Experiências - Capítulo 2

Um conto erótico de Arthur Pinheiro
Categoria: Homossexual
Contém 1065 palavras
Data: 17/11/2010 15:07:53
Assuntos: Gay, Homossexual, Novela

Capítulo 2: O Hospital

A noite de Túlio -

O motoqueiro se virou. Sim. Era ele. O mesmo cara do supermercado ali, na minha frente e naquela situação. Fiquei perplexo de início, mas, como que por impulso, passei meu braço por baixo do seu e o ajudei a chegar a calçada para esperar socorro. Liguei apressadamente para a ambulância. Ficava cada vez mais preocupado, ele sentia dores no peito e nas pernas. Talvez tivesse fraturado as costelas.

- Fica tranquilo cara, eu vou te ajudar. - tentava confortá-lo.

Ele me olhava de maneira particular, uma mistura de dor e gratidão. Dentro de mim, permanecia o sentimento de zelo. Precisava cuidar dele, não entendia o porquê, mas tinha de cuidar. Procurei limpar os ferimentos, mas com cuidado para não feri-lo mais ainda. A ambulância logo chegou.

- Qual o seu nome? Quer que eu ligue para alguém da família? - perguntei.

- ...Pedro. - falou baixo o motoqueiro - Por favor... não se preocupe... depois ligo.

- Vou deixar sua moto no estacionamento da faculdade. Vou ao hospital com você.

- Não precisa cara... - Pedro fazia muita cara de dor - Juro, vou me virar...

- Fica quieto. Vou com você, ponto final.

A noite de Pedro -

Ele me olhou de maneira tão firme que não pude recusar sua companhia novamente. Ele se tornava cada vez mais necessário. Os enfermeiros me posicionaram na maca, depois disso vi apenas luzes e ouvi algumas vozes. A dor era intensa, não distiguia mais nada.

Passaram-se alguns dias, nos quais fiquei internado em observação. Havia fraturado algumas costelas e deslocado o ombro. Sim. A dor foi insuportável. Todos os dias, antes de ir para a faculdade Túlio me visitava. Descobri por fim, nessa várias visitas que ele também estudava na mesma universidade que eu, mas em um curso diferente. Descobri também que namorava, mas que passava por sérios problemas na relação. Descobri várias coisas sobre ele, nas conversas amigas que me confortavam naquela situação. Ele era um cara realmente legal. Eram apenas poucos dias, mas me tratava de maneira fraternal. Talvez ele tenha se identificado comigo de alguma forma. Isso não importa. O que mais me importava agora era que ele estava me ajudando e isso me completava.

Túlio logo se tornou amigo de minha mãe. Ambos muito preocupados com minha saúde. Ela muitas vezes não entendia o motivo de tanta preocupação por parte dele. Pensava que eramos velhos amigos e foi isso que ele disse a ela. Ri quando soube. A impressão era essa, de que nos conhecíamos a muito tempo.

O tédio me dominava daquele quarto estranhamente branco. Mas já era hora de Túlio entrar pela porta. Esperava por esse momento do dia sempre.

- Oi! - finalmente. Túlio tinha chegado.

- Está tudo bem com você, alguma enfermeira safada já te bulinou? - brincou ele. Outra característica agradável dele, a forma que tudo podia ser motivo de riso.

- Não.- ri - O que trouxe pra mim?

- Morangos. Sua mãe disse que gostava, já que não pode sair dai, resolvi comprar.

- Muito obrigado.

- Mais alguém veio te visitar?

- Não... - não tinha muitos amigos na faculdade, mesmo asism prefiri que o acidente não fosse motivo de preocupação.

- Hmmm. Bom. Sobre o que quer discutir hoje? Política? Drogas? Filmes?

- Como anda seu namoro? Conseguiram se ajeitar? - Minha pergunta lhe causou surpresa, no fundo queria que esse namoro tivesse logo acabado. Ele riu nervoso.

- É Pedrão. Nós terminamos. Conversamos civilizadamente e entramos nesse acordo. Essa história só causava dor e angústia pra gente.

- Ela esta bem?

- Parece estar...

- Que bom. - não controlei o sorriso. Talvez ele tivesse percebido.

- Mas então Pedro. Você nunca me disse sobre seus relacionamentos. Diga ai! Algum rolo?

Droga. Ele não deveria ter perguntado isso. Era a hora já, precisava ver sua reação.

- Eu... Bom... Já faz um tempo. Não me dou bem com relacionamentos. Prefiro manter distância.

- Que isso cara! - sempre rindo - Mas ela era bonita?

- Era sim... - Na verdade, omiti o fato de não ser ela mais ele. Meu ultimo namoro tinha sido com um cara.

- E você era feliz com ela?

- No começo. - ri.

- Namoros são encrenca!

- Depende da pessoa.

Rimos com a conversa. Quando estava pra se despedir, segurei firme sua mão e olhei fundo em seus olhos.

- Muito obrigado cara, por tudo o que você fez por mim. Quero que você saiba que já é um dos meus melhores amigos.

Túlio gostou do que ouviu e fez seu sorriso de lado que me matava. Ele então se inclinou sobre mim e deu-me um abraço, com o máximo de cuidado para não me machucar. Senti seu cheiro, seu perfume era maravilhoso e me fez viajar por alguns segundos.

- Tchau. - Com um aceno, fechou a porta e desapareceu.

A tarde de Túlio -

Sai do quarto com certo conforto. Ver Pedro feliz me fazia feliz. Aqueles dias no hospital faziam eu querer cada vez mais Pedro por perto. Ele já era muito querido para mim. O abraço que lhe dei me abalou. Queria logo pegá-lo nos braços, beijá-lo. Mas esses eram desejos desconhecidos para mim. Pedro era homem, não é certo alimentar tais desejos quando eles nunca podem se realizar. Isso me frustrava. Nunca tive uma experiência homossexual. Tentava colocar em minha cabeça que nunca iria acontecer. Mas a vontade era enorme.

Pedro era um tipo de cara realmente sedutor. Não por atos ou palavras, mas pelo seu jeito simples e educado, seu corpo definido, seu rosto amigável. Chega! Não posso ficar dando corda para esses pensamentos. Pedro era meu amigo, apenas issoOs dias se passaram e Pedro saiu do hospital, finalmente retomando sua vida habitual. Nos encontramos na universidade.

- Túlio!

Pedro veio em minha direção com um lindo sorriso no rosto e me abraçou, o que não esperava. Ele era da minha altura, deixou que sua cabeça repousa-se em meu ombro e me apertou forte. Fiquei sem chão. Mas logo ele me soltou e voltei a si.

- Finalmente livre! - comemorava.

Sorri pra ele, mas com certa tristeza. Era terrível ter de controlar meus desejos.

- Bom, preciso ir cara. Perdi muitas aulas, não quero perder mais essas. Até mais. - Pedro correu para seu prédio.

A visão era estranha. Não queria que ele fosse embora. Respirei fundo, decidi por fim terminar com a angústia. Precisava contar o que sentia. Precisava saber o que ele sentia. Seria hoje a noite mesmo, antes de irmos embora.

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Comentários

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Amei o conto... espero continuação, viu?

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Mais uma leitura maravilhosa.

Sabe que é ótimo...

Aguardando..

Abçs

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