Na faculdade demorei um pouco, era tanta gente assim como eu que estava fazendo a sua matricula, todos com o mesmo propósito “VENCER”, assim que acabei dei uma volta no campus como se fosse um reconhecimento de área, é muito bom aquele ambiente universitário me fez refletir em minhas decisões, será que eu estava mesmo fazendo o certo?
Quando cheguei em casa até parei na porta da Jake para ver como ela esta, mas tudo estava em silencio então ela deve ter saído. Nós dias em que seguiram eu não fui no primeiro dia de aula por que tinha certeza que seria o dia do trote, fiz alguns novos amigos todos muito legais enfim minha vida estava indo bem sem o meu querido irmão ate que um dia eu sonhei com ele...
“Lembro que eu estava na porta da minha casa lá em São Paulo, havia uma movimentação estranha na casa com muitos carros na rua e do lado da porta de casa havia um painel luminoso escrito LUTO EM FAMILIA, não entendi o que era aquilo então entrei em casa e minha mãe veio na minha direção chorando e com um ódio que nunca vi em seus olhos, pegou no meu braço e me arrastou no meio da multidão ate chegar na sala onde tinha um caixão e quando me aproximei eu pude ver o Digo deitado nele, com uma aparência horrível que na hora eu dei um grito e acordei molhado de suor e o que parecia um pouco de febre graças a uma gripe que tinha pego há alguns dias...''
K:DIGOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
Meu coração estava a mil por hora só de lembrar de ver ele naquele caixão eu cai em um choro descontrolado eu precisava urgentemente saber como ele estava, se ele estava bem e foi quando em um ato de desespero peguei o telefone as 2:17 da manhã de quinta feira liguei no celular dele, que por incrível que pareça começou a tocar...
Tocou uma...duas...três vezes e na quinta vez ...
D:Alô...
Ouvi a voz dele com um tom de quem obviamente estava dormindo e também muito zangado por telo acordado (ele odeia que o acorde de madrugada).
Do outro lado da linha estava eu tentando abafar o som do meu choro e soluços e quando ouvi a voz dele fiquei tão aliviado e veio a tona uma saudade tão grande que não consegui falar nada só chorar.
D:ALOOOO PORRRA ME LIGA A ESSA HORA PRA FICAR MUDO E...
Foi quando ele interrompeu o que dizia quando ouviu um som de choro do outro lado...
D:Kadu?
K:
D:É você?
Ambos ficamos em silencio, eu não sabia o que dizer e se eu devia dizer alguma coisa, como disse antes foi um ato impensado então entre dizer ou não preferi desligar, fora apenas um pesadelo ele estava bem com o seu filho e sua esposa...todos felizes. Naquela noite não consegui dormir mais pensando no pesadelo, parece que aquela quinta feira seria só o princípio de tempos difíceis e tempestades que estavam por vir.
Eu estava na faculdade e era por volta de dez da noite quando eu e uns amigos fomos a uma barzinho, eu quase não bebi nessa noite e depois desse barzinho um dos meus amigos chamou agente para ir em um lugar bacana, todos concordaram mesmo sem saber onde seria esse lugar, depois de rodar muito entramos e pelo que parecia ser uma boate, mas depois que já estávamos lá dentro percebemos que se tratava de um bar de stripper cheio de garotas de programa, bom ai eu fiquei desnorteado por que não era assumido e eu não ficaria com nenhuma garota só para eles verem isso nunca, quando eu já havia bolando uma desculpa para ir embora eu pensei em ter visto uma coisa que a princípio achei que fosse alucinação minha devido a aquelas luzes fortes ou colocaram algo na minha bebida, eu vi uma garota que se parecia muito com a Jake e essa garota estava sentada no colo de um senhor de idade.
Foi então que caminhei mais perto do casal e minhas suspeitas se confirmaram, era mesmo a Jake que estava vestida de um jeito que nunca vi antes que não vou descrever aqui, mas acreditem tampava muito pouca coisa.
Eu fiquei assustado com o que vi, ela estava sentada no colo daquele senhor e ele beijava seu pescoço e falava alguma coisa e ela sorria enquanto ele apalpava seu corpo não importando com a presença dos demais.
Eu me afastei e decidir sair sem mesmo avisar aos outros que haviam sumido, mas antes de me virar para sair ela olhou em minha direção e claro se assustou com a minha presença e com certeza ali seria o ultimo lugar no mundo que ela esperava me encontrar, já que ela sabia que eu sou gay.
Sai quase correndo daquele lugar e um taxi passava na rua de frente que acenei e ele parou me levando pra casa, eu estava profundamente decepcionado e magoado com ela, jamais imaginei que ela fosse fazer isso, claro que algumas vezes eu vi ela com umas roupas um pouco vulgar, mas mesmo assim não esperava que minha amiga tivesse coragem de se vender por dinheiro.
Cheguei em casa, tomei um banho e fui me deitar pensando nela... No dia seguinte nas primeiras horas da manhã ela bate na minha porta, e quando eu abro vejo ela com os olhos vermelhos de quem chorou muito e ela quando me viu me abraçou, mas eu não correspondi, ela vendo minha frieza me largou e entrou e se sentou no sofá.
K:Por que?
J:Porque eu preciso pagar as minhas contas...preciso comer... não tenho a vida ganha como você Kadu...eu não consegui arrumar emprego...todos querem experiência, mas não dão oportunidade e ...
K:Pode parar por ai...isso não é desculpa...tanta gente ai que vive com muito menos e mesmo assim jamais se venderia por dinheiro...Jake olha pra você...olha o que você esta fazendo da sua vida...você é linda inteligente ou eu achava que era...
J:EU ESTOU GRAVIDA... Por favor não me pergunte mais nada.
Jake chorava muito de soluçar, fui ate a cozinha segurando o choro, e preparei uma água com açúcar e levei pra ela se acalmar, Jake era teimosa e eu tinha que fazer alguma coisa para ajudar ela, mas o que? Ainda mais com um filho a caminho.
Depois que ela se acalmou conversamos por muito tempo, ela teimava em querer voltar para aquele antro lá que eu vi ela e isso me machucava mais por ver ela se destruindo dessa maneira.
Quando olhei no relógio já se passava do meio dia e então a convidei para almoçar, mas ela disse que não porque tinha combinado de almoçar com o pai dela, bom diante disso ainda tinha o pai dela que era um senhor muito rígido com a moral, sua mentalidade era meio arcaica e eu nem sei o que ele faria se descobrisse o que a sua filha fazia a noite.
Desse dia passou dois meses, a faculdade apertava muito e eu tinha que redobrar a minha atenção com a Jake que continuava a fazer programa mesmo quando eu proponho em ajuda-la com dinheiro ou arrumar um emprego para ela, o que seria difícil, pois ela não sabia fazer nada.
Até propus de pagar a ela para fazer um curso superior ou técnico e assim ela poderia trabalhar e depois me pagava já que ela não aceitava minha ajuda de graça.
Em uma segunda feira por volta de meio dia escuto uma gritaria no hal do andar e quando abro a porta me deparo com a Jaque caída no chão chorando muito e seu pai puxando seu cabelo e xingando muito.
P:Sua vagabunda... eu sabia que você nunca ia mudar...
J:Pai não ...paiii.
Eu vendo minha amiga naquele estado tive que intervir empurrei o pai dela e levantei a Jake do chão...
K:Mas o que o senhor pensa que esta fazendo com a sua filha...
P:Não se meta ...essa vadia não pode ser minha filha para me envergonhar dessa maneira...
K:O que esta acontecendo Jake?
P:Ela esta grávida essa degenerada...nem deve saber quem é o pai...
Foi então que eu entendi ele descobriu que ela estava gravida.
K:Senhor por favor se acalme, não é assim que se resolve as coisas...
P:É assim sim, ela tem que aprender a ter moral, dignidade...olha pra ela...
Apesar de ser contra os seus métodos de lidar com a sua filha de certa forma eu entendia o que aquele senhor sentia, ele era ranzinza mal educado, mas amava muito sua filha, mesmo não demonstrando.
P:E agora o que é que vai fazer sem um pai para o seu filho... em me diz como vai criar esse filho se você nem tem onde cair morta? Por que não precisa contar comigo pra nada por que não vou gastar um centavo para ajudar uma...(caiu no choro)
K:Senhor, não se preocupe com isso, por que meu filho não vai ficar desamparado...tenho dinheiro suficiente para dar uma vida muito boa pra ele...
Sei caros leitores que foi precipitado, mas eu não tinha outra opção, agora que ela e o pai estavam se dando bem, eu não podia deixar minha amiga de afundar ainda mais do que já estava e a criança não tem culpa da irresponsabilidade dos pais.
P:ENTÃO FOI VOCÊ QUE DESENCAMINHOU A MINHA FILHA?
K:Senhor por favor modere seu tom de voz, não tenho medo do senhor e nem tem necessidade de escândalo, o filho é meu e eu vou assumir minhas responsabilidades disso pode ficar tranquilo.
P:Você vai casar com...
K:Se eu vou ou não casar com ela é problema meu e dela, não cabe ao senhor decidir isso, então é melhor conversarmos outro dia sobre isso, todos nós estamos nervosos e não vai dar certo se continuarmos...
Ele me olhou com um ódio nos olhos, mas não quis discutir e foi em direção ao elevador com os olhos vermelhos de dor e decepção e raiva...
Muito dos meus atos são assim sem pensar e precipitados, mas quase sempre dão certo...eu havia dado um grande passo...só espero não me arrepender do que eu fiz...