A HISTÓRIA DE NÓS TRÊS - 06X03 - "De volta para a realidade"

Um conto erótico de My Way
Categoria: Homossexual
Contém 1919 palavras
Data: 31/03/2013 02:13:52
Última revisão: 01/04/2013 03:11:58

Era o nosso último dia em Nova York, após aquelas duas semanas voltaríamos para a dura realidade. As crianças também sentiriam falta dos lugares que visitamos, mas era preciso voltar para a escola e deveremos chato por mais um ano. Quando chegamos ao aeroporto fomos recebidos pelos meus pais, minha filha, nossos irmãos. A família estava novamente reunida. Decidimos curtir a capital de São Paulo mais um dia.

- E ai Phelip? Tudo certinho? - perguntei já sabendo do incidente com o Ezequias.,

- Sim... claro... perfeito... porque?! - ele perguntou gaguejando.

- Nada. Espero que nada. - falei sorrindo.

- Sabe. Pensei muito em você durante essa viagem. - falei o abraçando enquanto caminhávamos em um parque da cidade.

- Mesmo? O que? - ele questionou.

- Bem. Sobre tudo... lembrei da primeira vez que te vi...

- Sim. Você ficou muito bravo... pensou que eu era um farsante.

- Não... foi antes disso... te vi no velório do Paulo. Nossa... juro que pensei que fosse ele. - disse o abraçando mais forte. - Você sempre será o

meu irmão mais lindo. Sabia? - perguntei o olhando.

- E você sempre será o meu herói... - falou Phelip vermelho de vergonha.

- Acho que deveríamos sair mais. Nas próximas férias vamos acampar... os Soares... eu... você... a Pri e o Bernardo. - disse sorrindo.

- Pode ser... poderíamos ir para a Amazônia. Nunca fui lá. Nossos parentes são do Pará né? - perguntou Phelip.

- Sim... temos sangue paraense. - falei sorrindo.

- Então está marcado... próxima férias... os irmãos Soares irão para o Pará. - falei o beijando na testa.

Na segunda-feira. Ahhhh segunda-feira. Voltamos a correria do dia a dia.

- Pai cadê a minha lancheira?! - perguntou Paulinho revirando algumas coisas na sala.

- Eu não acho a minha sapatilha. - reclamou Judith passando igual a um furacão na cozinha.

- Pai... pai... olha a minha camisa. - falou Pablo com a farda da escola manchada de tinta.

- Xiii... paiiii... o Toby rasgou o meu caderno!!! - gritou DJ espantando o cachorro do seu quarto.

- Adoro as segundas-feiras. - falei sorrindo para Dora.

- Eu estava com saudades dessa loucura. - falou ela também sorrindo.

- Amor. Preciso ir... tenho duas cirurgias hoje. - disse Mauricio me beijando e saindo rapidamente.

- Novidade.... Vamos!!! Quem não achou sapatilha, não procura mais. Quem não tem lancheira, não terá mais. Quem comeu o caderno vai ficar com dor de

barriga. E para você... tem outra farda no carro.... vamos! - falei. - E o senhor?! - perguntei olhando para o Patrick. - Não aconteceu nada?

- Não. - ele respondeu levantando os ombros.

Osvaldo havia participado de um concurso e seria auxiliar no hospital. Ele teria oportunidade de conhecer a rotina do local, mas não participaria de nenhuma cirurgia até se tornar residente. O rapaz estava eufórico para começar os trabalhos.

- Tenho medo tia. - ele disse enquanto dirigia o carro a caminho do hospital.

- De que?! - perguntou Alexis se maquiando.

- As pessoas vão pensar que você me deu a vaga.

- Deixa de tolice. Você passou no teste como todos os outros. Será um excelente profissional... lembre-se não existe profissional ruim... existe uma mente pequena. Pense grande e você terá exito.

- A senhora como sempre tem as palavras certas. Obrigado.

Fernanda e Phelip já haviam se formado na faculdade. Ele trabalhava durante todo o dia na empresa da família e ela conseguiu um trabalho como repórter no noticiário local.

- Quem diria? Você jornalista conceituada e eu administrador de sucesso. - comentou Phelip.

- Ainda bem. Tivemos sucesso em nossa vida profissional. E o Ezequias está melhor? - perguntou Fernanda enquanto tomava um suco.

- Sim. Infelizmente, ele não foi mais convidado para tocar na banda, pois, perdeu o teste de convocação.

- Ele terá outra oportunidade... e vocês dois quando vão casar? Eu soube que o Duarte está sério mesmo com o Rogério. - disse Fernanda.

- Sim. Fico feliz por ele, mas eu não quero casar por enquanto. Vou fazer 24 anos... sou muito jovem.

- O Pedro casou com 22 e ainda é feliz.

- Mas, somos pessoas diferentes. Sempre fomos.

- Xi... acho que é enrolação. O Ezequias é tudo... lindo... doce... um verdadeiro principe.

- Eu sei disso... eu to sabendo... mas, não quero apressar as coisas. Lembra como só fiz burrada com você e o Duarte. O Ezequias é especial. Quero dar tempo ao tempo com ele.

Jean e Vicius também se casaram. Eles passaram o mês todo na Irlanda na casa de Viola. Tempo suficiente para Jean decidir voltar para o Brasil.

- Não fala assim da minha mãe. - disse Vinicius.

- Mãe... mãe... aquilo éNem ouse falar nada! - gritou Vinicius.

- Olha. Não quero brigar. Ok. Vamos mesmo parar por aqui.

- Eu olhei no meu email e preciso começar a trabalhar na quinta-feira. Pior que eu nem contei a ninguém que estamos de volta. Com o Pedro viajando... e o coitado do Ezequias machucado. Preferi nem falar nada.

- Vamos fazer uma surpresa. Um jantar aqui em casa. O rapazinho lá... pode sentar né? Ele não machucou apenas a perna? - perguntou Jean.

- Acho que sim... vamos fazer sim um jantar e convidar alguns amigos próximos. - falou Vinicius.

No trabalho, eu me sentia eu. Sabe? Eu adorava ficar com a minha família, mas o tempo que eu tinha para mim era no trabalho. O hospital estava em uma ótima fase. Nossos comerciais eram os melhores e muitas pessoas assinavam o convênio.

- Pedro quero lhe parabenizar. Você sem duvidas é o diferencial deste local. - falou a Dra. Alexis na sala de reunião.

Mauricio olhou para mim e piscou.,

- Obrigado. Eu que preciso agradecer... afinal... minha equipe apenas chama a atenção do cliente e o belo atendimento que vocês médicos oferecem os mantém aqui. - falei tentando tirar o foco de mim.

- O próximo tópico da reunião é a nomeação do Dr. Mauricio Elias Soares como co-diretor regional de Neurociência. - falou Alexis.

- Bem... ainda não decidimos nada. - falou Mauricio vermelho.

- Não doutor... nas suas férias... decidimos sim. E foi unanime... você é o nosso novo co-diretor regional. - ela disse aplaudindo.

- O que isso quer dizer? - perguntou para Carlos que estava próximo a mim.

- Menos cirurgias, mais viagens e mais grana.

- Ótimo. tudo o que eu precisava. - resmunguei para mim mesmo.

Nos corredores do hospital. Encontro o Vinicius.

- Amigo?!

- E ai?! Nossa que lindo seu cabelo. - ele disse me abraçando.

- Foram os shampoos americanos... fazem um milagre. Mas, me diz... quando chegou?

- Hoje. Ei... trouxe alguns presentinhos, mas vim aqui para falar de um jantar que eu farei amanhã a noite só para os íntimos. Amigos gays... eu e o Jean decidimos uma coisa e gostaríamos de compartilhar com vocês.

- Claro... vamos sim.

- Ótimo... e avisa ao seu irmão e o namorado dele também...

- Claro... pode deixar.

- Ok... preciso ir no RH... para saber se eu volto a trabalhar na quarta. - falou Vinicius pegando o elevador.

O hospital estava movimentado naquele dia. Tanto no setor administrativo quanto no plantão dos médicos. No horário de almoço avisei ao Mauricio sobre o jantar na casa de Vinicius e também contei ao meu irmão. Chegamos em casa e praticamente desmaiamos em cima da cama. Nossa pareceu que eu dormi apenas cinco minutos quando o despertador tocou novamente.

- Bom dia. - disse Mauricio sem abrir os olhos.

- Bom dia. - respondi sem tirar minha mascara de beleza.

O dia foi menos puxado que o anterior. Fui em casa tomei banho, peguei uma roupa para o Mauricio, voltei ao hospital e fomos para a casa do Vinicius. Haviam muitos conhecidos nossos lá. A maioria era homossexual. Encontrei Phelip e Ezequias sentados no sofá.

- Oi... vocês viram o Vinicius?! - perguntei sentando ao lado deles.

- Não. Mas o Ezequias deve saber... - respondeu Phelip chateado.

- O que aconteceu? - perguntei.

- Teu irmão tá fazendo uma tempestade em copo d'água. - respondeu Ezequias.

- Porque? - questionou Mauricio.

- Todos os viados dessa festa estão dando em cima do Ezequias. - falou Phelip.

- Phelip... modos. - o repreendi com um tapa na cabeça.

- Eu já disse... não fiz nada. - reclamou Ezequias.

- Oi bebê. - falou um rapaz passando ao lado de Ezequias.

- Nossa que rostinho lindo. - reparou outro.

Olhei para o Mauricio e caí na gargalhada, mas meu sorriso transformou-se em triste quando olhei para o outro lado da sala. Lá estava ele, com um copo de vodka em uma mão e um cigarro na outra.

- Márcio. - falei.

- Onde? - perguntou Mauricio ficando de pé.

- Alí. - falei apontando para frente.

- Eu vi. Quer ir embora? - perguntou meu esposo.

- Eu... eu....

- Vamos? Não ficaremos aqui. - falou Phelip se levantando e ajudando Ezequias se levantar.

- Quem é Márcio? - questionou Ezequias.

- Um mostro. - respondeu Phelip.

- Como assim?!

- Ele... ele... foi... responsável pela morte do nosso irmão Paulo. - respondi.

- Então vamos. - falou Ezequias sendo ajudado por Mauricio e Phelip.

- Gente... espera. - falei fechando os punhos. - Vamos ficar... é a noite do Vinicius. Não quero atrapalhar... fora que eu já dei perdão a ele.

- Tem certeza? - perguntou Mauricio me abraçando.

- Sim... tenho sim... - falei.

- Me liga. - disse um jovem passando ao lado de Ezequias.

- Eu... eu... to com o meu namorado. - respondeu Ezequias.

- Que menino lindo... quer... se alistar na minha agência de modelos? - perguntou outro.

- Não... eu... não sou modelo... sou músico. - respondeu o jovem.

- Sério?! O que você canta? - perguntou uma mulher.

- MPB... Rock nacional e internacional... depende...

- Mostra pra gente. Aqui... tenho um violão. - disse um homem entregando o instrumento para Ezequias.

Timidamente. Ezequias começou a cantar a música "Pais e filhos". Todos gostaram da perfomance do rapaz... quer dizer... quase todo mundo.

- Ei maninho. Dia ruim também? - perguntei o abraçando.

- Sabe... olha só para ele... tão puro... inocente,... tenho medo de perder ele.

- Isso só vai acontecer se você permitir. - conclui. - Bem... preciso pegar um ar... uns chatos pararam o Mauricio para falar de política.

No lado externo fazia um tempo bom... uma forte brisa bateu em meu rosto e fechei os olhos.

- Que vento gostoso. - falou Márcio me assustando.

- Ahnnn!

- Calma... sou eu. - ele disse se aproximando.

- Oi. - falei fixando meu olhar em algum ponto reto.

- Pedro... eu sei que não voltaremos a ser amigos...

- Márcio. Nunca fomos amigos. Você fez da minha vida um inferno... em todos os sentidos... a última vez que eu fiquei em um jardim com você.... metade da escola soube que eu era gay. - falei tentando não me exceder.

- Eu sei... fui um idiota total... não só com você... ou com o Mauricio. Fiz coisas que não me arrependo e quero arrumar as coisas. - ele disse.

- As vezes... podemos tentar mudar, mas isso é sempre difícil. Espero que você consiga. - falei entrando na casa de Vinicius.

ici

A presença de Márcia me trazia dolorosas lembranças. Eu sabia que não seria fácil esquecer e viver em uma boa. Afinal de contas, o meio LGBT da minha cidade era pequeno.

- Gente... como sabemos... a nossa cidade ainda não possui uma parada gay oficial, ou seja, não temos como conscientizar as pessoas dessa forma. Por exemplo, quando as pessoas falam a palavra: gay. Eles pensam em pornografia, orgia, devassidão... - começou Vinicius.

- E queremos desmitificar isso... queremos fazer a primeira parada gay do municipio. - conclui Jean.

- Queremos aproveitar que a nossa geração tem médicos, advogados e publicitários de sucesso. Como o Mauricio e o Pedro. Eles estão há sete anos juntos, com cinco filhos e muitas vitórias. - falou Vinicius.

- São pessoas como eles que nos fazem ter orgulho de ser gay. - falou Jean.

- Bem... fico lisonjeado em ser lembrado... e a ideia é ótima. - disse Mauricio.

- É podemos trabalhar a ideia. - falei.

- Bem... primeiro faremos um evento bombante para divulgarmos a ideia para o resto da comunidade LGBT aqui da cidade. - falou Vinicius levantando o copo.

- Viva! - gritamos juntos.

- Olhei para o lado e vi Márcio levantando sua taça.

Respirei fundo e sabia que teria que vê-lo constantemente a apartir de agora.


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Tipo perfeita cara. Eu estava morrendo de saudades da sua história. 10

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