Andei até a mesa tentei sorrir, mas não deu muito certo, um turbilhão de coisas passavam pela a minha cabeça, ele, eu, Pedro, um ciclo perigoso, que precisava ser parado o mais rápido possível;
Depois da minha agressão não duvidava da força e do que ele era capaz, porem machucar alguém cujo ele nunca tinha ouvido falar, e ainda por cima agredi-lo no nosso primeiro encontro, nada justificava tal ato, ciúmes, posse, loucura, nenhuma justificativa seria aceitável, até achei que ele tinha prazer em bater nas pessoas, mas isso é muito relativo se tratando de Danilo.
Apesar de um tempo sem nenhum contato com ele, sabia perfeitamente o que tinha mudado, músculos cada vez mais visíveis pela camisa azul que ele usava, podia contar os gomos do seu abdômen, o cabelo espetado agora estava com um corte mais ‘’responsável ‘’ vamos dizer assim, continuava o mesmo grandalhão branco e loiro de sempre, só que mais velho.
Sinceramente quando o vi, sentado na nossa mesa de sempre sorrindo para mim, meu coração acelerou de uma forma inacreditável, todos aqueles sentimentos que foram enterrados, estavam querendo ressurgir, estava balançado por dentro, não sabia o que fazer chorar, dizer que estava com saudade? Estava pirando e perdendo meu foco, acho que dentro de mim, lá no fundo sabia que meu amor por ele não estava totalmente morto, mas não tinha vindo aqui pra fazer as pazes, e correr para os braços dele, como um jovem apaixonado pelo contrario, vim aqui pra por um fim nesse assunto Danilo, e deixa-lo parti, da minha vida e do meu coração. Fosse por bem ou por mal, isso já não ia ser mais da minha alçada se desse tudo certo. Quando estava puxando a cadeira pra sentar ele levanta, vem na minha direção, e sinto o seu abraço quente, envolvente, natural, seu perfume, ele dizia cheirando meu pescoço de uma forma discreta, afinal estávamos em um restaurante:
- Sentia saudade do seu cheiro. – ele puxando a cadeira pra eu sentar, sentei e falei:
- Só isso? Então o que estou fazendo aqui? Disse rindo
- senti falta do dono desse cheiro – OK naquela hora fiquei balançado, ele sabia usar as palavras certas para me agradar, ele me conhecia quase que totalmente, por isso era algo difícil ficar assim tão perto, mas vim aqui com um objetivo:
- Então, como foi à época em que você passou fora quero saber de tudo... - e ele começou a falar sobre a sua viagem para a argentina, onde morou, os lugares que visitou, onde trabalhava, desde que eu conheci Danilo, ele sempre foi assim, falador.
- Mas enfim, estamos falando muito de mim, e você? Como foi esse tempo sem mim?
- Depois da surra que você me deu fui pro hospital, fiz fisioterapia, minha mãe pensa até hoje que foi um ladrão, e segui adiante minha vida! – soltei essa justamente pra ele sentir com o que estava lidando.
- Ai essa doeu sabe? – ele dizia massageando o coração como tivesse levado uma pancada. Então o que você disse pra mim no telefone sobre me amar era mentira?
-Não sei, ainda estou confuso com tudo oque aconteceu com a gente, comigo, com você e com Pedro. Disse pra provocar a fera. Nunca pensei que você fosse capaz de tudo isso? Qual era seu objetivo afinal? Me machucar, fazer com que eu fosse com você pra argentina? E porque você espancou Pedro?
- Pedro? Quem é Pedro? – ele se fez de desentendido.
- Aquele que você deu uma surra sem ao menos conhecer, sabia que ele foi parar no hospital? Assim como eu depois daquela surra? – disse alterando um pouco minha voz.
- Ahh, aquele mane que tava se agarrando contigo naquela festa, nem foi com tanta força assim, não queria quebrar ele, só dar uma lição. – ele disse
-Senhores o que vocês vão pedir? – dizia o garçom
-Uma pasta ao molho de frutas do mar e o mesmo pra ele – disse ao garçom ainda sabia seu prato preferido, afinal era o mesmo que o meu. Quando o garçom saiu eu disse:
- Lição? Quem você pensa que é pra sair por ai dando ‘’lição’’ nos outros? Era uma lição que você estava me dando quando me bateu? Danilo eu nunca entendi porque você fez tudo aquilo, esse Danilo, não é o cara gentil, doce, carinhoso, por quem eu me apaixonei.
- EU NÃO QUERO QUE NINGUEM TOQUE EM VOCÊ – ele batia com a mão na mesa. Certo naquela hora eu me tremi todo, a cara dele se transformou, ficava cada vez mais vermelha, parecia que ele ia explodir. – VOCÊ É MEU, ENTENDEU?
- quero saber aonde foi o meu leilão porque ainda não me informaram nada! Presta bem atenção no que você vai ouvir. Tirei o gravador do bolso e falei, só escuta. Toda a nossa conversa estava gravada, o seu rosto de ódio era de dar medo, após ele ouvir toda a gravação falei:
- Sabe aquele ‘mane’ que você espancou, ele é um advogado muito influente, e conseguiu uma autorização pra gravar nossa conversa e que tenha algum valor no tribunal, agora tenho duas opções, a primeira você some da minha vida, isso inclui Pedro e todos aqueles que eu amo e não ira agredir, mandar agredir, ou sonhar em bater em alguém se não essa gravação vai para na policia com duas acusações de agressão, a minha e a do Pedro. A segunda opção é bem básica também, eu mando essa fita pra policia e você vai preso. E agora me diz o que vai ser? Acho que a primeira opção é a melhor né – só deus sabe como eu estava falando aquelas palavras, tremendo por dentro de medo, como se a qualquer momento ele fosse se levantar e der um monte de bolachas na minha cara, mas por fora o meu sorriso irônico prevalecia no meu rosto, isso só podia ser uma força divina.
- como é rapá? Tu achas que com meias palavrinhas, e uma gravação de merda, vai me ameaçar? Eu te mato sacou? E ainda levo o teu amiguinho junto pra cova.
Àquela hora sim, meu medo foi no estremo, apesar de toda as coisas que ele já tinha feito, não podia sequer imaginar ele tirando a vida de uma pessoa, não era uma simples coisa, era a minha vida afinal, e a vida de Pedro, apesar de conhecer Pedro há pouco tempo já nutria um sentimento enorme por ele, temia pelas nossas vidas, mas não podia me render aquelas palavras, aquelas ameaças, e deixar ele ganhar. Não me julguem mal, isso não é um jogo que você simplesmente decide se tira não a vida de alguém, sei que no mundo cão em que vivemos hoje, vemos todo o tipo de violência nos meios de comunicações agora se tira a vida de outro ser humano por motivos totalmente torpes.
- Paga pra ver então – disse me levantando, quando senti a sua mão machucando meu braço.
- Você teria coragem de me entregar Fernando? Depois de tudo o que a gente passou?
- e você tem coragem de me perguntar isso depois de tudo o que EU passei?
Senti sua mão me pegar no outro braço, e começar a me sacudir como se fosse uma folha de papel, e ele gritava – experimenta pra ver até onde essa palhaçada vai. Senti um soco direto no meu estomago, e outro no meu olho esquerdo. Cai no chão, quando olho o Pedro entrando no restaurante acompanhado de dois policiais e o delegado.
- Quem foi que perdeu agora MANÉ? – Pedro dizia.