"Eu te amei desde a primeira vez que te vi, eu tinha 12 anos, lembra? Demorou três anos para eu ter coragem de falar com você, eu estava tão assustado de como estava me sentindo, sabe, amando um garoto, que eu aprendi a ser um vadio sarcástico, para me sentir normal. Eu transei com garotas para tentar te esquecer, mas não deu certo. Quando nós ficamos juntos, isso me assustou pra caralho porque você era a única pessoa que podia arruinar a minha vida. Eu te afastei, eu te fiz pensar que era sua culpa, mas, na verdade, eu só estava com medo da dor, fodi com aquela garota Sophia, para meio que te irritar por ter esse poder sobre mim. Eu sou um completo covarde porque eu comprei essas passagens à Goa para nós, há três meses. Mas eu não conseguia aguentar, não queria ser escravo do jeito que eu me sinto ao seu respeito. Você consegue entender? Você estava tentando me punir e foi horrível, é tão horrível porque, sério, eu morreria por você. Eu amo você, eu amo você tanto que isso está me matando."
De: Caio Rodrigues.
Para: Rafael Guimarães.
Capítulo só para não perder o ritmo, amanhã tem a continuação. Obrigado de coração pelos comentários no capítulo anterior. E quase PAREI de escrever, por causa de um leitor, que ficou encomodando à mim e ao Rafa, em relação ao irmão dele e ao meu conto ser uma porcaria. Mas não deixei isso me frustar e cá estou eu, de volta.
Tentativas frustradas de voltar a ser hétero - Parte 05.1
Explicando detalhadamente "A festa".
Quando cheguei à festa, passei uma olhada pela mulherada, ui, uma mais gostosa que a outra. Mas meu corpo se arrepiou mesmo foi ao ver os carinhas... Que dançavam absurdamente soados e incrivelmente sexys, na pista de dança. Aquele cara loiro! Meu Deus, eu não vi seu rosto, mas se for como eu imagino... Lindo, lindo, lindo, quero dizer, PRESENÇA!
- Ei, tá de olho em quem em? Na morena bunduda ou na bunda do loiro? - Caio disse me zoando. Se ele pudesse ler mentes...
- Na morena, lógico! - Uma mentirinha boba não mata, certo?
- Sei, vem, vamos ali ao Open bar! Uma cervejinha cai bem! - Caio disse mais me puxando do que qualquer outra coisa.
Ao chegar ao bar, avisto novamente o loiro, ainda de costas. E novamente sozinho. Indo em direção ao outro bar, o comum. Como hoje eu estava destinado a perder minha curiosidade com um cara. Aproximei-me, sem vergonha. Sem medo. Deixando Caio lá, sozinho.
- Martine? - QUE COSTAS... Filhadaputamente lindo. Uma costa extremamente alinhada, perfeita. E aquele cabelo, loiro? Parecia-me conhecido, de algum filme só pode! Eu tinha 50 por cento de chances de ele se virar para mim, e eu me decepcionar com tanta feiura facial, mas ah... É sempre bom arriscar! Não custa nada arriscar. O que é proibido é mais gostoso.
- Não posso beber, vou voltar dirigindo! Além do mais to com a minha namorada! - Foi no exato momento em que ele se virou sorrindo. Era ele. O sorriso sumiu. Era Brian.
Um frio tomou conta do meu corpo. Arrepiei-me por inteiro. Eu não tinha a mínima ideia do que fazer ou dizer. Éramos como dois estranhos em uma atração absurdamente louca. Eu apenas pensava e pensava. Ele também não colaborava, permanecia calado. Mas sempre olhos nos olhos. Como se falássemos através deles. Meu coração batia forte. Os segundos se passavam e nada, nenhuma reação de nenhum dos dois. Eu sei que eu sou um merda de um sem coragem, pois seu prestasse, eu o teria beijado ali e matado minha curiosidade de uma vez. Mas não. Eu agi feito um completo idiota. E com meu orgulho falando alto. Após um minuto no qual a gente ficou se encarando, eu desisti. O deixei lá e fui dançar, me diverti. Eu precisava de uma vez por todas ajustar as peças do quebra-cabeça da minha sexualidade.
Saí de cabeça baixa e segui de volta para onde eu não deveria ter saído. Peguei no balcão duas cervejas, achei Caio dançando no meio da pista e o entreguei uma que desce redondo, dizendo:
- Dança comigo? Só pra zoar mesmo! Pode ser?
Por essa simples atitude recebi vários elogios, assim como variadas críticas também, rs. Mas entendam, eu fiz isso de propósito! Nunca vi Caio pelo lado sexual ou seja lá o que for, para mim ele é como um brother, companheiro para todas as horas. E quando vi que mais da metade das pessoas que NÃO estavam olhando para mim, estavam olhando para ele. PENSEI "Hora de me aproveitar da situação! Posso não estar com namorada, mas eu tenho um amigo! E pelo visto, gatão.”.
Ele meio que topou entrar na minha, até que...
- Quer fazer ciúmes pra quem? - Caio disse lentamente, espertíssimo! No meu ouvido. Até me arrepiei.
- S-Ó-Q-U-E-R-O-D-A-N-Ç-A-R! Não vai querer é só falar, mano! Tem um monte de guria e boyzinho que me quer aqui! Tchau. - Foi quando após essa minha fala, Caio fez exatamente o que eu queria, eu falei isso de propósito, já estudando uma reação do meu mano. Foi quando ele me puxou para próximo do seu corpo e me abraçou. Tanto homens quanto mulheres nos olharam de uma forma, de uma forma... Tensa! Eu sabia que era um abraço fraternal, NÓS sabíamos. Mas os outros... Não, os outros não.
- É o cara loiro, né Nando? - Caio me perguntou no pé do ouvido. Ainda estávamos atracados. AH, vale ressaltar que estávamos numa festa, então, por favor, é meio lógico que a música não era eletrônica, no momento era uma romântica. OK, ou sei lá... PODERIA SER UMA CALMA, eu nem lembro direito, é complexo. Com o meu pau quase colado no do Caio enquanto eu olhava enciumado para um loiro que eu havia atropelado pela manhã, você queria que eu lembrasse da música que tocava naquele momento tenso? Não, eu não sou tão genial assim!
- Por que Caio? - Depois dos meus pensamentos eu o perguntei isso porque eu sustentava uma grande dúvida mental. Ou eu estava sendo muito descarado em relação a olhar o loiro presença ou... Caio é literalmente muito esperto e juntou todas as peças do quebra-cabeça. OK, eu estava tremendo nas bases para não ser a primeira. Pois se o Caio percebeu... O RESTO E O PRÓPRIO BRIAN, também.
- Cara, eu vi o clima de tensão que surgiu entre você e o loiro ali, inda agora. Fora que ele não para de te olhar e você a cada segundo está mais provocativo, como a ideia brilhante que teve de quase me agarrar! Se eu não sacasse, eu seria muito burro, mas muito mesmo, além do normal, RS!
Depois que Caio disse isso pouco me importou o que ele achou ou pensou de tudo isso. O bom para mim foi saber "Brian também me olhava". Foi quando nossos olhares se cruzaram.
Brian me encarou, calado. No banco do bar, acompanhado de sua namorada que o beijava no pescoço, foi quando percebi que ele olhava mais para mim do que para ela. Caio estava certo. A hora de ser mais provocativo havia chegado.
- Caio me beija! - Eu disse sem pensar, rápido. Torcendo para que essa ação gerasse logo uma reação, no Brian, lógico.
- Nando, pera, o gay é v... - Nem deixe terminar de falar, e o beijei. DE LÍNGUA, COM VORACIDADE, QUENTE! UM BEIJO DE CINEMA.
Sinceramente, foi um beijo filhadaputamente bom, o mais engraçado de tudo; Caio não impediu o beijo, pelo contrário, gostou e me beijou com mais intensidade. Ah, é tensissímo dizer que, nossa senhora da bicicletinha, perdi meu BV HOMOSSEXUAL, com Caio, tudo isso por causa de um loiro. Tudo isso por causa do Brian. É meus amigos... Que vida! Ontem eu era hétero, hoje eu já beijei meu melhor amigo. Eu e Caio nos afastamos sem dizermos nada um ao outro. Foi uma situação estranha com uma sensação diferente. Foi quando algo, melhor dizendo, alguém. Surgiu socando um murro no rosto do meu melhor amigo. A pancadaria iria começar, eu iria quebrar a cara daquele que esmurrou meu mano. Quando percebo que era Brian. Eu sorri bobo e ele disse:
- Ok, para de ceninha e vem, vem comigo... Eu quero de uma vez por todas tirar essa história a limpo!
Quando ele concluiu eu me arrepiei. Certo estava Newton, ele apenas esqueceu que a ação vinha rápida como uma Ferrari. Mas o problema só estava no começo. Pois a cara de raiva que o Caio fez quando se ergueu foi brutal. Eu tive que pensar rápido antes que a briga terminasse em... Sei lá, morte?!
... Eu não consigo lembrar mais de nada depois disso, eu... Eu... Eu não consigo lembrar mais de nada! Acordei com Caio ao meu lado... Quando percebi, era um hospital! Concerteza, eu estava num hospital. Por isso eu expliquei o pouco que me lembrei de forma ríspida e tensa, muitas vezes rápida. Quando ainda confuso, me virei para Caio e...
- Caio o que está acontecendo? - Perguntei.
- Reformula essa pergunta! Não seria melhor; Caio o que aconteceu? - Ele disse-me sério. Foi quando ele em detalhes me contou o que se passou na noite anterior. Fiquei rosa chiclete, ok, isso é gay demais. Mas fiquei literalmente vermelho. Caio o esmurrou. Brian se declarou. A namorada dele deu um show e ainda saiu dizendo que estava grávida. E no meio de toda aquela situação alguém apareceu. Deu-me um murro e eu desmaiei.
Mas como eu sou uma pessoa boa, ou até para mim mesmo diagnosticar o caso melhor. Pedi para o próprio Caio dizer tudo o que aconteceu na festa! Ele me olhou calado, durante uns minutos... Até que buscou ar e começou a falar a grande doidera que foi aquela noite...
- Cara é o seguinte; Vamos começar do inicio então... Não lembro muito bem, pra te falar a verdade, não ouvi! Não ouvi direito que ele, o loirão lá, te disse, quando dei por mim eu já estava de pé, irado! Nando me diz uma coisa; Quem ele pensava que era para ter me socado daquela forma? Não que tenha doído, além do que ele bate que nem uma menininha! Mas o que estava em questão foi a atitude bruta dele! Por que me bater? Eu o fiz algo? Fala sério... Levantei do chão verde de raiva, parecendo o incrível Hulk. O puxei pelas mãos, ou melhor, pela mão. Pela mão direita dele que a segundos atrás, estava entrelaçada na sua. Com o intuito de levá-lo sabe Deus para onde. E com a minha esquerda mortal o acertei. Concerteza doeu. Não fique com essa cara Nando, mas ah... Foi merecido! O acertei em cheio, que sem opção ele foi parar direto no chão. Man foi até engraçado nessa hora, pois eu não sabia quem se debatia mais! Se era ele, sangrando no chão. Ou você me segurando parecendo uma defensora das nobres causas ou miss mundo "Paz mundial". Foi nessa hora que a coisa começou a ficar preta... A namorada dele surgiu, do nada. E chegou com os seguranças. Fazendo maior auê “- Alguém me explica isso, por favor? Agora! E por acaso vocês são loucos? Olha o que vocês fizeram com o meu namorado... - Agachando próximo ao ouvido do loiro, ela continuou. - Você está bem, meu amor?" Ah, Nando... Nessa hora, não sei se você lembra, mas a gente já estava "Amparado" pelos seguranças. Foi quando o Loiro lá, levantou, dizendo “Larguem eles, por favor... - Ele foi se aproximando de mim. - E a você, eu devo minhas sinceras desculpa". Ele me olhou com um olhar diferente. Passou a mão ao decorrer do meu rosto. Nando eu cheguei a pensar que era zoação da parte dele e que logo ele me acertaria de novo. Foi quando você se descontrolou e disse "Para de dá em cima do meu amigo, seu veado encubado!" Ele guardou as mãos. E o silêncio tomou conta. E como você ainda estava nas mãos de um dos seguranças, a namorada dele se deu a liberdade de batê-lo. Foi um tapa certeiro que me irritou profundamente. Desvencilhei-me dos fortões, porém lesões, que me seguravam e a segurei pelos cabelos. Quem ela pensava que ela era para te tocar daquele jeito? Foi no momento exato em que ela soltou a primeira bomba "Guardas, vocês vão o deixar bater em uma adolescente grávida?" O namorado a olhou surpreso, mas esse foi só o começo daquela grande discussão, foi quando eu percebi que ele te olhava com lágrimas nos olhos. Aí que eu montei o quebra-cabeça. Você me usou, me beijando. Assim como ele me usou, com a mão no rosto...
Continua?
