida mais fácil. E essa maneira é sendo feliz com a gente mesmo.

_Você tem uma força tão grande e um modo de pensar tão maduro. Isso é bem sexy, sabia? _comentou Lennon já com o olhar malicioso.

_Meu pensamento mudou muito. Passei a ler mais, assistir mais filmes. Sabe, tem um filme chamado “Um Amor Pra Recordar”, já assistiu?

_Não, mas assisti uma paródia, chamava-se “Uma Foda Pra Recordar”. _disse Lennon, enquanto ele e João Carlos sorriam do comentário.

_É um filme sobre uma garota que tinha uma lista de coisas a fazer antes da morte. _disse o loiro. _Ela arrumou um grande amor que a ajudou a realizar algumas dessas coisas. Eu fiz a minha lista e só estou esperando o meu grande amor.

_E eu posso saber o que tem nessa sua lista?

_Bom, eu quero ver o nascer do sol de mãos dadas, quero gravar uma música, escrever um livro e me casar num lugar florido e cheio de verde.

_Hum... _disse Lennon pensativo. _O que você acha de começarmos com o nascer do sol?

João Carlos sorriu. Desde que se descobriu soropositivo, passou a achar que nunca mais encontraria a metade da laranja e, na verdade, ele não se esforçava em procurar, pois tinha medo da rejeição. Naquele momento, de mãos dadas com Lennon, ele realmente estava acreditando que Deus escreve certo por linhas tortas.

Na praia, os dois esperaram o sol nascer e, de mãos dadas, assistiram a esse grande espetáculo da natureza, sem saberem que outro grande espetáculo estava acontecendo: o nascimento de um grande amor. Não houve beijo, só mão na mão, olho no olho, mas, indescritivelmente, algo maior do que no último encontro.

Dois dias depois, Lennon estava com o papel, que em sua opinião, decidiria sua vida. Aos poucos, todos os amigos iam chegando. Ítalo foi o último.

_Desculpa o atraso. _disse ele. _É que lá na empresa, tá uma bagunça danada. Mas e aí, já abriram?

_Ainda não. _respondeu Júnior. _Ele tava esperando que todos estivessem aqui. Mas eu não tô me aguentando mais de tanta ansiedade. Vamos, abre logo.

_Ainda não. _recusou-se Lennon. _Falta uma pessoa.

Todos se entreolharam, como se estivessem fazendo uma espécie de contagem mental.

_Lennon, o Charlie não está mais entre nós, não precisa esperá-lo. _disse Pascoal, sem saber que, mesmo invisível, eu estava entre eles.

_Não é o Charlie que eu estou esperando. _falou Lennon, no momento em que a campainha tocou.

Rapidamente, Júnior apressou-se em abrir a porta e, assim, matar a curiosidade de todos sobre o quinto elemento. Era João Carlos, o loiro, que sob os olhares supresos de todos, aproximou-se de Lennon e deu-lhe um caloroso beijo na boca.

_Cheguei, Lennon. _falou o loiro, sentando-se ao lado. _Agora podemos ver o resultado juntos.

Todos mantiveram um silêncio constrangedor enquanto Lennon abria o resultado do exame. Ele o leu sozinho e ficou sem qualquer expressão no rosto, enquanto todos observavam com ansiedade. De repente, quando uma lágrima escorreu pelo rosto de Lennon, todos já previam o pior e já preparavam o discurso de consolo para o amigo.

_Eu não tenho nada no sangue, a não ser uma leve anemia. _disse Lennon abrindo um sorriso emocionado de orelha a orelha.

Um a um, nossos amigos também foram ficando emocionados e abrindo sorrisos. Entre gritos de comemoração e abraços, tudo o que se percebia naquela sala era festa e alegria. João Carlos, contudo, parecia um pouco isolado, como um peixe fora d'água.

_Gente, eu preciso fazer uma coisa. _disse Lennon correndo em direção ao quarto.

Nesse momento, João Carlos dirigiu-se à porta de saída. De longe, Pascoal percebeu que o garoto não estava bem e aproximou-se.

_Já vai embora? _perguntou Pascoal. _Aconteceu alguma coisa?

_Eu estou feliz por ele. _respondeu o loiro. _Eu realmente estou, mas agora que ele descobriu que não tem nada no sangue, com certeza não vai querer correr novamente o risco ao meu lado. E eu não o culpo. Então, me deixa ir embora sem qualquer despedida, enquanto esse conto de fadas ainda está com um final feliz.

Assim, ele foi embora sem olhar pra trás e sem que Pascoal pudesse fazer nada ou sequer tivesse tempo de fazer qualquer coisa. Enquanto isso, em seu quarto, Lennon aproximou-se de uma gaveta que eu conhecia muito bem. Ele havia me falado sobre ela há alguns meses.

_Essa gaveta é quase um santuário pra mim. _disse ele na época. _Quando eu conheço um cara, pego o número do telefone e o e-mail e faço uma espécie de ficha com os dados dele, daí coloco em ordem alfabética aqui dentro dessa gaveta. Assim quando eu precisar, venho aqui e procuro por aquele que mais me interessar no momento.

Na época eu o recriminei, mas hoje eu vejo com clareza. Tudo que acontece em nossa vida simboliza um passo dado nessa incrível jornada. E era mais um passo que Lennon estava prestes a dar naquele dia. Feliz, abriu sua gaveta e pegou todas as “fichas” dos homens com quem teve contato e jogou-as na privada, puxando a descarga. Definitivamente, ele estava disposto a recomeçar.

FIM DO CAPITULO 2

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Comentários

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Emocionante essa parte.Será a relação de Lenin e João Carlos agora depois dessa descoberta.Ancioso pelo próximo capítulo. Peguei seu contato meu querido,e com certeza irei contatar.Meu email , facebook

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