Caio - Marcelo, você tá vomitando sangue! Vem, vou te levar pro hospital agora!
Ele me leva rapidamente até o hospital.
Quando chegamos Vanessa vem correndo até nós. Caio ligou pra ela durante o caminho e contou tudo o que aconteceu.
Vanessa - Marcelo, o que você tá fazendo? Tá querendo se matar.
Eu apenas fico calado. Eu tinha noção de que o que eu fiz não era certo.
Vanessa - Você sabia que ele tava fazendo isso?
Perguntou ao Caio.
Caio - Não! Claro que não. Eu soube dos comprimidos, mas disso eu não sabia...
Vanessa - Comprimidos?! Que comprimidos?
Caio - Ele estava tomando uns inibidores de apetite...
Vanessa - Como? Se você sabia disso, por que não me contou? Foi você que deu isso pra ele?
Perguntou ela bastante irritada.
Caio - Eu não seria louco de dar algo assim pra ele!
Eu - Não briga com ele! Ele não fez nada de errado, só não te contou porque eu praticamente implorei pra ele não dizer.
Digo com a voz rouca. Minha garganta estava me matando.
Vanessa - Ele foi tão irresponsável quanto você!
Caio - Eu não tinha idéia que chegaria a esse ponto.
Vanessa - Eu sei que não. Mas nunca mais me esconda algo relacionado a saúde de vocês.
Caio - Desculpa.
Eu - Não, me desculpem vocês. Eu só causo preocupação mesmo... Só faço a coisa errada...
Caio - Para Celo, pra de se culpar. Você esta doente.
Vanessa - Isso mesmo. Agora vem, o medico vai falar com você agora.
Dr. - Boa noite.
— Boa noite.
Respondemos juntos.
Dr. - Então, por que vocês estão aqui?
Caio - Ele esta doente. Esta com um complexo. Ele se acha gordo. Não se alimenta direito. E quando o faz, provoca o vomito logo em seguida... Hoje ele chegou a vomitar sangue.
Dr. - Vanessa e você, quero falar com o paciente a sós.
Eles saem. Caio sai a contragosto, mas sai.
Abaixo a cabeça envergonhado.
Dr. - Não precisa ficar envergonhado rapaz. Muitos pacientes já estiveram aqui com o mesmo problema que você.
Eu - O que eu tenho?
Dr. - Tem certeza que não sabe o que é?
Eu - ... Bulimia.
Digo quase inaudível.
Dr. - Exatamente.
Eu - E isso tem cura?
Dr. - Claro que tem. Só depende de você. Você quer se ver livre dessa doença?
Eu - Sim. Não quero mais ser um problema pros outros...
Dr. - Rapaz, você tem que querer isso, não por causa dos outros, mas por você! A bulimia também mata. E de acordo que o ele falou, você já estava bem perto disso.
Fico com os olhos marejados.
Dr. - Olha pra você. Você esta fraco, pálido, claramente abaixo do seu peso ideal... Você tem que pensar na sua saúde acima de tudo, não na sua aparecia. Agora me diz, você quer se ver livre dessa doença?
Eu - Sim. Eu quero ser curado.
Dr. - Ótimo. Pra darmos inicio, quero saber seu nome, idade...
Como cheguei lá muito fraco, o Dr. achou melhor eu ficar internado uns dias até me recuperar parcialmente.
Comecei a freqüentar grupos de apoio, onde haviam pessoas com o mesmo problema que eu. Lá trocávamos experiências, ouvíamos o quão longe tínhamos ido com nosso complexo pelo corpo perfeito e quão grave foi o dano que causamos a nos mesmos.
No tempo que fiquei internado, quase não vi o Caio. Ele falou que os amigos dele ficavam perguntando porque ele sempre estava comigo. Se ele era viado também.
Ele me perguntou se eu me importava se ele passava uns dias mais afastado. Eu fiquei chateado sim, disse que não. Afinal, fiz ele passar por todo o meu problema... Então deixei pra lá.
Não estava com Caio, mas não fiquei sozinho um minuto! Meu pai voltou de viagem assim que soube da minha da internação. Felipe e os outros também me visitavam com freqüência.
Certa tarde estava em casa, quando Caio aparece.
Caio - Oi.
Eu - Oi, finalmente apareceu.
Caio - Desculpa, você sabe que...
Eu - Eu sei, eu sei...
Caio - Vim te chamar pra almoçar fora. Vamos?
Eu - Eu não tô com fome.
Caio - Você não continua...
Vanessa - Não Caio...
Vanessa aparece na sala acompanhada de uma amiga.
Vanessa - Ele não esta com fome porque já almoçou conosco.
Caio - Ahhhh... Entendi.
Eu - Caio, deixa eu te apresentar a Karine...
Vanessa - Ela trabalha comigo.
Caio - Oi.
Vanessa - Karine, esse é o Caio, namorado do Celo.
Ele arregala os olhos como se tivesse ouvido a maior ofensa do mundo.
Karine - Namorado... Legal...
Caio - Não! Não... Marcelo... Tenho que ir. Depois falo contigo.
Ele sai com muita pressa, me deixando com cara de idiota.
Vanessa - Me perdoa! Dei mancada.
Eu - Tudo bem... Depois eu falo com ele.
Vanessa - Me desculpa...
Karine - Dá um tempo pra ele pensar um pouco. Ele vai entender que isso não é nada demais. Não há motivos pra sentir vergonha.
Eu - Eu sei disso. Mas nos já estamos juntos a meses e... Acho que ele nunca vai mudar.
Vou pro meu quarto e fico deitado, pensando...
Mais ou menos uma hora depois, escuto alguém batendo na porta do meu quarto.
Eu - Tá aberta.
Felipe - Oi Celo.
Ele fala triste. Com os olhos vermelhos, parece que tinha chorado.
Eu - Lipe? Que houve amigo?
Digo o abraçando.
Felipe - "Amigo"
Ele fala quase inaudível.
Eu - Me diz. O que tá acontecendo?
Felipe - Eu tô apaixonado Celo.
Eu - E isso é maravilhoso Lipe! Por quem?
Ele me beija.
Continua.
THIAGO SILVA, <<Trick>>, fabi26, felippi1, Nina M, Sr. Obito, liehzinhaa, Gabee, ofpm, agatha1986, JeDs...
Muito obrigado pelos comentários de vocês. Continuem comentando, adoro saber o que vocês estão achando do conto.
Grande abraço.
Quem quiser trocar uma idéia comigo, é só me mandar um e-mail.