Os violadores

Um conto erótico de Selva Alves
Categoria: Heterossexual
Contém 4600 palavras
Data: 08/08/2007 07:38:10
Assuntos: Heterossexual

Os violadores

Na tasca do Coxo, junto ao bairro cigano de Amoreiras, a noite estava animada, e o vinho corria a rodos para festejar uma boa entrega de haxixe que o Cartel da Galiza cedera ao cigano Anjo, a baixo custo e a crédito. Dentre os presentes estavam, Lello e Chasco, que tinham também uma rede de distribuição da erva e actuavam como dois sócios havia já mais de dois anos.

Embora a diferença de idades fosse pronunciada: Chasco ia nos 38 anos e Lello somente tinha 20. O certo era que o negócio ia de vento em popa e era vista com certa inveja, a prosperidade dos dois sócios. Havia também o bizarro da coisa: é que era o mais novo quem liderava o duo.

Lello e Chasco despediram –se de Anjo cerca da meia-noite, quando a bebida já começava a abalar o comportamento de alguns dos comparsas. Dirigiram-se os dois, para a zona das dunas e perscrutaram em redor. A um gesto de Lello, Chasco aproximou-se e visionou também o Renaut vermelho a cerca de 80 metros do local onde se encontravam, estava estacionado entre um bosque de carvalheiras e dois enormes penhascos de granito, os quais protegiam a visibilidade da viatura a quem seguisse pela estrada secundária que dava acesso à praia.

Passo a passo, com todas as cautelas e sempre camuflados com a densa vegetação, estacaram na orla do bosque e visionaram os ocupantes do veículo. Ambos, como se já não fosse a primeira vez, sacaram dos bolsos as suas sevilhanas e a um gesto de Lello, Chasco deitou-se no chão, rastejou pela frente do carro e aproximou-se da porta direita do Renaut. Os ocupantes: um homem novo e uma jovem rapariga, continuaram o seu enleio amoroso de beijos e abraços; era o amor na sua fase preliminar.

Quem se detivesse por momentos a observar aquele belo casal de namorados que se acariciavam à opaca luz de um quarto crescente, que se entrecortava entre a folhagem das baixas, mas frondosas árvores; sentiria dentro de si, a nostalgia dos beijos da adolescência.

De repente, o idílio foi quebrado. As belas palavras amorosas foram interrompidas por 2 lâminas brilhantes e agressivas junto aos pescoços do casal; acompanhadas da soes linguagem ameaçadora:

-- Tu, passa-me o relógio e a carteira, mostra-me o telemóvel! -- Do lado direito chegou também a voz ordinária do Chasco:

--Tu também, minha putinha! Dá-me a tua bolsa e tira esse cachucho do dedinho para ver se não é bijutaria! – Mal teve Chasco tempo para ver o conteúdo da malinha, e já Lello encaminhava, à ponta da navalha, o jovem ainda imberbe, na sua direcção e lhe ordenava:

-- Leva-o ali para detrás dos calhaus e mantém-no quieto, enquanto eu provo a corrilla! – Entrou na viatura e travou a porta da direita. A jovem, que não deveria ter mais de 18 anos, olhou-o aterrorizada; submissa à ameaça, pediu:

-- Por favor, não me viole, ainda sou virgem!... – Um sorriso canalha se desenhou na boca de Lelo, de tantas que já tinha fodido naquele local, todas elas não passavam de putinhas já bem experimentadas, mas agora esta prenda caída do céu a saberia usufruir com a classe de um apaixonado!... Aproximou-se da jovem que continuava encolhida de medo no seu lugar e lhe ordenou:

-- Sai, quero ver se vales uma foda! – A menina voltou a implorar:

-- Pela sua rica mãezinha, não abuse de mim, não me desgrace! – Ainda a última palavra da súplica estava no ar e já Lelo, sem contemplações lhe tinha rasgado a blusa e desnudado os lindos peitos: eram duros e de róseos mamilos. O cigano não se conteve, os agarrou com as unhas sujas, lhe moldou os bicos entre o indicador e o polegar e os mordeu com brutalidade o que fez a jovem gemer de dor.

-- Despe-te, quero gozar esse corpo que dizes intocado; quero provar se não estás a fingir ou se não passas de uma puta como as outras que se fazem de santas e vêm aqui dá-lo às escondidas! Como a jovem se encolhesse amedrontada; Lello lhe deu duas bofetadas e começou a despi-la com violência.

-- Sim senhora, não és nada de deitar fora! – Se abaixou e com os dedos abriu os lábios da vagina e a beijou com delicadeza, dizendo:

-- Humm! Sabe a virgindade! Quero que te debruces sobre o capot, quero foder-te por detrás. Se chegou à donzela e, abrindo-lhe as pernas, passeou o seu sexo por entre o friso das nádegas enquanto lhe segurava os seios empinados e lindos. Encostou o pénis duro e quente à fenda da menina e ao tentar penetrar a greta, esta fechou as pernas e o magoou. Mais duas bofetadas lhe rasgaram os lábios, e mais gritos de angústia e impotência face à rudeza do maldito cigano. Este a obrigou a calar, a colocou de frente em cima do carro e a ameaçou enquanto lhe escachava as pernas:

-- Nem que tenha de atar-te, eu te vou foder minha cabra, se voltas a negar-me essa coninha insonsa eu te retalho a cara, ouvis-te safada de merda?

Um grito desgarrado se ouviu e se repercutiu para além dos penedos graníticos, quando o avantajado sexo do cigano rasgou as carnes tenras e quentes da virgem menina e a penetrou até o fim.. O sangue jorrou quente e fluido entre as coxas da jovem, enquanto o violador ia e vinha em seu ventre. Quando o cigano grunhiu como um porco o gozo do orgasmo, reparou que esteve a foder um corpo desmaiado. A jovem estendida em cima do carro, não dava acordo de si. A violência do criminoso fora demasiado brutal. O sangue virginal continuava a escorrer da vagina profanada!...

Lello, desnorteado com o desmaio da cândida menina, chamou o sócio e lhe disse:

-- Chasco, liberta esse corno e vamos dar o fora!...

-- Tinha passado uma semana desde que os sócios: Chasco e Lello, tinham violado e roubado o jovem casal do Renaut vermelho. Como sempre, o Coxo, tinha comprado o telemóvel e o anel de noivado surripiado à vítima do estupro. O dinheiro fora-se no jogo da lerpa. Era tempo de prepararem outro golpe. Como o Chasco se fez um pouco renitente, Lello atirou-lhe:

-- Eu sei que estás com medo e tens mulher nova, mas eu preciso de carne fresca e estou sem cheta. Anda, vamos à caça, hoje não há luar e a coisa torna-se mais fácil.

Foram até às dunas, espreitaram o local da semana passada e nada, tudo parecia deserto. De repente a escuridão foi rasgada pela luz proveniente de um carro: ele se aproximava muito lentamente pelo caminho que ia dar junto às primeiras dunas e era interrompido lá mais atrás, por uma placa das autoridades do ambiente que proibia o acesso de veículos àquela zona.

Chasco sentiu a mão de Lello em seu ombro, e ouviu a ordem:

-- Deita-te no chão e estuda o que aí vem, é preciso muita cautela pois não temos árvores para nos abrigar. – Os dois espiaram a aproximação do carro que, depois de uma apertada manobra de inversão de marcha, ficou com a frente em direcção ao caminho por onde viera, esteve alguns minutos com os mínimos ligados e finalmente, tudo ficou na mais completa escuridão.

Os meliantes, em total silêncio, estudaram o interior da viatura e, após uma palmada no braço do Chasco, ambos iniciaram a progressão rastejante em direcção às porta laterais dianteiras.

-- Quieto menino ou corto-te as goelas! – Disse Lello para o homem que ocupava o lugar do volante. Era um jovem franzino que imediatamente levantou os braços quando ouviu a ordem, e logo que o cigano lhe apontou a sua lâmpada portátil, João Viegas teve a coragem de pedir-lhe:

-- Quanto queres para nos deixares em paz? – O facínora sorriu gozoso e perguntou por sua vez:

-- E como vais pagar-me? Tens dinheiro à mão?

-- Não, não tenho, mas posso passar-te um cheque. – Lello riu-se com a lata do estudante e volveu agrestemente:

-- Quem te disse que eu era estúpido, corrillo? Passa para cá a carteira e o telemóvel. – Do outro lado veio a voz do Chasco:

-- Eh, mano! Esta gaja está bem fornecida de amarelo: fieira, brincos , pulseira e 2 anéis, além disso, é boa como o milho!...

Novamente se repetiu a cena: Chasco atirou dois murros à cara de João Viegas, este de imediato caiu no chão, fazendo-se inanimado. A jovem sua noiva, foi tirada do carro com brutalidade mas, em vez de se acobardar, olhou os violadores friamente e cuspiu-lhes as palavras com desprezo:

-- Sois mesmo a escumalha da sociedade! Não vos imploro clemência porque não passais de cães cobardes!... – Duas bofetadas estalaram em seu lindo rosto e Chasco, com a sua sevilhana, rasgou de alto a baixo a T-shirt que a rapariga envergava o que deu origem a que os seios, sem a ajuda do tecido, se soltassem como molas. Os dois bandidos, olharam fascinados, os empinados peitos da jovem mulher e Lello não resistiu a comentar com grosseria:

-- Ena pá! Olha –me este par de mamas!... – Sem pejo, encostou-se à mulher que, enojada, recuou até ficar acostada no automóvel. Com brutalidade, baixou as mãos de Angelina, que tremendo de fúria e impotência, tentava ocultar a nudez dos lindos peitos. Selvaticamente, apertou-a de encontro a si e beijou-a na boca. A jovem sentiu o hálito fedorento do cigano e manteve os lábios cerrados. Com a boca escorrendo cuspo, Lello riu-se escarninho e com a ponta da língua percorreu o contorno da boca feminina, e disse:

-- A bem ou a mal, vais abrir os beiços e provar o sabor de um macho cigano, minha puta linda! – Com os dedos polegares e indicadores, rindo-se sadicamente, apertou com força os erectos mamilos da rapariga, obrigando-a a gritar dolorosamente:

-- És mesmo um porco e cobarde! – Duas bofetadas estalaram sonoras nas faces da rapariga, obrigando-a a obedecer aos torpes desejos do cigano.

-- Não te faças cara minha boazona, é melhor que colabores e sejas meiguinha; verás que eu sei foder com delicadeza e fazer-te gozar! – Angelina sentiu-o duro e agressivo de encontro ao seu ventre, não esboçou qualquer resistência quando Lello lhe baixou com delicadeza a cueca e descaradamente lhe sussurrou ao ouvido, enquanto a afagava entre as coxas:

-- Huuum! Mama mia! Estás bem fornecida de pentilheira e!... Caralho, já estás molhada!... – De repente sentiu-se içada sobre o capot do carro. A dura haste do cigano forçou os lábios vaginais e Angelina foi obrigada a abrir as coxas. Com um urro de fera acossada, Lello trespassou a entrada da sua intimidade. As carnes macias e cálidas receberam-no exaltadas, primeiro de nojo, depois quase sem se conter, esteve próxima de um orgasmo devastador, não fora sentir o hálito fétido do violentador sobre os seus lábios entreabertos. Sentiu-o ir e vir dentro de si, e a linguagem obscena junto com os roncos que emitia, libertaram-na de qualquer devaneio libidinoso que chegou a sentir.

--Aiii! Puta boa!... Que quente que és!... Aiiii!... Aiii! Que me venho!... – Deu conta da humidade, que extravasou e lhe escorreu entre as coxas, e concentrou-se para evitar o espasmo.

João Viegas, ainda estendido no chão e fingindo estar inconsciente, assistiu à violação de sua noiva, e embora não conseguisse captar as feições dos facínoras, ia anotando mentalmente as suas vozes e medidas físicas, em seu cérebro treinado de estudante de psicologia, gravava todos os pormenores para o reconhecimento futuro daqueles depravados.

Ei Lello! Agora é a minha vez. Foda-se irmão!... Também quero gozar o cagão dessa gaja!...

-- Me cago em ti Chasco! Vê se aí o corrillo já acordou? – João Viegas exultou quando ouviu o nome daqueles porcos, já não precisava de conhecer as suas feições para os identificar; fez por se alhear do sofrimento da sua querida Angelina e apelou a toda a sua disciplina de controlo emocional quando ouviu o que dava pelo nome de Chasco, proferir:

-- Vais ver menina, com este creme que estava na tua malinha, nem o vais sentir entrar!...

João Viegas quase perdeu a concentração quando Angelina, angustiada, gritou:

-- Oooh!... Não porco! Ai que me aleijas!... – Angelina sentiu as mãos de Chasco empurrando sua cabeça para baixo. Ainda tentou desviar-se, mas uma violenta palmada em seu pescoço, que quase a derrubou, convenceu-a da inutilidade do seu esforço. Deu conta dos dedos do porcalhão penetrando em seu ânus e logo de seguida, aquelas mãos rudes seguraram dolorosamente seus seios. Tentou contrair o esfíncter para evitar a penetração mas um apertão violento nos mamilos, fez-lhe compreender que era melhor ceder. Chasco continuou a apertar-lhe os bicos das tetas enquanto ia e vinha dentro dela e lhe rasgava sem dó o cuzinho que tantas vezes negara ao seu noivo.

João Viegas sentiu o pontapé nas costas e a voz de Lello que dizia, dirigindo-se-lhe:

-- Este filho de puta não quer ver como nós lhe fodemos a mulher!... – Sentiu-se agarrado pelos cabelos mas continuou fingindo-se inanimado. Ouviu novamente a voz do cigano mais novo:

-- Anda Chasco, despacha-te! Antes que isto dê para o torto, essa puta que trate do corrillo!...

No apartamento de João Viegas, Angelina, com a cabeça apoiada no peito de Célia Viegas, continuava a soluçar enquanto esta com muita meiguice, lhe afagava a cabeça e lhe falava com a ternura de uma irmã mais velha:

-- Pronto minha querida, eu compreendo que foi um pesadelo! Verás que o tempo e o amor de meu irmão te farão esquecer este terrível mau bocado, agora vais tomar a pílula do dia seguinte que o João foi buscar. Eu dar-te-ei um sedativo para adormeceres e amanhã já verás este percalço com olhos no futuro e no lenitivo da vingança. Daqui a um mês eu te farei o teste de despistagem do HIV.

Era uma quarta-feira, 8 horas da noite, a tasca do Coxo estava animada: mais de metade dos clientes eram ciganos e o resto eram pescadores e trabalhadores da construção civil .

Aquele velho, de longa cabeleira, grande e grisalha barba de aspecto seboso; parou na entrada da taverna . Levou uma das mãos ao sujo cabelo, olhou fixamente para o balcão e encarou o Coxo. Este, sentindo-se provocado ao ser observado tão directamente pela triste figura, encarou-o também e interrogou:

-- O que queres daqui ó pulgoso? Vai, desampara-me a porta! – O velho, sem se dar por ofendido, sorriu-lhe inocentemente e dirigiu-se para o balcão, ao encontro do enfadado taberneiro.

--Meu senhor, tenho fome e não tenho dinheiro!... – O Coxo riu com velhacaria e respondeu alto e em bom som para que todos ouvissem:

--Olha cá ó seboso, quem te disse que aqui era a Misericórdia? Se nãos tens graveto, põe-te a andar e já! – A franzina figura voltou a encará-lo com ingenuidade e disse, exibindo um anel:

--Tenho fome, não tenho dinheiro, mas tenho isto para vender. – Todos olharam na direcção do ancião e um cigano ainda novo, abeirou-se do balcão, tirou o anel da mão do velho e disse para o Coxo:

--Dá de comer aqui ao pelintra que eu pago. – O taberneiro encarou-o com má catadura e comentou:

-- Isto não está certo Lello, aqui este senhor estava a fazer negócio comigo!...

-- Bem Coxo, tu estavas a mandar o velhote embora e quem tem o amarelo agora, sou eu, portanto, para evitar chatices, vamos fazer a coisa a meias: tu dás-lhe de comer e beber, eu dou-lhe mais 5 euros e depois falamos, está bem? –A alma de João Viegas exultou e seu coração acelerou quando ouviu o Coxo chamar aquele cigano de Lello. Tinha passado já uma semana e meia com aquele disfarce e só agora tinha identificado um dos meliantes que tinham violado a sua noiva. Sentou-se a uma das emporcalhadas mesas para comer e esperou que o Coxo lhe trouxesse a vianda. Logo que o Lello lhe trouxe os 5 euros prometidos, ele fez-lhe sinal e perguntou-lhe inocentemente:

--Você acha que com mais um cachucho destes eu posso arranjar umas doses de haxixe para os meus amigos vagabundos? – A face do cigano se iluminou num rasgado sorriso e lhe respondeu com respeito:

-- Tiozinho, você, com mais um “manel” destes consegue umas boas doses de “pedrada,” e se quiser, já esta tarde.

-- De acordo, então eu vou ter com a minha “tropa” e só preciso de saber onde encontrá-lo. – Lello voltou a sorrir-lhe e informou-o:

--Então esta tarde, por volta das 6, ali na esquina da capela de S.º Antão.

João Viegas telefonou para a irmã e pediu-lhe:

-- Minha querida, consegui identificar um dos facínoras, agora necessito a tua ajuda para lhe armar o laço.

-- Está bem mano, daqui a uma hora estarei em tua casa para planear o golpe.

Á hora combinada, João Viegas, no seu disfarce de vagabundo, recebia a mercadoria encomendada e o Lello, tomava mais um dos anéis herdados da sua falecida avó, e quando o cigano tentou adiantar conversa no intuito de saber onde aquele vagabundo seboso conseguia aqueles cachuchos valiosos, João Viegas respondeu que tinha os seus amigos à espera da mercadoria e que no dia seguinte ele voltaria à tasca do Coxo para combinar a próxima encomenda.

Célia Viegas tinha seguido o irmão; estacionou o espampanante Celic junto ao passeio e quando o cigano, já dono do anel da sua família, ia a passar, ela abordou-o com um cigarro na mão:

-- Boa tarde, desculpe-me! Tem lume? – Lello olhou surpreendido aquela jovem Senhora de lenço colorido na cabeça e uma sugestiva “mini” branca que enaltecia as altas e vistosas pernas e, puxando o seu isqueiro imitação “ouro”, se prontificou a acender o cigarro de Célia. O sorriso e o agradecimento da bela mulher, fascinaram de tal sorte o cigano que este, imediatamente pensou numa aventura:

-- Muito obrigada, vejo que ainda há cavalheiros! O isqueiro é bonito mas o dono não lhe fica atrás!... – Lello estacou embasbacado com a resposta da linda corrilla. O afã do desejo deu-lhe coragem, e quando viu Célia dirigir-se para o descapotável vermelho, aproximou-se com curiosidade, e exibindo o seu melhor sorriso, fez uma vénia de admiração e comentou:

-- Um belo carro para uma bela dona!... – Célia mirou-o com coqueteria e murmurou na sua sugestiva e quente voz:

-- Quer dar uma volta? – Lello sentiu-se transportado ao Paraíso, logo sentiu que aquela beleza o iria convidar para o divertimento, e quando ela lhe pôs uma mão sobre a coxa e lhe disse naquela voz morna e terna:

-- Que tal um lanche e um copo em minha casa? – O cigano sorriu deliciado, tudo estava a acontecer como tinha pensado: uma menina rica à procura de prazer!...

-- Logo que bebeu o whisky preparado por Célia, sentiu uma estranha sensação de euforia e sonolência.

Ali estava a oportunidade que João Viegas e Angelina esperavam para iniciar o seu plano de vingança. Arrastaram o corpo do cigano para a cave da moradia e o prenderam a uma corrente já preparada para o efeito. Agora era só esperar que ele acordasse para armar a cilada ao seu sócio Chasco. Sentaram-se os três na sala de estar a ouvir música e memorizar os pormenores para o castigo dos violadores. Foi Angelina quem, numa voz carregada de ódio, disse:

-- Por mim não esperava mais, capava já este porco!...

Não foi difícil ao estudante de psicologia fazer com que Lello telefonasse ao seu amigo Chasco a convidá-lo para o golpe dos anéis:

-- Olá irmão, lembras-te daquele velho asqueroso que foi à tasca do Coxo? Pois bem, ele proporcionou-me um negócio de estalo, são dezenas de cachuchos de ouro antigo para sacar; quero que venhas cá ver e participar do bolo. – Ameaçado por João Viegas, o cigano respondeu à pergunta do sócio:

--Não há problema; está junto à capela de Santo Antão às 5 horas em ponto, a minha nova namorada, que é uma brasa, far-te-á sinal de um Celic vermelho, só tens que a acompanhar.

Não foi difícil a Célia trazer o Chasco à moradia que tinham alugado naquele ermo local.

Sim Estrelita querida, só tens que acompanhar a corrilla no seu descapotável vermelho. Não, ela não tem nada a ver comigo, é a gaja do Lello!... Verás que é o negócio da nossa vida, não digas nada a ninguém.

Célia incluiu na refeição de Lello um par de comprimidos inibidores da memória e cápsulas excitantes. Quando este acordou e deu de caras com Estrelita que tinha também tomado a mesma dose na bebida que lhe foi oferecida, logo após a sua chegada. A sexualidade que estava latente em seus corpos jovens, veio à superfície:

--Olá Estrelita! há muito que te desejo e sei que não te sou indiferente. – A chispa estava lançada e João Viegas limitou-se a descerrar o vidro que separava a cela do Chasco, para este poder visionar a sua amada esposa, Estrelita, fazendo amor com o seu sócio Lello e rebolando-se como uma cadela com cio, na cama de casal ali colocada para esse efeito. Chasco, quando os viu desnudos e abraçados, lançou um urro de fera ferida e apostrofou-os.

-- Traidores, isto pede sangue, grande cadela, agora vejo que já não é a primeira vez!... Eu te cortarei aos bocados. A ti, meu cabrão, eu te hei-de capar primeiro!... – Chasco atingiu o delírio da raiva quando observou a sua querida Estrelita abocanhando carinhosamente o caralho tumefacto de Lello e, em lentos movimentos, sua língua o lambia, seus lábios o abocanhavam e sua boca o absorvia até à garganta. Quando o jovem cigano se escorreu, Chasco assistiu ao degradante espectáculo de ver a sua mulher lamber o sexo de Lello e sorver o líquido seminal. Não se conteve e gritou:

-- Puta de merda, porca brochista! Deixa que eu não demorarei a pôr-te essa boca suja, numa posta de sangue!...

Também não foi difícil a João Viegas, convencer Lello para que convidasse sua viúva e ainda jovem mãe, a vir ao seu encontro.

-- Sim mãe, é um negócio que nos vai enricar. Não digas isto a ninguém e está lá junto da capela quando a corrilla chegar.

Depois do ataque de fúria do Chasco, Célia proporcionou-lhe uma lauta refeição com a mesma mistura de excitantes que tinha dado ao Lello. Enquanto o cigano mais velho dormia, João Viegas, introduziu no seu quarto a mãe de Lello também completamente “pedrada” com os mesmos medicamentos.

João Viegas e Angelina, destaparam o vidro que separava os dois ciganos e só dava imagem de uma face. Foi assim que tocou a vez de Lello sofrer as penas do Inferno quando visionou sua mãe na mesma cama com o Chasco e fazendo sexo com o seu sócio. Primeiro não quis acreditar no que os seus olhos viam, julgou-se vítima de um sonho mau. Quando se convenceu que estava a assistir a uma realidade, exclamou:

-- Que grande puta sem vergonha! Está desonrando a família de meu pai! Olha Estrelita, a grande cabra está fodendo com o corno do teu marido!... – Um torvo esgar deformou-lhe as feições quando urrou:

--Porcos, hei-de matar-vos aos dois! A alma de meu pai não terá descanso enquanto não vingar a sua honra!... – Continuou assistindo ao erótico desempenho daquele casal do outro lado do vidro e mesmo assistindo, ainda duvidou por momentos:

--“ Não!... Aquela mulher desbocada que se atirava para cima do Chasco, desprovida de pudor e afogueada pela febre sensual que fundia os 10 anos de abstinência forçada, desde a morte de seu pai, não podia ser a sua mãe. Aquele corpo de linhas sinuosas de fêmea experiente a quem foi imposta a castidade na flor dos 22 anos, não podia ser aquela mulher que o pariu e sempre

viu vestida de folgadas roupas negras. Seriam então as largas saias e as abotoadas blusas que lhe ocultaram a alvura daquela pele de alabastro e cujos seios se equilibravam erectos e agressivos na sua pujança juvenil dos 32 anos? Foi Estrelita que, de olhos arregalados para o espectáculo que assistia quem confirmou, ao exclamar:

--Foda-se Lello!... A tua mãe é cá um pedaço!... – Então não havia erro, seus olhos não mentiam. Era de facto ela, a sua mãe, quem ateava a libido daquele porco que até há pouco era seu sócio e amigo!... Bateu com os punhos cerrados no temperado de vidro que lhe permitia observar aquela hedionda cena: sua mãe prostituindo-se com aquele cigano porco e cornudo! Agarrou Estrelita pelo pescoço e apostrofou-a com violência:

--Mira, mira bem grande puta! É o cabrão do teu marido que chafurda naquele monte de esterco que desonra a memória de meu pai! Vou matar os dois. Vou abri-los como porcos!...

-- Sim Lello, tens razão, eu não mereço aquele cornudo que não respeitou a viuvez de tua mãe e violou o código e a honra de um cigano falecido.

-- Anda Estrelita, vamos corneá-lo outra vez; agora quero alargar-te esse anal , essas nádegas lindas me estão chamando!

-- Mas, Lello, isso faz doer e eu nunca comi no cú!

-- Que importa eu meto com jeito, vais ver que é bom!

Estrelita gritou como uma desalmada quando a cabeça do caralho de Lello forçou a entrada, mas logo começou a gemer como uma cadela em cio quando o sentiu escorregando dentro de si:

-- Ooooh!... Que bom Lello!... Continua, estou a gozar1 Aiiii! Que me venho!....

João Viegas agarrou a mão de Angelina, e com um sorriso afectuoso de enamorado, disse-lhe:

-- Minha querida, a nossa vingança se está a concretizar; é tempo de pormos as marionetas em confronto directo.

Angelina carregou num botão e imediatamente o grosso vidro que separava os dois compartimentos, começou a deslizar e permitiu que o jovem cigano, no auge da sua fúria destrutiva, se abeirasse da cama onde Chasco e sua mãe continuavam enlaçados na procura de mais um orgasmo venéreo. Ainda seus corpos estremeciam no êxtase da sensualidade que os empolgava, já a afiada lâmina da sevilhana rasgava o alvo pescoço da fêmea que cavalgava o homem que gemia no cúmulo do espasmo sensual. O sangue jorrou sobre o rosto de Chasco e obrigou-o a abrir os olhos cerrados pela volúpia do prazer. O instinto de sobrevivência substituiu o fruir do gozo erótico. Saltou da cama, e completamente desnudo, enfrentou a navalha de Lello. Como João Viegas lhe tirara a ponta e mola, Chasco muniu-se de uma curta barra de ferro que, como por acaso, tinha sido colocada sobre a mesa onde ainda estavam os pratas da última refeição. Defendeu-se primeiro da tentativa de agressão da sua Estrelita que, como uma fúria, se atirou para ele balançando na mão uma garrafa vazia de whisky. Abaixou-se na altura em que a sua adúltera esposa a arremessou na direcção de sua cabeça e, num golpe rápido de seu braço, abriu um lanho profundo no rosto da jovem cigana que uivou como uma loba ferida, com o maxilar partido e os dentes ao dependuro.

Lello aproveitou a fugaz distracção e n um golpe bem medido, cravou a sua sevilhana no ventre de Chasco que urrou como uma fera nos estertores da morte:

-- Cão, tu abusaste da minha mulher, não respeitaste a honra de um cigano digno; vou matar-te como a um verme. – A barra de ferro passou a escassos centímetros da cabeça de Lello que, uma vez mais, e mercê da sua juventude; traçou com um sulco sanguinolento a face de Chasco. Este, sentindo-se a esvair em sangue e sabendo que as forças em breve lhe faltariam, atirou-se para a frente com temeridade e acertou na base do crânio de Lello que gritou desvairado ao sentir seu sangue correr-lhe pela cara abaixo:

-- Pai!... Meu pai!... Vinga-me!... – Num último arranco, atirou o braço para a frente e cravou o aço até o punho no peito de Chasco.

Quando a polícia chegou, limitou-se a fotografar os corpos sem vida de dois homens e duas mulheres, comunicando aos jornalistas:

-- Foi um ajuste de contas de cariz passional.

Por: A. Alves – em Setembro de 2005


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Comentários

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Outra empolgante história... parabéns...

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bem imaginado, escrito em óptimo português, bem elaborado nota 8

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