Eu tenho um problema muito sério com assédio, eu geralmente não sei lidar muito bem com isso, com o passar do tempo mais ou menos final de abril começo de Maio do ano passado eu comecei a trabalhar em um novo projeto de mídia, e precisei contratar alguns profissionais para me ajudar já que na agencia ainda não tínhamos na nossa equipe quem fizesse o serviço, até ai tudo ótimo, o que eu não sabia é que um dos profissionais seria um ex-namorado meu, ex-namorado esse que já mencionei nesse conto mais no inicio, quando namorávamos ele ma fazia mal no pior sentido da palavra, minha família o odiava, mas mesmo assim ele ainda mexia comigo, acho que foi a primeira pessoa que de fato eu amei, isso antes do Frederico, onde eu conheci o verdadeiro significado da palavra Família.
Pode soar de forma esquisita, mas um dos meus maiores medos é de decepcionar o Frederico, o que parece estranho, considerando que eu sou o “homem” do relacionamento e sou mais velho que ele também, mas é a verdade, as vezes me sufoca pensar que não estou a altura das expectativas dele, eu já falei isso pra ele uma serie de vezes, ele faz muita coisa e que envolve muita gente, no trabalho e na vida pessoal e ainda tem tempo pra ser a pessoa mais presente da família, chega a ser frustrante ele conseguir e a gente não, cria um conceito de incapacidade, ele sempre ri, e diz que ainda faz muito pouco, e por isso mesmo eu tenho isso comigo, que sempre tenho que me empenhar ao máximo, fazer o possível pra acompanhar o pique dele, e esse relacionamento meu que passou, me deixou uma magoa grande, ao mesmo tempo que parecia incompleto.
Quando a secretária anuncio que o profissional que eu havia solicitado estava na empresa eu pedi para que entrasse não tendo ligado o nome a pessoa em momento algum, quando eu vi quem era eu quase desmaiei me esforcei para manter o foco e ser profissional, o pior de tudo é que ele usava as reuniões para dar em cima de mim, e vivia me ligando, o que me mantinha racional era a fotografia minha e do Fred no réveillon que tinha na minha mesa, sempre olhava nela, e por mais que eu não tivesse traindo ele, estivesse sendo o mais fiel que pudesse, eu me sentia como o homem mais infiel do mundo, era uma sensação horrorosa, mesmo eu sabendo que nada tinha feito e nem faria, ao contrario eu estava investindo tudo que tinha no Fred emocionalmente falando e queria que o relacionamento fosse pra Frente.
Em uma das nossas conversas o meu ex-namorado disse que um dos motivos de termos terminado foi minha família, mas que ele me amava, e queria muito voltar, e tinha ouvido em algum lugar que eu estava namorando e que já tinha até filho, me falou uma serie de coisas, e disse ainda que eu sabia que ele seria um parceiro muito melhor e mais qualificado que meu atual namorado, pegou a foto na minha mesa, olhou por alguns instantes e disse...
– É, não posso mentir, bonitinho esse seu namorado até eu, mas você sabe que seu parceiro mesmo sou eu né Marcelo, e esse rapaz que o nome eu nem sei, nunca vai te satisfazer como eu satisfaço, então vamos nos dar mais uma chance, deixa esse rapaz pra lá, e tentar novamente algo no sigilo sem sua família saber, quem sabe não temos um futuro promissor juntos, já trabalhamos na mesma área isso é um bom sinal...
Eu não consegui responder nada que pudesse ter efeito apenas pedi pra ele sair da minha sala e disse que aquela reunião estava encerrada naquele momento, que posteriormente quando ele voltasse a ser profissional conversaríamos, quando ele saiu eu finalmente desabei, a conversa me fez mal, eu peguei minhas coisas e fui pra casa, quando vi o Frederico eu mal conseguia encarar o Frederico olhar ele nos olhos, o Rodolfo que estava todo empolgado com nossa viagem para os EUA veio me contar de tudo, eu mal conseguir dar atenção a ele, o Fred notou meu comportamento, e pedindo para o Rodolfo ir para o quarto estudar foi falar comigo no nosso quarto, ele tinha um ar preocupado, acho que alguma coisa tinha acontecido na empresa eu me sentia mal por ele estar ali preocupado comigo, e eu com aqueles pensamentos errados na cabeça.
Contei a ele sobre meu ex-namorado da proximidade que ele vinha querendo, e o Frederico manteve-se confiante e me disse que tudo bem, se eu não tinha ficado com o Rapaz e nem traído ele, ele não via problema algum nessa proximidade, era só eu me manter focado que tudo estaria ok, mas mesmo assim eu não conseguia olhar pra ele e tudo que eu falava ia complicando ainda mais a situação, e ia me deixando como errado na historia, por fim o Fred estava achando que eu queria terminar com ele, pra voltar com meu ex, sem sentir culpa por isso, mas não na verdade quem me dava insegurança naquele momento era ele, o Frederico, ele parecia nunca se sentir com duvida, ou temoroso, sempre confiante... Ele conseguia conversar na boa com um ex-namorado que quase o deixou em coma, que queria ter posse dele, e ainda por cima ajudar um outro que queria roubar ele sem sentir nenhum pouco de raiva do rapaz, pelo contrario sentia pena, e já havia perdoado tudo que ele fez.
Infelizmente eu não sou assim, a única coisa que fiz foi pegar as chaves da minha casa e disse a ele que iria dormir lá pra colocar minhas ideias em ordem, ele apenas abriu a porta do quarto e concordou com a cabeça, sem esboçar muita reação, eu sabia que se desse um fora com ele, o Frederico não iria esperar muito tempo, e me colocaria para pastar em dois tempos, por isso mesmo eu precisava passar uma noite sozinho para pensar melhor em tudo que tinha acontecido eu sou muito emocional e me afeto com facilidade.
No outro dia eu acordei com o corpo todo dolorido, me levantei as seis e dez em ponto, como fazia todos os dias para levar o Rodolfo no colégio, me mantive em casa, me arrumei e fui trabalhar, cheguei antes de todo mundo fiquei o dia todo lá, a tarde o Rodolfo me mandou uma foto da prova dele, da primeira prova dele, que ele tinha tirado quase nota máxima e eu tinha perdido aquele momento, fiquei o dia todo mal, nem conseguia pensar direito em momento algum eu queria abrir mão da família que eu tinha, e nem do que ela representava pra mim, eles eram de fato muito importantes na minha vida, e para mim que pouco acreditava na fidelidade e felicidade de um casal homo, era ótimo ter a prova de que era possível mas mesmo assim tinha esse ex-namorado existem pessoas que nos fazem mal e pronto, simplesmente não são boas para nossa vida e aquele filho de uma puta era isso pra mim, e a verdade é que ele tinha me dado um beijo dentro da minha caminhonete na volta de um almoço de negócios, eu fiquei perturbado com aquilo, mas mesmo assim eu teria que fazer algo, achar uma forma de corrigir, fui dormir cedo, no outro dia não aguentando mais aquela situação, na hora do almoço fui falar com o Fred no atelier ele estava na sala de costura com o pessoal todos riam, e se divertiam, de longe eu consegui ouvir a risada dele, cheguei na sala e a primeira coisa que vi, foi aquele sorriso lindo que ele tem...
Chamei ele pra almoçar e conversar e contei tudo a ele que tinha beijado meu ex-namorado e que isso estava me afetando, falei quase vomitando, fiquei temendo a reação do Frederico e tudo que ele poderia falar, esperei levar um tapa na cara, um chute que ele gritasse comigo, ou que simplesmente me desse uma facada e me mandasse tirar minhas coisas da casa dele, mas ao contrario disso tudo que ele falou foi...
– Aquele drama todo, por conta de um beijo que deu no seu ex-namorado? Não precisava de nada disso poderia ter me falado Marcelo eu não iria ficar irritado em momento algum contigo, a pergunta é você gostou do beijo?
– Não, é que fomos almoçar juntos, por conta de uma reunião e ele deve ter ficado com a impressão de que poderíamos reatar nosso namoro, mas te juro que não passou de um mal entendido, não iria mesmo te trair muito menos com ele.
Dentre as coisas que ele me disse ele falou que o que dava raiva nele não era o fato de eu estar irritado com alguma coisa, ou até mesmo com ele, e muito menos o fato de termos brigado, o que deixava ele com raiva era eu não estar ao lado dele na hora em que ele ia dormir, me falou que todo casal tinha problema e que nós não eramos perfeitos, só que da próxima vez que eu tivesse um problema, ou passasse por algum stress emocional era pra falar com ele, pois ele iria me ajudar, e me pediu ainda para nunca mais chama-lo de Fred pois ele achava estranho, pra mim era mais estranho ainda, não consigo olhar pra ele e falar Frederico, só consigo chamar de Môrr, comemos juntos e como eu tinha imaginado eu tive que contar pra ele como conheci meu ex-namorado e todos os pormenores do relacionamento.
Depois do nosso almoço, tomamos um sorvete andamos um pouco no shopping, eu abraçando ele e em seguida fomos buscar o Rodolfo na escola, estávamos os dois na porta e vemos ele saindo do colégio com três amigos e ao nos ver no carro ele vem todo feliz, e nos disse que a mãe de um dos amigos iria levar o filho e mais três amigos em um passeio para comemorar o aniversário do filho e chamou ele pra ir, o Fred deixou, e deu dinheiro para ele pagar o que consumisse, e quando o Rodolfo ia entrando no outro carro eu fiquei olhando no Môrr ele tinha uma expressão de tristeza e preocupação no olhar ele de fato é muito apegado ao Rodolfo, quando eles saíram para o Passeio fomos para nossa casa, apenas os dois, ter uns momentos de intimidade...
Obs.: Eu não sei o nome do leitor que nos reconheceu no Aeroporto Santa Genoveva no sábado de manhã, mas muito obrigado pelo carinho e empolgação, Se bem que eramos o único casal gay naquele horário, mesmo assim obrigado por ter nos reconhecido...
Continua...
