A DESTRUIÇÃO
Betinho ...
Na segunda-feira, assim que sai do colégio, corri na autoescola para fazer minha matrícula, marquei tudo para o mais rápido possível, o protocolo exigia que eu fizesse todas as aulas teóricas e depois as aulas práticas. Eu já sabia dirigir, meu avô me ensinou em sua velha camionete F1000, com isso as aulas práticas só foram para cumprir a carga horária, eu fiz todas as provas e fui aprovado de primeira.
A minha ansiedade era gigante, a carteira de motorista parecia como uma certidão de maioridade e independência, com ela eu poderia ir para vários lugares sem meu pai ou meu vô me levarem.
No dia que eu peguei a carteira, fui para casa com uma imensa alegria, meu pai tinha ido me buscar e fez questão de que eu fosse dirigindo até a nossa casa. Era difícil de saber quem estava mais feliz, eu ou ele. Quando estávamos chegando, ele me lembrou sobre o outro presente, me perguntando quando que eu iria começar a fazer os testes.
Expliquei para ele que, com a correria das aulas da autoescola, eu não tinha tido tempo, mas que nos próximos dias iria fazer e mostrar todos os resultados. Quando chegamos ao sítio já era final de tarde, estavam todos perto de casa. Meu avô era o mais feliz, quando desci do carro mostrando a habilitação ele me deu um grande abraço, me dando os parabéns pela conquista.
- Parabéns, meu filho, a partir de hoje você não precisa mais ficar enchendo meu saco e o do seu pai pedindo para te levar para todos os lugares.
Todos rimos da sua brincadeira, mas a grande surpresa iria ser a seguir e ele prosseguiu.
- Meu menino, você sempre foi um exemplo de garoto, na escola nunca deu trabalho e aqui em casa sempre foi exemplo para os mais novos, sempre nos ajudando na lida, sem nunca pedir nada em troca. E tem mais, no dia do seu aniversário eu e sua vó não demos nenhum presente e você, mesmo achando estranho não nos questionou em nenhum momento, mostrando o quanto você é um menino diferenciado.
Nessa hora eu já chorava e todos em volta também.
- Com isso Betinho, hoje é o dia que vou te entregar o seu presente, mas não pense que vai sair de graça, por isso eu comprei uma igual a que você me mostrou outro dia, com esse presente você vai poder nos ajudar ainda mais aqui no sítio.
Ele me entregou a chave do meu primeiro carro, uma Saveiro. Era uma pick-up pequena, mas igualzinha a que eu sempre sonhei em ter, até hoje não sei mensurar a alegria que eu senti, todos me deram muitos abraços, somente duas pessoas ficaram um pouco estranhas e se olhando enquanto eu fazia a festas com meus primos, minha mãe e minha vó, parece que elas estavam pressentindo tudo o que iria acontecer a partir daquele dia.
Eu continuei a trabalhar, e realmente meu avô tinha razão, com a minha pick-up, eu conseguia ajudar em tudo.
Meu namoro com a Mariana, estava cada vez melhor, mesmo escondidos, nossa intimidade só aumentava.
Com o carro eu podia sair e curtir junto com meus amigos. Eu fui poucas vezes, afinal eu ia sozinho e a Mariana ficava em casa, eu não achava justo fazer isso com ela.
Em um fim de semana, meus avós foram visitar uns parentes em Santa Catarina, meu tio foi levá-los, ninguém quis ir junto. Esse fim de semana seria o ideal para eu poder ficar sozinho com a Mariana, sem a marcação serrada que minha vó fazia em nós dois.
Nós dois combinamos de no sábado darmos um jeito de sairmos sozinhos, na sexta feira ela foi dormir na casa de uma amiga e combinou com a minha tia que no outro dia viria para casa na parte da tarde. No sábado, perto do horário do almoço, eu saí dizendo que iria na casa de um amigo, ninguém desconfiou de nada.
Logo após o almoço nós dois nos encontramos perto da igreja matriz, era a primeira vez que ela ficava sozinha no carro comigo. Ali, do centro da cidade, fomos direto para um lugar muito especial. Em uma fazenda próxima da nossa casa, existia uma cachoeira muito bonita, o rio não era muito grande, mas o volume de água na queda era bem forte.
A cachoeira ficava bem escondida, somente os moradores da região conheciam o caminho, eu já tinha ido lá uns dias antes para deixar tudo preparado, já tinha ajeitado um lugar para poder deixar o carro, sem que chamasse a atenção. Eu consegui levar um colchonete, com uma manta e também algumas coisas para comer e beber, iriamos tentar ficar o máximo de tempo ali, e conseguimos.
Nós dois estávamos com pressa, assim que chegamos e eu ajeitei tudo, ela me agarrou, me beijou e acariciava meu corpo. Eu fazia o mesmo com ela, fomos deitando devagar e tirando nossas roupas, quando ficamos os dois pelados, eu comecei a beijar todo seu corpo, chupava seus seios e fui descendo para sua bucetinha, que estava escorrendo de tanto tesão, conforme eu passava a língua por toda a sua extensão, sentindo seu mel, a Mariana rebolava bem devagar e gemia baixinho, ela estava tão excitada que bem rapidamente gozou na minha boca, deixando meu rosto muito molhado.
Me deitei ao seu lado e não parava de beijar a sua boca. Quando ela recuperou o folego, desceu e começou a me chupar, tentava engolir o máximo possível, era maravilhoso demais sentir sua boca, eu igual a ela acabei gozando bem rápido, a ansiedade e tesão eram muito grandes.
Ficamos namorando um pouco. Não demorou quase nada e eu já estava duro novamente, ela pegou a camisinha que estava ao nosso lado colocou deslizando no meu pau, conforme ela colocava ia dando beijos junto.
- Amor, eu vou ser totalmente sua a partir de agora, com a força do nosso amor vamos conseguir superar todos os obstáculos.
- Eu sei disso Mariana, o que sentimos é muito forte, tenho certeza que logo podermos assumir nosso namoro, ninguém vai conseguir impedir que isso aconteça.
Conforme a gente conversava eu já fui me posicionando entre suas pernas, mas ela pediu para esperar, até achei que ela estava com medo ou algo assim
- Betinho, espera, deixa eu fazer uma coisa, fica deitado que eu vou me sentando em você, me falaram que assim fica mais fácil porque eu posso controlar ele entrando, ele é grande né? Tenho medo de me machucar, se sentir dor eu paro e vou fazendo devagar.
Claro que concordei e ela ajeitou a cabecinha na entrada de sua bucetinha linda, forçou um pouco e a cabeça começou a entrar, eu olhava em seus olhos, ela descia bem devagar e subia, seus olhos brilhavam.
- Betinho meu amor, que delícia sentir você entrando em mim, está doendo um pouco mas é muito gostoso, não se mexe que já, já, eu consigo colocar ele todinho dentro de mim. Eu vou ser sua mulher para sempre!!
Eu sentia sua bucetinha apertada descendo no meu pau, entrava um pouco e logo ela tirava, mas cada vez entrava um pouco mais, teve uma hora que ela deu uma travadinha, apertou os olhos e disse um “aí” um pouco mais alto, mas nesse momento ela soltou o seu corpo e devagar eu senti meu pau todo dentro, percebi duas lágrimas escorrendo pelo seu rosto, fiquei preocupado e ia tentar tirar ela de cima, eu tinha certeza que ela estava sentindo muito dor, mas ela não deixou.
- Não se mexe amor, fica parado, deixa eu me acostumar com ele dentro, já, já, a dor passa.
Mais uma vez eu obedeci, ela se deitou no meu peito e ficamos nos beijando, bem devagar ela começou a movimentar o seu corpo. Tirava bem pouco e colocava novamente, aos poucos foi aumentando a velocidade, reclamava que ainda sentia um pouco de dor, mas que estava ficando cada vez mais gostoso.
Não sei ao certo quanto tempo durou aquela nossa primeira transa, mas parecia que durou uma eternidade, eu acabei gozando, enchendo a camisinha, nessa primeira ela não gozou estava muito sensível, mas no mesmo dia repetimos mais duas vezes e na terceira ela conseguiu gozar comigo por cima, metendo bem cadenciado, parecia que nós dois éramos muito experientes.
Aquele sábado foi o mais espetacular de toda a minha vida, ficamos algumas horas os dois, ali, fizemos muito planos, de como iriamos enfrentar nossa família, dizendo que ninguém iria conseguir destruir aquilo que nós dois estávamos começando a construir.
Mas nós dois estávamos muito enganados, logo teríamos uma grande surpresa desagradável e nunca mais iriamos nos encontrar como futuro casal, nunca mais tocaríamos um no outro.
Naquele mês tudo o que eu conhecia por família iria acabar.
No domingo à tarde, logo após o almoço, meu pai me cobrou novamente sobre os testes, eu parecia que estava no mundo da lua, nem me lembrava mais do presente. Peguei os kits que continham embalagens para lacrar cada cotonete com a saliva da coleta de cada pessoa.
Primeiro foi o meu, depois do meu pai, dos meus irmãos, minha mãe não quis fazer e ainda brigou comigo e com meu pai dizendo que aquilo tudo era besteira, queria jogássemos tudo fora. Meu pai insistiu um pouco e ela acabou brigando com ele, por fim, fiz de conta que tinha jogado fora, mas os quatro que já tinha colhido eu escondi, joguei outros que ainda não tinha usado, com isso, só foi possível colher da Mariana e da minha tia, pedimos segredo explicando que minha mãe não queria participar da brincadeira.
Minha tia até achou estranho todo o nervosismo da minha mãe, mas eu e meu pai nem demos atenção.
Na segunda feira fui escondido até o laboratório credenciado que ficava em Londrina. Me explicaram que, em torno de trinta dias, sairia o resultado. Eu estava fazendo aquilo tudo pelo meu pai, eu nem estava dando bola para aquela brincadeira, eu não entendia direito o porquê, mas ele estava bem ansioso.
No decorrer desses trinta dias de espera, tocamos nossa vida normalmente, eu e a Mariana conseguimos transar mais três vezes, nós dois estávamos cada vez mais soltos. Já sabíamos, um pouco, o que cada um gostava mais, estávamos começando a experimentar novas posições, eu já conseguia segurar mais tempo para gozar, assim conseguia fazer com que ela gozasse mais vezes, ela ficava molinha em meus braços.
Estava muito difícil, para nós dois, esconder nosso relacionamento. Nós dois queríamos mostrar para todos o quanto nos amávamos, mas ainda era cedo, precisávamos esperar pelo menos até o ano seguinte.
Quando estava chegando o dia em que iria sair o resultado meu pai, me cobrou se eu iria ou não lá buscar, eu disse que iria buscar. Minha mãe até ficou desconfiada e nos perguntou sobre o que estávamos cochichando e meu pai disfarçava falando que eu estava contando de algumas meninas da cidade que eu estava conhecendo.
No dia combinado eu fui buscar os resultados. Com a desculpa de que precisava ir em uma cooperativa, eu fui bem cedo para Londrina, em menos de duas horas já estava em casa, fui direto para meu quarto.
Com a ansiedade do meu pai, eu já estava curioso também para ver os resultados, como era um exame de vários membros da mesma família, eles fizeram um relatório com as porcentagens das probabilidades do grau de parentesco entre nós.
Conforme fui lendo e fazendo as comparações, comecei a perceber que algo de muito errado estava acontecendo. No topo estava listado meu pai, mas ele compartilha apenas 29,2% de DNA comigo, prevendo que ele era meu meio-irmão, o que era impossível.
Aquilo não fazia sentido para mim, já que também dividíamos um haplogrupo [indivíduos que compartilham um ancestral comum] paterno e éramos tão parecidos, então ele era definitivamente meu pai.
Mas conforme fui olhando os outros resultados veio a contatação.
Eu constatei que eu compartilhava 24,6% do DNA com a Mariana. Com este resultado, mostrava que ela era minha meia-irmã, já que os primos geralmente compartilham cerca de 12%.
Não conseguia pensar em uma relação genética que explicasse o que estava vendo e tinha dúvidas quanto à precisão das porcentagens. Mas, elas são extremamente precisas e é altamente improvável que eram falsas afinal fui eu mesmo que tinha colhido as amostras. A única explicação realista para o que eu estava vendo era que meu tio, pai da minha prima e irmão do meu pai, era, na verdade, meu pai.
Todos os pontos se alinharam e tive uma sensação de perda. Fiquei sentado no meu quarto por uma hora, em estado de choque e tinha em meu peito uma sensação de raiva a tomar conta de mim. Eu precisava de algumas respostas.
Eu chorava copiosamente, não sabia por onde começar, a única certeza que eu tinha era que todos fomos enganados por muito anos, com certeza minha mãe, minha vó e meu tio sabiam de tudo, eu precisava confrontá-los, minha raiva era imensa, naquele momento a minha intensão era de matar os três, eles não podiam ter feito aquilo conosco, eles arruinaram todos os meus sonhos.
Eu saí do meu quarto, fui até a cozinha, eu queria confrontar a minha mãe, mas ela não estava em nossa casa, olhei pela janela e ela estava conversando com minha vó, na porta da cozinha da outra casa.
Em um momento de fúria fui até o guarda-roupas do meu pai e peguei o seu revólver, um 38 que ficava trancado em um caixa escondida, consegui arrebentar o cadeado, conferi que ele estava municiado e sai em disparada com o revólver na mão até a casa da minha vó.
Quando estava chegando eu comecei a gritar, xingando as duas, que me olhavam assustadas. Minha mãe ainda tentou me confrontar exigindo que eu não falasse com elas daquela forma.
- O que é isso menino, você ficou louco em gritar comigo e com sua vó dessa forma, eu exijo mais respeito, não foi essa a educação que nós demos para você.
- Respeito, que respeito você pode exigir de mim, se você mesma não foi capaz de se dar ao respeito e traiu o meu pai e o pior de tudo, vocês três sabiam de tudo e esconderam isso de todos, como vocês foram capazes de fazer uma coisa dessas.
Nesse momento ela e minha avó já estavam brancas de susto, quando eu falei tudo aquilo, elas perceberam que todas as mentiras foram descobertas. Minha mãe veio ao meu encontro tentando me abraçar, dizendo para eu me acalmar, mas eu gritava com toda força de meus pulmões.
- Tire essas mãos imundas de cima de mim sua puta, vocês não valem nada, nem você e nem essa velha cretina e desgraçada. E ainda tem aquele filho da puta que eu juro que vou matar, essa arma aqui, não vou usar em vocês, mas a bala que está aqui engatilhada tem destino certo, a cabeça daquele filho da puta, mas se vocês duas não saírem da minha frente eu juro que atiro em vocês, suas desgraçadas!!!!
Elas estavam desesperadas, gritavam para que eu mantivesse a calma, que tudo aquilo tinha uma explicação, imploravam para que eu entregasse a arma para uma delas.
- Calma meu neto, dê essa arma para sua mãe, vamos conversar, com calma poderemos explicar tudo para você, não faça nenhuma besteira, você poderá se arrepender para o resto de sua vida, calma meu menino
- Calma ao caralho!! Vocês não tinham o direito de ter feito o que fizeram, vocês conseguiram destruir uma linda família, vocês destruíram tudo de bom que aqui existia, vocês destruíram a vida de todos, vocês três merecem ir para o inferno, aquele lá eu vou fazer questão de mandar e, na hora certa, vão vocês duas também, fazer companhia para ele.
No meio daquela gritaria toda eu nem percebi que estava dando o horário do almoço, o horário que meu avô e seus dois filhos vinham almoçar e que, raramente coincidia com o horário que a Mariana, seu irmão e meus irmãos chegavam do colégio.
Não sei dizer o que foi que aconteceu, mas naquele dia todos chegaram praticamente ao mesmo tempo. Quando meu avô, meu pai e meu tio estavam chegando e me viram com a arma na mão, perceberam que algo de muito grave estava acontecendo.
Meu pai dirigia a camionete, meu tio sentado no meio do banco e meu vô ao seu lado. Meu avô desceu rapidamente, veio em minha direção e foi falando comigo.
- Betinho o que está acontecendo aqui, você ficou doido meu menino, onde você arrumou essa arma?
Meu pai e meu tio também vieram para perto, quando eu percebi que meu tio estava bem próximo eu apontei a ama para ele.
- Seu desgraçado, você e essas duas, acabaram com nossa família, eu vou te matar, vou te mandar para o inferno que é lugar que você merece estar.
Meu pai e meu vô estavam desesperados, meu tio ficou paralisado na minha frente, não sabia o que falar.
- Filho, para com isso, me dê esse revólver, abaixar essa arma, vamos conversar, se acalme por favor, não faça essa besteira.
- Não pai, não vou abaixar, eu vou matar esse desgraçado!!!
Nessa hora, minha mãe vendo que eu estava distraído conversando com meu pai, veio tentar tirar a arma da minha mão, no susto eu acabei dando um tiro para cima, Com isso todos se afastaram, todos eles gritavam comigo, mas eu não escutava ninguém.
Eu nem tinha percebido a chegada da minha tia com a Mariana e as crianças. Elas chegaram bem na hora que eu dei o tiro, a Mariana veio correndo em minha direção e parou na minha frente.
- Beto, meu amor! Por que você está fazendo isso? Abaixe essa arma!! Por mais grave que seja o que está acontecendo, você precisa se acalmar. Nada justifica tudo isso. Por favor, faça isso por mim, se acalme, sou eu que estou pedindo, meu amor, sua Mariana, seu amor.
- Não justifica? Você não tem ideia o que esses três desgraçados aprontaram com nossa família. Eles destruíram tudo meu amor!! Eles destruíram o “eu e você”, nós dois nunca mais vamos poder ser o que tanto sonhamos, nós nunca mais poderemos nos encontrar na cachoeira, nunca mais vou poder te beijar, sentir você em meus braços.
Conforme eu falava ela chorava cada vez mais, quando falei que não poderia tê-la em meus braços novamente, minha vó deu um grito muito alto e caiu de joelhos no chão, pedindo perdão por tudo o que estava acontecendo. Nesse momento todos se deram conta da situação e eu continuei a falar, a Mariana chorava cada vez mais.
- O que eles fizeram não tem perdão Mariana, seu pai e minha mãe foram ou são amantes até hoje, isso eu não sei, mas a única certeza que eu tenho é que esses dois desgraçados transaram há muito tempo a trás, ela engravidou dele e eu sou o filho que nasceu desse caso dos dois, ela foi tão safada que escondeu do meu pai e de todos a vida inteira e essa velha que acabou comigo que falou um monte de barbaridades, ela sabia de tudo e ajudou a esconder, ela ajudou os dois na traição, escondeu do filho mais velho que o mais novo estava comendo a mulher dele.
Parei de falar por um momento, eu precisava respirar para poder continuar, olhei ao meu redor e todos olhavam em minha direção, minha mãe estava de joelhos abraçando minha vó, os outros estavam praticamente em círculo, tentado me convencer a abaixar a arma, a Mariana ainda estava em minha frente, protegendo seu pai.
- Meu amor por favor saia da minha frente, eu preciso fazer isso, me perdoe, ele é seu pai, mas não merece viver.
- Se você fizer isso, vai acabar com a vida dele e principalmente com a sua, você vai ser preso, nós dois nunca mais poderemos nos ver, pensa bem você vai acabar com seu futuro, mesmo que ele tenha feito tudo isso que você falou, ele não merece morrer, ele tem que viver para pagar por seus erros.
- Mariana, você parece que não entendeu, nós dois nunca mais vamos poder nos ver de qualquer forma, nós dois somos irmãos, nosso namoro nunca deveria ter acontecido, eles falaram isso, mas não tiveram coragem de falar o porquê, agora como vai ser nossa vida, a minha e a sua, você iria ser minha mulher, teríamos filhos e tudo mais, mas eles conseguiram destruir tudo.
Ela chorava e não parava de pedir para eu abaixar a arma, em um determinado momento eu me distrai e meu tio tentou correr para se esconder, mas eu o percebi se movimentando e acabei disparando, dei um tiro em sua direção, e acertei.
Todos ficaram desesperados, menos eu, que fiquei parado não sabia ao certo o que fazer estava estático achando que tinha matado o desgraçado, mas infelizmente não matei, de tão nervoso que eu estava e com as mão tremendo levemente, acabei abaixando um pouco a mira e o tiro acertou sua perna bem perto do quadril, ele urrava de dor, meu avô e meu pai não foram em direção a ele que estava caído no chão, mas vieram para mais perto de mim e meu avô pediu que eu entregasse a arma.
- Betinho, me dê a arma, por favor meu neto, entrega ela para esse velho que nunca na vida imaginou passar por uma situação dessas, eu juro que te entendo e talvez faria a mesma coisa que você, mas agora está na hora de você parar, daqui para frente, eu e seu pai iremos tomar a frente dessa situação, você não merecia passar por tudo isso.
Nós três chorávamos sem parar, pedi desculpas para eles por toda aquela confusão e entreguei a arma para ele, que já me abraçava, juntamente com meu pai.
- Vô me perdoa, mas a minha vontade era matar, isso tudo nunca poderia estar acontecendo, o que eles fizeram com todos nós é imperdoável, eu nunca poderia imaginar uma coisa dessas na nossa família.
- Calma meu menino, nós sabemos e entendemos isso, você não tem culpa de nada, mas você não pode fazer justiça com suas mãos, se ele morrer, você irá acabar com todo seu futuro.
Eu chorava sem parar, meu pai também não parava de chorar, veio me abraçar, não conseguia falar nada para mim, mas eu chorando disse para ele.
- Pai, eu sempre vou ser seu filho, ele nunca será nada meu, você é meu pai verdadeiro, mesmo que aqueles resultados falam o contrário, isso nunca vai mudar!!
Ele respirando fundo me disse.
- Eu sei disso meu filho, você é meu menino e vai ser um grande homem que sempre vai me encher de orgulho e sempre vai ser, nada nesse mundo pode mudar isso, não sei como vai ser daqui pra frente, mas isso nunca vai mudar, com certeza nossa vida mudar bastante, não vai ser fácil, mas iremos superar tudo, nós somos fortes, esse novo e difícil desafio não irá nos tirar do caminho.
Aquele dia ficou marcado pela tragédia da descoberta da traição dos dois e a ajuda da minha avó, o tiro que eu dei acertou o fêmur e como eu estava bem perto, o fraturou e a bala ficou alojada em uma parte que não era indicado fazer cirurgia para a retirada, o meu tio ficou um pouco manco e com dores para o resto de sua vida.
Meu avô o colocou para fora da fazenda, deu o valor que era de direito nas terras e passou todo o resto para o nome dos netos, meu pai se separou de minha mãe, se tornou um homem triste.
Meu avô nunca perdoou minha avó e se separou dela, mas não a mandou embora, deixou que ela ficasse na casa que era deles e se mudou para a minha, ficou morando junto com meu pai. Ele dizia que não iria adiantar manda que ela fosse embora, ele iria ter que a sustentar de qualquer forma e também seria bom para que ela visse todos os dias os homens que ela traiu, o marido, o próprio filho e o neto, ou melhor elas traíram a família inteira
Minha tia acabou indo embora também, levando a Mariana e o filho junto.
Eu fui preso provisoriamente pelo tiro que dei, mas com um bom advogado, consegui sair em poucos dias, teve um processo que respondi em liberdade, fui absolvido das acusações.
A Mariana, se mudou para Londrina juntamente com minha tia, eu tentei acompanhar a sua vida de longe, mas acabei parando, toda vez que a via, meu sofrimento só aumentava, ela foi a mulher da minha vida e não poder tê-la ao meu lado era inconcebível.
Eu tentei seguir minha vida, mas a tristeza sempre foi uma constante no meu coração, eu nunca mais namorei, tinha alguns casos, saia as vezes com algumas mulheres, mas nunca consegui esquecer a Mariana, mesmo após alguns anos fazendo terapia, não consegui superar aquele choque, nunca consegui conceber ter transado com minha irmã, porque mesmo não sabendo, nós dois tivemos uma relação incestuosa, algo que nunca em minha vida poderei me perdoar, cheguei a cogitar acabar com tudo, na verdade até planejei meu suicídio, mas meu pai percebendo minhas ações e intensões conseguiu me fazer a desistir.
Minha mãe até tentou se reaproximar, mas eu nunca a perdoei, sei que posso estar errado, mas para mim ela não merece perdão, sempre que ela chegava perto, eu me afastava e não deixava ter nenhum contato.
Essa foi a história da minha família, na verdade uma grande tragédia.
Eu por muitos anos me culpei por tudo, achando que nunca deveria ter feito os exames, que deveria ter dito para meu pai que não tinha dado certo ou alguma outra mentira, mas com os anos de terapia consegui enxergar que foi o ato impensado de dois irresponsáveis e a covardia de uma matriarca destruíram tudo, minha mãe e meu tio sempre disseram que a traição aconteceu uma única vez, em uma pequena viagem que meu pai fez e que nunca mais tiveram mais nada, minha vó dizia que acabou acobertando os dois com medo de que os irmãos brigassem e com isso poderia acontecer uma grande tragédia na família só que eu, meu pai e meu avô nunca acreditamos nos três, a minha vó infelizmente sempre protegeu meu tio e minha mãe e ele as vezes tinham um certo comportamento estranho, refizemos os exames de DNA, que confirmaram todos os resultados do primeiro.
Se for verdade o que eles falavam, uma transa de uma noite acabou com a vida de uma família inteira.
FIM