Walk Away - parte 14

Um conto erótico de Julho
Categoria: Homossexual
Contém 4464 palavras
Data: 09/12/2012 02:55:23
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

Ai, já era segunda – feira? Meu Deus.

Acordei me sentindo leve, uma sensação nova, algo que eu nunca experimentei na vida. Eu ainda não acreditava em o que tinha acontecido na noite passada. Tomei meu banho calmamente, ainda tinha tempo até a hora de ir para aula.

Desci para tomar café e vi que meu pai ainda estava à mesa, lendo o jornal.

Me servi de um pouco de leite e peguei uma maçã. Sentei em uma cadeira e vi que meu pai tinha dobrado o jornal e já me encarava.

Posso saber a causa desse sorriso? Ontem você estava com uma cara emburrada e hoje está com esse sorriso de orelha a orelha .

Soltei um longo suspiro e abocanhei a maçã

Ah, sei lá, meu humor melhorou.

Ele me olhou por um bom tempo e disse:

Continue assim, você costuma ser mais legal quando está feliz.

Obrigado, pai.

Ele apenas balançou a cabeça, concordando e depois se levantou e saiu para o trabalho.

Bebi o leite às pressas, tentando me convencer de que não adiantava ficar tão ofegante daquele jeito. Miguel iria à escola e o encontro seria inevitável.

Saí de casa, fugindo da chuva que desabava.

Montei na scooter e rumei para a escola, repetindo durante todo o caminho que eu não precisava ficar tão agitado daquele jeito. Mas como sempre o meu coração não deu ouvidos à minha mente.

Enquanto caminhava pelos corredores do colégio, meu coração parecia que iria saltar pela boca.

Assim que entrei na minha sala eu o avistei, sua cabeça baixa, ele estava lendo alguma coisa. Como se tivesse percebido a minha presença, Miguel levantou a cabeça e sorriu lindamente ao me ver.

Fiquei sem ar diante daquele sorriso e me aproximei da mesa, tentando não tremer por estar tão perto dele.

Miguel me olhou, ainda sorrindo, e puxou a minha mão para junto da sua.

Bom dia - falou e eu senti meu corpo todo reagir ao som daquela voz. Como era bom ouvi-lo falar.

Bom dia - falei, incapaz de não sorrir ao ver aquele sorriso torto dele, meu sorriso favorito.

Não houve tempo para conversas, porque nesse exato momento a professora de história entrou na sala, trazendo consigo um belo teste surpresa. E assim o dia passou.

Miguel e eu não conseguimos trocar nada mais do que duas ou três palavras, eu ainda nem tinha conseguido lhe dar um beijo. E enfim o sinal do intervalo tocou e eu saí da sala o mais rápido que pude, e o Miguel veio logo atrás; eu entrei no banheiro que por sorte estava vazio e fiquei esperando-o na porta.

Assim que Miguel apareceu, eu o puxei e lhe dei um beijo, minha boca ansiava pela sua de uma maneira incontrolável. Ele me abraçou e correspondeu ao meu beijo com vontade, sua língua explorando o interior da minha boca de leve.

Me afastei um pouco, buscando ar e ele sorriu, enquanto afagava o meu rosto com ternura.

Como você adivinhou meu pensamento? - Miguel perguntou, passando os dedos pelos meus lábios.

Corei ao sentir seu toque e sussurrei:

Acho que não precisa ser muito esperto para adivinhar o óbvio – falei e ele gargalhou, me envolveu em um abraço forte, saímos do banheiro e nos dirigíamos para o refeitório.

Assim que entramos, toda a escola se voltou na nossa direção, as conversas cessaram, tudo se transformou em um silêncio constrangedor. Baixei minha cabeça, enquanto Miguel caminhava ao meu lado. Foi nesse momento que eu percebi que ele estava me levando em direção à sua mesa, a mesa que ele dividia com os populares da escola. Eu congelei e o olhei, confuso.

Você não está pensando..? - não terminei a frase, pois nós tínhamos chegado à mesa dos populares.

Todo mundo num raio de 1km tinha a atenção voltada para aquela bendita mesa. Me senti como um peixe dentro de um aquário.

E aí, pessoal, não vão dar um oi pra o Julho? - Miguel falou, sorrindo. Eu vi que todos me olhavam da cabeça aos pés, avaliando cada centímetro do meu corpo.

Maria de Lurdes era a única na mesa que estava com o rosto virado para outra direção.

Francamente Miguel, agora deu para ser amigo desse estranho? – Pedro Gomes, um dos muitos amigos idiotas de Miguel, comentou, me olhando cinicamente.

Senti a fúria tomar conta do meu corpo, mas tentei me controlar. Não valeria perder a cabeça por um babaca como Pedro.

Miguel segurou meu braço bem próximo ao seu corpo, como se temesse que eu fizesse alguma coisa. Mas eu ainda estava muito calmo. Ainda.

Foi a vez de Michael Souza falar, seguindo o mesmo tom cínico de Pedro.

Realmente, Miguel que decadência a sua, hein? Virar amiguinho do garoto bv e o mais estranho dessa escola. Tá certo que ele é inteligente e pode nos ajudar a passar de ano, mas ainda assim é estranho. O que deu em você? Resolveu inovar, foi? - falou e todo mundo da mesa caiu na risada. Nessa hora Lurdinha se virou, sorrindo com desprezo para mim.

Esse foi o estopim para que a minha raiva tomasse conta de mim. Me livrei de Miguel e encarei os dois imbecis que tinham falado há segundo atrás:

Olha aqui, seus babacas. Em primeiro lugar, eu não sou estranho, em segundo lugar, vocês são tão estúpidos que acreditam em qualquer baboseira que qualquer pessoa fala - falei, com uma falsa calma, olhando para Maria de Lurdes - Acho que é bem capaz de vocês acreditarem em Papai Noel e no Coelhinho da Páscoa. E em terceiro lugar - me aproximei de Pedro, que era muito bonito por sinal, mas a beleza dele era apenas fachada - Ninguém me chama de bv e fica sem levar uma boa lição.

Peguei uma garrafa de água que estava próxima a o Pedro e joguei todo o liquido encima daquele otário.

Percebi que todo mundo ficou pasmo com a minha reação, um silêncio mortal tomou conta do refeitório. Ouvi a gargalhada sonora de Miguel atrás de mim e sorri, olhando para Pedro, que estava atônito com a minha reação.

Agora, começa a pensar antes de falar, porque se não vou ser obrigado a chutar seu traseiro - sorri e o garoto quase morre de tanta raiva.

Miguel não parava de gargalhar, enquanto eu sorria cinicamente, olhando para todos os babacas sentados na mesa.

Você poderia ter ficado sem essa, Pedro - Miguel falou, ainda no meio do seu ataque de risos.

De repente, Pedro se levantou e veio em minha direção, seus olhos grudados nos meus.

Ora vejam. Vocês excluídos do colégio acham que podem se enturmar conosco? Cuidado Miguel, daqui a pouco você é um nada como ele? - comentou venenosamente.

Miguel parou de rir e olhou para Pedro, sério.

Pedro, dobre essa sua língua... - não deixei que ele terminasse a frase. Nessa hora eu já tinha pulado no pescoço daquele idiota e lhe aplicava alguns golpes naquela cara nojenta.

Seu estupido, nada é a sua avó! - gritei, enquanto arremessava o Pedro sobre o chão, que esperneava, tentando me arrancar d e cima dele.

Estranho de merda! - Pedro gritou, enquanto acertou seu punho em meu rosto.

Gritei de raiva por ele ter tido a ousadia de me ferir e dei-lhe mais dois socos na cara, mas parei ao sentir duas mãos forte me puxando para longe do Pedro.

Bufei de raiva ao perceber que Miguel já me afastava de Pedro e comecei a me debater em seus braços.

Me larga, Miguel, ou então vai sobrar para você! - ameacei, meu rosto muito vermelho por conta da fúria.

Pedro gargalhava, enquanto se levantava, sendo aparado pelos seus súditos. Devo admitir que ele era corajoso.

Chutei a perna do Miguel e tentei me livrar dele, mas ele foi mais rápido que eu, me colocando no colo, me levando à força para fora do refeitório.

Xinguei até a décima geração de Miguel, enquanto era levado refeitório afora.

Eu juro que ainda acabo com a tua raça, Pedro - gritei, enquanto socava as costas de Miguel, urrando de ódio.

Pedro apenas sorriu, sarcástico, enquanto era bajulado pelos seus amigos idiotas.

Miguel agora me carregava para próximo dos vestiários da escola e eu ainda esmurrava suas costas com raiva.

Me deixa descer, Miguel - ordenei, minha cabeça já doendo de tanto ficar de cabeça para baixo.

Não até nós chegarmos - revidou e abriu a porta de um vestiário, socando-a com força.

Eu vi que Miguel procurava o lado onde ficava os chuveiros do vestiário e quando eu menos esperava ele me colocou no chão, me olhando com raiva.

Precisava perder a cabeça daquele jeito, Julho? Você estava indo tão bem colocando-os nos seus lugares, mas não, tinha que terminar na base da porrada - falou e eu bufei de raiva.

Miguel, eu não quero perder a paciência com você, mas juro que tá sendo difícil me manter calmo. Foi você quem quis me exibir para aqueles panacas e agora quer que eu finja ser uma pessoa que não sou, só para agradá-los? Me poupa, tá? - despejei tudo rapidamente, ainda tomado pela fúria - Sinto muito mas assim não vai dar certo.

Miguel soltou um longo suspiro e depois me encarou:

Eu nunca quis que você fingisse algo, Julho. Eu só queria que você se desse bem com os meus amigos - passou as mãos pelos cabelos cor de bronze, visivelmente desconfortável.

Amigos, Miguel? São aqueles otários que você chama de amigos? Pelo amor de Deus, só você mesmo para andar com aquele tipo de gente - comentei, minha voz ainda alterada pela raiva.

Miguel me olhou sério e falou:

Olha aqui, Julho, eu nunca critiquei os seus amigos malucos, então não critique os meus.

Meu rosto fervilhou ao ouvir aquilo e eu disparei, ríspido:

Ó meu filho, você esqueceu que sua irmã é minha amiga? Miguel, você é um frouxo! Não sei como consegue se submeter a esse tipo de tortura, tudo em nome de status e bajulação. É ser idiota demais para pensar que fama é tudo! - Voltei meus olhos para seu rosto e percebi a coloração avermelhada de fúria ganhando espaço.

Antes que eu desse conta, senti as mãos de Miguel me empurrarem com força contra uma parede, subitamente com raiva.

Frouxo, Julho? Frouxo?! Vou te mostrar quem é o frouxo por aqui - sua voz estava mais rouca, reflexo da fúria contida em seu timbre e logo em seguida, capturou minha boca em um beijo colérico.

Gemi com a profundidade do beijo, mas deixei ser envolvido por aqueles lábios, a língua já abrindo caminho para dentro da minha boca, me transformando em um ser irracional. Eu o abracei e inalei a fragrância perturbadora que brotava de cada poro da pele macia de Miguel, quase me enlouquecendo.

Miguel agora passava as mãos pelas minhas costas, chegando a tocar na curva do meu bumbum. Gemi alto, enquanto ele aprofundava o beijo. Já o puxava para mais perto de mim, acariciando a sua nuca, puxando os cabelos rebeldes, ganhando como resposta uma mordida nos lábios.

Miguel já tinha as suas mãos embaixo da minha camisa, seu toque quente me arrepiando quando ele tocou minha barriga. Assustado com o toque ousado, me afastei, ofegante. Mas Miguel não estava disposto a parar, ele já descia os lábios pelo meu pescoço, dando pequenas mordidas na pele delicada, me deixando maluco, a cabeça dando voltas e mais voltas, os pulmões reclamando a falta de ar.

O fôlego que eu não tinha foi embora de vez quando senti as mãos firmes subindo pela minha barriga, roçando de leve no meio das minhas costas. Tentei impedir, mas Miguel foi mais rápido e passou a acariciar meu abdômen.

Quase surto com o toque dele, minha cabeça rodopiava, assustado e excitado. Nunca sequer imaginei sentir aquele tipo de sensação que ele estava me proporcionando. Céus, o que estava acontecendo, por que eu estava deixando que ele me tocasse daquela forma?

Miguel voltou a me beijar na boca, mordendo meus lábios com força, em alguns momentos eu pensei que ele fosse arrancar a pele sensível da minha boca. E de repente ele se afastou, ofegante, seus olhos cor de mel pegando fogo.

Nunca mais me chame de frouxo - falou e retirou as mãos de dentro da minha camisa.

A raiva voltou a crescer dentro de mim e sem pensar eu o esbofeteei.

E você nunca mais me trate como um qualquer - devolvi, ainda ofegante por conta do beijo, do amasso quente e da fúria.

Então nunca mais se comporte como um! - bufei e tentei lhe dar mais um tapa, mas ele me segurou e voltou a me beijar devastadoramente. E eu perdi a razão naqueles lábios tentadores de Miguel.

Alguns minutos depois ele se afastou de mim, nossas respirações ainda muito irregulares.

Miguel me olhou, silencioso e passou as mãos pelo meu queixo, acariciando-o com a ponta dos dedos, expirou o ar de forma sonora, os cabelos em completo desalinho caía na testa, encostando nas sobrancelhas, agora unidas.

Me desculpe, eu expus você ao ridículo, mas juro que não foi a minha intenção. Realmente queria que você se desse bem com os meus amigos - sussurrou e eu percebi que a raiva já se acalmava dentro de mim.

Decidi parar de bancar a criança mimada e falei:

Tudo bem, eu fui meio rude. Não deveria ter caído nas provocações daqueles idio (...) digo, dos seus amigos.

Preciso pedir desculpas pelo amasso também? - perguntou, erguendo os olhos, me fazendo arfar instantaneamente.

Cala a boca! - revirei os olhos e Miguel gargalhou alto.

Então, estamos bem? – Miguel perguntou e eu sorri.

Nossa primeira briga. E a nossa primeira reconciliação - comentei e ele sorriu, me puxando em um abraço sufocador e carinhoso.

Prometo não forçar mais as coisas com você. E eu juro que vou parar de andar com aquele povo. Acho que você tem razão, não vale a pena pagar um preço tão alto em troca de popularidade – ele disse isso, acariciando meus cabelos.

Não quero que você faça nada pensando em mim, Miguel. Se você gosta daqueles babacas, eu posso conviver com isso, só não me peça para conviver com eles também - falei, soltando um longo suspiro.

Julho, nada mais me interessa quando você não está por perto. Então, se for para eu ficar com você por mais tempo, até aturo ficar toda hora próximo a minha maninha - falou e eu sorri, passando as mãos pelo seu rosto, acariciando a face de traços perfeitos. Seus olhos brilharam intensamente quando eu contornei a curva do maxilar marcante.

Que merda! Em falar na Mirela, temos que contar alguma coisa para ela! Ela deve está achando estranha essa nossa repentina aproximação, e além do mais não posso ficar sem dizer nada, ela é minha melhor amiga – falei imaginando a cena da Mirela dizendo que eu troquei a amizade dela pela do irmão.

Eu entendo – ele falou coçando a cabeça.

O que eu vou dizer para ela? E agora?

Ué, fala a verdade – ele falou isso e eu fiquei surpreso com tal coragem.

Oi? Como assim a verdade? A verdade sobre a gente? – ainda estava em choque.

Sim, porque não? – ele estava com uma expressão calma.

Puxa! E se ela não aceitar?

O que é que tem? O que importa que eu tenho você e você tem à mim. Mas, mudando de assunto, nada de brigas, então? - ele perguntou beijando a palma da minha mão e eu sorri.

Nada de brigas. Apenas beijo, amor, com você eu quero apenas beijos – falei com ele já me puxando para si, me fazendo enlouquecer com aqueles lábios maravilhosos. Ele sabia exatamente como me fazer perder o juízo.

Fomos voltando para a sala de aula, quando Mirela aparece e nos encara:

Olha aqui, será que dá pra vocês pararem com esse grude? Tudo bem que eu torcia para uma amizade entre vocês, mas já estão exagerando, não acham? - elas nos encarou com uma cara de tédio.

Gargalhamos, e eu olhei para o Miguel, não sabia o que fazer.

Mirela, temos que conversar – ele falou mudando sua expressão, para uma face seria e determinada.

O que você que conversar? – Mirela fala não conseguindo disfarçar sua curiosidade.

Aqui ainda não é o momento nem o local certo, no caminho de casa conversaremos – Mirela o encarou com uma cara de assustada.

Eu hein, quem você matou? – Mirela falou dando uma risada exagerada.

Miguel me levou para casa assim que as aulas terminaram. Ele ficou me enchendo o saco com isso o resto das aulas, até que eu desisti e deixei que ele me levasse naquele estúpido carro importado que eu tanto odiava. Miguel pôs minha scooter na cabine do seu carro e partimos para nossas casas.

Mirela estava no banco da frente, ao lado o Miguel. Eu estava no banco traseiro, encarava o Miguel pelo retrovisor, eu me perdia olhando para o seu sorriso.

Aquilo que iremos conversar, pode ser dito na presença do Julho? – Mirela falou quebrando o silencio, junto do clima, né? :/

Claro, ele é a parte principal do que tenho para te falar – Miguel falou, não conseguia disfarçar o nervosismo.

Miguel, você acha que vamos fazer o certo? – perguntei repreensivo.

Ah, não! Agora que começaram terminem logo! – Mirela era curiosa e eu sabia que ela nunca iria esquecer aquilo, então era melhor contar tudo.

Bom! Não vai ser fácil entender, como não foi fácil para mim no começo de tudo, mas aconteceu. Uma hora ou outra você teria que saber então lá vai: eu e o Julho (...) – ele deu uma pausa e me olhou pelo retrovisor, parecia que ele queria dizer: coragem!

Você e o Julho o que? - fala logo, estou curiosa.

Eu e o Julho, estamos namorando, eu sei que isso parece ser confuso, mas é isso que eu tenho para te contar.

Mirela, se você não quiser mais falar comigo eu irei te entender! – falei repreensivo com a reação de Mirela.

Ok! falem sério, parem de brincadeira – Mirela riu incrédulo no que tinha ouvido.

É a pura verdade – encarei Mirela com a expressão mais seria que houvesse.

Nossa! Isso é o máximo, não que eu não ache supernormal ter um irmão gay, e ter como cunhado meu melhor amigo.

Mirela estava chocada, ela não esboçou nenhuma reação, nem piscar ela conseguia fazer.

Mas, espera aí! Como assim? Vocês? Vocês não se odiavam? E você até onde eu sei era hétero! Gente eu estou confusa!

Rimos da Mirela, mas ela continuava seria.

Só tenho três palavras para dizer: AI QUE FOFOS! Nossa! Mas isso é segredo né? - Mirela falou dando um soco no ombro do Miguel. Mirela não nos deixávamos falar, ela realmente estava empolgada.

Eu sempre soube que por baixo de todo esse ódio havia um sentimento forte, ah eu sabia. Ah, vou te dizer uma coisa, só porque tá namorando o meu irmão não significa que você tem que me deixar de lado, ouviu bem? Eu ainda continuo sendo sua amiga! – Mirela falou me encarando.

Eu: Claro que eu nunca vou esquecer de você, Mirela!

Eu estava sentindo mais leve, tinha tirado um pouco daquele peso das minhas costas, só de saber que a Mirela aceitava, isso já era um grande motivo para a felicidade.

Ao chegar na frente da minha casa, ele me encarou e perguntou:

Quando é que eu vou ser apresentado oficialmente ao Chefe dos Albuquerque, Julho? - revirei os olhos diante da pergunta e soltei um suspiro longo e exasperado.

Miguel, nós mal começamos a namorar, então, por favor, me dê um tempo, me deixe pelo menos curtir o nosso namoro sem que o meu pai saiba e fique empatando tudo, isso é se ele não me mandar para o outro lado do mundo – falei e ele riu, mostrando seus dentes perfeitos.

Imagina a cena: Oi pai, esse é meu namorado, tá? Vou ser feliz com ele, agora! Tchau. Ele teria um ataque cardíaco.

Tudo bem, tudo bem, mas só por tempo, ok? Ainda quero que o seu pai saiba que eu sou seu namorado - comentou e eu sorri, irônico.

Com medo do meu pai, Miguel? Imagine a cara que meu pai faria se me visse dando uns amasso com você - gargalhei diante da ideia. Foi a vez dele revirar os olhos, entediado.

Não é certo eu sair com você sem que pelo menos ele saiba que estamos namorando - falou, muito formal.

Me encostei no banco traseiro e não contive o riso. Dá acreditar que aquela frase tinha sido dita por um adolescente de 17 anos?!

Miguel, às vezes acho que você foi tele transportado de algum lugar do século passado. Você chega a ser absurdo! - Ele me olhou sério e eu ri mais ainda.

Julho, o que tem de mal em ser um pouco responsável? – perguntou e eu o encarei, tentando conter as risadas que coçavam minha garganta.

Não tem nada de mais, Miguel - quase engasgo com uma gargalhada mal contida ao dizer aquilo e recebi um olhar fulminante como resposta. Mordi o canto da boca e baixei a cabeça tentando não rir. Miguel se aproximou de mim e me obrigou a encará-lo, os olhos de um mel profundo me deixando completamente tonto.

Eu quero fazer as coisas do jeito certo com você, Julho. Quero que tudo corra da maneira correta - falou, acariciando o meu rosto com carinho.

Senti o mesmo calor de sempre percorrer meu corpo assim que ele me tocou, me deixando vulnerável imediatamente.

Obrigado. Eu sei que eu sou um garoto de sorte - falei, não mais rindo, e o rosto dele se iluminou em um sorriso maravilhoso, sorriso esse que tirou meu ar.

É, eu sei que sou demais -brincou e depois caiu na gargalhada quando eu fiz uma careta, exasperada.

estava demorando para você começar - murmurei e ele me abraçou com força, meu corpo colado ao dele, me fazendo corar.

Eu adoro te ver assim, sabia? Amo o modo como você fica vermelho só de eu olhar para você - sussurrou, sua boca bem próxima ao meu ouvido, me causando arrepios.

No instante seguinte, senti minha boca sendo capturada em um beijo doce, que logo se transformou em algo mais profundo, me fazendo gemer a medida que a língua dele adentrava a minha boca.

De repente, fui separado de Miguel com força e olhei ao redor, completamente atordoado. Mirela nos encarava muito séria, seus olhos passavam por mim e por Miguel alternadas vezes.

Meu Deus, será que vocês não se desgrudam um minuto que seja? Tá ficando constrangedor isso. Daqui a pouco vou começar a pensar que é melhor mandar vocês para um motel, pra ver se isso para um pouco! – ela falou e Miguel caiu na gargalhada, me deixando mais sem graça do que nunca.

Vejo você amanhã no colégio? – Miguel perguntou, ligando o carro pronto para partir.

Claro! - se aproximou e me beijou ternamente nos lábios, com Mirela revirando os olhos, cansada do meu grude com Miguel.

Miguel sorriu e depois ligou seu carro, me deixando sozinho na porta de casa, com Mirela do meu lado, me encarando curiosa.

Pronto, agora que seu grude já foi, você vai me contar tudinho sobre esse seu namoro relâmpago com Miguel - ordenou e eu suspirei, derrotado. Seria uma longa tarde de interrogatórios.

Assim que fechei a porta da sala, Mirela se jogou no sofá, me encarando atentamente.

Muito bem, vamos começar. Quando foi que surgiu essa sua paixonite pelo meu irmão que eu não percebi? Que parte da história de vocês eu perdi? - falava rapidamente e era quase impossível acompanhar o seu ritmo.

Mirela, eume interrompeu e eu soube que ela comandaria o rumo daquela conversa.

Como de uma hora para outra você passa de inimigo mortal à namorada do Miguel? Eu perdi alguma coisa? Eu estava em coma, só pode. Você e o Miguel, nunca pensei.

Julho, você precisa se olhar no espelho. Só falta babar quando ouve o nome do meu irmão! Realmente essa relação vai longe.

Eu a olhei, sem graça e falei:

Mirela, eu sempre fui apaixonado pelo seu irmão. Sempre. Mas acho que passei a minha vida toda escondido naquela história de inimigos por medo de achar que não era bom o suficiente para ele. Ou por medo de sofre, sei lá.

Mirela me olhou, sorrindo como se tivesse feito uma grande descoberta:

Sabia que a sua picuinha com o Miguel era pura fachada. Eu sabia que você gostava dele, bastava ver como você ficava todo nervosinho quando ele te provocava. Vocês dois, hein? Ao melhor estilo entre tapas e beijos - brincou, me empurrando com o ombro e depois soltou uma risada alta, se divertindo com a minha cara.

Pode zoar, Mirela. Duvido que você vá achar alguma graça quando se apaixonar. Vai ficar babona assim como eu - falei, mal humorado.

Mirela revirou os olhos e depois suspirou:

Acho que eu vou demorar a me apaixonar outra vez - colocou a mão no queixo, meio entediada.

Peraí, outra vez? - não deixei essa passar.

Como assim outra vez, Alice? Desde quando você está apaixonada? - perguntei e ela me olhou assustada, ao perceber que tinha sido pega em flagrante.

Não mandei ela ser linguaruda, mandei?

Ah, Julho, esquece isso! É só maluquice da minha cabeça - falou, meio chateada.

Mas era claro que eu não ia esquecer, não ia sossegar até que ela falasse. Era bem melhor a conversa ter virado para ela mesmo e eu não ia deixar que voltasse para mim.

Nada disso, pode começar a falar agora. Quero saber quem é e quando foi que aconteceu - murmurei e percebi seus olhinhos girarem, em sinal claro de desconforto.

Breno Alves, ele tá no ultimo ano, mas é de outra turma, talvez você nem o conheçafalou e eu a encarei, incrédulo.

Você está apaixonada pelo Breno, o nerd do terceiro ano B? - perguntei, ainda não conseguindo acreditar.

Mirela me olhou com repreensão, como se eu a tivesse ofendido.

Ele não é nerd, só é um garoto muito estudioso - defendeu e eu comecei a rir, me divertindo com o seu jeito desconfortável - Tá, tá, ele é um nerd sim, mas e daí? Você se apaixonou pelo Miguel, o babaca que você vivia querendo chutar o traseiro.

Eu a olhei sério agora, antes de falar:

Não fale assim do seu irmão, Mirela. Miguel é idiota sim, mas só quem pode chamá-lo assim sou eu!

Mirela rolou os olhos enquanto ria e logo eu me vi acompanhando-a nas risadas, que logo se tornaram gargalhadas sonoras.

Você e o meu irmão, hein? Quem diria - comentou, enxugando as lágrimas que surgiram por conta do ataque de risos.

Balancei a cabeça, concordando.

Quem diria.

Eu estou adorando ter você como minha cunhado – Mirela falou e eu fiz uma careta, fazendo com que ela risse ainda mais.

E você e o nerd, quando é que vão se acertar? - perguntei e ela franziu o nariz salpicado de sardas, desgostosa.

Quem sabe um dia? - Mirela deu de ombros, evasiva.

Ficamos um bom tempo ali na sala, conversando amenidades, tirando sarro um da cara do outro, como sempre fazíamos.


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Comentários

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uiiii já quero saber quando vai rolar a primeira vez?

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Bom... seu conto é muito bacana. Só uma dica: tente colocar travessão pra identificar as falas porque fica mais claro. Nota 10, parabéns!

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É o amor esta pairando no ar em, só que acho que os amiguinhos do Miguel não vão deixar o Julho em paz.

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Bom, primeiramente gostaria de me desculpar com você julho, pois não venho comentado em vosso conto. Eu simplesmente adoro sua estória, pelo simples fato dela ser envolvente e apaixonante... Se não for pedir muito, me add no msn: adoraria ter você como amigo :) merece 10...

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