Ela surgiu assim: um papo sem maiores conseqüências pela net. Foi o que seria, ambos pensávamos de início. Mas algo ficou, os emails começaram a ser trocados. Uma empatia foi sendo construída. Um jogo de sedução se iniciara.
Ela em Belo Horizonte, eu São Paulo. Tudo se resumia sempre a nossos contatos pela internet ou pelo celular. Estes mais raros, pois dificilmente ela tinha privacidade para isso. Quando tinha, era eu que não podia...
Mas às vezes, uma mensagem de texto aparecia no visor do meu aparelho: P.A.T.P.A?
Um código criado com toda ousadia dela: “Pode Atender Tua Putinha Agora?”. Quase sempre eu atendia. Mesmo que naquele momento estivesse no meio de uma reunião, ao menos fugia um instante para dizer-lhe um carinho. Se encontrasse algum canto com um mínimo de privacidade, um carinho apimentado...
Quando estava livre, conversávamos longamente. Falávamos de tudo. E, claro, dedicávamos a maior parte do tempo a celebrar nosso desejo. Falávamos da maneira mais franca e ousada. Fazíamos provocações mútuas. Terminávamos sempre muito excitados. Mas frustrados pela distância que não nos permitia um encontro real.
Mas finalmente o encontro foi marcado. Foi complicado sincronizar nossas agendas, justificar, garantir sigilo e segurança. A solução encontrar uma cidade mais ou menos a meio caminho.
Assim, com o tempero adicional de ficarmos longe de nossos cotidianos, combinamos um encontro na deliciosa calma montanhesa de Monte Verde.
Confesso que passei os últimos dias algo que disperso. Volta e meia, parava minhas atividades para pensar em tudo: como seria aquele primeiro momento real, os preparativos, o que pensar, o que dizer.
Inútil...
A partir de agora, não viveríamos mais palavras trocadas num texto pensado, relido e revisado. As emoções seriam reais, e o diretor de cena seria o destino. Junto com tudo que fora planejado esse tempo todo, vem a surpresa, o imponderável, a imprevisível sedução.
Doce paradoxo: um homem e uma mulher que já se disseram tudo, mas nunca se viram, jamais se tocaram. Tivemos nesse período, toda uma cumplicidade, trocamos segredos, confidências, até fantasias. Nossas mentes conhecem-se a fundo. Mas nossos corpos até agora eram estranhos. Dois estranhos muito íntimos...
Assim éramos nós. Exceto a voz ao celular, a maneira de escrever nos emails, umas poucas fotos trocadas, nada mais sabíamos de como seríamos quando nos víssemos de verdade. Poderia ser a confirmação de tudo o que fora imaginado. Mas também poderia ser uma decepção.
Mas há situações em que o destino se impõe: pegar ou largar. Não fugimos à luta...
Opto por ir de ônibus à Monte Verde. E isto agrega a oportunidade de relaxar um pouco mais no caminho, curtindo, num estado que me mescla sonho e realidade a perspectiva desse porvir tão doce. O ônibus parece voar, sem rodas...
Chego algumas horas antes ao hotel que marcamos. Tempo para alguns preparativos, pedir o balde de gelo à concierge, deixar de prontidão a garrafa de Lambrusco de Sorbara. Até haveria tempo para um passeio pela cidade. Mas opto por um banho e relaxar. Nenhuma energia deve ser desperdiçada.
Combinamos o encontro inicial no bar do hotel. Às oito desço e tomo uma mesa. Sua chegada é iminente. Peço um uísque e fico ali, me dando conta da ambígua sensação que me toma, homem maduro abrigando dentro de si um adolescente que mal se contém...
Pouco mais de oito e vinte, passos no corredor. Femininos... Um suave tamborilar de saltos altos, se destaca em meio ao pisar pesado dos garçons. O acesso ao bar é feito por um corredor criado por canteiros de folhagens. Nos espaços entre elas, vejo a silhueta de uma mulher passar, o brilho dos cabelos.
Sei que é ela!
O adolescente em mim entra em taquicardia.
Ela aponta na entrada do bar. Levanto-me e a recebo. O toque das mãos, um beijo suave, os lábios tocam-se, ainda timidamente.
Nos reconhecemos - as fotos trocadas eram honestamente recentes – sem dificuldades. Mas agora somos outros. Somos reais!
Nos damos conta desse paradoxo que os encontros criados pela net trazem.
Um estranhamento nos toma, portanto, quase que inevitável nos primeiros momentos. A conversa flui formal, comentários sobre a viagem, a cidade.
Mas tudo, como se o falar estivesse guiado por algum sistema automático. Quem realmente conversa, troca sensações, são nossos olhos.
Aos poucos relaxamos... Começamos a tornar real a cumplicidade que tivemos pela net. Parece que já antevemos os momentos que nos esperam. Não mencionamos nada por enquanto, em nossa conversa. Mas está à flor da pele...
Noto que ela, prudentemente, vestiu-se elegante, mas de forma discreta. Mas quando tira o casaco de couro, percebe como noto - como não o faria? - seus seios, evidenciados na blusa de malha que usa, ajustada ao corpo.
Pego suas mãos, sinto sua pele arrepiar-se. Nenhuma palavra é dita. Simplesmente abandonamos a mesa do bar do hotel...
Quando a porta do elevador se fecha, deixa definitivamente para traz nossos cotidianos. E celebramos esse momento com um beijo. Sem pressa, longo, fazendo os corpos se tocarem. Abandonados os pudores, as mãos caminham livres.
Enquanto abrimos a porta do apartamento, há tempo para abraçá-la por trás, beijar sua nuca, sussurrar ao seu ouvido:
- Te quero toda!...
Tudo se inicia com uma sessão de vinho e carinhos.
O cavalheiro e a dama discretos que se encontraram lá embaixo vão se transformando. Cada vez mais ousados, pouco a pouco assumem a forma das conversas e dos emails. Sem quaisquer censuras...
Então ela prepara sua cena: me faz ficar sentado na cama vai até o controle de som, providencia-nos música.
Dançando ao embalo dos acordes, joga longe os sapatos, tira sua blusa, surpreende-me com um delicioso soutien meia taça, que valoriza ainda mais seus seios.
Água na boca...
Abre com uma lenta e quase perversa lentidão o zíper da calça jeans. Feito isso, com um movimento dos quadris, a faz cair por terra.
A temperatura do quarto à esta altura já - certamente...- deve fazer derreter todo o gelo do balde do vinho.
Maravilhado - e esse talvez não seja o adjetivo mais exato ...- a vejo numa provocante calcinha vermelha. A cor do tesão... Minúscula, semitransparente, sustentada por convidativos lacinhos...
Movendo seu corpo todo na mais feminina forma, ela se vira e começa a tirar o soutien... Quando se volta, difícil me conter. Mas me pede que o faça.
Vem para mim. Sobe na cama, apoiando os pés de cada lado de minhas pernas.
É a minha deixa para entrar em cena: abraço-me à suas coxas e com os dentes desamarro os laços que sustêm sua calcinha.
Ela está nua. Íntimamente beijada...
Joga-se sobre mim, quase rasgando abre minha camisa, beija meu peito, arranca minha calça. Descobre-me rígido à sua espera.
Deitado, vario entre me deliciar com a visão do meu membro avidamente sugado por aqueles lábios carnudos.
Famintos.
Melhor talvez fechar os olhos. Usar toda a minha energia para senti-la se fartando de mim. Deixo que ela me leve até o êxtase final, quando a alimento da minha essência masculina.
Ela me sorve com gula. Esfrega no rosto, até que todo líquido se acabe em sua pele. Então coloca meu membro entre teus seios, sinaliza onde me quer...
Então a tomo, faço deitar-se. Quero retribuir cada carinho, cada ousadia. Começo por estes seios que sempre me encantaram. Beijo, faço minha língua em cunha rodear os mamilos, mordo provocativamente os biquinhos... Sugo com a fome de um estivador...
Beijo e celebro com a língua seu corpo todo, descendo lentamente até seu sexo, que me aguarda como uma fornalha.
Sabor de pimenta, meu preferido...
Chupo com todo meu engenho e arte, faço um longo caminho entre seu reguinho até seu clitóris indo e vindo sem cessar, dedos e língua sequiosos, penetrantes.
Seus gemidos enchem o quarto. Aproximo-me de teus lábios para celebrar nossa cumplicidade definitiva: seu sabor em minha boca encontra o meu na dela.
Ela me convida a entrar...
Deito e lhe ofereço toda a minha ereção. Ela senta-se em mim recebe-me todo.
Iniciamos nossa dança...
Novamente, divido-me entre mirar, admirar sua beleza absoluta de mulher se entregando por inteira. E então fechar os olhos e sentir todo o calor de sua fornalha, que recebe fundo, avidamente, minha penetração.
Cada vez mais profundamente arremeto dentro dela. Seu tesão escorre entre suas coxas e me molha, até que ela lança seu grito de gozo.
Todo esse tempo de espera me fez acumular energia. Ainda tenho mais para ela. Ponho-a de quatro e num sussurro quente peço sua outra entrada.
Seu corpo treme. Ela apoia seu corpo na cama, desenhando uma deliciosa sinuosidade, separa as coxas e me grita:
- VEM!
Molhada dela, a cabeça roxa de desejo brinca na porta. Roça, força bem de leve. Pouco a pouco ela se abre. Pouco a pouco entro. Tomo posse, faço-a toda minha, da forma ousada que só amantes especiais concedem.
Dividimos cada vez com mais intensidade o tesão desses nossos momentos. Penetro cada mais fundo, até que aquela eletricidade extraordinária, que só quando momentos de muita excitação mútua estão acontecendo nos percorre.
Gozamos, de uma forma intensa. Lancinantemente...
Comemoramos com vinho, com direito a bebê-lo em nossos corpos. Logo estamos prontos para novas sessões. Até que, definitivamente cansados, relaxamos, abraçados.
Ela adormece, cansada. Fico um tempo admirando a beleza da sua nudez. Cubro-a com o cobertor, então, e velo seu sono.
Amanhã, seremos já totalmente cúmplices. Nossos corpos já se conhecem, já podem ousar mais.
Para que todas as ações, todos desejos, todas fantasias, todas as palavras, sejam santas.
Não somos mais virtuais. Agora somos – e muito ...- reais.
Boa noite!
LOBO
Direitos autorais reservados. Proibidas sua reprodução, total ou parcial, bem como sua cessão a terceiros, exceto com autorização formal do autor, de acordo com a Lei 5988 de 1973