O Primeiro
Os dedos tremiam na cadeira como em excitações de beijinhos rápidos no pescoço. Beijos sem língua, mas de lábios molhados que grudam e desgrudam com fervor. Ah, aquela coceira triste que dá no meio das pernas e nos faz tremer até os cabelos. Na região mais quente do corpo de uma mulher é onde se sente aquela ânsia pelo não tido, pelo não tocado (não comprimido...). Então cruzamos as pernas e acariciamos com o encontro de coxas fartas aquilo que por alguns minutos pode nos dar a recompensa pelos esforços de acordarmos cedo para o trabalho, para o barulho estridente e nauseante de sirenes em nuvens densas de poluição.
Odeio e amo as grandes cidades; assim como, os homens. Pobres homens. Esses já deveriam nascer com vinte anos para acompanhar o cérebro das mulheres. Sim, o cérebro feminino. O com menor tamanho, menos neurônios e muito mais juízo. Mas quem disse que juízo deveria ser uma qualidade estava completamente chapado. Cada vez mais concordo que os ignorantes é que são felizes. Quem vive do hoje e do agora é que é inteligente, mesmo que mais tarde se foda. O que lhe importa é o hoje, não é mesmo? Mas não estamos falando agora sobre o hoje. Falamos agora do passado. Um tempo mais que gostoso de ser lembrado. Um tempo em que cidade grande só era conhecida pelos relatos dos mais cultos e viajados da cidade, sem nada dessa poluição sonora, visual e moral que se vêem nas metrópoles.
Esperei até que o filho-da-puta chegou. Apostava que já estaria com o pau mais duro do que nunca só de me ver com a boca um pouquinho aberta, louco para colocar aquela coisa grossa que ele sustentava em seu ventre dentro daquela virgem e pura região. Coloquei a ponta de um dos dedos levemente sobre os lábios inferiores, dando alusão aos seus pensamentos anteriores, e o olhei com retinas lânguidas, de pálpebras frágeis. Joguei-me para trás da cadeira deslizando levemente as macias nádegas na larga poltrona de madeira antiga. Boa, mas antiga. Sempre gostei dos antigos móveis. Aqueles com histórias encravadas dentro das células, com a marca de um arranhão provocado por uma forte unha vermelha, que lascara ao afirmar-se com força no prazer da dor de uma promíscua noite de mulheres bem comportadas. Adoro as bem comportadas. Sempre tão limpinhas e no fundo putas de goelas afinadas para os melhores tipos de gritos. Mas ainda não cheguei à parte de minhas putinhas.
Continuemos com o filho-da-puta do padre. Filho da puta mesmo, pois o pobre foi deixado pela bisca logo que nasceu. Sem saber quem era o pai, criou-se com os tios, irmãos de sua mãe. Bons tios que lhe deram boas escolas e roupas, carinhos e farturas de comidas. Fora muito gordo durante um tempo. Depois de entrar para o seminário emagreceu uns bons quilos. Pelo menos era o que minha avó me dizia. Costumava apostar comigo mesma quantos centímetros de estrias guardava ao redor da cintura. No fundo não me importava. Minha escolha já havia sido feita: era ele quem iria me comer pela primeira vez. Chega de dedinho fino na chereca. Chega de se roçar em almofadas. Chega de goiabeiras devassas! Já estava grande demais para aquilo. Doze anos já era uma vida. E era com ele que queria começar um novo estágio dela. Com ele, pois a primeira deveria ter o sabor dos céus, o tocar de anjos, com os santos dizendo amém; e eu:
- Quer ouvir meus pecados, padre? falei com a cara despudorada em um sorriso de menina nada inocente, mas ainda assim menina.
Juntou as mãos desconcertadas frente a seu peito másculo e intocável e dirigiu-se a mim desviando os olhos para o chão:
- Não acredito que uma garotinha de sua idade tenha tantos pecados para se confessar. A senhorita já se confessou quatro vezes essa semana. relutou por alguns instantes. Não seria por muito tempo, como de costume.
- Desculpe-me. Não pude vir na quarta-feira. Senti uma terrível dor no peito. - comecei a apalpar o seio esquerdo com a mão canhota, segurando-o com todos os ossos do carpo. Seios novos, que já se faziam gostosos de serem acariciados. A blusa fina e branca pôde marcar o delicado mamilo já duro e saliente por entre os dedos. Ah, que dor horrível. gemi em um rápido grito de malícia escondida. Achei que fosse morrer por ser tão profunda e intensa. Forte, padre. Muito forte. Acho que posso estar com o demônio por vezes!
Virei o rosto rapidamente em sua direção, levantando o tronco das costas da cadeira. Meu semblante era de inconsolável aflição.
- Por favor, padre. Deixe eu lhe contar o que meus pensamentos murmuram nesse martírio eterno.
Ele sabia o que eu iria lhe contar. Adorava ouvir. Ficava apertando o grande e delicioso membro enquanto eu lhe contava o que havia pensado nas últimas horas. Metade eu realmente havia pensado e a outra eu inventava no momento, dependendo do ritmo de sua respiração.
Começava sempre com uns suspiros cheios de emoção, quase como gemidos apertados em travesseiros. Não poderia deixar as beatas ouvirem o que eu fazia. Contariam tudo a minha avó que logo me bateria até quando suas forças agüentassem e então chamaria o tarado do Bernardo para me bater ainda mais, e me comer depois escondido, só de raiva por não ter sido escolhido para ser meu primeiro. Pobre Bernardo. Bonito e de bom rabo, mas ignorante como um camelo. Não poderia deixar um capataz sujo ser o primeiro a penetrar em meu virgem corpo. Inadmissível!
Mas voltando ao meu amado confessionário ah, boas lembranças... Comecei então com aqueles gemidinhos suspirados como se quisesse dizer algo muito pesado e não soubesse bem por onde começar. Na maioria das vezes não sabia mesmo por onde começar, então colocava a mão dentro de minha saia e começavam a vir minhas inspirações. A parte que eu ficava do confessionário também era fechada por grossas cortinas verde-musgo, assim ficava muito a vontade de fazer quase tudo o que queria. Era separada de minha amada vítima, na altura dos ombros à cabeça, por um fino tramado de vime.
- Perdoai-me, padre, porque pequei.
- O que fizeste, minha cara filha? Andou pensando coisas que não devia? Conte-me o que te aflige. apertou a cabeça saliente de um pau enrijecido.
- Andei pensando coisas enquanto me banhava no açude, padre. Tive que tirar minha roupa toda, pois era nova e não queria a sujar na água embarrada. Mas juro que meus pensamentos eram os mais puros naquele momento. Fui desabotoando o vestido devagarinho, cuidando se não havia alguém a espreita. Parecia ter alguém, mas como não tinha visto pensei ser só impressão e continuei a me despir. Deixei cair, aos poucos, as mangas do vestido e logo me vi com os seios de fora. Eles estão cada vez maiores e bonitos, e naquele momento em especial estavam arrepiados e grandes; penso eu que por causa da leve ventania. Quando o vestido caiu roçando neles, senti um arrepio gostoso que me fez querer acariciá-los. Toquei-os só de calcinha, eles estavam uma delícia. Aposto que qualquer homem iria querer lamber meus peitinhos naquela hora. E então me veio uma vontade de ser chupada com vontade. De ter alguém pra me agarrar com força, colocando suas mãos brutas nas minha costas e me enchendo de prazer. E sabe o que aconteceu? Tive vontade de colocar a mão na minha chechequinha. E coloquei. Fiquei com tanto medo quando vi que estava com ela.... meio oleosa, sabe? Molhadinha. Me deu medo, porém estava tão boa e sensível que continuei com a mão por lá. Uma ficou a acariciar-me os seios e a outra a movimentar-se no meio de minhas pernas. Como se eu tivesse uma coceira, sabe? Na verdade, não coça. Só que dá uma vontade louca de ficar coçando. É meio esquisito. E eu comecei a gemer. Deitei no chão, ao lado de uma grande goiabeira, e comecei a gemer enquanto me massageava toda. Gemia como se um demônio tivesse se apoderado de minhas mãos, e de minha boca, e de meus seios, e de minhas coxas, e do que há por perto delas. Ai, fiquei com tanto medo. Não sabia o que fazer. Só sei que continuava fazendo. E gostando, padre. Gostando daquela sensação que me fazia pensar em um homem. Não, não posso dizer quem é ele. Conhece sim, padre. Conhece muito bem quem ele é e não quero que o pobre homem se sinta culpado por meus pensamentos. Mas não consigo me controlar. Só conseguia pensar que queria tê-lo em meu corpo todo, com sua língua em todos os lugares em que meus dedos penetravam. E foi aí que encontrei um lugar lá em baixo, que nunca tinha encontrado. Fui colocando meu dedo mais profundamente e ele foi entrando. Doía um pouco e teimava em entrar, mas ia penetrando com forte ambição. Quando vi, havia colocado um dedo inteiro dentro de meu corpo e sentia-o latejando de prazer e quentinho. Bem quentinho e úmido dentro daquele lugar. Ai, padre... Sei que é estranho, mas queria que aquele homem de meus pensamentos pudesse colocar o dedo dentro de mim. É terrível, eu sei. Devo ter algum problema em meu corpo, no entanto, era tão bom... tão bom e gostoso que não posso acreditar que sou a única no planeta que tenha feito aquilo. Mesmo assim sei que é pecado. Do contrário, porque deveria me esconder?
- Continue, minha filha. Continue. Livre-se disso dentro de você. O que mais a senhorita pensava. Não pare, por favor. seu membro já tomava vinte centímetros, ostentando uma generosa extremidade de cor avermelhada que era acariciada veementemente.
Sabia que estava gostando. Sua voz era espaçada por retomadas de fôlego. Podia ver pelas frentes de vime que seus olhos estavam cerrados e a boca tremia semi-aberta; e eu gostava do que via.
- Pensava que o dedo dele seria mais grosso e frio. E que entraria várias e várias vezes entre minhas pernas até eu gemer tão alto que minha garganta doeria muito mais que o buraco que era penetrado. Doeria lá dentro, mas eu iria gostar como gostava naquela hora. Iria sentir sua falta quando saísse e iria querer ainda mais quando estivesse lá dentro. E muito, muito mais enquanto ele ainda parecia estar ali dentro por tanta dor e saudade do que foi tido. E foi aí que começou a doer meu peito. Doer esse peito triste e solitário que só quer descobrir o que fazer para acabar com essa angústia. Me ajude, padre. Fale pra mim fazer qualquer coisa, qualquer coisinha mesmo que eu faço. É só o senhor me pedir. O que quer que eu faça, heim? O que quer que eu faça com essa vontade? Ai...
Cravei os dedos na separação de vime, depositando minha face em suas frestas, com apelos de gemidos gostosos de menina moça. Imaginava-o colocando tudo na minha bunda, até o talo, eu lhe suplicaria. Ele solta um gemido quase inaudível e goza ali mesmo, dentro do confessionário. Após alguns segundos me ordena:
- Saia daqui.
- O quê? faço-me de desentendida, mas já estava acostumada com o ritual.
- Saia daqui, sua vagabundinha sem-vergonha. dizia em ríspido e baixo tom. Tira esse teu corpo amaldiçoado daqui antes que eu... Saia agora, por favor. Por favor, vá embora.
Levantei puta-da-cara. Quase insatisfeita. Baita otário. Credo! Mais otária só eu: fazendo o excomungado ter o único momento de glória do seu dia para depois ouvir desaforos (não que eu não gostasse que ele me xingasse, porque eu adorava ouvir ele perdendo o juízo). Já estava enjoada daquilo tudo. Dois meses só vendo a punhetinha era demais pra mim. Assim, tomei minha decisão. Nada de gozar. Gostava de ouvi-lo gozar, mas melhor seria se fizesse isso na minha cara, ou nos meus peitos, no cuzinho, e não do outro lado da parede, sem um toque, uma enfiada, um beijinho sequer.
Estava decidido. Teria que ser fora dali. Teria que pegá-lo em um local de seu isolamento, de suas pescas! Sim, o maldito pescava. Pois bem, decidido: iria tramar uma emboscada para o padrezinho na lagoa. Mas só pescava na segunda. Pois bem, iria fazê-lo me esperar, sem notícia alguma, e então lhe faria uma surpresinha.
Contente, pois decidida, fiz um mecânico sinal da cruz e saí. O céu brilhava em um azul-claro homogêneo e reluzente. Ah, meu querido santinho... Me aguarde!.