CAPÍTULO 12
Logo depois da noite prateada dar lugar ao lusco fusco do amanhecer todos se levantaram e, sem que ninguém falasse nada, a Cahya já estava distribuindo alimentos para todos. Ela encontrara entre as coisas que a Na-Hi trouxera uma lata de leite em pó e algumas barras de cereais. Calculando rapidamente, ela percebeu que o leite em pó seria o suficiente para dois dias além daqueles, mas os cereais seriam consumidos todos naquele dia e, além disso, restava a carne em conserva que ela avaliara mal e também seria consumida naquele dia, ou seja, no dia seguinte eles não teriam mais nada para se alimentar.
Ela pegou duas latas vazias dos alimentos consumidos na noite anterior e as levou até o lago onde as lavou do jeito que conseguiu, retornando com ambas cheias de água. A distância era de aproximadamente trezentos metros e ela, assim como na ida, percorreu essa distância em poucos minutos. Cahya ficou impressionada ao ver que o caminho que ela usara era uma trilha, como se centenas de pessoas passassem por ali todos os dias. Além disso, o terreno dera regular e apresentava um desnível suave e contínuo, como se tivesse sido nivelado por mãos humanas.
Quando chegou à praia, avistou ao longe a Na-Hi empenhada em acender a fogueira com a ajuda dos fósforos em uma das malas que tirara do iate antes que esse afundasse e ficou admirada com o fato da coreana demonstrar ser uma pessoa treinada para sobreviver em lugares desérticos e sem as comodidades que se encontram na civilização, Sorrindo, entregou as latas para ela que as recebeu depois de dar um selinho. Feliz com a demonstração de carinho, Cahya comentou:
– Na-Hi ser muito útil! – Como aprender essas coisas?
– Um pouco de treinamento e muito de necessidade. – Respondeu a coreana sem dar muita importância ao elogio que recebera.
Não demorou em que os demais começassem a acordar. Foi como se houvesse um toque de alvorada, pois mal a água ferveu e Cahya preparou o leite usando um pouco do pó e cada um que se aproximava recebia uma barra de cereal e bebia o leite nos copos que Na-Hi improvisara cortando algumas das garrafas de água mineral.
Depois de se alimentar, eles iam em direção ao lago onde se atiravam na água que, mesmo àquela hora da manhã estava com uma temperatura agradável.
A última a acordar foi Milena e logo mostrou que o seu humor não estava para brincadeiras. Reclamou do leite, reclamou da barra de cereal e reclamou de ter que caminhar até o lago e, a cada reclamação, Na-Hi e Cahya trocavam um olhar e davam com os ombros como se para dizer que elas não podiam fazer nada além do que já tinham feito.
O mau humor de Milena tinha uma razão.
Na noite anterior, quando ela estava ao lado de Nestor e Margie, tudo indicava que ela teria uma noite de sexo prazerosa. Mas logo Pâmela apareceu e convenceu a garota a se juntar à Diana e ao seu pai. Ansiosa para ver o desejo que sentia por Ernesto finalmente saciado, ela não precisou de outro incentivo e foi imediatamente.
A noite, porém, não foi o que ela esperava. Seu pai, por mais que ela insistisse, se recusou a transar com ela que ficou de voyeur da transa de Ernesto e Diana. A princípio ela não fez nada porque ficou impressionada com o desempenho da linda negra. Ela não estava dando uma surra de buceta em seu pai, ela estava dando uma surra completa. Usando a boca, os seios que ela fez com que deslizasse pelo corpo do homem até prender pau dele entre eles enquanto lambia a cabeça, fazendo o homem gemer e se contorcer com o prazer que sentia, todavia, Diana o controlava de tal forma que impedia que ele gozasse, pois todas as vezes que isso estava prestes a acontecer ela segurava o pau dele, apertava e ficava parada apenas com seus olhos azuis pregados nos deles e mostrando duas fileiras de dentes alvos e perfeitos em um sorriso encantador.
Depois de aplicar aquela deliciosa tortura em Ernesto, ela ficou em pé sobre o corpo dele, com cada um dos pés ao lado de sua cabeça e foi se agachando até encostar a buceta no rosto dele e começou a rebolar. Diana não procurou ficar em uma posição em que sua xoxota ficasse na direção da boca de Ernesto. Ela não se importou com isso, pois parecia que o que ela pretendia era foder seu rosto e ela conseguiu, pois sua xoxota espumava revelando todo o seu tesão e ela deu um banho de mel no pobre homem que ficou completamente molhado. Olhos, cabelos, nariz e queixo. Tudo ficou hidratado com o suco daquela buceta tesuda, tão tesuda que quando ela não aguentou mais e gozou ruidosamente, caiu de lado e o homem puxou o ar com desespero.
Ernesto só conseguiu abrir os olhos depois que limpá-los e para isso ele precisou usar a camisa que estava jogada ao seu lado. Quando ele conseguiu colocar a paisagem a sua volta em foco, seu pau deu um tranco voltando a ficar duro, ao ver sua filha Milena com a calça abaixada e a camiseta levantada, acariciando um de seus seios com uma das mãos enquanto com a outra se masturbava e tinha dois dedos enfiados em sua buceta. Mas o cenário mais sedutor era o rosto dela que, desesperada, gozava em silêncio. Suas narinas estavam dilatadas, o lábio inferior preso com os dentes e os olhos totalmente fora de órbita. Era uma cena maravilhosa ver Milena gozando daquela forma.
Mas a deusa de ébano ainda não estava satisfeita e queria mais. Ela, que tinha acabado de gozar, ao ver a expressão dele olhando para Milena, se aproveitou da distração dele e repetiu os mesmos gestos que tinha feito antes. Voltou a ficar de pé sobre ele, desta vez na altura do quadril e desceu seu corpo até sentir o pau dele e, sem usar a nenhuma das mãos, apenas movimentando o seu quadril de um lado para outro, posicionou sua buceta na cabeça do pau duro, aproveitou a dureza que ele apresentava. Quanto sentiu que o seu objetivo tinha sido atingido, soltou seu peso em um único movimento, se certificando que o engolia totalmente. Diana estava com tanta fome que para ela nada seria suficiente que não que não fosse ter aquele o pau totalmente socado em sua buceta.
Novamente ela judiou dele. Diana quicava com velocidade em cima do pau de Ernesto enquanto prestava atenção em suas expressões e quando os gemidos dele ficavam mais intensos ela parava de quicar e ficava apenas rebolando. Na terceira vez que fez isso, ela estendeu a mão para o lado de Milena que, mesmo não entendendo o que ela queria, se levantou e se aproximou. Diana puxou o braço dela para baixo que entendeu que devia se curvar. Então ela segurou em seus cabelos e puxou o rosto da loirinha para si até que a boca dela ficasse ao alcance da sua e começou um beijo cheio de tesão.
Milena, é claro, aceitou o beijo. Mas não entendeu quando sentiu que a Diana fazia pressão no seu corpo para que ela ficasse de frente para ela e, mesmo sabendo que para isso teria que ficar montada sobre seu pai, cedeu ao desejo dela. A surpresa foi que, depois de ficar nessa posição, sentiu as duas mãos de Diana em sua cintura que, em vez de apenas segurar, a empurrava para trás.
Milena ficou dividia entre a vontade e o receio. Entre o desejo e a vergonha, Mas logo o desejo venceu e ela mais uma vez cedeu e foi recuando sua bunda até que ficasse montada sobre o rosto do pai. Ernesto, ainda tentou evitar virando o rosto ao mesmo tempo em que empurrava a bunda da filha de volta para que ela ficasse sobre a sua barriga, porém, Milena forçou e baixou o corpo encostando a xoxota em sua face direita. Ernesto sentiu a umidade da buceta dela se misturando à de Diana que já estava ali e o aroma diferente da buceta jovem invadir suas narinas, embaralhar seus sentidos e esmagar toda e qualquer resistência. Sem saber como, sentiu sua língua invadindo aquela bucetinha macia, molhada e saborosa.
Durante toda essa ação, em nenhum segundo as bocas das duas mulheres se separaram e Diana sentiu o ar quente que Milena exalava aquecer a sua boca. Então gozaram. Todos os três simultaneamente. Diana não tinha mais como ficar atenta às expressões de Ernesto que estava com o rosto atolado entre as pernas da filha. Dele ele só via o queixo. Então ela sentiu o pau de Ernesto vibrar e um segundo depois os jatos de porra atingir o seu útero. Simultaneamente, Milena bufou novamente e o calor do ar de seus pulmões atingiu novamente a sua boca enquanto a loirinha prendia sua língua e começou a sugar com mais força. Diante de tanto estímulo, ela perdeu de vez o controle da situação e sentiu seu corpo todo tremer em um orgasmo maravilhoso.
Diana teve que desistir de ficar no controle da situação, mas depois entendeu que, ao perder o comando daquela foda, não o entrego para nenhum de seus dois companheiros de foda, pois quem assumiu o comando a partir dali foi o desejo.
Depois de gozarem de forma tão intensa, se aninharam e dormiram ali mesmo. Ernesto deitado de costas sobre uma cama feita de folhas de palmeiras e depois coberta com dois casacos, abraçava as duas mulheres que estavam deitadas, uma de cada lado de seu corpo cansado e com a cabeça repousando em seu peito.
Quanto acordou, viu que só a Milena ainda permanecia ali. Tirou com delicadeza o rosto da filha de cima do seu peito e apoiou as mãos sobre a improvisada cama e levantou a parte superior de seu corpo ficando sentado. Isso permitiu que ele tivesse uma visão da praia e lá estava Diana brincando com as ondas. A visão daquele corpo que parecia ter sido esculpido em ébano que já começava a sofrer os efeitos do sol e emitia faíscas azuladas e fracas. Mesmo assim, era uma visão encantadora e seu pau respondeu ao estímulo daquela visão dando início a uma ereção.
Ele não tinha percebido, mas Milena acordara com o seu movimento e levou a mãozinha ao pau dele quando esse começou a ficar duro fazendo-lhe carinhos. A primeira reação de Ernesto foi a de susto, pois não estava esperando por isso. A segunda foi outra que ele iria se arrepender por muito tempo, pois agindo mais por reflexo, ele segurou o pulso da filha e empurrou a mão dela para o lado.
Milena teve a reação de uma garotinha mimada e pediu com voz chorosa:
– Ai papai. Deixa vai. Eu preciso tomar leitinho. O dia já amanheceu.
– Não faça isso Milena. Nós não podemos. É muito errado.
Milena começou a se irritar e falou, agora com voz normal:
– Não pode o que? Chupar minha buceta você pode, mas quando eu quero chupar seu pau é errado. Deixa de ser hipócrita seu Ernesto.
– Não é hipocrisia Milena. Me desculpa pelo que aconteceu ontem. Eu concordo com você. A culpa foi minha. Só que agora estou me sentindo um canalha com o que eu fiz.
Se o ânimo de Milena fosse medido em graus Celsius e ali tivesse um termômetro, o mercúrio teria ido de trinta a noventa em um segundo. Levando a mão até o rosto do pai e forçando para que ele olhasse para ela, gritou:
– CANALHA! VOCÊ ACHA MESMO QUE VOCÊ FOI CANALHA! ORA PAPAI, DEIXE DE AGIR COMO UM TOLO. VOCÊ QUER SABER O QUE É SER CANALHA? POIS EU VOU TE MOSTAR. ME AGUARDE.
Falando isso, Milena saiu andando apressadamente na direção do local onde na noite anterior estava e logo chegou até o Nestor que tinha acabado de acordar com seus gritos que também despertaram a Margie e a Pâmela. O rapaz, com a ereção comum com que os homens acordam. Ela segurou a mão dela e o fez levantar, depois se abaixou na frente de Pâmela e, segurando seus dois calcanhares, abriu bruscamente sua perna e avançou para o meio delas. Pâmela até assustou quando sentiu a boquinha macia de sua enteada atacando sua buceta. Milena chupou dez segundos, parou e olhou para o Nestor falando:
– Você está fazendo o que aí parado? Anda. Vem logo me foder.
Convite irrecusável é convite que tem aceito. Nestor não vacilou e se ajoelhou atrás da garota e parou olhando para aquela bundinha cintilante, pois o sol já se levantava no horizonte provocava o mesmo efeito do dia anterior. Mas logo foi arrancando de suas contemplações com a reclamação de Milena que falou:
– Anda logo homem. O que você está esperando? Vai precisar de um convite por escrito?
Nestor acordou de sua contemplação e se ajoelhou. Segurou o pau com a mão direita e a cintura dela com a esquerda e posicionou na entrada da bucetinha dele e enfiou em um único movimento. Como ela estava com tesão, a lubrificação ajudou sua ação e a penetração foi completa, ao ponto de ele sentir seu pentelhos encostar na bunda dela. Mas ainda não era isso que Milena queria e reclamou sem se preocupar em ser gentil:
– O que você está fazendo seu idiota? Aí não. Fode o meu cuzinho.
O pau de Nestor ficou mais grosso ao ouvir isso. Essa reação dele quase fez com que Milena desistisse, pois ela chegou a gemer ao sentir sua bucetinha totalmente preenchida. Mas ela tinha outros propósitos e voltou a reclamar:
– Cacete Nestor. Será que vou ter que desenhar um mapa? O cu é aqui, ó.
Dizendo isso ela levou as duas mãos pra trás, segurou suas nádegas e as separou deixando seu buraquinho marrom claro exposto. Nestor obedeceu e, como ali não havia lubrificação ele teve dificuldades em penetrar, mas como Milena, que já tinha voltado a chupar a buceta de Pâmela não dizia nada, ele forçou até conseguir. Milena gemeu de dor ao sentir seu cuzinho ser devassado sem nenhuma preparação, mas seu desejo de vingança contra o pai era mais forte e ela resistiu bravamente e ainda rebolou sua bundinha antes de recuá-la, consumando com esse ato a entrega total de seu rabinho.
Não satisfeita, ela levantou o rosto da buceta de Pâmela e, olhando para Marguerithe que a tudo assistia com os olhos arregalados e sem dizer uma palavra, disse:
– Vem aqui sua putinha. Fica por baixo de mim e chupa minha buceta.
Margie e Milena não tinham um relacionamento que se podia chamar de amizade. A relação da parte dela com a cunhada era de total indiferença e a de Margie de frio distanciamento, Ou seja, uma não interferia nunca na vida da outra e elas iam convivendo sem problemas. Talvez seja isso que fez com que a ruiva vacilasse. Então ela ficou olhando para a cena a sua frente como se não tivesse sido convocada para participar. Milena, ao perceber isso, voltou a soltar o grelinho de Pâmela que já tinha abocanhado e falou, agora com voz meiga:
– Por favor, Margie. Faz esse favor para sua cunhadinha. Eu juro que vou me sentir sua devedora e, no dia que você quiser, farei qualquer coisa que você pedir. Por favor!
A mudança de tratamento surtiu efeito. A ruivinha, depois de controlar a surpresa em ser tratada daquele jeito por Milena, coisa que ela jamais sonhara ser possível, resolveu aceitar. Aceitou também porque aquela ação não exigia dela nenhum esforço, pois já estava morrendo de tesão com a cena que se desenrolava na sua frente. Então ela se aproximou, se deitou de costas na areia e rastejou para baixo da cunhada. Primeiro ela beijou cada um dos mamilos dela e depois foi forçando o corpo em direção à sua buceta, beijando e lambendo cada centímetro da pele dela ao fazer o trajeto.
Finalmente a ruivinha atingiu a posição ideal. A visão que ela tinha era do pau negro de Nestor fodendo com vigor o cuzinho de Milena e isso lhe deu mais tesão ainda. Por um segundo, ela resolveu provocar a outra e ficar só olhando, mas nesse exato momento o aroma adocicado da bucetinha dela atingiu seus sentidos e ela deixou se rendeu atacando a bucetinha molhada com sua língua ágil.
A partir daí era só gemeção e quem gemia mais alto era Pâmela. Como Milena fizera questão de armar toda aquela situação para que seu pai assistisse, o Ernesto ficou assistindo a distância aquela orgia desenfreada e se dividia entre o tesão e a necessidade de intervir e acabar com aquilo. Com muito esforço a segunda opção venceu e ele se aproximou do quarteto e falou:
– O que é isso Pam? Você não pode fazer isso com minha filha. Ela é sua enteada. Isso é muito errado! – E depois, para Milena: – Milena, por favor, pare com isso. Você está pensando o que?
Milena respondeu antes, não dando chance para que Pâmela falasse nada:
– Isso papai, é ser canalha. Nós estamos todos sendo canalha aqui. O que você acha hem? Estamos sendo canalhas o suficiente para você?
Sem resposta para a rebeldia da filha, Ernesto se apressou a sair dali. No fundo, ele tinha consciência de que não era só as provocações de Milena que o forçavam a se afastar. Ele não podia negar que aquela cena o deixava com tesão e não queria que ela notasse que seu pau estava tão duro que marcava a calça que acabara de vestir.
Durante o reto do dia, os sobreviventes se preocuparam mais em se divertir do que explorar a ilha. A principal causa disso era a Marguerithe que desfilava nua, exibindo seu corpo a todos e aquele brilho especial que todos eles adquiriam quando ficavam expostos ao sol. Mas não demorou e a Milena imitou a cunhada melhorando o espetáculo, mas Diana e Pâmela não se contentaram apenas em olhar, tiraram suas roupas e se juntaram a elas. Brincaram na água até se fartarem e só saíram quando a Cahya que, assim como Na-Hi, não tinha se juntado a elas, chamou todo mundo para almoçar.
Logo depois do almoço cujo cardápio foi o que restava da carne em conserva, Cahya chamou a atenção para algumas nuvens que se formavam do outro lado da formação rochosa. Elas não tinham a mesma aparência da nuvem negra que, sobre a montanha ao fundo, nunca sofria nenhuma alteração. Ela estava sempre lá, mas essas que a garota viu tinham a características de nuvens de chuva mesmo. Aproximando-se de Henrique ela falou apontando para o céu:
– Chover logo.
Henrique olhou para a direção que Cahya apontava e se certificou que ela estava certa e logo significava que a chuva começaria em questão de minutos, pois enquanto ele olhava viu as nuvens avançarem sobre a formação rochosa e notou que um pouco mais para trás já chovia.
Não houve tempo para procurarem abrigo. Também não tinham abrigo para encontrar. Na-Hi viu todos correrem para baixo da árvore que estava servindo como alojamento, porém, nesse justo momento todo o cenário assumiu um tom azul escuro e brilhante e, embora o espetáculo fosse bonito, ela sabia que aquilo era o efeito de um relâmpago. Para comprovar que ela estava certa, no segundo seguinte a terra pareceu tremer ao som de um trovão. Com voz autoritária, ela gritou para todos:
– Saiam todos daí. Essa árvore é uma atração potencial de raios.
Alguns ainda resmungaram contra a ordem recebida, porém, Ernesto endossou as palavras da coreana e ordenou que todos abandonasse a proteção da árvore e fossem ficar ao lado de Na-Hi enquanto pingos grossos de água começaram a cair com tanta força que chegava a levantar a areia. Margie sugeriu:
– Gente, já que vamos nos molhar, que tal entrarmos no mar?
– Não é uma boa ideia, Margie. A água também atrai raios. – Explicou Ernesto.
– Então, o que vamos fazer? – Perguntou Milena.
Na-Hi, que olhava para todos os lados e não encontrava uma saída decidiu que o melhor a fazer seria ficar na areia mesmo, apenas pedindo para que não ficassem todos juntos. Ela explicou essa ideia dizendo que a aglomeração deles também atraia raios, porém, no fundo seu raciocínio era diferente. Ela não queria que todos morressem ao mesmo tempo.
Entretanto, todos os receios de Na-Hi se mostraram desnecessários. A chuva se intensificou a ponto de impedir que eles vissem uns aos outros quando começaram a se espalhar pela praia, porém, apesar de ser uma chuva forte, o que se tinha era apenas água. Não ventava e os trovões que se ouviam soavam longe deles.
Depois de vinte minutos de muita água a chuva parou da mesma forma que começou. Em um minuto chovia e no minuto seguinte ela tinha ido embora e até mesmo as nuvens se movimentavam para longe e logo o céu estava limpo. Aquela foi a primeira vez que eles passaram por uma situação de chuva e serviu como aprendizado, pois a partir daquele dia ela passou a ser constante e chovia pelo menos quatro dias por semana e era sempre do mesmo jeito, intensa, porém, breve e sempre no período da tarde.
Entretanto, a ocorrência da primeira chuva serviu como marco para a primeira situação de estresse. Tudo aconteceu assim que a chuva parou. Todos começaram a tirar suas roupas para estenderem nas pedras para secarem. Cahya fez a mesma coisa, mas como não usava sutiã, ficou apenas de calcinha e seus lindos seios chamou a atenção de todos. O Nestor, que estava próximo dela, usava apenas cueca e foi estender a roupa perto de onde ela fazia a mesma coisa.
Não se sabe o que os dois falaram entre eles. O que o Henrique viu foi que o rapaz colocou a mão no ombro de Cahya que deu um passo atrás e, ao fazer isso, escorregou na pedra molhada e caiu para trás, só não caindo e batendo a cabeça nas pedras porque Nestor foi rápido e amparou.
Para o Henrique, que assistia a tudo de longe, a cena pareceu diferente e a primeira conclusão que ele chegou foi que o Nestor e Cahya discutiram e o rapaz empurrou a garota. Sem dar chance de conversa, ele correu até onde os dois estavam e, sem aviso prévio, desferiu um murro no rosto de Nestor e depois, com o dedo em riste ameaçou:
– Seu filho da puta. Se você encostar um dedo na Cahya mais uma vez, eu te mato.
Falando isso, virou as costas para Cahya e saiu andando com ela, se afastando das pedras. Mas quando chegaram à areia, Henrique que ainda se remoía de ódio, virou-se para Nestor e voltou a ofendê-lo de todas as formas. Nestor ainda tentou explicar que não tinha feito nada e deixava claro que ele não queria briga, mas cometeu o erro de caminhar para perto de Henrique que entendeu mal a reação dele e desferiu outro soco que o acertou do lado da cabeça.
Cego de raiva e de dor, Nestor atacou e os dois se engalfinharam em uma luta onde valia tudo. Ernesto, ao ver que a briga era séria, falou para Na-Hi enquanto começava a andar na direção dos dois brigões.
– Vem comigo Na-HI. Me ajuda.
Mas a coreana não se mexeu. Em vez disso, segurou o firmemente o braço de Ernesto impedindo que ele seguisse naquela direção e explicou:
– Não Ernesto. Deixe que os dois briguem. Se não for agora, vai ser mais tarde. Então que eles se resolvam e depois você conversa com os dois.
Ernesto não entendeu muito bem o que Na-Hi queria dizer com isso, mas como a coreana era a pessoa que sempre agia com sensatez e a cada dia que passava ia assumindo a liderança daquele grupo, resolveu acatar.
A briga na areia continuava acirrada. Nestor era mais forte, mas Henrique o mais inteligente e, como tinha maior envergadura, conseguia revidar cada golpe que recebia, porém, não conseguia evitá-los. Logo o esforço que faziam, somados com o fato de estarem na areia, ambos começaram a se cansar, mas continuaram a se atacarem até que fossem vencidos pela fadiga.
Só então a Na-Hi se aproximou deles e, segurando no braço de Cahya que só sabia chorar e a puxou junto com ela até que ficassem próximo dos dois lutadores que não conseguiam sequer se colocarem de pé e falou:
– Muito bem machões. Quem foi que ganhou a briga? É preciso que vocês digam para a gente saber com quem é que a Cahya vai ficar.
Os dois olharam para eles sem entender o que a coreana queria dizer, mas Na-Hi já perguntava para Cahya:
– O que você acha, Cahya? Você que estava mais perto, com quem é que você vai ficar hoje?
Controlando sua respiração alterada, o Henrique perguntou:
– O que é isso Na-Hi? Você está ficando louca?
– Louca eu? Não! Vocês são os machos que disputam a mulher se matando, então precisamos saber quem vai levar o prêmio. Amanhã vocês brigam de novo, e no outro dia de novo e continuem com isso até que ela se canse e dê um chute na bunda de vocês dois.
Henrique entendeu o que Na-Hi queria dizer e se envergonhou de sua atitude e se calou, mas Na-Hi estava enfurecida e resolveu humilhar ainda mais aos dois e perguntou para Cahya:
– Acho que empatou Cahya. Então você escolhe. Com quem você quer ficar hoje?
– Cahya não querer nenhum. Henrique idiota e Nestor idiota. Cahya cansada disso.
– Vocês ouviram.
– Viu o que você fez, Henrique? Está feliz agora? – Perguntou Nestor que, embora fosse sempre o mais esquentado, naquele momento era o que aparentava estar mais calmo.
– Você que fez, seu idiotia. Encosta na Cahya de novo que eu te mato.
Nestor ouviu aquilo e ficou encarando o Henrique, até que falou:
– Olha cara. Vou te confessar uma coisa. Eu já tive muito a fim de te matar quando você roubou a Cahya de mim. Mas isso foi antes de você salvar a minha vida. – Dizendo isso, ele se levantou e saiu andando, mas depois de cinco passos, parou, virou-se para o Henrique e completou: – Faça um favor para nós dois. Evite me agredir de novo. Eu não me sinto nada legal em ter que agredir você. Ah! E sim, a briga empatou. Parece até que você melhorou muito sua forma.
– Não enche seu idiota. Você nunca foi páreo para mim.
Nestor não respondeu e Henrique ficou com vergonha quando ouviu, ao longe, a Margie comentar com Milena:
– Nossa. Parecem dois garotinhos brigando por causa de bala.
– São dois idiotas brigando por causas de uma mulher. Será que eles não percebem que a Cahya adora o Henrique?
– Tá. Isso todo mundo nota. Mas o que significa.
– Significa que não adianta nada eles brigarem. A Cahya nunca vai deixar o Henrique para ficar com o Nestor. São dois babacas, vamos embora daqui.
Depois da confusão o grupo se dividiu com metade indo até o lago e a outra ficou brigando no mar. Menos Cahya e Na-Hi que sumiram da vista de todos.
Quando o sol já se punha e todos se preparavam para o final do dia, Ernesto surpreendeu o Nestor que, com sua faca, esculpia alguma coisa no tronco da frondosa árvore que servia como alojamento para eles e, quando perguntou o que ele fazia, o rapaz explicou que estava marcando a passagem dos dias para saber quantos dias eles ficariam naquela ilha até serem resgatados e, embora não acreditasse nessa possibilidade, ele viu naquilo uma oportunidade de colocar em prática uma ideia que estava lhe ocorrendo. Então chamou a todos para uma reunião e falou:
– Eu acho que isso é um desperdício o que o Nestor está tentando fazer. Não quanto ao calendário, mas sim quanto à sua finalidade, pois não acredito que algum dia vamos conseguir sair dessa ilha. Por causa disso, penso que deveríamos.
– Como assim? – Perguntou Nestor intrigado.
– É sobre isso que quero falar.
Em seguida, limpando a garganta, Ernesto começou a falar e explicou a todos o que Nestor tencionava fazer e em seguida deu a sua opinião:
– Nós chegamos aqui ontem e acreditamos que foi no dia vinte e um de dezembro. Como todos sabemos, ontem foi o solstício de verão no hemisfério sul. Isso quer dizer que foi o primeiro dia de verão. O que eu proponho é que tenhamos nosso próprio calendário e minha ideia é a de que ontem tenha sido o primeiro dia do ano, pois para mim foi o primeiro dia de uma nova vida. Nós podemos sim seguir o modelo usado no mundo todo que é o de meses, só que esses meses têm que terem uma quantidade de dia para que os dias vinte e um de março, vinte e um de junho e vinte e três de setembro sejam o início de um novo mês. Então, hoje seria o dia dois de janeiro e não vinte e dois de dezembro.
– A gente devia aproveitar e dar nomes diferentes para os meses. Eu nunca gostei desses que usamos. – A ideia partiu de Margie que falara apenas por falar mesmo, porém, para surpresa dela, a ideia recebeu apoio de todos e o Ernesto concordou falando:
– Pode ser, isso não vai influenciar em nada na nossa vida mesmo. Todos apoiam a ideia?
Todos responderam que sim. A seguir o Ernesto pediu sugestões para o nome do primeiro mês e vários se aventuraram. Os nomes sugeridos iam desde a manter o mês de Janeiro mesmo, passava por nome de santos e terminou com a mais simples dela, a de chamar o mês de primeiro mês, segundo meses e assim sucessivamente. As sugestões foram colocadas em votação e a maioria preferiu que escolhessem novos nomes, o que surgiu da necessidade de que todos ajudassem a sugerir qual seria o nome do primeiro mês e que depois escolheriam o nome para os outros.
Vários nomes foram sugeridos. O de nome de algum santo voltou a ser sugerido, mas foi recusado porque a ideia já tinha sido recusada antes. Depois de muitos rirem com algumas ideias malucas, a Pâmela sugeriu um que chamou a atenção de todos:
– Se vai começar o ano justo nesse dia por causa do início de verão, então o ideal é que o nome de mês também seja verão.
A ideia impactou alguns deles o que fez que fosse colocado em votação e vencer por maioria, com uma única alteração, em vez de ‘verão’, em virtude de ali ter uma variedade grande de pessoas que tinham como língua materna idiomas diferentes, resolveram usar uma terminação que lembrasse o latim e o primeiro mês foi batizado como ‘veranus’. Não foi uma tradução feliz, pois em latim a palavra para verão é ‘aestus’, mas esse último no latim clássico, porque ‘veranus’ era usado latim popular que era o usado entre o povo em geral.
Ernesto ficou satisfeito, pois sem que pensassem nisso, já tinham escolhido o nome de três outros meses. O quarto seria outonus, o sétimo invernus e o décimo seria primaverus, todos os três também derivados do latim popular. Com um sorriso estampando no rosto, ele foi até a árvore e esculpiu:
“01 de veranus do ano 00”.
A data no tronco da árvore dava ao Ernesto a sensação de ter iniciado uma nova vida.
Quando a reunião teve fim, o sol se punha atrás da nuvem negra que cobria as montanhas ao oeste e Cahya foi providencia o jantar. Jantaram, se reuniram em uma roda em volta da fogueira e começaram a conversar. Logo a Diana teve a ideia de que, para passar o tempo, a cada semana eles deviam reservar uma noite onde alguém falaria sobre sua vida, contando quem era antes de viver ali. A ideia foi aprovada com o acréscimo de que, já que era para ser uma vida nova, cada um poderia escolher um novo nome e abandonar o antigo. Quando foi perguntado se alguém era voluntário para ser o primeiro a falar, a Pâmela se apresentou e se posicionou diante de todos depois de trocar um olhar intenso com Ernesto que fez um movimento de cabeça como se a incentivando.