A estrangeira.

Um conto erótico de Sophia
Categoria: Homossexual
Contém 1394 palavras
Data: 01/09/2012 20:09:35

Claire mantinha os olhos em algum ponto no escuro, algo que ninguem mais perceberia. O quarto estava bagunçado, com as cortinas fechadas pela metade e roupas por todo o chão, impedindo uma movimentação segura e sem tropeços. Estava nua e com um cigarro na mão. Não costumava fumar, mas situações como aquela a levavam a atitudes nem sempre coerentes. Jordan, sua amiga mais próxima, estava no hospital. Aos quinze anos Claire havia se mudado para o Brasil, da Bélgica. Não tinha absolutamente ninguém. Pais milionários, lhe compraram um apartamento grande em São Paulo, onde havia uma empregada que limpava todas as manhãs. A língua e as diferenças de costumes eram intrigantes, e esse foi mais um dos motivos que a mantinha afastada das outras pessoas. A família de Claire era atéia, e assim ensinaram a ela como as crenças eram bizarras e a igreja era sempre algo a se questionado, porém, por mais que em uma cidade grande e industrializada, ainda havia muitos preconceitos contra sua concepção.

Conhecera Jordan cerca de seis meses depois. Havia criado conexões com algumas pessoas de escola, porém nada que fosse considerado amizade. Jordan era o contrário da belga: Possuia cabelos longos e escuros, picotados como se ela mesmo os tivesse arrumado. Usava sempre jeans apertados e rasgados nos joelhos, acompanhados de camisas de bandas como "The Who", "Red Hot Chili Peppers" ou "Foo Fighters". Dave era seu maior idolo, portanto seu quarto era cheio de posteres e imagens por todo canto, quase tão bagunçado quanto o apartamento de Claire. Em uma manhã qualquer, não haviam carteiras "disponíveis" na sala. Por algum motivo que a outra nunca entendeu, Claire se levantou e pediu que uma das patricinhas da sala se afastasse, assim conseguindo um lugar pra futura amiga. Um gesto tão mal recebido pelos outros, fez com que Jordan a considerasse alguem aceitável, alguém melhor que as vadias com qual ela estava acostumada a conviver.

Começaram a conversar aos poucos, percebendo que tinham muito em comum. Claire conhecia a grande maioria das bandas e seriados que Jordan gostava, assim como Jordan parecia não ter qualquer preconceito com a língua chiada e cheia de palavras mal ditas de Claire. Seu sotaque ainda era muito forte, portanto não era difícil julga-lá como "gringa". Porém havia algo mais. Jordan via na amiga um sopro de liberdade, algo que mesmo com seu estilo obtuso e diferente, jamais conseguiu obter. Claire era forte o suficiente para evitar os cigarros e outros tipos de drogas que lhe eram oferecidos, mesmo sem ter que provar nada a ninguem. Ela sabia o que precisava fazer, sabia seus objetivos e não mudava de opinião. Fria, muitos diriam. Jordan diria livre.

Após um ano e meio, eram inseparáveis. Jordan dormia dois, três dias na casa de Claire, onde grande parte de seus pertences já ficavam. Não precisava de seu próprio quarto, dormiam juntas. Claire ria pois durante o dia J (como ela a chamava) vestia roupas tão rebeldes e poucos articuladas, enquanto á noite, usava pijamas de flanela. Tudo parecia perfeito, até que Claire conheceu Jenna. Na escola era considerada nerd e poucos se davam ao trabalho de a conhecerem melhor. Parecia uma descrição perfeita de "amiga" para C, porém Jordan não concordava. Dizia que a menina era uma coitada que não merecia atenção. Soltava farpas sempre que Jennifer se virava e se recusava de sair em "três". Onde a outra estava, Jordan desaparecia. Claire não compreendia o comportamento da amiga, não gostava daquela mudança. Ela se afastava aos poucos, já não ia com tanta frequência ao apartamento e ao pouco desaparecia. Ciúme? É claro que não. Jordan era livre e jamais namorava, dizia que casamento era pra poucos. Pouco se importava com os outros colegas de seus amigos, e então, por que com ela seria diferente?

Em uma noite específica, Claire decidiu resolver as coisas. Alguma atitude precisava ser tomada, as coisas não poderiam ficar daquele jeito. Amava Jordan em todos os aspectos e não podia perder a melhor amiga que teve na vida. Pegou o telefone em meio ás mãos geladas e discou o número que já sabia de cor.

-Jordan? É a Claire. - Tentou parecer contente e natural, porém o suspiro do outro lado da linha a desanimou.

-Oi Claire. Que foi? - Não parecia brava ou irritada, simplesmente... Diferente do que costumava ser.

-Você poderia passar por aqui? Eu preciso muito falar com você. - Jordan ponderou por alguns segundos até responder.

-Tudo bem. Vou tomar um banho e passo aí em meia hora. Não vou poder demorar, é aniversário do meu padastro hoje.

Claire concordou, não tinha problema. Se preparou e criou um diálogo em sua cabeça enquanto o tempo passava. Pontual, Jordan tocou o interfone pouco mais de 40 minutos depois. Subiu rapidamente, como já lhe era de costume e entrou no apartamento, se jogando no sofá.

-Que que houve? - Disse enquanto ajustava as almofadas ao seu pescoço.

-Eu é que digo, J. Eu quero dizer, você mal vem aqui, a gente mal sai... - Não era um bom começo, mas era tudo que o bolo em sua garganta a permitia dizer.

-É difícil saber quando sua amiguinha vai estar junto. - Jordan respondeu, indiferente.

-Ela é legalzinha, você vai ver. Só... dá uma chance pra ela. Que nem você deu pra mim. - Jordan se virou e encarou Claire nos olhos.

-Você não faz idéia. É totalmente diferente. E eu só vou virar amiguinha e contar segredinhos pra "Jenny" quando eu já estiver sete palmos abaixo da terra. Nem assim, aliás. Essa vadia não merece a sua compaixão, ou seja o que for que te fez correr pra ela na primeira oportunidade. Porra Claire.

-Jordan, eu não corri pra ninguem.. - Antes que ela terminasse a frase, Jordan a interrompeu.

-Tudo bem, virou melhor amiga da drogadinha aqui quando tava sozinha. Veio de fora, não sabia nada do chão que tava pisando, "qualquer um" servia. Agora tu acha quem tu realmente quer. Quer ser próxima da menina modelo, quer garantir vaga em algum lugar? Pois bem, ela é a chave, eu não. - Jordan se levantou, andando até a porta.

-Jordan, por favor... - Segurou o braço da amiga, que se soltou rapidamente, mexendo os braços com força.

Claire se sentou no sofá e não viu as horas passando. Não chorou. Ela não era do tipo de pessoa que chorava, não era parte da sua personalidade. Sentia um aperto no peito, tentava se concentrar em outras coisas, porém simplesmente não conseguia. Tudo que lhe vinha a cabeça era Jordan e seus bons momentos, como ela havia a salvado da escuridão e do medo de sair de seu país de origem e encontrar um mundo totalmente novo. Acabou adormecendo, porém, ás duas da manhã, acordou com um barulho conhecido. Seu interfone tocava e ela foi atender, sonolenta.

-Claire, você pode abrir, por favor? - Reconheceu a voz do outro lado da linha. Era Jordan.

-Claro, só um instante.

Jordan subiu rapidamente, abrindo a porta como se fosse sua própria casa. Claire tinha os cabelos bagunçados, caídos sobre o rosto e estava enrolada em um cobertor de tom alaranjado, algo que trouxera consigo de sua casa na Bélgica. Após ver a amiga, Jordan suspirou. Uma atitude de coragem parecia ser tudo que ela precisava. Parou em silêncio em frente á porta aberta e olhou diretamente para Claire, de cima á baixo. Colocou a mão diante dos olhos, não sabia o que faria. Ainda sentia o gosto salgado das lágrimas nos lábios e sabia que, se não fosse agora, não seria nunca mais. Se movimentou em direção á Claire e parou em sua frente, puxando o rosto delicado em direção ao seu. Suas mãos geladas se localizavam no pescoço de Claire, enquanto ela tocava seus lábios de uma forma doce, um beijo que esperou por tanto tempo. Jordan percebeu que a amiga correspondia, suas linguas se entrelaçavam e contornavam a boca uma da outra. Era doce, porém necessário, como um tipo de sensação que se espera por muito tempo e parece ser pela ultima vez. As mãos de Jordan saíram do pescoço de Claire e se localizaram na parte de cima de suas costas, a arranhando devagar, em uma atitude tanto quanto sexual. Não queria que ela fosse embora nunca, queria permanecer naquele abraço pelo resto de sua vida.

Continua. (Me digam o que acharam nos comentários, por favor? Irei continuar se vocês gostarem!)


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Comentários

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Olá... Meu nome é Rubia e meu marido se chama Beto. Adoramos seu conto, nos deixou com muito tesão. Também publicamos um conto aqui. Se chama "A procura de um amante". Temos um blog com muitos assuntos e fotos relacionados a sexo e também com nossas aventuras sexuais. Visite... Com certeza irá gostar e ficar com muito tesão. O endereço é: rubiaebeto.comunidades.net

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Gostei do seu conto, ele foi muito bem escrito!!!

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Que isso! Adorei! Muito bem escrito. Esperando a continuacao ansiosamente

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...faltava dizer que eu gostei bastante. ;) Poderia ter detalhado um pouco mais o inicio do conto porque o achei algo confuso mas de resto está mesmo muito bom. Eu gosto de contos com "substância" e conteúdo. :)

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Continue a escrever mesmo que as pessoas não gostem ou não achem "legal"...

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