No outro dia, eu não conseguia tirar da cabeça o que tinha acontecido. A imagem da minha esposa se entregando àqueles garotos e, ao mesmo tempo, a lembrança de mim com Joana, me atormentava. Minha moral estava abalada, meus pensamentos confusos, e o peso do que estava acontecendo dentro da minha própria casa era esmagador. Decidi sair mais cedo do trabalho, tomar coragem e tentar colocar tudo na mesa com Amanda. Precisávamos resolver isso antes que minha sanidade desmoronasse de vez.
Cheguei em casa por volta das 16h30. Tudo parecia calmo. As portas estavam trancadas e a casa silenciosa, mas, ao passar pelo corredor que dava para os fundos, ouvi um barulho familiar vindo da direção da piscina. Algo como risadas e murmúrios abafados. Meu coração disparou. Fui devagar, sem fazer ruído, me aproximando até a porta de vidro que dava para a área externa. Quando cheguei lá, a visão que tive quase me fez cair para trás.
Amanda estava completamente nua, deitada na beira da piscina, com Alan entre as suas pernas. A cabeça dele se movia devagar, enterrada no meio das coxas dela. Ela sussurrava algo para ele, gesticulando, enquanto Alex estava em pé ao lado dela, nu, com um olhar ansioso. Ela o masturbava com um ritmo calculado, como se quisesse provocá-lo. Meu peito parecia que ia explodir. A raiva me consumia, mas, ao mesmo tempo, eu estava paralisado.
Me escondi atrás da cortina que cobria a lateral da janela de vidro, a poucos metros deles, tentando não fazer nenhum barulho. A cena me deixava em choque, mas algo em mim, algo sombrio, queria continuar assistindo. Minha mente gritava para que eu saísse dali e acabasse com aquilo, mas meu corpo não se movia. A respiração estava pesada, o suor descia pela testa, e minha raiva se misturava a um sentimento de voyeurismo que eu não conseguia controlar.
Passaram-se dois minutos, que pareceram uma eternidade. Amanda, ainda sorrindo, empurrou a cabeça de Alan para longe de suas pernas, rindo e dizendo algo como:
— Tá aprendendo, hein? Mas ainda falta melhorar o jeito da língua...
Ela se sentou, cruzando as pernas com uma calma irritante, como se fosse a dona da situação, enquanto Alex reclamava, impaciente.
— E aí? Vai deixar a gente fazer logo ou não? — Ele perguntou, com uma mistura de irritação e desejo na voz.
Amanda riu, passando os dedos pelo próprio cabelo molhado.
— Calma, meninos... Eu ainda tô pensando se vocês merecem.
Aquilo me irritava profundamente. Ela estava brincando com eles, manipulando a situação como bem entendia. Mas, ao mesmo tempo, algo em mim ficava preso naquele jogo. Era como se eu estivesse assistindo a uma cena surreal que não conseguia interromper.
Alan se aproximou novamente, tentando argumentar, mas ela o empurrou de leve e suspirou.
— Tá bom, tá bom... Já que vocês estão tão ansiosos, eu vou aliviar um pouco. Só porque a minha mão tá cansada.
Ela olhou para Alex, que imediatamente se aproximou mais, e então, com uma calma quase teatral, ela se inclinou para a frente e começou a abocanhá-lo. O rosto dele se contorceu em êxtase, e Alan, ao lado, assistia com um sorriso de satisfação, como se soubesse que seria o próximo.
Meu coração batia tão forte que parecia que ia sair do peito. A cena era revoltante, mas, ao mesmo tempo, eu não conseguia desviar os olhos. Algo dentro de mim estava sendo testado, algo sombrio e inaceitável. Minha moral, minha dignidade, meu senso de justiça, tudo estava se desmoronando naquele momento.
Eu sabia que precisava agir, mas, ao mesmo tempo, algo me segurava. Eu queria ver até onde ela iria, até onde aqueles dois garotos ousariam ir com a minha esposa. A cada segundo que passava, a tensão em mim crescia, e uma voz dentro da minha cabeça sussurrava: Ainda não... Espere mais um pouco.
E então, naquele momento, percebi que não era apenas Amanda que estava me traindo. Eu estava traindo a mim mesmo.
A cena que se desenrolou na minha frente foi o limite da minha sanidade. Amanda, ainda ajoelhada, olhou para os dois com aquele sorriso provocante e deu instruções claras. Ela inclinou a cabeça para trás, deixando o rosto exposto, e disse com uma voz firme:
— Quero que vocês mostrem que sabem "finalizar" de verdade.
Alan e Alex, como se estivessem sendo treinados por ela, obedeceram imediatamente. A expressão de êxtase nos rostos dos dois só aumentava minha raiva. Alan foi o primeiro. Ele se posicionou bem perto, e em questão de segundos, eu vi o momento em que tudo aconteceu. Amanda fechou os olhos, mantendo aquele sorriso absurdo, enquanto ele fazia o que ela ordenou. Logo em seguida, Alex tomou o lugar do irmão, finalizando a "sessão" com a mesma obediência. Amanda apenas riu, pegando uma toalha ao lado para se limpar, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.
Minha raiva atingiu um nível que nunca pensei ser possível. O ódio me consumia. Eu queria arrombar aquela porta de vidro e acabar com os três naquele instante. Mas algo dentro de mim dizia que isso não seria o suficiente. Não, eu precisava de algo maior. Algo que fizesse não só Amanda, mas aqueles dois moleques também, pagarem pelo que estavam fazendo.
Saí dali antes que fizesse alguma besteira no calor do momento. Peguei o carro e dirigi sem rumo pelas ruas do bairro, tentando clarear a mente. Não adiantava só confrontá-los, não agora. Amanda tinha ido longe demais, mas aqueles dois precisavam aprender a lição de uma maneira que nunca esqueceriam. Foi então que lembrei de Bruno, meu primo distante.
Bruno era a ovelha negra da família, o tipo de pessoa que todo mundo evitava nas reuniões de Natal. Ele tinha envolvimento com coisas erradas desde jovem: brigas, furtos e todo tipo de confusão. Mas, se havia uma coisa que Bruno sabia fazer, era resolver problemas "na prática". Decidi engolir o orgulho e ligar para ele.
— Bruno, é o Sérgio. Preciso de um favor teu.
A voz dele, rouca e debochada, respondeu no outro lado da linha:
— Sérgio? Cara, há quanto tempo. Tá precisando de quê? Advogado não liga pra parente bandido sem motivo, né?
Ignorei a provocação e fui direto ao ponto.
— Preciso que você reúna alguns amigos teus. Quero que deem uma surra em dois moleques. Não pra matar, mas pra eles aprenderem a respeitar.
Ele riu, como se tivesse ouvido a melhor piada do dia.
— Ah, agora sim eu gostei. Quem são os alvos? E o que fizeram pra te deixar assim?
Respirei fundo. Não queria entrar em detalhes.
— São uns moleques aqui do bairro. Fizeram umas coisas inaceitáveis. Não posso resolver diretamente, você entende. Mas quero que eles saiam com o recado claro: nunca mexer com quem não devem.
Bruno ficou em silêncio por um momento, talvez calculando o que podia ganhar com aquilo. Depois respondeu:
— Beleza. Mas isso vai te custar. Combustível, tempo dos caras... Você sabe como é.
Concordei sem hesitar.
— Dinheiro não é problema. Resolvo isso com você depois. Só preciso que aconteça rápido.
Ele deu uma risada curta.
— Tá bom, primo. Deixa comigo. Me manda os detalhes.
Desliguei o telefone, sentindo uma mistura de alívio e apreensão. Por mais que Bruno fosse eficiente, eu sabia que envolvê-lo significava cruzar uma linha que nunca tinha cruzado antes. Mas, naquele momento, minha sede de vingança era maior do que qualquer dúvida moral.