Entre Livros e Paixões - 47

Um conto erótico de Renato
Categoria: Homossexual
Contém 2357 palavras
Data: 26/11/2013 15:10:24
Assuntos: Gay, Homossexual

Quando acordei, Alex estava sentado ao meu lado, uma ainda entrelaçada a minha e a outra tocou de leve meu rosto em um gesto de carinho que fez meu corpo inteiro se arrepiar, parecia que ele estava tocando minha alma. Depois daquele olhar, não poderia haver mais segredos entre nós, ele sabia que eu o amava com cada fibra do meu coração e eu sabia que mesmo em silêncio ainda havia música dentro dele. Eu me sentei ainda no chão e encostei minhas costas na base do sofá, ele veio e sentou ao meu lado, ficamos com o corpo próximo um do outro, eu sentia o calor irradiar do seu corpo. Nossas mãos continuavam entrelaçadas.

-Hoje foi o dia mais feliz que eu tive desde a nossa despedida desastrada Renato

Eu abaixei os olhos, e intimamente encaminhei uma prece ao céus para que ele estivesse pronto pra me contar o porque dos dias infelizes que ele viveu. Ele continuou:

-Sabe, eu tinha muitos sonhos quando me inscrevi naquele programa de intercâmbio, e o único que eu realizei foi o de conhecer minha família. Eles são pessoas maravilhosas! Você iria gostar de conhecer minha “GrandMather”.

-Imagino que sim.

-Da primeira vez que a gente se encontrou você me perguntou o que aconteceu comigo, e eu disse que aquele não era um bom momento pq eu já tinha chorado de mais na sua frente. Engraçado que meu pai e as pessoas me perguntam isso o tempo todo, mas a única pessoa com quem eu me sinto a vontade de conversar sobre isso...bom...acho que é você.

-Mas vc não contou pra ninguém oq aconteceu com vc?

-Não é o que aconteceu, até porque não foi uma coisa, foram várias situações...e dessas coisas papai sabe,vovó sabe, minha terapeuta Jeni sabe. Não é isso, o que eu só me sinto confortável pra falar com você é a forma como eu senti e venho sentindo essas coisas.

-Acho que eu entendo o que você quer dizer. Por Exemplo, todo mundo sabe que o Carlos desencarnou e mais gente ainda sabe que nós namoramos, mas ninguém sabe ou consegue entender como eu me senti com isso, acho que quase ninguém conseguiria entender. As vezes eu imagino que os outros são como turistas em uma praia vendo as ondas quebrarem, eles estão vendo a ressaca, mas só quem esta no mar consegue sentir a força do impacto e descrever o quão fria é a água.

-Sabia que você ia me entender- ele disse sorrindo e completou – Engraçado, é a primeira vez que eu sorriu ao falar dessas coisas.

-Que bom então!

-Acho que, acho isso deve mesmo ser bom...-ele fez uma pausa, puxou o ar e soltou de vagar e disse- Bom, como eu disse antes não aconteceu uma única coisa, aconteceram várias...acho que o primeiro golpe foi a nossa despedida...você não consegue imaginar o quanto eu chorei no aeroporto por você não está ali pra se despedir. Nesse momento eu senti que tinha destruído “nós dois” para sempre...e isso doía de mais foi como ter uma parte do peito arrancado a ferro, como perder uma grande parte daquilo que eu tinha de melhor...

Eu escutei ele falar e lembrei das muitas lágrimas derramadas e do grande vazio sentido por mim naquela época, mas não havia necessidade de comentar isso com ele, fiquei em silêncio e esperei ele voltar a falar.

-Quando cheguei nos estados unidos dizia a todos que ficava no meu quarto chorando de saudade de meu pai e de meus amigos durante todo o 1º mês...nunca superei essa dor...comecei a me sentir culpado e com nojo de mim mesmo por ter negado aquilo que a gente tinha de melhor, jurei pra mim mesmo que nunca mais me aproximaria de outro cara.

Na escola eu era o latinozinho da turma, tratado como retardado por quase todo mundo, não demorei pra começar a me sentir invisível, mas ter ficado invisível teria sido bom de mais. Eu tentei entrar pro time de futebol da escola, não futebol Américo, futebol normal, lá esse é um espore mais feminino,mas mesmo assim nossa escola tinha um time. O capitão do time era vizinho da minha avó. Nós ficamos amigos, pelo menos eu achei q ele era meu amigo.

Nesse ponto da história eu senti umas pequenas fisgadas de ciúme no meu estomago...eu senti que era por ai que estava a grande dor do Alex.

- O nome dele era Pool, e ele parecia um cara legal, eu comecei a freqüentar a casa dele, nós jogávamos vídeo game juntos e arriscávamos umas cestas no quintal. Um dia, estávamos na internet e ele pediu para eu mostrar para ele meus amigos do Brasil. Ele não tinha Orkut,então entrei no meu e mostrei algumas fotos, só que quando vi uma foto sua...toda aquela cena da briga veio na minha mente e eu fiquei muito abalado e ele percebeu. Ele achou estranha minha reação, tentei explicar dizendo q era só saudade...mas ele percebeu que tinha algo mais...até porque fazia um bom tempo q eu não abria meu Orkut e a foto q tava lá era, uma na qual estávamos eu,você e o Carlos depois de um treino de futebol.

-Ah, eu lembro dessa foto, a Marília tirou logo que eu entrei para o time

-Essa mesma...Mas sim, ele não engoliu a história da saudade e como eu já confiava nele resolvi contar toda a história, ele ficou surpreso ao saber que nós dois tínhamos namorado mas ele não teve nenhuma reação estranha, e disse q me entendia e que isso não mudava nossa amizade. Eu fiquei agradecido por ter desabafado com alguém e voltei pra casa logo em seguida e deixei meu Orkut Logado. No dia ...no dia –Nessa hora ele começou a gaguejar e a sua mão tremeu um pouco, foi então que eu percebi que a coisa com a qual ele não soube lidar estava prestes a me ser revelada...

No dia seguinte quando cheguei no colégio, to...todo mundo apontava pra mim ...e...e ria –Ele estava começando a Lagrimar – Eles me chamavam de bichinha...uns caras me empurravam no corredor...eu fui correndo pra sala da orientadora pedagógica e pra fugir das piadinhas....Nossa...eu...eu nunca me senti tão arrasado em toda minha vida...era óbvio que de alguma forma todo mundo sabia...aqueles risos me humilharam tanto...me lembrei do que fiz com vc...e nossa foi horrível...parecia um castigo...por por tu..tudo...

Eu o abracei e ele chorou no meu ombro, me lembrei dele perguntar se eu estava estranhando ele...e das risadas do pessoal...foram só umas 7 pessoas e mesmo assim eu sai correndo morto de vergonha e humilhado...imagino uma escola inteira rindo de vc....bom...na verdade eu não precisava imagina, vivi muito isso depois da morte do Carlos, fui chamado de viado por desconhecidos, tive que encarar as acusações da escola toda tbm...Mas depois de perder o Carlos a opinião dos outros não contava muito mais para mim...mas estava claro que o Alex não lidou bem com isso...acho que a culpa q ele sentia tbm dificultou o processo dele. O Problema do Alex é que no fundo ele não se aceitava como era, e ver os outros jogando isso cada dele doía de mais. Quantos outros caras não sofrem por ai por não se entenderem. Pior do que o preconceito dos outros é a auto discriminação.

O Alex foi vítima dele mesmo.

-Na...Na sala da orientadora, eu esperei minha tia que trabalhava na direção e quando ela chegou eu soube que “alguem” publicou na net aquela nossa foto com uma matéria sobre um triângulo amoroso gay...eu li o texto e quase vomitei por ver nossa história tão distorcida e cheia de piadinhas...além disso alguns amigos desse alguém haviam espalhado panfletos com a historinha pela escola e claro...todos estavam rindo de mim...o mais triste é q só a foto e a historinha não provavam nada...foi a minha reação de desespero que me entregou para todos.

Até minha tia que achou a fosse só uma piada de mau gosto, quando me viu aos prantos teve certeza que eu era gay e que aquela história tinha muito de verdade. Foi horrível ter que chegar em casa e contar pra minha avó que eu era gay.

Lembrei-me de quando ele contou pro pai sobre a gente...naquela época ele parecia seguro e levou tudo na brincadeira...do mesmo jeito que o pai dele. Agora entendo que as brincadeiras eram a forma dele lidar com tamanha insegurança.

- a vovó entendeu, que essa era a minha opção... mas mesmo assim minha vida se tornou um inferno...eu não tinha mais vontade de ir pra aula, não saia do quarto, não tomava banho, não queria comer...cheguei mesmo a adoecer...

Quando tive forças pra sair de casa oq demorou quase 2 semanas o primeiro lugar que eu fui foi na casa do Pool...aquele desgraçado ia me pagar...Eu bati na porta da frente e ele gritou para eu entrar pelos fundos. Dei a volta na casa, entrei pela porta da cozinha que estava aberta...quando cheguei na sala de estar...- Ele deu uma pausa mais longa e voltou a chorar, ele soluçava e se tremia todo e eu comecei a me preocupar com ele, talvez fosse melhor parar por ai...mas ele conseguiu se controlar e continuou:

-Quando entrei na sala de estar eu o vi sentado em uma poltrona, eu xinguei ele de desgraçado! Ordinários, Filho da Puta...de tudo que eu conseguia me lembrar...ele só riu e quando chegou perto me deu um soco no estomago...eu cai no chão me revirando de dor e ele me deu um chute...tentei agarra-lo e nós começamos uma briga, até q ele me imobilizou com os braços para trás e a cabeça esfregando no chão...foi ai que ele me deu um soco no lado do meu tórax que me deixou sem conseguir ter nenhuma reação até conseguir respirar direito...foi ai que ele começou, eu estava de bermuda e sem cueca, oq facilitou o trabalho dele...ele ...ele....me violentou...e eu...eu deixei.....

As lagrimas dele já estavam molhando meu ombro e a história se tornava mais assustadora a cada fala dele

-como...como assim...vc deixou?

No começo eu tentei resistir..mais depois q ele me penetrou eu me entreguei, mesmo todo batido e ainda dexei ele me machucar mais....ele me penetrava com muita força ..parecia um monstro..e eu ...eu estava tanto tempo sem sexo que deixei...

-Não acredito que vc fez isso!! Esse cara arruinou sua vida, te bateu...tentou te violentar e vc facilitou pra ele!!

Foram as palavras erradas a se dizer...ele chorou mais ainda e disse:

-Vc acha que eu já não tenho nojo o suficiente de mim mesmo sem vc me julgar assim!!?

-Me...me desculpe...eu não queria...eu...eu sei lá...só não entendi.

-Eu me odiava mais do que a ele...e essa não foi a única vez...durante quase um ano sempre que ele queria eu ia até a casa dele e a gente transava...Eu me odiava, odiava ele, tinha nojo de mim mesmo...Deus sabe a vontade que eu tinha d me matar depois de dar pra ele...o depois era a pior parte...era uma necessidade de prazer e dor doentia...depois desse dia tudo que havia de bom em mim acabou....depois desse dia eu nunca mais li ou toquei, muito menos cantei...eu me tornei vazio por completo...Tudo que havia de bom em mim morreu...Eu ia pro colégio, mas era só isso, depois ficava trancado em casa, navegando pela net...vivendo de ilusão...me masturbando pela webcam com desconhecidos...Me viciei em sexo...cheguei a sair pra procurar caras mais velhos durante a noite...uma vez consegui seduzir o pai de um colega de classe...transei com ele em um banheiro na estação de trem. A cada dia eu fui ficando mais deprimido e com mais raiva de mim mesmo por fazer essas coisas...depois de um ano de terapia eu finalmente consegui parar de transar com o Pool e com desconhecidos tbm...

Foi isso que eu me tornei Renato...será que você ainda quer ser o melhor amigo de um tarado que tem nojo de si mesmo e que já te humilhou no passado? Será q vc vai olhar na minha cara depois de hoje?

Eu não podia fingir que não estava chocado, a coisa toda era bem pior do que eu pensava. Ele estava no fundo do poço, e muito sujo de lama... porém eu sabia que havia mais no Alex do que isso...eu tinha visto mais do que isso no passado, e ainda nessa mesma noite eu vi música nos olhos dele...Eu poderia sentir tudo por ele, menos nojo...isso jamais...não...eu não podia virar as costas para ele por causa de um vicio, ao qual ele foi levado pela depressão...Eu o Amava de mais pra isso....

e precisava demonstrar para ele de alguma forma, para que ficasse claro q nado do que ele falou abalou esse sentimento.

Eu poderia dizer que o amava,que ele sempre seria meu melhor aimgo mas isso não seria suficiente...

Ele estava me encarando com os olhos vermelhos e lágrimas escorrendo pelo rosto... esperando que eu respondesse a ele se iria ou não querer vê-lo novamente depois de tudo...

Eu precisava dizer mais do que palavras...Eu segurei suas duas mãos, entrelacei nossos dedos, depois me aproximei mas e o envolvi em um abraço quente, apertado e carinhoso, eu queria que tudo aquilo que eu estava sentindo envonvesse ele...dei dois beijinhos nas suas bochechas e encostei meu rosto no dele...ficamos face a face...e ele me abraçou tbm...eu sentia suas lágrimas molharem meu rosto... ele foi se acalmando nos meus braços...senti sua respiração se tranquilizar...e ele aproximou seus lábios do meu ouvido e disse baixinho

-Obrigado!


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Gente que bafao!Mais sério do que eu imaginava

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