• 2 – As coisas podem mudar
A cada dia que passava Eu estava mais confiante do que Eu era e o que Eu sentia sobre o Walmir. Acordar com aquele garoto, do rosto angelical e olhos fluorescentes, era um sonho. Não só um sonho; era um desejo que Eu fazia todos os dias. Enfim, esse desejo se tornara realidade.
Acordei muito cansado da noite anterior. Ter feito aquilo acabara comigo. Eu poderia ir além, mas o Walmir não aguentaria.
Olhei para um lado e não o vi. Olhei para o outro e... Nada. “Onde meu amor se escondera?” “Será que ele tentara fugir de mim?”, pensei comigo mesmo. Na verdade, havia esquecido de que Walmir acordara cedo por causa das suas caminhadas durante a madrugada. Talvez ele tivesse voltado para a sua casa, talvez não.
Desci à cozinha e encontrei uma mesa farta com frutas, pão, sucos e alguns mimos. Abri um grande sorriso. Sabia que não fora a Rosa quem preparara aquele belo café da manhã. Walmir conseguia mexer comigo a cada momento. A cada passo que Eu dava. Era obvio que Eu queria tomar meu café da manhã com ele. Mas ele deveria ir para casa. Enquanto não avisássemos sobre nosso compromisso, teríamos que continuar sendo apenas um casal de jovens apaixonados. Comi algumas frutas, dispensei o pão – Pois me sentira pesado aquela manhã. – E comi duas fatias de queijo. Tomei meu suco e fui me higienizar.
Por volta das 08h00min meu celular tocou. Era meu primo.
– Fala gago! (Apelido do meu primo Pedro)
– José? Você vai à casa de praia que o seu pai liberou pra gente?
Putz! Foi tanta correria que esqueci o presente de férias que meu pai havia me dado. Temos uma casa de praia em Xaréu (Pra mim, uma das praias mais belas de Pernambuco).
– Sim, vou. Só preciso falar com meu namorado.
– Namo... Hãm?
– Namorado. Tá surdo?
– Não cara! É que Eu nunca... É... Eu nunca imaginei você com uma cara. Você é...?
– Sim, sou. Algum problema?
– Não cara. Que é isso? Tu és meu irmão esqueceu? É que Eu queria saber se podia levar minha namorada.
– Deixa de besteira e leva logo essa menina pra casa em Xaréu. Sabe como chegar lá, não sabe?
– Sei sim. Valeu José. Quando a gente pode ir?
– Hoje mesmo. Vou mandar uma mensagem para o meu amor e vou busca-lo. Vou tentar chegar lá o mais rápido possível.
– Valeu irmão. A gente se vê lá.
– Tchau Gago. E se cuida.
Desliguei o telefone e imediatamente mandei uma mensagem para o telefone jurássico do Walmir:
“Amor,
A noite ontem foi tudo de bom, como prova do meu agradecimento queria te convidar para ir à praia comigo. Não vou dizer qual o lugar, pois provavelmente você não conheça. Quero te fazer uma surpresa. Daqui a 15 minutos estarei passando por aí.
Te amo.”.
Arrumei minha mala – Pus apenas bermudas e camisas leves. – E fui à casa de meu anjo. Buzinei e com dois minutos contados ele desceu com uma enorme mala.
– Pra quê isso? – Perguntei espantado com o tamanho de sua mala. Walmir é uma boa pessoa, mas nunca deixou seu espirito de quem já fora pobre de lado.
– Férias! – Ele sorriu, entrou no carro e me deu um beijo. – É a primeira vez que vou à praia e não sei o que levar. Além de roupas estou levando meu Kit de Higiene, Kit de Primeiros Socorros e algumas roupas para festa.
– Amor, em Xaréu mal têm festas. É só praia. Areia e mar.
– Que seja! Pé na estrada que Eu quero ir à praia... Logo!!!
Era lindo ver o Walmir feliz. Pus um CD de Luiz Gonzaga e Walmir foi cantando todas as músicas. A voz dele é uma das mais belas que Eu já ouvira. Na escola, algumas pessoas o chamavam de Rouxinol, outras de Pavarotti, e os pervertidos de Bem-Te-Vi. A viagem foi um pouco... Na verdade muito longa. Mas enfim chegamos.
– Eu já estava enjoando dessa viagem. Ao menos viemos ao som de Luiz Gonzaga. Eu não aguento monotonia.
– Amor, tá bom! Terra firme. ÉÉÉÉÉÉÉ! – Falei brincando e ele fechou a cara com meu poder de ser sarcástico.
Havia um carro estacionado próximo à entrada da casa. Presumi que fosse Pedro.
Entramos na casa e logo no começo havia uma piscina. Eu tive a visão do paraíso: A namorada de Pedro era uma gostosa; branca, loira, peituda, com uma bunda tão grande quanto a do Walmir, lábios cor de rosa e cabelos caídos à altura de sua cintura. Quase entrei num transe e Walmir percebeu meu estado, abaixou a cabeça e fingiu não ver. O puxei para a beirada da piscina, onde estava Pedro e sua namorada e tentei fazer as apresentações:
– Walmir esse é...
– Pedro!? – Ele falara espantado. – Não precisa me apresentar. Esse Eu conheço muito bem.
Os dois permaneceram se encarando, como se estivessem se analisando. Aproveitei aquele momento e dei uma olhado para a namorada gostosa do Pedro. Oh Meu Deus! Ela piscou pra mim? Eu não aguentava mais o silêncio.
– De onde vocês se conhecem?
– De Garanhuns. – Pedro falara ainda olhando para Walmir. – Walmir passou uma temporada de um ano...
– Um ano e meio. – Walmir o corrigiu.
– Um ano e meio... – Pedro fez um ar de pensativo. – Cara você mudou.
– E você também. Está maior e mais bonito.
Não preciso dizer que não gostei daquilo. Olhei para Pedro e perguntei:
– E ela? Não vai nos apresentar?
– Essa é a Nadine...
– Mas podem me chamar de Nanny, – “Posso te chamar de minha?”, pensei – Eu não me importo. Na verdade prefiro que me chamem assim.
– Okay! Nanny... – Falei seu nome apertando os lábios – Esse é o Walmir.
– Olá Nanny! – Walmir como sempre sendo cortês. Queria ver se ele continuaria daquele jeito se Eu falasse o que Eu estava sentido. – Há quanto tempo se conhecem?
– Faz sete meses. Pedro falou bastante sobre você. – Nanny olhou para mim e disse: – E sobre você também José. Estou adorando lhe conhecer.
– Vou ao meu quarto pôr as malas e depois volto para a piscina. – Walmir dissera e saiu em disparada para conhecer as instalações.
Cheguei ao quarto e Walmir estava lá, desfazendo as malas.
– Gostou da casa de praia? – Perguntei.
– Sim, e você?
– Gostei demais.
– José... Eu quero estar errado, mas... Eu espero que esse “demais” não seja por causa da namorada de Pedro. – Putz! Ele sacou tudo.
– Não amor! Que nada... Não. – Merda! Eu estava gaguejando. – Mas ela é linda, impossível não nota-la.
– Aham. – Ele me matava quando fazia coisas como “Aham”, “Hum...” e “Sei...”.
Walmir entrou no banheiro e saiu apenas de sunga. Na boa, que delicia. O agarraria alí e faria sexo se pudesse, e se ele quisesse.
– Vou para piscina.
– Espera! – Puxei-o e dei-lhe um beijo. – E você... Quanto ao Pedro?
– Pedro é meu amigo e... – Walmir contou-me toda a história sobre o seu primeiro beijo.
Esperei-o sair do quarto e comecei a soltar um monte de palavrões e palavras sem nexos. Minha vontade era matar Pedro naquela hora.
Desci para a cozinha e vi a namorada de Pedro de quatro por sobre a pia, como se tentasse pegar alguma coisa. Aproveitei-me da situação e dei-lhe uma encoxada com meu mastro teso. Ela virou o rosto e fiquei com medo de qual seria sua reação, mas ela nada fizera, apenas continuou alí e fez movimentos para cima e para baixo esfregando-se no meu pênis.
– O que está precisando? – Falei com um sorriso cafajeste no rosto.
– Um copo. – Ela respondeu sorrindo.
Peguei o copo e pus em sua mão.
– Acho que você não entendeu direito. Do que está precisando?
– De um homem de verdade. Você acha que é esse homem?
– Quer que Eu te prove?
– Sim.
Quando ia dar um beijo naquela boca carnuda, uma voz ecoou na cozinha.
– José? Está tudo bem? – Era o Walmir. Droga!