A Vida de um Garoto de Programa #9
EU TE AMO - Penúltimo Capítulo.
Vicctor tirou as mãos de César de sua cintura e o empurrou para longe.
__Quer saber? -Vicctor disse olhando para César- Foi a pior coisa que eu fiz na vida, me arrependo amargamente de tudo isso.
Eu não era namorado, nem ficante de Vicctor. Eu entendia muito bem que ele não era meu, mas nasceu um ódio dentro de mim, um ciúme que quase não conseguia conter.
__Uau! -Comecei a dizer- Estou sem palavras se era isso o que você pretendia. Mas... Foda-se! Vicctor não é meu ficante, peguete e tão pouco meu namorado, ele faz o que quiser da vida dele.
__Miguel, olha...
__Por favor Vicctor, não precisa se explicar, nós não temos absolutamente nada, nada!
Eu sai atordoado daquele lugar, já estava amanhecendo, devia ser 5:00h da manhã. A noite tinha sido muito longa, eu precisava descansar.
*
Uma semana depois...
*
Passei o resto daquela semana sem sair, sem ter coragem de contar aos meus próprios pais o que aconteceu, a vida de garoto de programa não era fácil. Eles nunca entenderiam, não sei se fiz a coisa certa, mas tive que omitir tudo o que aconteceu naquele dia. Pra mim seria a melhor opção...
Quando eu cheguei no ponto onde ficavam os garotos de programa, notei que todos eles me olharam, quase não acreditavam no que viam.
__Cara, me desculpe. Mas... Não sei como você teve coragem de continuar nessa vida. -Um dos garotos chegou perto de mim e disse.
__Ta tranquilo Rodolfo, eu sei me virar. Obrigado pela consideração. -Eu disse.
__Se precisar, eu to aqui cara. Conta comigo.
__Valeu mesmo! -Eu disse à ele.
Passaram-se alguns minutos e uma moto estacionou perto de onde eu estava. Vermelha, com faróis que quase cegaram minha vista.
__Eeeh que delicinha! Quer me acompanhar garotão? -O homem perguntou ainda sentado na moto.
Olhei bem para o rosto dele quando tirou o capacete, um homem bonito, mas eu não estava bem. Cheguei a pensar em recusar o convite, me arrependi de estar naquele lugar, de ter voltado a me prostituir, tudo o que eu queria era um amor de verdade, ser livre e fazer tudo o que queria sem precisar dar satisfação a ninguém.
__Olha, me desculpe mas... Eu acho melhor não, eu não estou muito bem hoje. -Eu disse à ele.
__Ahh por favor! Diga quanto você quer? Cem? Cento e Cinquenta? não me importo, eu pago, gostei de você.
__Não é isso...
__E então? Eu posso te dar uma noite especial, deixe eu te levar para um bom lugar? Vem comigo?
Quando eu estava prestes a recusar mais uma vez, eu encontrei algo muito familiar para os meus olhos. Um carro, uma BMW preta, sim... Vicctor!
__E então? vem comigo? -O homem me perguntou de novo.
Ele desceu do carro, se virou e me encontrou. Seu rosto severo e cansado se iluminou quando me viu, seu sorriso, aquele lindo sorriso canalha me encheu o coração de alegria. Eu não queria dar esperanças à Vicctor e então aceitei o convite do desconhecido.
__Tudo bem, eu aceito.
Subi na garupa da moto, confortei meus braços sobre a cintura do homem, que me disse que se chamava Luís.
Olhei para Vicctor, ele se assustou. Correu em minha direção, mas foi tarde de mais, Luís e eu já tínhamos nos distanciado.
Luís e eu já estávamos andando à mais de 20 minutos com a moto. Fiquei me perguntando onde ele estaria pensando em me levar. Pelo visto era longe. Ao longo do caminho conversávamos, mas nada mais do que o necessário. A imagem de Vicctor não saia da minha memória, seus olhos cor de mel, o sorriso canalha que me fazia perder o chão. Não sei se estava fazendo a coisa certa em evitá-lo, mas eu não queria passar a noite pensando nisso.
Ouvi barulhos de sirene, olhei para trás e vi um carro de policia vindo atrás de Luís e eu. No momento fiquei tranquilo, queria manter a calma, mas não consegui. Eu achei que Luís iria parar a moto e conversar com os policias, para saber o porque deles estarem nos seguindo, mas não. Luís aumentou ainda mais a velocidade da moto.
__O que está fazendo? -Falei em voz alta para Luís ouvir. O vento gelado era muito forte em meu rosto.
Luíz nada disse. E eu continuei...
__Pare a moto! Você... você está me ouvindo? Pare a moto!
__Parem agora! -Um dos policias disse num mega fone- Ou seremos obrigados à atirar!
__Você enlouqueceu cara? -Perguntei- Eu não quero morrer, se você quer, morra sozinho ok? Pare essa droga.
__Cale essa boca seu imbecil! -Luíz disse.
Taaah!! Taahh! Tiros... no pneu traseiro.
Meu coração quase parou quando a moto de repente começou a derrapar na pista. Estávamos nos inclinando rapidamente, não deu mais tempo para pensar. A moto entrou em colisão com o solo e eu bati com o lado esquerdo do corpo no chão. Perdi a visão, a fala, perdi o raciocínio e desmaiei...
5 minutos depois.
Eu estava caido ainda na pista, um grupo de pessoas me olhava do alto. Tentei mover meu braço mas não consegui, tentei mover minhas pernas e elas também não me obedeceram. Um policial chegou mais perto e perguntou:
__Você está bem?
Tentei dizer que sim, mas as palavras engasgaram na minha garganta.
__Nós já o levaremos a um hospital, estamos esperando a emergência chegar. Não tente se mover.
Um homem saiu entrando desesperado em meio a multidão à minha volta. Com lágrima nos olhos Vicctor se aproximou de mim... E me beijou! Me beijou na fente de todos, sem vergonha ou receio do que alguns falariam, me beijou com amor e carinho.
__O que deu em você? -Ele perguntou- Aquele homem estava com drogas. Ele iria te entorpecer, e depois te mataria. Ele confessou tudo!
__Me... desculp-pe -Disse.
__Eu te amo, será que você não entende isso? O que eu preciso fazer para você acreditar? Eu sou louco, desesperadamente louco... POR VOCÊ!!!
__Eu... eu... te amo! -Consegui dizer.
Vicctor novamente me beijo, um beijo delicioso e que fez o mundo ao meu rodar não fazer mais sentido sem ele. Tudo estava claro, nós nos amávamos!
Senti minha respiração diminuir aos poucos, minha visão ficou embaraçada, e depois eu não conseguia mais enxergar nada, além de uma enorme escuridão.
__Sai da frente! Saia! -O enfermeiro disse à Vicctor- Por favor precisamos de ajuda com o paciente Miguel. Ele está ficando sufocado, não está conseguindo respirar!
__Por favor... por favor não deixem ele morrer, por favor! -Vicctor gritou.
__Por favor senhor, nos dê licença. O senhor não pode mais permanecer aqui. - O enfermeiro disse- Emergência, o paciente está com a pressão muito baixa. Ele está... Morrendo.
Continua...
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Momentos decisivos, agora sim... Final!
Próximo e último capítulo: A Vida de um Garoto de Programa #10 Para Sempre
Vcs irão se surpreender, não deixem de comentar o que acharam.
Desde já agradeço imensamente aos Gatos&Gatas que curtiram essa pequena saga.
Final é Amanhã! SEXTA-FEIRA 22/11