Como Chamas 3x22: O JOGO DA VERDADE.
- Eu nunca tinha visto uma pessoa morta na minha vida. Disse Marcie encarando o camburão colocando o corpo de Thabita dentro de um saco dentro do grande carro. Suspirei e abracei ela. Afinal, a noite podia ter sido péssima para mim, mas para ela havia sido pior. Meu celular vibrou e eu pulei. Aquele sim era o momento perfeito para mais um mensagem no estilo "você é o próximo" de meu perseguidor. Porém, o número não era desconhecido
COM TODA ESSA CONFUSÃO, EU NÃO CONSEGUI FALAR, MAS EM VOCÊ QUE EU ESTOU INTERESSADO. E AINDA QUERO CONVERSAR COM VOCÊ.
Li a mensagem de Brad varias vezes antes de entender o aquilo queria dizer. "Eu havia ganhado, toma essa vadia!" Eu teria dito aquilo, ou melhor, gritado, se não fosse todo o clima ruim. Mostrei a tela do celular para Marcie.
Ela deu uma risada amarga.
- Essa realmente é uma noite especial. - ela enxugou uma lágrima e sorriu para mim - Eu sabia que ele ia te escolher, por isso fiquei desesperada e beijei ele.
- Não sei porque fazemos essas coisas. Somos tipo irmãos. Não deveríamos brigar pelas coisas...
- Isso é bobeira, se não fizemos essas coisas de vez em quando, que graça teria nossa amizade? Começamos a rir e nos abraçamos mais uma vez.
- Te amo ridícula.
- Também te amo.
O detetive Jones se aproximou de nos. Pude sentir os ombros de Marcie ficarem tensos, ela geralmente ficava nervosa na presença da policia. Alguma fobia de estar encrencada.
- Dan, você precisa vir comigo. Ele disse serio.
- Achamos o corpo juntos. Então eu também deveria... Começou Marcie.
- Só ele. Falou Jones, severo.
Me soltei de Marcie e o segui para fora do círculo de pessoas que se formará em frente a escola e entrei em seu carro.
Jones se virou para mim.
- Vou perguntar só uma vez e melhor você não mentir para mim.
Balancei a cabeça positivamente, sentindo um aperto na garganta.
- Tem muito tempo que esta sendo perseguido? Ele perguntou simplesmente.
- Quem te disse que estou...
- É uma pergunta de sim ou não, Dan.
Lambi os lábios e olhei para forçada janela. Kristen estava abraçando Marcie, Felipe parado junto da multidão atras da faixa amarela e Nick estava ao seu lado. O que ele estava fazendo ali? Jordan e Amanda estavam abraçados perto de uma árvore, olhando atentos para tudo. Aquelas pessoas que eu amava ainda estavam em risco de se machucarem como Thabita se eu continuasse com aquilo. Me virei para o detetive.
- Tudo começou no fim do recesso de uma semana. Falei, esperando que ele entendesse.
Jones arregalou os olhos, sem saber o que dizer. Peguei o celular e coloquei no topo das mensagens de número bloqueados. Tive a impressão de que se passou mais de vinte minutos ate que ele lesse tudo.
- Tem recebido ameaças durante todos esses últimas meses e não contou a ninguém?
- Bom, Violet, Thabita e um garoto da minha turma sabiam... Ah, meu Deus.
- O que?
- Meu amigo Jeremiah, temos qe acha-lo. Agora! Falei.
- Porque? Perguntou Jones.
- Não percebe? Duas das três pessoas que sabiam estão mortas.
- Sabe aonde esse garoto mora?
- Sei.
- Então coloca o cinto. Disse ele já pisando no acelerador.
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Duas horas depois Jeremiah e eu estávamos na delegacia enquanto meu celular estava sendo analisado, na tentativa de conseguirem saber de onde as mensagens vieram, mas pela cara que Jones estava fazendo do outro lado da sala, não estavam se saindo muito bem.
- O que acha que vai acontecer comigo? Perguntou Jeremiah.
- Acho que nada, você não fez nada demais.
- Eu sinto muito, Dan. Não teria feito nada daquilo se soubesse de toda a verdade.
- Tudo bem.
A porta da sala aonde eu estava se abriu e Jones veio ate nos com dois policiais acompanhando ele.
- Alguém que você conheça pode esta querendo te matar?
Troquei um olhar por um segundo com Jeremiah, e depois balancei a cabeça negativamente.
- De uma olhada nisso.
Ele me entregou um iPhone parecendo velho e com a tela coberta de arranhões. Continuei encarando a tela, que tinha um texto escrito.
MERDA, COMO EU SINTO MUITO. NÃO SABIA QUE ELE ESTAVA TÃO PRÓXIMO E QUE VOCÊ AINDA GOSTAVA DELE. SE EU SOUBESSE TERIA TE DITO ANTES, MAS AINDA HÁ TEMPO. ELE É MENTIROSO E LOUCO, SEU NOME VERDA
A mensagem terminava ali. Provavelmente meu perseguidor havia a pegado antes que pudesse terminar. Eu me sentia horrível. Primeiro havia pensado que ela era louca, depois mentirosa e então assassina, enquanto to era apenas outra vítima como eu.
Devolvi o celular.
- O que acontece agora?
- Bom, sabemos que é alguém bem próximo de você, então você vai entrar para o programa de proteção para testemunhas ate que encontremos esse maluco.
- Tudo bem, vou em casa busca algumas coisas e...
- Vou pedir a um dos nossos homens que leve você.
- Não precisa, eu tenho carona.
Minutos depois eu sai da delegacia e avistei Felipe e meus amigos do outro lado da rua, eu não podia lidar com eles agora. E se havia alguém em quem eu podia confiar era no filho do xerife. Subi uns degraus e corri ate Leon.
- Preciso de uma carona. Falei.
- Serio? Estou de moto!
- Tanto faz, só me tira daqui.
E então subi na moto dele, a ultima coisa que vi foram os olhos desapontados de Felipe.
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Entrei em casa atordoado. Aquilo poderia ser possível? Céus, que eu esteja imaginando coisas, que não seja verdade, não pode ser. Como alguém muito próximo podia querer me machucar? Isso tinha que ser um engano.
Thabita podia ter se enganado. Tinha que ser isso. Entrei em casa e fui direto para o quarto, minha mãe estava com meu pai, eu só passei para pegar umas coisas e voltaria para minha antiga casa também. Ao passar pelo corredor, notei a luz do quarto de Nick acessa e fui para lá.
Ele estava empurrando algo violentamente dentro do guarda roupa.
- Fazendo as malas? Perguntei.
- Não vou me mudar. Quero ficar aqui.
- Hum, mas vem me visitar, não é?
- Isso não vai ser um problema.
Eu ri, mas não me aproximei para abraçá-lo. Era tão bom ter um irmão as vezes.
Peguei meu celular no bolso, estava estranhamente silencioso desde que deixei a delegacia. Então notei que estava desligado.
Liguei e esperei alguns segundos.
- Vou fazer minha mala, mas volto para te dar um abraço. Falei saindo do quarto.
HÁ 32 NOVAS MESAGENS!
Exibia a tela do meu celular. Caramba!
Abri e tinhas varias de Felipe e meus pais e do detetive Jones.
LOCALIZAMOS O NÚMERO. ALGUÉM DENTRO DA SUA CASA ESTAVA MANDANDO AS MENSAGENS.
Passei para a próxima.
AONDE VOCÊ ESTÁ? ACHO QUE SEI QUEM ESTÁ ATRAS DE VOCÊ.
ME RESPONDE!
AONDE VOCÊ ESTÁ?
Passei para as mensagens de Felipe.
AMOR ME LIGUE ASSIM QUE LER ISSO. FAÇA O QUE FOR, MAS NAO VÁ PARA CASA! NÃO É SEGURO!
Franzi a testa. O diabos aquilo queria dizer? Como minha casa não era segura?
Passei para as mensagens de meu pai.
FILHO NÃO VAI PARA CASA, SUA MÃE ESTA COMIGO. NICK NÃO É QUEM DIZ SER, VOCÊ CORRE PERIGO.
Eu quase ri dessa ultima. Nick? O que ele tinha a ver com tudo isso?
Avancei mais uma mensagem.
ELE NÃO É O GAROTO QUE ESTAVA VINDO MORAR COM A GENTE.
- Perturbador, certo? Falou a voz gélida de Nick atras de mim. Gritei, dando um pulo para trás. O desespero e o medo disputavam lugar no meu peito. Lá estava ele, Nick, parado na porta de seu quarto, segurado uma faca e sorrindo de forma assustadora.
- Quem é você? Perguntei.
- Então você já sabe de tudo.
- De tudo não. Falei.
Nick deu mais um passo e eu recuei.
- Meu nome é Samuel. Sou irmão desaparecido do garoto que você e seu namorado mataram.
- Era você o tempo todo? Porque tudo isso? Porque só não me matou logo.
- Não teria graça nenhuma, aliás, eu gostei de ser perseguidor. Segui você é descobrir seus podres.
- Porque matou Violet?
- Bem, quando a idiota da Thabita mostrou para ela a mensagem que eu havia mandado, ela sacou quem eu era. Na mensagem tinha uma pequena piada entre mim e meu irmão que só ela sabia.
- E Thabita?
- Ela apareceu aqui mais cedo e seu pai abriu a porta, e então ela me viu e soube de tudo. Eu não podia deixá-la contar para você. Eu queria contar antes de matar você e seu namoradinho...
- Acho que não posso te ajudar com isso.
Me virei e comecei a correr de volta para a sala, mas Nick passou pelo banheiro e entrou primeiro, gritei e voltei para a copa, mas ele estava na minha cola. Quando cheguei na cozinha, ele me empurrou com toda força contra a bancada. Bati a cabeça e senti a tontura. Nick segurou minha nuca e me puxou para trás.
- Acha mesmo que vai conseguir correr de mim, aqui?
- Não custa tentar.
De repente, notei que eu não estava com medo, mas sim furioso. Eu chamei aquele garoto de irmão e ele queria me matar esse tempo todo. Estiquei as mãos e alcancei uma jarra de vidro vazia e girei as mãos na cabeça de Nick. Acertei ele em cheio. Nick me soltou e eu voltei a correr, mas então ele me empurrou de novo e dessa vez tropecei. Nick tinha um corte na testa e pulou em cima de mim.
Gritei de novo, enquanto tentava me afastar, mas ele era mais forte.
Então, Nick estava em cima de mim, me mantendo preso ao chão. Ele segurou a faca no alto.
- Alguma ultima palavra?
Então, a porta da frente explodiu, e Felipe entrou correndo e pulou sobre nos. Girei para o lado e faca veio a milímetros da minha cabeça. Gritando comecei a empurrar e chutar, eu tinha que conseguir sair, não conseguia respirar. Felipe tirou Nick de cima de mim e eles começaram a brigar. Eu tossia, engasgado no outro lado. Felipe estava por cima, mas então Nick o chutou e tudo mudou. Nick estava o mantendo ali embaixo, a faça bem perto. Olhei para a varanda e então que tive a ideia. Me levantei e gritei:
- Ei seu otário, eu mandei o idiota do seu irmão.
Nick me olhou furioso, e começou a correr na minha direção. Eu iria jogá-lo dali. Então, pisquei e ele já estava me segurando.
Olhei para o para-peito. Se empurrasse Nick, eu cairia junto.
- Alguma coisa errada?
- Não! Gritou Felipe empurrando ele.
Nick puxou minha camisa junto com ele e fechei os olhos, sentindo o peso do meu corpo caindo junto. Mas então Felipe segurou meus braços e me puxou de volta. Então caímos juntos no chão. O grito de Nick não durou mais que minutos. Me levantei e corri ate o para-peito. O corpo de Nick estava caído no chão do estacionamento.
Felipe me abraçou por trás e eu deixei. Tentando me livrar daquele pesadelo de uma vez por todas.
Minutos depois, a policia estava na sala, o detetive Jones também, e Felipe e eu havíamos acabado de contar toda a história. Falando em voz alta, tudo parecia se encaixar de forma maluca e assustadora.
- Onde ele esta?
- Lá em baixo.
Jones e mais um policial foram para a varanda e eu me aconcheguei mais perto de Felipe.
- Isso é brincadeira? Perguntou o policial.
- O que? Perguntou Felipe.
- Não tem nada lá. Falou Jones.
- Como é? Perguntei me levantando e correndo ate a varanda. Realmente não havia nada no estacionamento além de carros.
- Mais que diabos. Peguei meu celular no bolso, mas não havia nenhuma nova mensagem. Mas eu estava tão acostumado que ate pensava o que ele mandaria naquele momento. "PEGUEI VOCÊ, ESPERE E VERÁ!"
***
Muuuito bem, esse foi um final de temporada mais difícil de escrever, eu tinha que colocar tudo e não deixar absurdamente grande. Espero que gostem, e aposto que ficaram tão surpresos quanto eu, porque a ideia de Nick ser malvado me ocorreu a pouco tempo e como fazia sentido tive que fazer e gostei de como ficou. Muito obrigado a todos que lêem o conto.
E ainda vai haver mais uma e ultima temporada para vocês aonde vou responder todas as suas perguntas, se quiserem podem comentar algumas delas. Obrigado de coração.