VI
Era uma fazenda. Bia via as montanhas enquanto ouvia a música que o homem que dirigia o carro escutava na parte da frente. Ele ouvia sertanejo antigo louvando as maravilhas da natureza. Bia afastava de si os mosquitos que a toda hora tentavam mordê-la. Aécio via pelo retrovisor a vaquinha batendo com as patas pelos braços e pernas.
Ela ainda não havia sido untada.
Um processo que os domadores da fazenda executavam na pele das vaquinhas para evitar mordidas de bichos peçonhentos e os demais mosquitos. Era um concentrado poderoso que causava coceira embora não agredisse a pele. Bia adormeceu no caminho e quando abriu os olhos estava diante de uma casa velha com uma escadaria estilo colonial. O homem desceu do carro sem vir até Bia que ficou aguardando. Ela ouviu o homem falar com outro homem.
- É a nova vaca? - o sujeito quis saber. - Tem boas ancas?
O homem de pele curtida do sol cheirava a suor e tinha um maxilar quadrado e o nariz pontudo. Ele apareceu diante de Bia olhando para o seu corpo. O outro homem que havia fodido com Bia durante horas. Veio para o lado desse sujeito e disse um nome que Bia tratou de guardar.
- Segundo o antigo dono já emprenhou três vezes e o miserável abortou - disse - o infeliz vendeu ela sem pestanejar quando viu o dinheiro. Acredita Adolfo?
Bia pensou que o Adolfo seria seu novo dono. Mas o homem destampou a cabeça do chapéu que o cobria e respirou relaxando os ombros. Ele afastara a mão que havia erguido em direção a cabeça de Bia. Olhava para o homem que havia trazido Bia até ali. Ele pareceu lembrar-se de algo mais importante.
- Estou com cinco vacas mestiças - ele disse - duas prenhas de um mês. Mas as outras três estão com os garanhões. Então é provável que eu fique com cinco prenhas. Acredita? Fazer o quê! Essa aí vai ficar com o novato. Seu Barnabé disse que eu que vou orientar o novato com o adestramento das mestiças.
- Eu conheço Kaik, - disse Aécio - é boa gente. Vai pegar o serviço rápido. Além disso. Seu Coriolano, está doido para trazer mais umas vacas de fora. Cê lembra do rapazinho dominador que mandou pra você a Branquinha?
Adolfo arregalou os olhos e esfregou as mãos.
- Simmm, lembro de mais, - e interessado - ele tem uma vaquinha nova para vender? Ele tem as melhores não sei como consegue tão novo.
Aecio sacudiu os ombros.
- Pelo que seu Coriolano disse, sim, ele tem uma vaquinha nova.
- Esse novato teu amigo, tá com sorte se for igual a minha Branquinha, é a melhor vaquinha dessa fazenda toda e foi domada por esse moleque aí.
- Um moleque mesmo - disse Aécio - acho que nem vinte anos tem.
Adolfo apertou a mão de Aécio e disse que precisava tomar um banho porque havia colocado as vacas para pastar sob os cuidados de Teobaldo, que era segundo Adolfo um psicopata que sempre machucava suas vacas sem necessidade. Aécio ficou sozinho por pouco tempo. Bia logo ouviu a voz de outros dois homens que se aproximavam.
Um bem preto com uns cinquenta anos de barriga grande junto a um rapaz magro mas forte de braços malhados e um rosto envelhecido. O homem que a trouxera, o mestre que ela conhecia até ali, abriu a carroceria do carro, e Bia ficou a vista dos dois estranhos. O mais velho, negro e gordo, tocava em Bia, e ela deixava porque seu antigo mestre Henrique ensinara que os homens eram seus superiores em qualquer situação, por isso, Bia nunca fugia de um homem, ou se negava a eles. Mas tremia de medo querendo mijar nas pernas. Ela segurou o quanto conseguiu mas quando o negro a puxou para o chão, Bia não resistiu e mijou.
- Essa puta! - disse Barnebé. - Segura ela aqui Kaik, vou ter que tirar essa calça.
Bia pensou em pedir desculpas em implorar o perdão mas lembrou-se do que o homem havia dito sobre ela conversar. Kaik segurou sua guia com mais firmeza e pressão que o velho negro. Bia acomodou-se a ele relaxando o pescoço para que a guia não a enforcasse porque ele puxava sem jeito com muita força. O negro gordo resmungou enquanto subia os degraus. Kaik passou a mão no corpo de Bia deslizando por suas costas e tetas.
- Você é uma gostosa, - disse para ela, - não vejo a hora de ficarmos sozinhos.
O homem sorriu de forma safada. Bia gostava de safadeza e ficou mais relaxada porque pensou que levaria uma surra por mijar na calça do homem negro. Barnabé voltou com outra roupa e tomou a guia das mãos de Kaik, ele tirou um rebenque da cintura e bateu nas costas de Bia que se contorceu toda sem conseguir aguentar implorou:
- Perdão, perdão mestre…
Mas era tarde havia falado. O negro a golpeou ainda mais. Mandou o outro sujeito ir na parte da frente do carro e pegar um equipamento que chamou de adestrador elétrico. Era um cabo com uma ponta como uma esponja. O punho lembrava um isqueiro com um botão grande como um interruptor.
- É a última vez que você fala, - disse o negro - da próxima, se tiver, eu arranco a tua língua, entendeu?
Ela nem teve tempo de grunhir uma resposta, o choque a fez se contorcer inteira. Bia respirava com dificuldade chorando. Kaik teve que carregá-la pela fazenda. A dor nos lugares onde o homem negro havia atacado Bia, doíam, e ela mal reparou nas outras vacas pastando. Barnabé mandou Kaik colocar a vaca no chão e puxá-la pela guia se ela se recusasse a andar devia arrastá-la. Kaik, virou-se para a vaquinha com dó, e disse a ela:
- Caminhe como uma vaquinha, - disse para ela - está vendo as outras.
Mostrou o campo coalhado de outras mulheres andando com as costas recurvas e as pernas com os joelhos quase tocando o chão, algumas até tocavam o chão com os joelhos. As tetas para fora sacudindo em cima dos ventres lisos. Bia grunhiu como um mugido porque a voz do homem e o jeito como ele falava a agradaram.
O outro, o negro era perverso. Ela nem conseguia olhar na direção dele. Bia começou a andar conforme o homem que segurava sua guia caminhava também. Ela abaixava a cabeça para só olhar para o caminho. O homem gordo e negro mandou o outro que a conduzia colocá-la em cima de um cavalete e prender os braços e as pernas de Bia a alças de couro nas pernas do cavalete, ela ficou de barriga em cima da haste do cavalete. Eles ataram como cintos em seus pulsos e seus calcanhares. Haviam baias nos dois lados do lugar onde Bia estava, e uma outra mulher, do outro lado de uma das cancelas da baia a direita, olhava para ela. O homem negro sacou um rádio do bolso e disse para o rádio:
- Doutor Everton, venha no celeiro dezoito, - Barnabé segurava um galão de plástico - isso aqui é um composto para a pele delas. Vamos bater três vezes. A reação do produto no corpo dela vai causar coceira. Então, é preciso deixar o produto agindo por um dia ou dois. Você que vai alimentar ela, e cuidar das necessidades. Eu vou bater a primeira vez e você observa, e bate as demais.
Barnabé acoplou uma espécie de jato na boca do galão. Ele molhou uma esponja abrindo uma torneira no final do celeiro. Veio com a bucha e encheu a boca de Bia. Ela tentou morder a bucha mas a água parecia fazê-la endurecer dentro da boca de Bia que ficou com ela travada.
- O senhor chamou doutor Everton por que? - Kaik perguntou.
Agora que via o rabo e a boceta da ninfeta tão de perto o pau de Kaik começava a ficar duro novamente. Aliás, desde que começara a vistoria na fazenda seu pau não parava de endurecer. Estava doido para catar uma daquelas putas e foder até gozar umas cinco vezes seguidas. Mas era trabalho e precisava ter foco.
- Ele vai colher o sangue dela, - disse Barnabé vestindo luvas de látex e uma máscara - o cheiro do produto é um pouco forte pode fazer a gente espirrar mas não é tóxico não.
Everton entrou no celeiro trazendo uma maleta. Ele olhou para a menina no cavalete e passou a mão no seu bumbum. Abriu e olhou a vagina e o ânus de Bia.
- Aécio não toma jeito, - disse.
- Aquele safado, - Kaik disse percebendo apenas agora o que havia acontecido.
- Fique tranquila vaquinha, - disse Everton para a menina - vou colher seu sangue, depois esse velho com cara de mau, vai aplicar um produto tipo um repelente em sua pele para evitar mordidas de insetos, e outros animais peçonhentos. Por causa do composto…
Enquanto dizia essas coisas ele furou a vaca e tirou o sangue sem nem mesmo ela de dar conta. Everton tinha jeito com aquilo. Mas tão logo se afastou a um sinal de Barnabé, o produto que havia no galão começou a ser expelido para o corpo da Vaquinha, Bia se contorcia inteira, o negócio parecia água fervente. Ela pensou em gritar mas se conteve tentando mugir. O negro borrifava o produto com todo o vigor até na cara de Bia, ela fechou os olhos tentando respirar. O líquido começou a secar tão logo o vento batia em suas pernas e costas e braços. Mas a coceira parecia insuportável. Kaik se aproximou do médico e enquanto observava Barnabé bater o produto na sua vaquinha, perguntou ao médico:
- Rapaz, tou doido para foder, - confessou - mas o velho não larga do meu pé.
Everton olhou de esguelha e aconselhou:
- O pasto tá cheio, - disse - cata uma, e leva para o mato, não recomendo comer as mestiças ainda mais essa aí ou vai ficar o pau coçando.
- Rapaz do jeito que estou de tesão, corro o risco viu, - sorriu Kaik.
- Eu te dou cobertura, - disse Everton - vai no pasto cata uma dela, e leva para o mato, cuidado pra não deixar ela lá, elas demoram a voltar, não fogem mas ficam perdidas.
A ideia excitou Kaik. Bia sofria contorcendo-se de coceira em cima do cavalete. Everton se aproximou de Barnabé e iniciou um assunto sobre suprimentos. Bia não viu mais o outro sujeito. O que a havia trazido até metade do caminho, o que chamavam de Kaik. Ela só queria um banho. Aquela coisa em seu corpo fedia. Ardia. Coçava. Antes os insetos!