Bom, esse é meu primeiro conto, não irá ser muito longo, e aconteceu de verdade comigo, na verdade é a minha história. Meu nome é Pedro, tenho 20 anos e sou de Recife - PE, sempre disseram que lembro um pouco o Miguel Rômulo - em sua versão com barba - falar isso ajuda a se localizarem de como pareço, não consigo falar muito sobre mim, e essa história aqui é uma forma de quebrar esse paradigma.
Aquele seria mais um dia normal se não fosse o simples fato do carro ter quebrado na noite anterior, o que me fez acordar de cedo, de mau humor e me deslocar de ônibus até a Universidade. De onde moro até a universidade daria uma viagem de carro até outro estado, o trânsito de Recife está deveras caótico e intransitável, mas lembrei de colocar o fone na bolsa para ir ouvindo algumas músicas durante o trajeto. Sempre fui daqueles antissociais, e no ônibus não é diferente, sempre sento na janela e rezo para que ninguém sente do meu lado. Contudo, aquele dia não era um dia normal, o ônibus de praxe ia se enchendo e sobrou apenas a cadeira ao meu lado, parecia que até certo ponto minhas preces tinham sido ouvidas, ou seria o fato da minha bolsa estar ocupando a cadeira...
Eis, que entre um cara, estava até bem vestido e acredito que já tinha visto ele pelo campus da Universidade num “bando” de amigos. Ao perceber que ele vinha caminhando na minha direção, fiz questão de aumentar o volume do fone para tentar ser ao máximo inconveniente e minha atitude de certa maneira evitar que tivesse que tirar minha bolsa que até então estava bem sentada na cadeira. Meus óculos escuros e meu olhar no horizonte de carros, atrelados ao som ensurdecedor dos fones fizeram ele tocar no meu ombro, o que fez me virar com certa brutalidade em um ar de desentendimento.
- Tem alguém sentado aqui? - Ele disse num sorriso, que não consegui entender onde se encontrava tanta felicidade pela manhã.
- Não, não tem - Falei, tirando a bolsa de forma abrupta sem esboçar resposta ao sorriso que ele tinha dado.
Retornei a minha posição inicial, olhando pela janela, mas me senti um pouco desconfortável - a tal visão 180° sempre me ajuda/prejudica - percebi que ele em alguns momentos me encarava, o que me fazia alisar a barba de forma a inibir a timidez. Nunca gostei de olhares direcionados a mim, mesmo tendo fascinação em falar olhando nos olhos em uma curta distância, talvez como forma de imposição.
O ônibus foi lotando, e o calor da cidade propicia cada vez mais o bom humor dos recifenses (ironia), apesar disso, modéstia à parte, sempre fui educado a pedir a bolsa de alguém que fosse em pé, e foi dessa forma, uma senhora se aproximou, e levava consigo uma bolsa que era perceptível que estava pesada, pedi para segurar sua bolsa e a peguei.
A viagem estava perto de acabar, fazendo com que o ônibus fosse esvaziado, e finalmente a senhora conseguiu seu lugar ou desceu, não sou muito observador, ou não era até então. O que eu não contava e que passou imperceptível era que meu fone tinha de alguma forma se emaranhado em sua bolsa, ao suspender a bolsa, o fone desconectou do celular liberando o som que estava extremamente alto fazendo com que eu ficasse vermelho - odeio situações constrangedoras onde sou eu o centro das atenções. Conectei rapidamente o fone, mas na rapidez os fones terminaram saindo do ouvido.
- Parabéns pelo gosto musical. - Falou
Estava eu ouvindo All Star de Nando Reis.
- Obrigado. - Respondi esboçando um sorriso sem jeito.
- Nando é demais, eu você deixaria assim, tocando. - Ele disse rindo, o que me fez ficar ainda mais tímido.
- É, mas nem todos possuem um bom gosto musical. - Falei numa forma de me vangloriar.
Ele sorriu e perguntou:
- Tá indo pra Universidade? Acredito que já te vi lá...
- É tou sim, aula de cálculo e ainda mais o dia não está cooperando pra isso.
- Pra mim a aula é mais “facinho”, ciência política. - Ele falou numa forma com que eu pudesse identificar que ele também estudava lá.
Apenas um massa conseguiu sair da minha boca, realmente não gosto de muito contato com pessoas que não conheço. A minha parada estava chegando, fazendo com que eu fosse guardando o celular o bendito fone que tinha me colocado numa “fria”. Fui me arrumando, e puxei a cigarra. E fui me levantando para a porta. Ao chegar ao lado, ele segurou minha mão de uma forma desesperada e singela e disse:
- Posso saber teu nome cara?
- Pedro. - Falei de uma forma apressada para não perder o ponto e ter que andar muito mais.
#Bom pessoal, essa é a primeira vez que escrevo, queria saber se continuo, se vocês gostaram, se tá bom o tamanho...
Caso gostem, continuarei a história, e aos poucos vocês vão sabendo um pouco mais da minha vida.