Havia chegado a hora de falar com os meus pais, minha tia voltaria para a capital naquele mesmo dia. Eu nunca tinha chegado a pensar naquela opção, de deixar os meus pais e viver com outra família de certa forma, mas depois que a minha tia disse aquilo, parecia a coisa mais sensata a se fazer e era o que eu ia fazer e iria enfrentar meus pais para isso. O pessoal tava reunido na sala, meu pai bebia, minha mãe tava na cozinha e meus irmãos conversando, eu já desci com o rosto cabisbaixo.
- Pai, eu passei na UFSC.
- Hum. E aí?
- A tia Vanessa deixou eu morar com ela enquanto eu curso a...
- Mas de jeito algum. Você é meu filho.
- Mas pai...
- Cala a boca. Vanessa, e o que diabos tu vem à minha casa encher a cabeça dele de minhocas?
- Pai, não foi ela. Eu quero ir.
- Eu já te disse pra calar.
Ele veio pra cima de mim pronto pra me bater e aminha tia se meteu na frente. A tia Vanessa é irmã do papai, ela falou que ele não encostar um dedo em mim, pelo menos enquanto ela estivesse ali. Ela ficou bem na minha frente mesmo e depois olhou pra mim como um “É melhor desistirmos da ideia” mas já era tarde demais.
- Tia, vou arrumar minhas coisas.
- Tu vais ficar onde está.
- Vem me impedir.
Ele realmente tentou mas meus irmãos o seguraram, nem acreditei quando fizeram aquilo. Fui ao meu quarto e recolhi o máximo que consegui na única mala que eu tinha, as coisas mais supérfluas eu coloquei na mochila. Quando eu desci, meu pai tava sentado no sofá e mexia os pés freneticamente com os braços apoiados nas pernas.
- Olha muleque, se tu sair por essa porta é pra ti nunca mais voltar.
- Não se preocupa, porque pra cá eu não volto.
Eu larguei minha mala no chão e ia abraçar minha mãe e irmãos mas ele não deixou.
- Não. Pode ir se retirando. Você não pertence mais a essa família.
- Eu nunca pertenci. ISSO aqui, não é uma família. Não pra mim. Eu tive mãe e irmãos mas eu não tive um pai.
Eu já tava perto dele e senti um tapa muito forte na minha cara, doeu na alma. Ali eu derramei minha última lágrima por ele e fui para o carro da minha tia.
A partir daí eu passei a morar com a família da minha tia Vanessa, na casa moravam o marido dela Laércio, e os filhos Ruan e Ricardo, que também são gêmeos. A família do meu pai tem uma história imensa de gêmeos. A bisavó dele teve três gêmeos. Eles tinham a mesma idade que eu sempre nos demos super bem. Ah, a empregada também morava lá, Nilza. Eu me ajustei num quartinho que eles guardavam algumas coisas e de começo eu só tinha um lugar para guardar minhas roupas e um colchão, de resto eu dividia com os meninos. Eu voltei a minha cidade na mesma semana para pegar meus documentos na escola e até mesmo em casa, mas a minha irmã me ajudou e pegou tudo o que eu precisava. Na escola, eu expliquei a minha situação para a diretora e a minha tia pôde se passar por minha responsável. Feito tudo isso eu me matriculei na faculdade e esperava ansiosamente o início das aulas. O tempo que antecedeu às aulas serviu para eu me entrosar mais com meus primos e com os amigos deles. Eles eram muitos, bem loucões eu diria. Loucões ao meu ponto de vista naquela época, eu era muito introvertido, odiava me socializar mas logo vi que aquilo era meio que uma barreira evitando que os outros vissem o sofrimento que eu passava em casa. Sempre fui muito orgulhoso, nunca fui de demonstrar o que sentia e tudo mais e isso foi mudando conforme o tempo. Meus primos tínhamos uma diferença, eles ainda estavam no ensino médio. Pela parte da manhã só ficava a Nilza e eu em casa, eu aproveitava para ler ou até mesmo estudar. Teve um dia em que os garotos não tiveram aula e disseram que iam sai com uns amigos e quiseram me levar, eu aceitei. Como eu disse, eles era muitos mas com quem eu mais me identifiquei e conversava era com o Gabriel e a Gabriela. Eles eram irmãos, ela era mais nova, tinha 16 e ele 19. Ela estava no segundo ano e ele fazia administração em uma faculdade particular. A Gabriela deixou bem claro que gostou de mim, vivia me chamando de lindinho, o que incomodava o Gabriel. Andar com essa galera de uma certa forma me fez bem, eles não falavam muito sobre o assunto mas o Gabriel já havia ficado com o Vítor, outro garoto da turma. O Gabriel era bem bonitinho, ele era branquinho, maior que eu e tinha cabelos e olhos bem pretos. Magrinho e alto, ele sempre arrancava uns olhares meus e o pior foi que ele percebeu. E um dia em que saímos todos juntos ele reduziu os passos e me chamou num canto, ele deixou o pessoal se afastar e perguntou se eu era gay. Eu nunca havia conversado com isso nem com o Bruno e a Laura mas naquele pouco tempo eu confiava naquela turma, bem, em alguns. Falei a verdade pra ele, que eu nunca havia ficado com garotos mas que eles me chamavam a atenção.
Gabriel: E eu te chamo a atenção?
Ele falou quase sussurrando e pegando na minha cintura, e eu olhando pra cima só consegui dizer que sim. Ele me puxou pra perto dele e me beijou, nossa fiquei excitado na hora, o beijo dele era bem melhor do que eu já havia dado, se era pelo fato de ele ser homem ou pelo gato de eu realmente estar gostando dele eu não sei, mas foi ótimo. A melhor parte era quando ele pegava na minha nuca. Não demoramos muito pois o pessoal sentiria a nossa falta.
Gabriel: Você é bem gostosinho.
Eu: Obrigado.
Ele simplesmente pegou na minha mão e me puxou e fomos atrás do pessoal. Quando estávamos próximos deles, ele largou a minha mão e foi abraçar a irmã dele e eu com um sorriso besta no rosto. Toda vez que a gente marcava de se reunir, a gente arrumava uma maneira de ficarmos a sós e nos beijávamos muito, ele nunca foi de pegar na minha bunda ou insistir em algo mais, sempre foi muito carinhoso. Claro que isso foi até um certo tempo, mas a forma como ele quis me conduzir ao sexo, foi bem interessante.
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Abraço em todos vocês e até a próxima.