A última parte do conto "Obsessão", espero que gostem do final. A minha escrita não é nada de especial, mas comentários, bons ou maus, são sempre bem-vindosOBSESSÃO
(PARTE 2 DE 2)
Capítulo III
SÍNDROME
Quando despertou, não ficou surpreendido por reparar que estava numa garagem abandonada. Apesar de ter desmaiado, a sua mente não se tinha esquecido que tinha sido raptado e violado.
O seu corpo continuava fraco e mole. Os seus lábios e toda a sua boca estavam secos como cortiça.
Estava ainda com as mãos atadas mas já não estava pendurado no tecto. Em vez disso, jazia no chão, completamente nu, em cima de um cobertor.
Músicas suas continuavam a tocar no leitor de CD’s. Ele reconheceu “Stockholm Syndrome”.
Algo tinha mudado naquele local. Só alguns segundos depois é que a sua mente processou as imagens que os seus olhos captavam: as paredes estavam cobertas de fotos e posters onde John e apenas John apareciam.
Foi então que uma vaga de pânico percorreu o seu corpo: aquele raptor obcecado queria mantê-lo, ali, preso, como escravo sexual… para sempre.
Era esse o motivo do rapto. Uma eternidade de sexo e violência. “Isto nunca vai acabar”, pensou John.
Por qualquer motivo irracional e desconhecido, John não conseguia odiar o seu raptor.
Cansado demais para perceber se era de dia ou de noite, viu o vulto negro do seu raptor, completamente tapado, entrar na garagem.
O raptor ajoelhou-se ao pé de John, acariciando-lhe o cabelo e o rosto. Beijou-lhe a testa.
– Tenho sede… – A voz de John estava fraca e estranha que já não lhe soava da mesma maneira.
John demorou a perceber o que se passou depois do seu pedido. Quando reparou, o raptor tinha o pénis fora das suas calças negras.
Tentado evitar o que sabia que ia acontecer, John murmurou qualquer coisa sem sentido, mas os seus grunhidos foram abafados quando aquele pénis encheu a sua boca.
John foi forçado a aguentar aquele movimento de vaivém, ao mesmo tempo que as mãos do raptor agarraram-no pelos cabelos, guiando a sua cabeça sem lhe deixar alternativa.
Não teve, pois, outra opção, senão chupar cada milímetro daquele membro erecto e rígido que lhe ocupava a boca, tornando difícil a sua respiração.
A sua língua cobriu toda a superfície daquele pénis, desde a base até à sua glande rosada, enquanto o seu raptor libertava gemidos de prazer.
Não que fosse muito importante, mas reparou que a música tinha mudado para “Time is Running Out”, onde a sua voz antiga cantava brilhantemente.
Teve a sensação que aquele pénis era enorme: às vezes quase que lhe entrava pela garganta.
Enquanto continuava a engolir o membro do seu raptor, a sua língua enrolando-se na sua glande, John quase se esqueceu que estava a ser violado.
Foi então que percebeu qual tinha sido o seu erro, que causara aquele forçado sexo oral: “Tenho sede”.
Contudo, quando compreendeu, já era tarde demais. O líquido branco, quente e espesso, invadia a sua boca.
John nunca tinha tido um pénis na sua boca, muito menos esperma. Durante vários segundos, aquele líquido permaneceu na sua boca; John temia a sensação de engoli-lo.
O seu raptor subiu ligeiramente a meia que lhe cobria a cara, deixando os seus lábios à vista. John tinha a visão demasiado turva para tentar reconhecê-lo.
Ajoelhando-se de novo, o seu raptor beijou-o. As línguas dos dois uniram-se numa dança sensual, em que a saliva do raptor se misturava com o esperma na boca de John.
Misturando os fluidos, os dois homens beijaram-se durante algum tempo.
De facto, quando as suas bocas se separaram, John já não tinha a sua tão seca. O raptor tinha concretizado o seu desejo.
Contudo, depois daquele aperitivo, John sabia o que vinha: mais uma sessão de sexo forçado.
O raptor tirou a sua gravata e, com ela, vendou os olhos de John, tal como fizera da última vez. Os seus olhos mergulharam novamente na escuridão.
Mais uma vez, ouviu o som da roupa a roçar no corpo do seu raptor enquanto ele se despia.
A voz de John estava ainda pior que da última vez e ele quase não se ouviu a si próprio.
– Não, por favor… não…
Conseguiu perceber que o seu raptor já se estava a aproximar de si, agarrando-lhe os braços. Ia voltar a prendê-lo ao tecto.
John sentiu qualquer coisa suave roçar-lhe na pele. O raptor não estava prestes a violá-lo: estava a cobri-lo com o seu casaco.
O sentimento de culpa abateu-se sobre si quando percebeu que tinha interpretado mal as intenções do seu raptor.
John conseguiu sentir a sua testa ser beijada suavemente, poucos segundos antes de um objecto o atingir na base da cabeça.
Nesse momento, a escuridão tornou-se mais negra, música desapareceu dos seus ouvidos e John deixou de se sentir o que quer que fosse.
Capíutlo IV
REVELAÇÃO
Os seus olhos abriram-se apenas um milímetro, retraindo-se de seguida, resistindo à forte luminosidade.
Sentiu-se estranhamente confortável e quente. Quando encontrou coragem para a abrir os olhos, descobriu que já não estava na garagem.
Em vez disso estava num sofá, numa sala de estar agradável com um o sol a entrar pela janela. Além do casaco do seu raptor, um cobertor aquecia o seu corpo.
John reconheceu o local. Era o apartamento de Kevin, o seu agente.
Levantou-se ligeiramente de modo a ficar sentado no sofá, olhando à sua volta. Ouviu barulho vindo da cozinha.
Kevin apareceu na sala e olhou para John com um sorriso.
– Já acordado, Bela Adormecida?
John olhou para ele com um olhar confuso.
– O que se passou? – A sua voz continuava estranhamente fraca e rouca.
Kevin sentou-se ao lado dele para lhe explicar.
– Isso eu esperava que tu me contasses a mim… Na verdade, tudo o que eu sei é que ontem me tocaste à campainha, e quando fui abrir a porta encontrei-te caído no chão e com essas… roupas.
– Eu não toquei à campainha.
Kevin olhou-o confuso.
– Então alguém o fez por ti. Quando te encontrei deitei-te no sofá e estás a dormir desde essa altura. E já passaram 14 horas desde então.
John assustou-se com o seu profundo sono. Eles ficaram a olhar-se por um momento, em silêncio, até que Kevin o quebrou:
– Estiveste desaparecido cerca de 24 horas… hoje à noite ia participar o teu desaparecimento à polícia. Bem, a polícia não pôde fazer nada, mas a imprensa não se cansa de especular... Então vais-me contar o que se passou?
Por momentos, John agradeceu em silêncio ao seu raptor por o ter entregue a Kevin. Só com ele John poderia desabafar. Só com ele John poderia confessar a sua recém-descoberta homossexualidade e a vontade que tinha de reencontrar o seu raptor.
Quando falou, dirigiu ao seu agente um olhar de súplica.
– Por favor, Kevin, não avises a polícia… Eu conto-te tudo, mas promete que não o fazes.
– Tudo bem, eu prometo. Conta.
John levou um momento a organizar as ideias.
– Eu fui raptado logo depois do último concerto. Fui mantido em cativeiro numa garagem qualquer… Fui forçado a fazer… – a voz dele começava a falhar – Fui forçado a ter relações sexuais… com o homem que me raptou.
O silêncio instalou-se de novo depois desta revelação. John observou o rosto de Kevin, que não revelava qualquer expressão.
– Mas, Kevin, eu não quero que lhe aconteça nada. Não podemos chamar a polícia. Eu não quero que ele seja preso. Quero encontrá-lo, mas apenas para… vê-lo de novo. Para saber quem ele é.
Kevin olhou-o com uma expressão estranha.
– Tu queres voltar a ver o homem que fez essas coisas todas?
– Sim. É o que eu mais quero agora – confirmou John.
O seu agente levantou-se do sofá.
– Bem, vou fazer de tudo o que puder para te ajudar… Havemos de arranjar maneira de encontrá-lo.
Uma ideia ocorreu a John.
– O teu prédio…
– Não – interrompeu Kevin. – As câmaras de vigilância são falsas. Só servem para fazer acreditar que funcionam.
John baixou a cabeça, desiludido. Sentiu a dor latejante invadir-lhe o cérebro.
– Dói-me a cabeça.
– No meu quarto, primeira gaveta da mesa ao lado da cama.
* * *
John entrou no quarto, a muito custo, com as suas pernas a fraquejarem. Assim que chegou perto da cama, deixou as suas pernas caírem sobre ela.
Quando se sentou, ouviu um barulho estranho vindo do bolso do casaco do seu raptor. Pôs lá a mão e tirou um papel dobrado. Tinha uma mensagem, que, pelo conteúdo era obviamente do seu raptor.
“A minha obsessão por ti levou-me longe demais. Arrepender-me-ei do mal que te fiz até ao fim dos meus dias. Espero que me perdoes antes desse fim.”
Ironicamente, John reconheceu a si mesmo que era ele agora quem estava obcecado. Ser famoso tinha o incómodo de se ser constantemente paparicado. Com aquele homem, pela primeira vez soube o que era sofrer e descobriu o prazer de se possuído.
Eram sentimentos que queria recuperar e, para isso, teria de encontrar o seu raptor.
A sua cabeça voltou a latejar e John lembrou-se que estava ali para tomar uma aspirina e não para ler.
Esticou a mão para chegar à gaveta. Quando a abriu, não encontrou a caixa dos medicamentos, nem depois de remexer todo o seu conteúdo.
– Tens a certeza que…
John tentou gritar para Kevin, do outro lado do apartamento, poder ouvir, mas a frase morreu a meio. Contudo, desta vez, a frase não tinha sido interrompida por nenhum problema de voz mas sim por um afluxo de compreensão.
Vindo da sala, o som de uma música sua, “Starlight”, chegou até si.
Ele voltou a abrir a gaveta e espreitar o seu conteúdo e retirou aquele objecto que lhe chamou a atenção. E foi então que se fez luz.
Ao segurar a gravata negra, ao sentir a sua textura, John percebeu que não era suposto encontrar aspirinas ali. Em vez disso, Kevin queria que ele reencontrasse aquela gravata.
Ouviu a porta a abrir-se. Kevin entrou, despido da cintura para cima.
Ele e John olharam-se por um breve momento. Por fim, John deixou cair a gravata e agarrou o seu agente.
Os dois corpos ficaram colados, enquanto os braços de ambos garantiam que não havia separação. Os dois homens uniram as suas bocas, libertando por fim as suas línguas, desejosas de um reencontro.
A intensidade daquele beijo seria suficiente para uma vida inteira.
“Isto nunca vai acabar”, pensou John.
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