-Eu já sei de tudo querido. Pode ficar tranquilo. - Ela disse me olhando com um sorriso de sem graça. -Sabe... Eu fiquei sabendo uma semana antes do acidente de Bruno, eu já desconfiava mas me negava a acreditar, primeiro, porque... eu sempre gostei muito de você, e segundo, porque, esse assunto ainda é um tabu a ser quebrado na sociedade, eu não poderia aceitar também, meu filho antes, trazia muitas garotas em casa, e do nada, isso parou de acontecer. - Ela puxou minha cabeça em direção ao seu colo e começou a fazer cafunè. - Querido. Me perdoa. Bruno estava quieto no quarto, quanto a muito tempo ele estava, segundo ele, namorava uma garota, que eu depois descobri que era tudo fachada. Mas enfim. - Ela suspirou. - Eu vim aqui, nesse quarto. - Ela começou a chorar. - E perguntei porque ele não saia, era jovem, e tinha que aproveitar. Ele... ele... - ela limpou as lágrimas. - Teve um dos ataques que ele tem, e gritou comigo, me falando coisas frenéticas. Como ' Você não entende?! Você nunca se tocou?! Você me tirou de quem eu mais amo, vocês me tiraram.' Eu ainda não tinha entendido sabe? - ela começou a chorar novamente e lágrimas já se formavam nos meus olhos. - Ai ele disse que amava você, que você ao lado dele era como se ele se sentisse vivo, poderoso. E... eu? Eu fiz uma coisa terrível, gritei também e disse que não acreditava que ele era viado. Sim meu amor, eu disse nessas palavras. - Ela começou a chorar. - E ainda por cima disse que ele não ia mais voltar se fosse por mim. Bruno, mimado que só ele, disse que ia fazer as piores coisas que um adolescente poderia fazer. Eu disse que tudo bem, que ele que se ferrasse. Ele merecia. - Ela começou a chorar freneticamente.
Eu a abracei.
Eu sentia que ela estava realmente arrependida. E isso me doia demais o coração.
-Eu logo que sai do quarto comecei a chorar, e me arrependi por ter dito aquilo pro meu filho. Depois disso, Bruno começou a dormir fora de casa. Sempre com uma aparência divina , vivia em festas, baladas. Até que... ele sofreu um terrível acidente de carro, ele... estava dirigindo bêbado. - Ela tentou se recompor. Começara a limpar os olhos. - Sabe Luca? Os pais que tem preconceito com o próprio filho, não sabem o que é, depois que perde. Eu nesse tempo, vi, que eu quero que ele seja feliz, e que se dane o mundo! - ela riu ao mesmo tempo em que chorava. - Ninguém sabe a sensação de perder um filho, eu não quero perde-lo, eu vou aceitar ele com você, sabe? Eu amo você também. Vocês são como a gente! Merecem felicidade! Pombas! - ela disse me abraçando. - E... depois do acidente, ele permaneceu acordado por duas horas, eu cheguei la e as últimas palavras que ele me disse, foi ' Você já sabe a quem falar e o que falar.' - ela me afastou e me olhou nos olhos. - Era você. Ele te ama, e...depois eu descobri que a tal namorada era uma amiga! Uma amiga! Ele queria que você pensasse que ele estava namorando para ter raiva dele e viver sua vida, não ficar sofrendo e esperando por ele. Era essa a intenção idiota dele. - Ela passou as mãos nas minhas.
Eu estava completamente sem qualquer reação, lágrimas saíam dos meus olhos. Como ele pode fazer isso? Ficar sofrendo por mim enquanto eu ficava com alguém? Ele não podia. Não tinha esse direito.
Eu amava era ele.
-Depois disso, um semana antes de eu conseguir te ligar, ele... chamou pelo seu nome. Chamou, simplesmente inconsciente. Eu estava la, Bruna até pensou que ele tinha acordado, mas estava simplesmente com os olhos fechados. - Ela sorriu para mim e passou as mãos no meu rosto, tentando limpar minhas lágrimas. - Eu deveria ter te ligado antes, sim. Quando ele chamou por você eu sabia que você merecia saber o que estava acontecendo, demorou para eu te ligar, eu tive que conseguir seu número. Minha agenda velha eu tinha jogado fora, Foi muito difícil, mas consegui, me perdoa Luca? - ela disse chorando para mim.
Os cabelos loiros já estavam desgrenhados para trás, e sorria.
-Perdoar? Você me trouxe de volta a quem eu mais amo, e nos aceitou do jeito que somos... sabe? Eu não tenho que te perdoar. Fer? Eu te amo também. - Eu disse a abraçando forte. -Obrigado. Obrigado, Obrigado, por tudo!
-Não tem o que agradecer querido, eu... ainda fiz o mínimo que podia. - Ela disse beijando minha testa.
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-O que?! Ela sabe de vocês?! - perguntou Amanda surpresa.
-Sim. - respondi, estava pensativo, depois daquela conversa, eu já não via Bruno da mesma forma.
-Ele ainda fez um namoro falso só pra você aceitar o término e não sofrer por ele ? Uau. Gênio ele ein? Teria conseguido se não tivesse ficado doente. - Ela disse me encarando.
-Pois é. Eu estou me sentido culpado. - Eu disse pensando em Edu e em tudo que vivemos juntos.
Amanda suspirou e logo Bruna bateu na porta.
-Luc! - ela disse. - Mamãe mandou te chamar, nós vamos ir ver o Bruno que tá descansando. Tomara que ele acorde logo. Ele prometeu brincar comigo. - Ela disse com uma vozinha triste.
Eu abri a porta e chamei Amanda.
Suspirei pesado.
-Vamos?
-Você... está pronto?
-Acho que sim. -disse abrindo a porta e pegando Bruna no colo.
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-O que exatamente ele tem? Fora o coma? - eu perguntei enquanto encarava Fer dirigindo e observando a bela Buenos Aires da janela.
-Ele pode perder os movimentos quando acordar. - ela disse suspirando pesado. - Pode não andar mais. Mas... ele fala. Somente seu nome, mas fala ainda, isso já é bom. Ele não vai perder a fala, nem a memória.
Eu encarei Bruna nervoso.
Ela me olhou com um olhar triste.
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-Hemos venido a ver a mi hijo, Bruno, hijo del Dr. César, 4 ª planta. - Disse Fernanda em Espanhol para a secretaria do Hospital.
Era enorme, parecia ter uma infraestrutura perfeita. Bem melhor do que o hospital mais luxuoso do Brasil poderia proporcionar.
-Sí, por supuesto, usted puede recoger, las mejoras a la misma. - Disse a moça nos entregando quatro crachás.
-Gracias.- disse Tia Fer pegando os crachás e nos entregando. Eu peguei Bruna no colo novamente e subimos os elevadores.
Assim que chegamos no andar logo Fernanda cumprimentou pessoas que se encontravam na frente do suposto quarto ,que deveria ser o de Bruno. Talvez amigos, amigas, que pareciam nervosos, e apreensivos.
Porém, eles não tinham permissão de visita , pelo jeito, só estavam ali vendo tudo.
-Hola a todos! ¿Algo nuevo? - perguntou Fer a eles. Cumprimentado um por um.
Eram bonitos.
Todos eles.
Eles encararam eu e Amanda. Amanda chamou a atenção de todos os garotos. Óbvio.
Logo uma menina chegou perto da gente.
-Fernanda, no puedo creer que usted le dio un pase gratuito para ellos e incluso Veámoslo! ¿Cómo estamos? ¿Quién es este? ¿Es esto? Ellos no pueden entrar! - ela disse irritada encarando Fernanda.
-Eu dar um ello na sua cara garota. Não sei o que você disse, mas já senti cheiro de recalque.- disse Amanda a encarando nos fundo dos olhos.
-Ela disse que a gente não tem mais direitos que eles. E que não podem deixar a gente entrar. - Eu disse sussurando no ouvido dela.
-Ah é? - Amanda a encarou boquiaberta. - Garota? Eu conheço ele a bem mais tempo que você. Fubanga. - Disse Amanda olhando ela com raiva.
-Brasileña sin educación. Yo no entiendo muy bien su argot! Pero usted no tiene más derechos que nosotros! - disse a tal garota me encarando.
Eu não ia ficar quieto. Óbvio.
-Déjame decirte algo. Chica Nosy, mi hombre está de pie en su interior, y yo venía de Brasil a verlo. Y no eres tú quien me va a impedir. Así que si el destino no se conoce. Él es mío. - Eu respondi a olhando fervorosamente.
Ela me encarou surpresa e se afastou.
-Amigo. Não sei o que você disse, mas lacrou. - Disse Amanda me abraçando.
-Vamos Luca. É ela a tal garota que te falei. - disse Tia Fer abrindo a porta e me mandando entrar. - Vou te deixar a só com ele.
Eu entrei e o olhei.
Como meu coração doeu.
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Bruno estava com respirando com a ajuda daqueles aparelhos terríveis, ele estava bem mais magros, aqueles braços grandes e volumosos já estavam bem menores, seu cabelos estavam grandes, uma pequena quantidade de barba já se formava em seu rosto. Ele estava pálido, tipo muito pálido. Era doloroso vê-lo assim, eu me sentei ao seu lado e beijei sua testa. Passei as mãos nos seus braços , estava gelado.
-Porque você fez isso comigo? - eu perguntei o encarando e começando a chorar. - Eu te amo tanto, sabe, não consegui te esquecer como você queria. Sabia que agora... o meu sentimento por você só de tornou mais intenso. -Eu disse pegando em suas mãos.
Eu senti um pequeno aperto na minha mão. E o encarei assustado.