Meu Amigo me Amava – Capítulo 101
Fortes Emoções – Momentos Finais
Há momentos na vida em que você tem realmente que tomar decisões, escolher mesmo. A vida é essa escola surpreendente, a cada dia um novo capítulo, novas emoções, por isso ela é tão surpreendente, por que ao acordar você não tem nem ideia do que estar por vir. Assim foi esse meu dia, uma sexta feira que tinha tudo para ser como tantas outras, depois de uma cansativa semana de stress na faculdade, no trabalho também com tantas mudanças e graças a Deus tudo dando certo. O que mais me deixou triste foi o fato de no outro dia ser sábado, o dia do noivado do Jhonny com a Alessandra, ainda não tinha digerido completamente esta decisão absurda do Jhonny, não por estar com ciúmes, ou talvez um pouco sim, mas por saber que ele não a amava que estava tomando essa decisão para me ferir, ou não sei, mas amor ali não existia, não por parte dele.
Chegando ao escritório me deparo com a presença do canalha do Estevão, em seu terno de doutor, seu estilo todo galã de 30 anos e sua cara mais cínica possível, ele ao saber pela Alessandra que eu era o novo responsável pela filial, que fui escolhido por seu Nestor para gerenciar o escritório de contabilidade, quase teve uma síncope e caiu para trás. Ele pensou que pelo fato de ter descoberto os contos, que eu iria ceder as suas chantagens. Mas aquela conversa no passado que tive com o Robertinho, mesmo sem ele saber me ajudou muito. “A vida pode escolher te derrubar, cabe a você escolher se levanta, ou permanece caído.” E eu escolhi levantar, aceitar a oportunidade que a vida me deu, e não seria uma ameaça de um canalha que iria me derrubar, não mesmo.
Nem nos tempos da escola, eu tendo lá meus sete para oito anos, nunca cedi a chantagens, por que se você cede a primeira meu amigo, pronto, vão surgir outras e outras, aí quando você se der conta, não é mais dono da sua vida, pois estará sempre nas mãos do seu chantageador. Por mais pesado e grave que seja o que tem contra a você, não ceda, seja firme, e encare as consequencias, mas não permita nunca, ser chantageado, seja por quem for.
Estevão - (indignado) Você?
Breno - Bom dia. O que está acontecendo Alê?
Alessandra - O doutor Estevão veio conversar com o atual responsável pelo escritório, e eu disse pra ele que agora é você, que está no lugar do Maurício.
Breno - Sim Estevão. Seu Nestor veio até aqui, elogiou o meu trabalho ao longo desses três anos e eu aceitei a vaga. Sou agora o responsável pelo escritório. Qualquer problema que estiver acontecendo no seu escritório de advocacia em que você é um dos sócios minoritário é claro, com apenas 25%, pode vir falar comigo. Por favor, sente-se aqui. Como você pode ver, não tenho sala, houve modificações no escritório, o objetivo foi fazer com que todos trabalhassem juntos, e em equipe entende, valorizamos mais esse espaço. A sala do Mauricio virou uma mega sala, era um desperdício aquele espaço todo ser usado apenas por uma pessoa. Pois bem, pode falar.
Estevão me fulminava com os olhos, estava mordido de ódio pela minha audácia e cinismo e confesso que no fundo estava adorando ver sua cara de idiota.
Estevão - O que você pensa que está fazendo muleke, eu lhe disse para não aceitar esse cargo, você sabe muito bem o preço das conseqüências.
Breno - Não estou entendendo doutor Estevão Barreto Miranda. Poderia ser mais específico por favor?
Estevão - Então você quer me desafiar é isso mesmo, você quer que eu pegue aqueles benditos contos, em que você fala sobre sua vida, suas traições, suas noites de sexo, tudo, para todos aqui, que você expôs a vida do Jhonny, do Pedro, na internet, para um bando de gente, é isso que você quer escritorzinho fuleiro.
Breno - Sou um escritorzinho tão fuleiro, que aposto que você leu todos os capítulos em menos de uma semana não foi doutorzinho de meia tijela.
Estevão - última chance Breninho, ou você renuncia a esse cargo, ou irei mostrar a todos, sem exceção, D. Zilda vai saber que o filinho querido dela, na verdade não passa de uma bichinha enclausurada, o Pedro vai saber que o amorzinho dele na verdade é um prostituto que já fez sexo com metade do Rio de Janeiro, e o Jhonny vai saber que o problema dele família foi exposto na internet pra dezenas, centenas de pessoas.
Breno - Você vai fazer tudo isso mesmo Estevão, tem certeza?
Estevão - Não tenha dúvidas rapaz, não tenha dúvidas.
Pego meu pen drive, conecto no USB, abro o arquivo em AVI e viro a tela do computador para ele, sem áudio é claro. Estevão fica perplexo quando mostro a ele o vídeo de sua transa com o Gileno e a gozada certeira em sua cara. Ele abre os olhos assustado, fica olhando para trás, pra ver se não há ninguém vendo ou ouvindo a nossa conversa.
Breno - Vamos ver quem perde nessa história, eu ou você. Estevão é você mostrar esses contos há alguém e eu colocar esse vídeo na internet, os seus sócios recebendo este vídeo misteriosamente, e caindo na mídia rapaz, seu vizinhos, você não tenha dúvida de que farei isso sem dó e nem piedade. E não adianta querer me ameaçar, ir a minha casa, existem várias cópias, até uma anexada num e-mail que posso acessar de qualquer lugar em que estiver e baixar, não existe lugar mais seguro do que seu e-mail. Olha aqui, estou cansado de suas chantagens, cansado de suas ameaças, chega, quem você pensa que é para pensar que pode dominar as pessoas assim. E olha aqui não pense que esqueci da sua suspeita de assassinato em Cabo Frio não por que não esqueci, e pode ter certeza de que vou a fundo nisso. Estou agora todo atarefado por conta do meu trabalho de final de curso, as provas, mas, você pode ter certeza de que se você chegou a matar alguém você vai pagar.
Estevão pega sua mala e levanta-se, furioso.
Estevão - Muleke isso não vai ficar assim.
Nisso chega o Pedro atrasado.
Breno - Aproveita Estevão que o Pedro chegou e diz o que você veio dizer a ele, ótima oportunidade.
Pedro - O que está pegando Breno?
Estevão me olha ainda mais atordoado, nada como desconcertar completamente uma pessoa que se acha o todo poderoso, as vezes na vida você tem que arriscar, ousar mesmo, ser louco.
Estevão - Eu não tenho nada para falar com você rapaz.
Breno - Como assim não tem?
Pedro - Breno o que está havendo leke?
Breno - Assuntos da contabilidade do escritório em que ele é sócio. Já que ele não quer falar com você depois eu te explico, não é isso Estevão?
Estevão - Sim... é isso.
Breno - Bom dia doutor Estevão, e qualquer coisa, agora é com o Pedro e o Alan beleza. Obrigado pela visita e tenha um excelente dia.
Estevão sai tonto. Pedro sem entender nada vem até minha mesa. Eu tentei a todo momento manter-me firme, mas no fundo estava cheio de medo, até então diversas vezes sempre tive um embate com o Estevão, mas com ele tendo uma importante prova contra a mim nas mãos, isso nunca.
Pedro - O que aquele canalha queria aqui leke tão cedo, ainda não são nove da manhã.
Breno - Falar sobre o escritório de advocacia dele.
Pedro - Sei... Leke se machucou onde?
Breno - Em lugar nenhum por que?
Pedro - seu nariz pow, está sangrando, não está sentindo não?
Passo a mão no meu nariz e sujo meus dedos de sangue.
Breno - Nossa, que doideira.
Pedro - Doideira por que?
Breno - (inventa) Tirei uma casquinha do nariz hoje de manhã, pensei que não fosse nada.
Pedro - Então deve ter sido isso. Vai lá no banheiro limpar isso leke.
Breno - Vou mesmo. Valeu Pedro.
Me levanto e vou pro banheiro. Chegando limpo meu nariz, olho-me no espelho e fico preocupado, me bate um desespero, pois até então aconteceram tantas coisas que nem liguei muito para esses sangramentos, mas já se passou quase um mês do acidente e por mais que no momento da discussão com o Rick eu tenha ficado cego, perdido a cabeça e dado um tapa nele, em nenhum momento o Rick me agrediu ou me machuquei batendo em algum lugar, e desde então o meu nariz não parou de sangrar, e eu nunca percebia, e estava começando a ser constantes esses sangramentos. Ma bate uma vontade de chorar, será que logo agora eu estaria com uma doença grave, o que estava acontecendo com o meu corpo, o que estava acontecendo comigo meu deus? Entra o Pedro no banheiro.
Pedro - Tudo bem leke?
Breno - (disfarço) Sim, está tudo bem, só estou aqui lavando o rosto.
Pedro - Certo.
Pedro vai e sai do banheiro. Lavo meu rosto, enxugo com a toalha de papel e saio do banheiro. Voltando para o escritório vejo a Alessandra eufórica, afinal, amanha é sábado, dia do seu noivado.
Alessandra - Gente meu vestido é a coisa mais linda deste mundo. Olha gente quero todos, eu disse todos vocês no meu noivado, será um jantar preparado com muito carinho para recepcionar todos vocês.
Pedro - Que bom, amanha vou encher a barriga, ainda mais de graça.
Kátia - Gente a Alessandra trabalhou duro para a realização desse noivado, confesso que estou ansiosa pois deve está tudo perfeito, a coisa mais linda, não é amiga?
Alessandra - Surpresa querida, surpresa. Será na casa dos meus pais, Breno você e o Pedro sabe onde é não sabe?
Pedro - Fica tranquila Alê sabemos sim.
Alessandra - (provoca) Você também ou coisa sem sal, pode ir ao meu noivado, tudo bem que não nos damos muito bem, mas quero que você participe desse meu pleno momento de felicidade.
Alan - A coisa sem sal sou eu?
Alessandra - E tem aqui no escritório outra coisa magrela, branca e sem sal. Não né querido, então acorda por que é você.
Alan - Sou tão sem sal e magrelo que você fez de tudo pra me ver sem camisa, até jogar água em cima de mim e não tirou os olhos da minha barriga.
Alessandra - Ridículo você. Oxigênei amor. Estava olhando a tatoo, achei bonita aquela letra A em letras garrafais, só isso. Querido amanha farei questão de te mostrar o meu gatinho. Não é para desmerecer nem você Pedro nem o Breno, mas querido, ele é tudo de bom, tem corpo, pegada, tem umas pernas, peitoral todo peludinho, homem mesmo, não criança como você que nem das fraudas saiu.
Alan - Não sou criança, tenho 23 anos.
Alessandra - Um bebê.
Alan - Qual sua idade?
Alessandra - 25.
Alan - Dois anos de diferença.
Alessandra - Que fazem bastante diferença.
Alan - Isso por que você ainda não experimentou.
Alessandra - Nem morta, nem que você fosse o último homem na face da terra.
Alan - Confessa que você é louca por mim vai.
Alessandra - Breno eu vou dá na cara dele, magrelo, raquítico, pele e osso.
Alan - Invejosa, despeitada, fofoqueira, mulambenta, que bafo.
Alessandra - Ridículo eu não tenho bafo.
Alan - Tem sim.
Alessandra - Kátia, Breno, ele está falando que eu tenho bafo, eu não tenho bafo.
Alan - fecha a boca Alessandra, prefiro respirar, que bafo.
Alessandra avança para bater no Alan, ele a domina, ficam os dois face a face.
Pedro - Vai Alan beija logo.
Breno - Pedro.
Alessandra - Me solta, você está me machucando, solta meu braço por favor.
Alan - Nunca mais tente me bater ok?
Alan solta Alessandra.
Alessandra - Grosso, estúpido.
Alan - Obrigado pelos elogios.
Kátia - Chega gente. Ta demais vocês dois.
Alessandra - Ele que começou Kátia, disse que tenho bafo, ridículo você Alan.
Alan sai da confusão e vai pra sala sua mesa, vou conversar com ele e todos voltam a trabalhar.
Breno - Que carinha é essa leke?
Alan - Ela me descontrola cara, que merda.
Breno - Você está apaixonado cara, normal.
Alan - Mas ela vai ficar noiva amanha.
Breno - Cara, muita água ainda vai passar por debaixo dessa ponte, calma.
Alan - Como assim.
Breno - Nada. Vamos trabalhar.
Continuamos a trabalhar e o dia transcorre normalmente, neste dia não seria necessário ir para casa, pois o Rick já havia entendido o recado. Voltamos do almoço e graças a Deus nenhum aborrecimento.
Saio do serviço e vou direto para casa, pois nas sextas não tenho aula, chegando nem vou pra dentro de casa, decido ir na casa do Jhonny, estava na hora de termos uma conversa séria. Entro na casa do Jhonny, chegando na sala vejo estela com sua barriga já a mostra, e D. Nuancy na cozinha.
Breno - Boa noite.
Estela - Boa noite Breno, faz um tempinho que não o vejo, como você está?
Breno - Na medida do possível bem Estela. E você com essa barriguinha aí a mostra.
Estela - Nem me fale, me chuta tanto.
Breno - Já sabe o sexo?
Estela - O Jhonny não te contou?
Breno - Não.
Estela - Menina, uma linda menina se deus quiser.
Nuancy - Tudo o que eu queria, um casal de netos. Henrique ficou eufórico, vai mimar demais a menina.
Breno - Já tem nome escolhido.
Estela - Estou na dúvida, tantos nomes que acho bonitos, mas ainda não escolhi, mas tem tempo. Por enquanto o nome dela é princesinha.
Breno - Nome lindo por sinal.
Estela - Eu sei, ela é minha princesinha.
Breno - O Jhonny está?
Estela - Não saiu do quarto o dia todo, está tenso por conta do noivado amanha.
Breno - Vou lá conversar com ele.
Estela - Vai sim Breno, há uns meses estou percebendo que vocês estão ausentes um do outro, acontecendo alguma coisa?
Breno - Não... nada, apenas a minha vida está uma correria, termino a faculdade daqui dois meses se Deus quiser e minha vida está assim, sem tempo pra nada, meu trabalho de final de curso consumindo todo o espaço livre, minha orientadora uma carrasca, sempre me pedindo para melhorar e excluindo tudo o que escrevo, ou seja, maior stress.
Estela - Realmente não é fácil, quando fiz a minha também sofri assim como você, trabalhando o dia inteiro e estudando a noite, ter que dar conta dos trabalhos de tudo, não é fácil mesmo não. Mas lá na frente vai valer a pena sabia, você vai olhar pra trás e vai dizer, nossa eu consegui, isso é a melhor satisfação.
Breno - Tomara que você esteja certa. Bom... vou lá falar com o Jhonny, com licença.
Vou até o quarto do Jhonny, abro a porta e o quarto está todo escuro, e ele deitado na cama de bruços. Ascendo a luz e ele abre os olhos com dificuldade.
Breno - Tudo bem Jhonny?
Jhonny - O que você quer cara?
Breno - Conversar com você.
Jhonny - Vai querer me acusar de novo, me criticar.
Breno - Não.
Jhonny - O que então?
Breno - Te ouvir cara. Vai levanta aí, vamos dar uma volta.
Jhonny - Não estou muito afim cara, na boa.
Breno - Anda, levanta, vai tomar um banho que te espero aqui.
Jhonny - Não cara na boa, hoje ralei pra caramba, levando cadeiras e mesas pra casa da Ale, estou morto na boa.
Tiro minha mochila das costas e puxo o Jhonny da cama, ele estava de bermudão e camiseta.
Breno - (puxando) Anda cara, vai tomar banho. Vou te esperar aqui, vai.
Jhonny levanta ainda meio mal, vai no guarda roupas e pega uma camisa e uma bermuda e vai pro banheiro, fico no quarto esperando. Dez minutos depois ele sai do banheiro e senta ao meu lado na cama e começa a pentear o cabelo, fica me olhando sem falar nada.
Jhonny - O que foi?
Breno - Nada cara.
Jhonny - Está me olhando.
Breno - Por que? Algum problema?
Jhonny - Não sei.
Breno - Ta marrentinho agora por que cara, você nunca foi assim.
Jhonny - Vamos pra onde?
Breno - Você só segue com a moto e eu vou te falando o caminho.
Jhonny - Vamos sair de moto, na minha moto?
Breno - Sim cara, na sua moto, por que eu não tenho.
Jhonny põe o tênis,pega dois capacetes e saímos. Do lado de fora ele traz a moto da garagem e saímos, subimos na moto.
Jhonny - Vamos pra onde?
Breno - Liga vai.
Saímos então com a moto, estava uma noite estrelada e quente, até que falo pro Jhonny para onde iríamos. É na pedra da barra, um local onde já fui uma vez com o Robertinho e não esqueci. Chegando lá saio da moto e sento olhando pra cidade do Rio de Janeiro do alto, dava pra ver todos os prédios de Copacabana, o mar, tudo desse lugar.
Jhonny - Fala cara por que você me trouxe aqui?
Olho nos olhos do Jhonny.
Breno - Jhonny cara, por que isso?
Jhonny - Cara não vou mais ter essa conversa com você, chega não é. Não adianta cara, vou ficar noivo e me casar e pronto. Já está decidido.
Breno - Decidido está, mas isso vai te fazer feliz?
Jhonny - Quem é você para falar de felicidade cara, logo você. Piada é? Pow fica aí enganado você mesmo. Fazendo as coisas escondidos. E você Breno é feliz enganando sua mãe, não contando pra ele que na verdade você é gay.
Breno - Mas eu não sei ainda cara.
Jhonny - Ta bom, não sabe. Quem vai pra cama e tem relações com outro homem é o que cara, um hipopótamo, faça me um favor né.
Breno - Beleza, e você cara. Vai tornar-se noivo de uma mulher e na verdade você curte caras, você é o que, uma zebra, ou um unicórneo?
Jhonny - Breno eu amo você, tu sabe disso. Mas você não sabe o que quer, e além de tudo ainda tem um lance com aquele Pedro. Na boa não quero mais isso. Olha se você me trouxe aqui para que eu mudasse de ideia, perdeu seu tempo, vou ficar noivo amanha, e me casar com a Alê, e tentar ser feliz cara, por que eu mereço.
Pego a cabeça do Jhonny e lhe dou um beijo na boca, um beijo como fazia tempo que não dávamos um no outro, ele demora, mas acaba correspondendo, me abraça forte, e nos beijamos mais intensamente ainda. Confesso que estava confuso tanto quanto ele, duas vidas, dois amigos, que o tempo ou o destino fizeram questão de unir, não sei por que motivo, e ao mesmo tempo separa algo inexplicável.
Jhonny - Por que isso cara, o que você pretende, quer brincar com meus sentimentos?
Breno - Não cometa essa loucura cara, por favor.
Jhonny - Não é loucura cara, foi você quem quis assim, se hoje não estamos juntos a culpa é sua e de mais ninguém, espero que esteja consciente disso. Eu fiz tudo cara, tudo o que estava ao meu alcance e você tomou suas decisões, eu cansei de seguir minha vida me baseando nas decisões dos outros, quero ser feliz, tenho o direito de lutar para a minha felicidade, e se você não quer que seja ao seu lado, não vou me condenar a infelicidade por isso. A vida é feita de escolhas e eu fiz a minha.
Jhonny vai em direção a moto, a liga, acelera.
Jhonny - Vamos ou não?
Subo na moto, coloco o capacete e vou. Chego na casa do Jhonny entro no quarto, pego minha mochila e saio sem falar nada com ele, Jhonny por sua vez liga o PC e nem me dá confiança.
Breno - Desejo a você toda felicidade do mundo.
Jhonny não responde. Passo pro D. Nuancy e estela que estão na sala de nem dou boa noite, passo igual um furação. Chego em casa e nem falo com minha mãe. Vou direto pro banheiro, tomo um banho, saio enrolado na toalha me visto, nisso entra no quarto o Rick.
Breno - O que você quer?
Rick - Breno posso te fazer uma pergunta?
Breno - Fala.
Rick - Breno você é gay?
Na hora sinto um frio na espinha, fico sem palavras. Respiro fundo, pois a sensação na hora foi forte.
Breno - Que pergunta é essa cara?
Rick vai e fecha a porta.
Rick - Você estava beijando o Jhonny na boca e eu vi. E tipo fiquei curioso pro que sempre te vi ficando com meninas, apesar que ultimamente você não namora mais, a última que eu vi foi a Julia, mas depois do meu anirversário nunca mais vi vocês juntos. Fiquei na dúvida.
Breno - Não cara, eu não sou gay.
Rick - Então por que você e o Jhonny estavam beijando na boca, aqui no quarto, não entendo por que o Jhonny está noivo, você sempre ficou com meninas, por que vocês estavam fazendo aquilo.
Breno - Rick estou com dor de cabeça, pergunta ao Jhonny cara.
Rick - Então foi ele que te beijou né? Sabia.
Breno - Sabia por que?
Rick - Por que depois juntei as coisas. Eu sempre mexia no not book dele e vi lá um vídeo de homens transando um com o outro, achei mô nojo. Então ele é o viado. Que nojo cara, nunca mais vou ser amigo dele.
Breno - Que isso Rick, então e um dia você tiver um amigo gay você vai agir assim, se afastar, que preconceito besta é esse cara.
Rick - Mas cara.../
Breno - Rick isso é feio cara, a gente é pobre, se um dia você conhecer uma pessoa que tem preconceito de pobre você iria gostar cara?
Breno - Não tem mas cara, preconceito é preconceito e pronto. Nunca mais fale isso, por que é feio.
Vou pra cama e acabo dormindo. Acordo cedo, sete horas da manha, em pleno sábado, na verdade pela madrugada mesmo já perco o sono, só em saber que este seria o dia em que o Jhonny iria oficialmente, tornar-se noivo da Alessandra apertava o meu peito de uma maneira muito forte. Me levanto, tomo um banho, pego minha bike e decido ir a praia, isso umas sete e meia da manha de sábado, poucas pessoas na rua, ainda acordando, padaria com pouco movimento, e eu com minha sandália, bermuda e camiseta, estava desesperado, parece que nesse tempo todo em que ouvia os insuportáveis comentários da Alê a respeito do noivado, no fundo ainda não tinha caído a ficha, acreditava talvez no meu sub inconsciente, que o Jhonny fosse mudar de ideia, que tudo não passasse de um grande blefe, mas não, chegou o dia, e ele me disse com todas as letras ontem que já estava decidido, que ele iria se casar. Chegando na orla da praia largo a bike sem cadeado mesmo e vou para a areia da praia, estava triste, queria chorar, mas não saia uma lágrima sequer dos meus olhos, me senti sufocado, estava triste, uma dor muito forte no peito que me angustiava, minha garganta estava seca, eu queria gritar mas não saia voz, algo muito desesperador mesmo. Sem forças já eu me ajoelho e caio na areia. Talvez se alguém estivesse me observando diria que estava louco, tendo um ataque ou algo assim. Vendo a violência em que o mar molhava a área da praia, e o sol que começava a surgir com intensidade, admirando ali, sentado na areia da praia toda essa beleza, comecei me acalmar, respirar fundo, olhando aquela imensidão azul a minha frente. Respiro fundo, me acalmo, minutos depois me levanto e decido ir embora, percebi que não adiantaria nada eu ficar mal, nisso que me levanto e vou em direção a minha bike vejo o Jhonny sentado no calçadão próximo a minha bike, estava me observando de longe. Fico sem graça, com raiva, feliz, tudo ao mesmo tempo. Por que ele estava fazendo isso, por que eu estava agindo dessa maneira. Me aproximo dele para pegar minha bike, na verdade nem queria falar com ele.
Jhonny - (pega a bike) Vai pra onde Brow?
Breno - (raiva) Solta a bike cara, vou pra casa.
Jhonny - Vamos conversar.
Breno - Não temos mais nada o que conversar cara, você já tomou a sua decisão, não disse que vai se casar com a Alessandra, então case-se.
Jhonny - Breno cara por que você é assim. Diz cara, fala que me ama, que você gosta de mim, que está disposto a enfrentar tudo e a todos que ligo pra Alessandra agora e desmarco tudo. Cara eu não tenho por que mentir, eu sou bem sincero a respeito dos meus sentimentos, e eu amo você cara, eu gostaria de ser feliz ao seu lado. Você sabe disso pow.
Breno - Jhonny eu não vou assumir nada cara, eu não vou me expor a ninguém, coloca uma coisa na sua cabeça.
Jhonny - Ninguém tem nada haver com minha vida cara, a vida é minha e eu vivo por mim não pelos outros.
Breno - Cara não vou ficar repetindo as coisas, acho isso desnecessário e você sabe muito bem o que eu penso.
Jhonny - Então você tomou a sua decisão?
Breno - Há muito tempo.
Jhonny - Não tem volta?
Breno - Se pra você não ficar noivo da Alessandra o preço que terei que pagar é assumir a todos que sou gay cara, não tem volta, por que nem sei o que quero da minha vida.
Jhonny - Valeu então.
Jhonny liga sua moto e sai, fico ali, vendo ele partir.
Vou pra casa, tomo um banho, de tão cansado que estava acabo dormindo a tarde toda. Acordo seis da tarde no susto, com minha mãe já arrumada para o noivado.
Zilda - Breno meu filho, está tudo bem?
Breno - (bocejando) Sim.
Zilda - Meu filho você nem almoçou. Te acordei para você se arrumar para o noivado, já são seis da tarde.
Breno - Que horas é o noivado mãe?
Zilda - Breno meu filho, sete horas.
Me levanto no susto. Ponho a roupa nova que minha ame comprou, uma calça Jeans nova, até bonita, meu sapato social preto e uma camisa branca gola V, muito bonita por sinal, ponho meu relógio que só uso para sair mesmo, pois uso mais o celular, me arrumo triste olhando para o espelho. Saindo de casa seu Henrique buzinando, entro no carro sem nenhuma vontade, nem olho para não ver o Jhonny.
Chegando a casa dos pais da Alessandra, muito bonita por sinal, grande, aconchegante, logo de entrada vejo um mosaico lindo de fotos do casal, escrito bem no meio com um coração vermelho e todo enfeitado. “Alessandra e Jhonny, amor para toda a vida”. Observo o painel, estava logo de inicio do grande salão da casa, vejo imagens que até então não tinha visto dos dois, encontros há dois, beijos, tudo aquilo vai me corroendo por dentro. Fico isolado do lado de fora da festa, até que meu celular toca.
Breno - (celular) Oi.
Pedro - (celular) Você está onde muleke?
Breno - (celular) Pow desculpas cara, esquecid e você foi mal. Vim com minha mãe e seu Henrique.
Pedro - (celular) Porra valeu.
Breno - (celular) Desculpas pow.
Pedro - (celular) Tem um maluco aqui no maior carrão.
Breno - (Celular) Caralho! é o Robertinho.
Pedro - (celular) Quem?
Breno - (celular) Pedro traz ele por favor, é o Robertinho cara?
Pedro - (celular) Abusado hein leke, além de me dar maior bolo ainda tenho que servir de taxi.
Breno - (Celular) Pedro por favor cara.
Pedro - (celular) Vai sair cara você sabe né.
Breno - (celular) Traz ele vlw. Desligo o celular.
Havia ainda poucas pessoas no salão de festas, uma música bem morta ao fundo, acho que Maria Bethania sei lá, os pais da Alessandra, d. Nuancy e seu Henrique, algumas pessoas que eu não conheço, estava isolado, até que chega Alan e sua namorada, Kátia, começo a me enturmar, o Rick foi obrigado, mas logo se enturmou com uns primos da Alessandra, maior correria pela casa. Até que eu distraído olhando ainda pro bendito mosaico de fotos, sou surpreendido com alguém que tampa meus olhos.
Alguém - Adivinha quem é?
Breno - (olhos vendados) Não sei.
Alguém - Não acredito que não está reconhecendo minha voz Breninho.
Breno - (olhos vendados) Não acredito.
Quando a pessoa tira as mãos dos meus olhos.
Vinicius - Eu mesmo carioca mal agradecido, o Vinny e fim de mala e cuia, coisa de pobre mesmo, por que vim pra ficar.
Breno - Eu não acredito que você está aqui cara.
Vinicius - Pode beliscar amor por que sou eu mesmo, de carne e osso, mais osso do que carne, mas na pose, por que como ovo, mas olho sempre por cima. Isca bate a foto.
Vinicius joga a máquina para uma menina loirinha, maior cara de chachorra, gostosinha até.
Fazemos pose e ela bate a foto.
Vinicius - Segura por que essas serão as primeiras do novo álbum, Quero registrar tudo.
Breno - (olhando a menina) Quem é?
Vinicius - Valeska, mas pode chamar de isca. Ela é tipo pra chamar os bofes, e depois eu caio matando. Sempre funciona amor.
Breno - Você não muda cara, que saudades cara.
Vinicius - Falso, nunca me ligou, nem um scrap no Orkut. Vacilão.
Breno - Como você está cara?
Vinicius - Vamos ter tempo para falar da minha vida, mas vou logo adiantando, desempregado, sem namorado, dois meses sem sexo, ou seja, ou no Rio de Janeiro minha vida dá uma guinada de 360 graus, ou me jogo da ponte Rio Niterói amor, e sem calcinha. Já imagino até a manchete, “Bicha louca de 22 anos suicida-se pro falta de macho. Vai isca, bate a foto, bate.
Tiramos ainda algumas ftos, e o Vinicius super a vontade animando tudo. Parecia o dono da festa.
Vinicius - Quem é o DJ?
Breno - É o Júnior, por que cara?
Vinicius - Por quê? Ta parecendo velório isso daqui. Quem é Junior.
Breno - (mostro o Júnior) Esse.
Vinicius - (analisa, faz beicinho) Gostoso.
Breno - tem namorada cara, minha vizinha.
Vinicius - Querido, não sou ciumento. Junior, coloca um funk aí cara.
Junior obedece e começa o pancadão, Vinicius começa a se exibir no meio do salão todo espalhafatoso. Todos entram no ritmo até os pais dos noivos que ainda não chegaram. Minha mãe aparece do nada e me pega firme pelo braço.
Zilda - De onde você conhece esse tipo de gente meu filho. Que espécie de amigo seu é esse?
Nos olhos preconceituosos da Zilda e no meu espanto ao ver minha mãe agir dessa forma
Continua....
Galera... obrigado pelo carinho, e prometo postar mais agora. Gente minha facul está na reta final. Obrigado pelas energias positivas e aguardo os comentários de vcs.
Aguardo e-mail de vcs: