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A História de Caio, completa e revisada para leitura on line e download e contos inéditos no meu blog:
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- Matar você? - Notei um tom de profundo desapontamento na voz. - Depois de tudo que já fiz para você e do que conversamos a pouco, é esta a ideia que você possui de mim?
- Eu posso esperar qualquer coisa de você, Yoh. Você é um mentiroso. Seu nome é Yoh mesmo?
- Sim, é. - Respondeu friamente como se eu o estivesse ofendendo.
- Esse apartamento é seu não é?
- Sim.
- O carro também?
- Sim.
- E porque você escondeu de mim que era podre de rico.
- Caio, olha para mim. - Vociferou. - Essa conversa de de costas está me deixando impaciente.
- Me dá sua palavra que não vou me hipnotizar? Nem usar qualquer tipo de truque comigo?
- Dou.
Sabendo que duvidar da palavra dele seria algo tremendamente ofensivo eu me volto e o encaro, mostrando a palma das mãos como se estivesse me rendendo. Pensei encontrar seu olhar raivoso, mas ele apenas ria.
- Acho que essa conversa pede umas taças de vinho. - Sugeriu.
Apenas confirmei com a cabeça e ele me fez um gesto para sentar-se. Enquanto sentei ele foi até a cozinha e voltou com uma garrafa de vinho.
- Porto Dow's. Excelente safra. Não é exatamente um vinho dos mais caros mais é excelente. - Falou exibindo a garrafa.
- Vai ficar exibindo coisas caras para mim agora?
- Talvez. Mas primeiro te devo uma conversa. Antes de mais nada, não fui eu quem mandou punir o Carlos e o Flávio e se você disser que fiz isso de novo eu vou ficar muito chateado.
- Tenho sua palavra?
Ele me lançou um olhar aborrecido, pedir que desse sua palavra era uma forma de duvidar do que ele falou. Ele tinha uma espécie de tique, que não sei se foi algo aprendido na infância, mas quando ele dava sua palavra, movia céus e terras para cumprir o que prometeu.
- Tem, Caio César. - Respondeu me oferecendo uma taça. Não bebi, mas ele logo deu um longo gole.
- Yoh, esse seu jeito descontraído está me irritando. Acabei de descobrir que você mentiu horrores para mim, quero uma explicação. Porque não me disse quem você é de verdade quando o conheci.
- Eu posso explicar tudo. Eu não sou do tipo que posso sair falando tudo sobre mim a primeira vista, primeiro preciso saber se a pessoa é de confiança. Não estou te ofendendo, mas te conheço a pouquíssimo tempo.
- Você vive de cometer crimes ou algo assim para ter que esconder quem é?
- Algo assim. - Me respondeu tomando mais um gole de vinho.
- O que você faz da vida?
- Eu tenho uma transportadora. Oficialmente. Extraoficialmente eu faço outros tipos de transportes. Olha, você poderia sair daqui e destruir a minha vida com o que vou te dizer, então compreenda os meus receios. Eu sou um especialista em algumas coisas que as pessoas chamam de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Tipo, você tem um monte de grana que não quer declarar para o estado, eu sei onde guardar esse dinheiro longe das vistas do leão. Ou você lida com áreas pouco ortodoxas de comércio e precisa dar uma branqueada no dinheiro para poder usá-lo, sei como mandar ele pras cucuias e fazer voltar como resultado de investimentos no exterior e coisas assim. Por isso muitas pessoas me devem favores.
- Pessoas que poderiam espancar alguém?
- Eu te dei minha palavra. Se isso não for o suficiente, o que eu posso fazer mais?
- Desculpa. É o suficiente sim. Desde quanto você faz isso?
- Desde os 19 anos, eu meio que herdei uma estrutura já formada. É tipo um negócio familiar.
- Então você não trabalhou no Tribunal de Justiça?
- Trabalhei sim, passei 3 meses lá. Gosto de desafios profissionais.
- E o concurso de delegado?
- Passei também e estou fazendo o curso. Mas claro que não passarei muito tempo.
- Porque vivia tão modestamente em Fortaleza?
- Aquele apartamento? Aquele prédio é meu, desocupei um só para te receber. O carro também troquei para te conhecer.
- Porque fingir tanto para mim? Podia ter dito que era herdeiro de uma transportadora e mostrar mais poder financeiro.
- Eu gosto de uns desafios psicológicos. E é me auto preservando dessa forma que passo longe dos holofotes policiais e coisas assim.
- Não tem medo de eu sair daqui e te denunciar?
- Você não fará isso.
- Porque?
- Porque está mais excitado ainda para se relacionar comigo do que antes.
Era verdade. Apesar do medo terrível que senti, aquela situação toda era muito excitante. Mas sabendo daquelas coisas que ele revelou, era mais difícil ainda acreditar que não foi ele o mandante dos espancamentos.
- O Daniel sabe de você?
- Sabe, a mãe dele também. Nos conhecemos à muito tempo. Ela conheceu meu pai.
- Eu estou com medo de você.
- É compreensível. - Reconheceu. - Mas eu posso fazer você esquecer esse medo rapidinho. Vamos deitar de novo?
- Não. Eu estou indo embora. Não posso confiar em alguém que mentiu tanto para mim.
Pela expressão de surpresa na cara dele, vi que minha atitude foi completamente inesperada. Peguei meu celular e chamei um táxi.
- Eu posso ir te deixar. - Falou.
- Obrigado, prefiro ir de táxi. - Falei indo para o quarto pegar minhas coisas.
Quando voltei para a sala, fui direto para a porta da frente sair, ele não fez qualquer gesto de me impedir, ainda tomando vinho, simplesmente perguntou:
- Ainda vai querer me ver novamente?
- Não sei, talvez não. Eu gostava de um cara que deixou de existir quando retirei aquele livro da estante. Você não é o cara que eu aprendi a gostar. Eu aprendi a amar uma máscara, não o homem por trás dela. - Conclui fechando a porta atrás de mim.
Continua...
P.S: o casa dos contos estava fora do ar aqui, por isso atrasei o envio dessa parte. Ainda sai mais capítulos hoje.