Oi galera voltei
nunocaoixaba- você não faz ideia das loucuras q irão acontecer durante a busca de cada um deles.
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CAPÍTULO 2 – HÁ ALGUMA COISA NO MEU SANGUE
Já fazia uma semana desde a minha morte e, naquela noite, meus amigos estava muito cansados quando chegaram da minha missa de sétimo dia.
_Droga! _disse Júnior jogando-se no sofá. _Dormi a cerimônia inteira.
_Pois eu não! _disse Lennon com um sorriso de orelha a orelha. _Já fazia uma semana que não gozava e hoje me alivei.
_Uma semana? _falou Pascoal. _Tá querendo dizer que transou no mesmo dia da morte do Charlie?
_Ué, aquele padre lá no cemitério falando coisas tão bonitas... Não tive como resistir. A carne é fraca.
_Um padre? _espantaram-se os outros três em coro.
_É, o fato de ser um padre facilitou tudo. Só que eu tive que mentir a idade... Falei que tinha menos de 17.
_Mas e hoje? _indagou Ítalo. _Não vai me dizer que transou com o padre velho que rezou a missa. Aquele homem tem idade pra ter batizado a Dercy Gonçalves.
_Mas não tem dentes! _completou Lennon. _O boquete dele me foi muito confortável, ainda mais pra mim que sou cabeçudo.
_Nojento! _resmungou Pascoal
Pouco se chocou sobre as aventuras sexuais de Lennon, afinal, em tanto tempo de amizade, todos já estavam acostumados com aquele tipo de comportamento. Lennon morava só naquele minúsculo apartamento. Ele não se dava muito bem com os pais, mas nada a ver com sua homossexualidade e sim com seus impulsos sexuais incontroláveis. Ele trabalhava como garçom e, tão logo seus clientes comiam algo, ele tratava de comer os clientes.
_Mas enfim, não é isso que está em questão. _decidiu Pascoal. _Eu estava pensando no que fazer pra homenagear o Charlie.
_Homenagear? _indagou Ítalo.
_É! Afinal, todo mundo aqui sabe que ele foi importante nas nossas vidas, único, insubstituível.
_Pascoal, espero que você não fique chateado com minha pergunta. _começou Júnior sabendo que exatamente que frases que iniciam dizendo sobre não chatear, é porque normalmente chateiam. _Mas, você tinha alguma espécie de sentimento além da amizade pelo Charlie. Sendo direto, você era apaixonado por ele?
Pascoal abriu a boca como se quisesse falar alguma coisa, mas calou-se. Na verdade, nem ele sabia direito o que sentia por mim e a pergunta de Júnior fez com que ele questionasse a si mesmo e, ao descobrir que não sabia a resposta, fez a única coisa que uma pessoa sensata faria nesse momento: mentiu!
_Claro que não, Junior! _disse ele. _Que idéia! O Charlie era meu amigo, assim vocês são. Eu sinto por ele o mesmo que sinto por cada um de vocês.
Durante a noite, vários outros assuntos foram rolando, desde casos passados até possíveis futuros relacionamentos. Juntos, esparramados pelo chão e pelo sofá, meus quatro grandes amigos sorriam como loucos, contando piadas e relembrando bons momentos sobre mim. Infelizmente, quando a campainha tocou, um péssimo momento estava prestes a acabar com os sorrisos.
Quando Lennon foi atender, ele reconheceu o rosto do cara que tocou. Tudo aconteceu há exatamente dois meses. Em um bar, com uma música da Lady Gaga ao fundo, ele observava do outro lado do balcão, um jovem loiro, lindo, cujos bíceps pareciam querer rasgar as mangas da blusa. Não demorou até que os dois se aproximassem e começassem a conversar. Da conversa até o banheiro, foi um pulo e, em uma das cabines, fizeram sexo. Para Lennon, foi uma das melhores fodas da sua vida. Isso, por que ele não sabia o que estava por vir.
_Oi Lennon. _falou o loiro, tão logo lhe foi aberta a porta. Ele estava com os olhos arregalados, como quem estivesse preocupado.
_Oi... _disse Lennon, interrompendo a si mesmo, na tentativa de lembrar o nome do garoto, mas vendo que não lembraria, tratou de mudar o rumo da conversa. _Como você descobriu onde moro?
_Eu tô tentando te encontrar há mais de uma semana. _disse o loiro, enquanto os demais amigos de Lennon observavam curiosos a conversa. _Fui ao bar onde a gente se encontrou, te descrevi e não demorou até que aparecessem caras com pistas sobre você. Fui juntando peças até chegar aqui.
_Ah, isso é ótimo. _disse Lennon. _Mas o que você quer aqui afinal de contas?
_Eu preferia falar a sós com você. _disse o loiro, olhando para os outros, que não disfarçavam a curiosidade.
_Por causa dos meus amigos? _disse Lennon sorrindo. _Não se preocupe. Ele irão saber o que você vai me dizer de qualquer forma. Então, me poupa o trabalho de contar e já conta na frente deles.
_Tem certeza?
_Absoluta.
_Bom, _começou o loiro. _há mais ou menos dois meses nós fizemos sexo no banheiro de um bar e, naquele dia, não nos preocupamos em usar camisinha. Mas, há três eu fui participar de uma campanha de doação de sangue e lá eles detectaram que... _ele travou por um instante, como se quisesse chorar. _Lá eles detectaram que há alguma coisa no meu sangue.
_Que coisa? _perguntou Lennon, com a expressão fechada, tom de preocupação, sendo imitado pelos amigos. Enquanto o loiro respirava fundo.
_Eu descobri que sou soropositivo.
Aquelas palavras caíram como uma bomba sobre a cabeça de Lennon e dos meus amigos. Só que ouviu algo parecido sabe o que se sente. Eu tenho certeza absoluta que toda a vida de Lennon passou diante de seus olhos, exatamente como a minha passou diante dos meus momentos antes de minha morte.
_Há quanto tempo você está contaminado? _apressou-se Ítalo.
_Eu não sei. _respondeu o loiro. _Por isso estou avisando a todos com quem mantive relações sexuais sem proteção pra que possam fazer os exames e diagnosticar se houver algo o quanto antes. Eu não quero estragar a vida de ninguém. Já basta ter estragado a minha!
Lennon não sabia o que falar. Começou a andar sem direção pela sala, olhando todos os objetos em volta, para a cara de todos os amigos, como se quisesse abraçá-los, mas ao mesmo tempo, como se estivesse com vergonha de cada um deles. Devagar, foi andando em direção ao seu quarto.
_Lennon! _tentou chamar Pascoal, com uma expressão de tristeza, enquanto era contido por Ítalo.
_Deixa ele. _falou Ítalo. _Ele precisa pensar. Precisa de um tempo com ele mesmo.
Lennon entrou em seu quarto e rodou de um lado para o outro, estava com medo e estava com a cabeça cheia de pensamentos. Mas, naquele instante, o pensamento que tomava conta de sua cabeça foi uma conversa que teve comigo no dia seguinte a essa transa no bar, logo depois de me contar sobre o que aconteceu.
_Você ficou louco? _falei quase gritando. _Como é que você sai transando por aí com desconhecidos sem camisinha?
_Foi coisa de momento, Charlie. _ele me respondia sorrindo, com o olhar distante, sem um pingo de arrependimento do que havia feito. _Quem é que vai pensar em camisinha numa hora dessas. Além do mais, sexo com camisinha é como chupar bala com papel
Me aproximei de Lennon, respirei fundo e lhe dei uma bela bofetada, com toda a força que consegui reunir. Ele me olhou surpreso, quase com raiva, mas entendeu no meu olhar por que eu havia feito aquilo.
_Eu me preocupo com você meu amigo. _respondi. _Me preocupo com a vida que você leva. Eu não quero que nada de ruim aconteça a você, por que se algo acontecer a qualquer um dos meus amigos, estará acontecendo comigo também, só que nunca proporção bem maior, porque vocês são minha vida.
_Ah, Charlie. _ele falou com voz suave, se aproximando e me abraçando. _Você sabe que eu te adoro. Não se preocupa, não vai acontecer nada de ruim comigo. Foi só uma transa. Acabou! Pronto!
_Então me promete que você nunca mais fará sexo sem camisinha. Promete!
_Prometo. E também prometo que chuparei balas com papel. _ele falou e nós dois sorrimos e nos abraçamos.
Charlie sabia que, se houvesse algo em seu sangue, eu era o responsável por ele não ter passado a ninguém e, de uma maneira estranha e subconsciente, ele me agradecia por aquela conversa. E, após 15 minutos de choro pela possibilidade de carregar o vírus, ele sorriu por não carregar o peso de fazer alguém passar pelo mesmo.
Quando Lennon voltou à sala, todos os amigos o esperavam, em silêncio, de mãos dadas, à espera que ele dissesse algo que aliviasse a dor dessa dúvida. Lennon apareceu devagar, com o rosto inchado pelo choro, porém com uma expressão mais leve e com uma ponta de esperança no olhar.
_Amanhã, quando eu for àquela clínica fazer esse exame, quero que todos vocês estejam lá. _disse ele.
_Pode ter certeza que iremos todos... _falou Ítalo. _Inclusive Charlie.