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Pessoal, eu tô amando os comentários... Continuem comentando e participando mais (quero comentários gigantes, rs).... Quanto mais vocês comentam mais eu me animo pra terminar a história! :D. Até mais!
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Meus olhos abriam, estava com muito sono, pois não havia dormido bem de noite.
- Acho melhor você levantar porque se não vai chegar atrasado. – Nylo falou enquanto terminava de pentear seu cabelo.
- O quê? – Falei com a voz grogue.
- A aula... Você tá na escola lembra??? Volta pra cá menino – Falou ele dando um risinho – Já te chamei umas 10 vezes e nada de você acordar.
Dei um pulo da cama e fui correndo pro banheiro. Cinco minutinhos depois já estava todo arrumado e pronto pra mais um dia de ano letivo. Descemos até a cantina e só deu tempo de comer uma fruta (E isso era até um crime tendo em vista o banquete que era o café da manhã daquela escola) no caminho da aula de português eu ia conversando com o Nylo, mas minha cabeça estava pousada na noite passada. Será que eu fiz bem em tirar o Jean de cima de mim? Não... Eu não podia arriscar. Não ia deixar mais que brincassem comigo. No corredor, encontrei com a professora que já ia entrando na sala ‘ainda bem, em cima da hora’ pensei.
Entramos os três na sala ao mesmo tempo. Nylo, a professora de literatura e eu. O que aconteceu em seguida foi confuso e não consegui processar os eventos de imediato. Todo mundo gritava e alguns alunos batiam com as mãos nas mesinhas e mais no fundo, meu coração parou brevemente, Jean beijava com voracidade umazinha qualquer. No momento seguinte, a professora gritava com Jean e com a menina que aquilo não era comportamento pra se ter na escola e muito menos em plena sala de aula. Ela mandou Jean e a garota que eu reconheci como sendo Mônica, a súdita de Priscilla pra diretoria. Quando passou por mim que ainda estava petrificado na sala ele me lançou um olhar quero-te-fuzilar-com-o-olhar e saiu. Eu sabia, pensei. Eu sabia que esse idiota só queria brincar comigo... Como eu pude ser tão idiota assim?
Acabou que eu passei a aula toda sem entender o que a professora falava. Minha mente vagava e mil coisas passavam por ela. Quando a aula acabou eu sai e fui correndo pro banheiro... Precisava molhar meu rosto e por as ideias em ordem. Quando cheguei, uns marmanjos que reconheci serem amigos de Coysa e Jean vinham saindo. Eles me ignoraram completamente e eu, igualmente. Quando entrei no banheiro e liguei a pia eis que Jean sai do banheiro. Não foi uma surpresa, já que as pessoas dessa escola têm o costume de andar em bando.
Molhei meu rosto e meu cabelo também. Água escorria pelo meu pescoço e se perdia no meu uniforme. Estava decidido a nunca mais dirigir a palavra a ele, mas quando ia saindo ele pega no meu braço, como costume e eu viro a cabeça para olhar dentro daqueles olhos tão profundos. Acho que devemos ter ficado um minuto inteiro sem falar nada, só olhando dentro dos olhos um do outro. Até que eu desvencilhei meu braço dele e disse sarcasticamente:
- Era muito bonita a garota que estava atracada a você.
Ele segurou nos meus ombros e foi me levando de forma meio bruta até a porta do boxe, ele me prendeu com um braço e ficou apontando o dedo pra mim com o outro.
- Escuta aqui meu irmão, você só quer me fazer de palhaço não é? Fica sabendo que eu nunca mais vou deixar você ficar me fazendo de trouxa igual você fez ontem.... Vai pisar em outro. Mas nesse momento senti que mãos me empurravam com violência e cai no chão. Minha cabeça bateu no azulejo do banheiro e senti um galo se formando no local. Olhei pra cima e Coysa estava ali.
- Mermão, tu já encheu o saco demais... Até o Jean já quer te dar uma sova?
- O quê? Do que você tá falando? – Então entendi. Ele deve ter entrado no banheiro e encontrado Jean me prensando daquela forma violenta e deve ter achado que ele tava me batendo e já partiu pra cima daquela forma bruta que vocês já conhecem. Devagar fui levantando e falei:
- Nunca mais encoste essa sua mão imunda em mim. Nenhum de vocês dois – Falei olhando pro Jean. Fui saindo mas Coysa me pegou com violência e falou:
- Tá achando que vai sair assim... É? – Mas dessa vez, Jean tomou a frente e falou:
- Deixe ele ir Guto... Vai ser melhor assim, evitar problemas.
- Como é que é, Jean...? Eu mesmo cheguei aqui e encontrei você quase dando um coro na cara desse palhaço.
- É... É... Mas eu me descontrolei, às vezes ele enche o saco mesmo, mas não vale a pena – Ele falou assim e eu pensei no que o Guto acharia se soubesse o que realmente tava acontecendo ali.
- Mano, dessa vez tu vai escapar... Mas se tu entrar no nosso caminho de novo e o Jean não te pegar, eu faço o serviço. Bora Jean. – Ele saiu e Jean me lançou um olhar de nossa-conversa-ainda-não-terminou e Ótimo! – Pensei – Perfeito mesmo!
- O que tá havendo entre Jean e você – Nylo me perguntou de supetão, andávamos a caminho da aula de química na sexta. O suco de laranja que descia feliz por minha garganta travou instantaneamente me sufocando e provocando um acesso de tosse. O assunto sobre homossexualidade não havia surgido com o Nylo desde aquele dia. Ele soube respeitar meu espaço quanto a isso o que eu muito agradeci. – O... O... Que.... Na-nada uai.
- Ruy, não insulte uma das minhas únicas qualidades... Eu sou muito perceptivo e o Jean e você têm evitado o olhar um do outro faz dias. O que aconteceu?
- Ele tentou me beijar – Sussurrei.
- O JEAN É GAY? – Nylo falou tão alto que eu dei um pequeno pulo pro lado olhando pros cantos pra ver se alguém tinha ouvido.
- Tá maluco de falar isso alto pow.. – Falei meio bravo.
Desculpe, é que eu não esperava... Achava que ele tava te chantageando ou algo do tipo. Ele sempre foi um brutamontes... Mas desde o racha que o Guto participou perto do ano passado e que quase matou um cara ele anda mudado.
- O diretor falou algo a respeito – Falei meio que lembrando o que o diretor tinha falado logo que cheguei à escola. – Como foi isso, me conta.
- Bem... O Guto e o Jean sempre foram parte da gangue de marginais aqui da escola. Ano passado, eles aparentemente participaram de um racha ilegal e o carro que o Guto tava com outro marginal daqui da escola virou e quase matou um cara, pelo que sei. Quase todos foram pegos, mas alguns carros escaparam e aparentemente Jean estava no que conseguiu fugir. Mas como a polícia não conseguiu pegá-lo, não conseguiram provar seu envolvimento. A maioria dos estudantes marginais ou foram transferidos de escola ou expulsos ou já concluíram o terceiro ano passado, Graças a Zeus. Assim, a gangue problema se dissolveu e esse ano só ficou Jean e Guto pra tirar meu juízo... Mas fazer o que, nem tudo é perfeito.
- Mas ninguém se machucou seriamente? – Perguntei impressionado.
- O cara que foi atropelado conseguiu se recuperar pelo que sei.... E Guto quebrou a perna, mas como pode ver nenhum dano permanente.
- Nossa quer dizer que Coysa quase ficou aleijado?
- Quem? – Perguntou Nylo confuso...
- Ahhh – Tinha esquecido que eu não tinha contado o apelido de Guto pra ninguém – Esse é o apelido carinhoso que eu dei ao Guto. A cara dele, não acha?
- Cara se o Guto souber disso ele arranca teu intestino pelo...... – Mas por onde Guto iria arrancar meu intestino eu jamais cheguei a saber. Pois eu trombei com um muro e cai, desnorteado, no chão. O muro me estendeu a mão e pediu desculpas. Espera ai, muros não estendem a mão e nem pedem desculpas. Foi quando as coisas entraram em foco e eu o vi na minha frente. Era um sujeito super musculoso e minha batida de impacto com ele me dizia que ele era muito duro. Seus braços eram fortes e bem torneados. Se não fosse pelo fato de sua massa corporal ser super bem distribuída acharia que ele usa algum tipo de anabolizante ou coisa do tipo.... Na verdade, não tenho certeza que ele não usa.
- Aceitei a mão dele e fiquei de pé.
- Me desculpa mesmo... Sério... Eu tava distraído. – Falou ele me dando um sorriso e pude perceber que os dentes dele eram muito brancos e iguaizinhos. Seu sorriso era perfeito e seus olhos brilhavam o que fazia a gente ter vontade de rir também. Por falar em olhos, os dele eram numa tonalidade que lembrava o cinza meio azuladinho, mas numa cor tão branda mas tão branda que encantava qualquer um. – Mas o que é isso.. Pensei! Pare de pensar dessa forma, ficar reparando nessas coisas... Pois o mundo não é gay – Eu sempre pensava isso quando tinha esses pensamentos.
- Tudo bem... Eu sei bem como é... Eu também já esbarrei em alguém e sei bem como é! :D
- Meu nome é Elliot – Ele falou com seu coringa no rosto.
- O meu é Ruy – Falei – E ele disse – Bem... Acho que agora já podemos soltar as mãos – Só nesse momento percebi que ainda não tinha soltado a mão dele. Rimos mais um pouco e eu apresentei o Nylo que estava no canto, meio cabreiro. :D
Nylo e eu fomos pra sala calados e quando estávamos quase chegando Nylo falou:
- Ruy, você é tão discreto mais tão discreto que se não fosse à forma que você olha pra certas pessoas por milésimos de segundos algumas poucas vezes eu jamais perceberia que você é gay. – Disse isso e entrou me deixando estático pensando no que suas palavras quiseram dizer.