O trajeto até em casa pareceu um retorno de velório. Eu não abri a boca pra nada. André me olhava com aquela doçura do nosso primeiro encontro na casa da serra. Eu tentava retribuir. Ai meu Deus eu tinha que falar...e falei:
- André, tenho que te contar uma coisa...
CONTINUAÇÃO...
- O quê foi, Lol?
- Ai meu Deus, nem sei por onde começar. É o seguinte...
- Fala, Lol.
- André...eu vou viajar nesse fim de semana. Vou visitar meus pais.
- É isso? Esse drama todo?
- Desculpa, lindo. Mas você antecipou sua viagem especialmente pra me ver.
- Sem pro, linda. A gente mata a saudade quando voltar então, combinado?
- Combinado.
Depois de um beijo apaixonado, por parte dele, saí do carro. Muitos devem estar pensando a "puta" que eu fui. Mas nessa hora, contar pra ele seria muito pior, pelo menos eu pensei assim. Sabe aquela sensação de estar fazendo uma coisa muito errada, pois bem, eu estava sentindo isso multiplicado por 10.
Almocei e então comecei a arrumar minhas coisas. Para meus avós, eu dissera que ia viajar com uns amigos. Teresa era a única que sabia a verdade, e eu, como uma gatinha curiosa, estava ansiosa pra ver no que ia dar esse final de semana.
Na bolsa, coloquei minhas calcinhas, sutiãs, calças, blusas e claro minha peruca ruiva. Saí de casa como Oren, sem me montar é claro.
Cheguei na pracinha às 15:45. Às 15:58, o carro preto do seu Cesar chegou.
- Olá, Lorena.
- Oi, seu Cesar.
- Preparada pro fim de semana inesquecível?
- Vamos lá. - eu estava visivelmente tensa.
- Bom, para começar, tome esse comprimido, vai te fazer dormir até o local aonde iremos.
- Não posso ir acordada? - Fiquei mais tensa.
- Não, não pode. Isso faz parte das minhas exigências. Tem uma garrafa d´água no porta-luvas.
Meu coração disparou. Não sabia o que podia me acontecer. Deu uma vontade enorme de descer do carro, mas como uma pessoa que pula de um "bugge jump" sem pensar, eu tomei. As palavras de Teresa também me confortaram na hora de tomar o comprimido, "ele não vai obrigar você a nada que não queira".
Acordei em uma espécie de quarto de hotel. Aos poucos fui ficando normal. Minha mochila estava sobre uma mesinha de refeições. Eu estava sozinha no quarto. Fui ver a sacadinha, já era noite. Pela altura calculei que estava no terceiro andar. Era um hotel próximo ao mar. Tinha um calçamento, onde havia alguns barezinhos, poucas pessoas e mais na frente o mar.
Voltei pro quarto com aquela sensação de querer voltar pra casa. Mas estava sem jeito, eu queria ir até o fim. Olhei o banheiro, muito limpo por sinal, abri o guarda-roupas onde já havia algumas roupas. Pude ver um vestido preto, saia, blusa, nas gavetas calcinhas e sutiãs, sandália e sapato. Fui surpreendida por alguém batendo à porta. Era seu Cesar?
Pro meu espanto não. Entra uma mulher no quarto:
- Oi, que bom que acordou. Temos que preparar você, linda.
- Oi...desculpa, quem é a senhora? Cadê o seu Cesar?
- Linda, pode me chamar de Marta, a partir de agora tudo que você precisar pode falar comigo. O "senhor" Cesar não participa dos encontros das suas meninas.
- Suas meninas? Não tô entendendo nada. Pensei que ia ficar com ele nesse fim de semana.
- Todas pensam...-risos. - Você, a partir de agora, é empregada dele, porém está em caráter de experiência. Você é uma exceção. Todas assinam uma espécie de contrato quando chegam aqui, você não assinará nada nesses dias. Chega de papo, temos que aprontar você, pois o cliente estará chegando já já.
- Cadê meu relógio? Que horas são?
- Seus objetos pessoais ficam retidos comigo. No domingo, terá eles de volta.
Aquela mulher me empurrou no banheiro, começou a me despir e a falar:
- Como é mesmo seu nome? - ela me perguntou
- Lorena.
- Ah é mesmo, lindo nome escolhido. Você sabe que não é obrigada a nada. Poderá ir embora a hora que quiser. A escolha é sua.
Ir embora? Como eu podia ir embora se eu nem sabia onde estava.
- O que eu vou fazer aqui? - perguntei.
- Você será uma acompanhante.
- Uma prostituta?!
- Não, linda. Você será uma acompanhante de um cliente. Se ele gostar de você, ficará com ele. Não se preocupe, "ele não vai obrigar você a nada que não queira".
As mesmas palavras da Teresa. Que coisa mais doida eu estava me metendo. Já nua, ela me colocou no box. Pegou a duchinha do banheiro:
- Vamos, abra a bunda, Lorena.
Abri. Ela me curvou um pouco e enfiou a ducha no meu cu. Senti minha barriga se enchendo de água.
- Vamos, agora coloque pra fora. - me pedia.
Fez isso umas três vezes. Depois dessa lavagem, ela me deixou tomando banho com um sabonete bem perfumado. Saí do banho e vi a Marta colocando algumas roupas na cama.
- Tome, vista essa calcinha.
Era uma calcinha preta, fio-dental de lacinhos. Era linda.
- Lorena, você tem uma bunda de dar inveja em muita mulher por ai. Pena que não tem seios, pelo menos por enquanto.
Fiquei me olhando no espelho. A calcinha bem enterrada na bunda. Tive dificuldades em esconder meu piu-piu.
- Humm, que bom que já sabe o truque de pôr pra trás "ele".
Dei um sorriso amarelo. Eu me arrumava e me perguntava o que estava fazendo ali. Mas confiei na Teresa. Experimentei uma saia jeans e uma blusa preta.
- Está ótima! Esse sutiã ajudou no seu defeitinho.
Defeitinho? Só porque ela tinha um par de seios fartos ficava zombando dos meus peitos. Pareciam de silicone. Ela então abriu uma mala e tirou uma peruca preta.
- Tome experimente essa.
Ficou boa, não nego. Mas eu queria a minha peruca!
- Posso colocar a que eu trouxe? - perguntei apontando pra minha mochila.
- Qual é? Posso vê-la?
Coloquei minha peruca ruiva. Ficou muito melhor. Eu parecia uma menina de 15 anos, nos tempos colegiais.
- Vamos Luana, calce aquela sandália que temos que ir.
- É Lorena!
- Ah, desculpa minha linda. Vamos conhecer seu par.
Apesar de eu estar muito feminina nas roupas, essa seria a minha primeira vez que eu ia sair em público (em um hotel) montadinha. Meu coração acelerava. A cada degrau descido da escada, uma sensação de sair correndo de volta pra casa. Mas eu criei aquela situação, então ia até o fim. Pensava no André, nos meus avós, na Teresa. Porém, eu estava decidida.
Pegamos o carro de Marta e fomos pela orla. Paramos em frente a uma ponte. Saímos do carro e ficamos esperando.
- Que horas são? - perguntei à Marta.
- Meu bem, você tem uma preocupação com as horas. São 19:25h.
- Ok, obrigada.
Ficamos esperando uns dez minutos. Tempo suficiente para eu fazer mais perguntas a ela:
- Eu vou ficar com esse "homem" o fim de semana inteiro?
- Se ele quiser, sim. Vou contar uma coisa. Quando você assinar o contrato saberá mais. A partir do momento que você aceitar sair com essa pessoa, não poderá em hipótese alguma cancelar o fim de semana, a não ser que ele queira cancelar.
- E como vou saber que ele não é perigoso pra mim?
- Não é. O "senhor" Cesar escolhe muito bem seus clientes. É do círculo de confiança dele. É tudo que sei e posso lhe contar, querida.
Nesse momento, um carro para do nosso lado. A porta de trás se abre, e um homem alto sai de dentro:
- Boa noite...
CONTINUA...
Bom gente, esse deu pra escrever mais. Obrigada pelos comentários, principalmente da minha miga linda epilef23. Podem criticar também, estou aberta à críticas, infelizmente só não posso mudar o rumo da história como alguns queriam. Beijos