<<<<Gabi>>>>
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Como eu previa aquele dia na minha casa, foi o início de uma história de amor. Suelen e Cinthia continuaram ficando e logo começaram a namorar. Eu ficava muito feliz de vê-las juntas porque formavam um belo casal. Apesar de eu ter perdido um pouco da atenção da minha amiga, eu não liguei. Até porque ganhei outra amiga nesse processo. Cinthia virou presença constante na minha vida. Mesmo depois do curso ter acabado, a gente se via sempre. As duas nunca se esqueceram da minha ajuda e sempre que lembram me agradecem.
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O tempo foi passando, meses, anos e minha vida seguia sem muitas mudanças. Meus encontros esporádicos com Sophia aconteceram mais algumas vezes. Ela veio alguns finais de semana para me ver e sempre nas férias ficava alguns dias comigo. Nossa química na cama era perfeita e nos dávamos muito bem fora dela. Mas não tinha aquele algo a mais. Talvez até tenha acontecido uma pequena paixão no início mas o amor mesmo nunca aconteceu. Isso ficou claro no último ano. Sophia conheceu uma garota e se encantou por ela. Acabaram ficando e agora estão namorando há 6 meses. Sophia nunca escondeu nada de mim. Na verdade fiquei feliz por ela. Se ela está feliz eu também estou.
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Com o namoro da Sophia eu fiquei meio que a ver navios sexualmente falando. Não que fizesse muita falta fazer sexo, mas fazia. Bom, eu saí algumas vezes para festas com Cinthia e Suelen. Na verdade, na primeira eu fui mais de tanto elas insistirem mas acabei gostando. Nos últimos meses fiquei com 3 garotas diferentes e acabou rolando de ir para cama com duas delas. Foi legal, não vou negar, mas não era como era com Sophia. Acho que porque não tinha a mesma química e cumplicidade que a gente tinha.
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Minha convivência com minha madrasta sempre foi incrível e com o passar do tempo, só melhorou. Ela era como minha segunda mãe. Ela se tornou minha maior confidente. Sempre me apoiava e dava ótimos conselhos. Nesse tempo todo eu mudei muito e graças a ela. Primeiro ela que me levou para uma academia, depois salões de beleza. Hoje eu me cuido muito mais graças a ela. Não vou dizer que dou muito valor a aparência, mas em vista de como eu era quando cheguei, hoje eu dou muito mais. Me visto totalmente diferente. Raramente uso os vestidos simples que eu usava. Mas o que mais mudou foi meu cabelo. Hoje ele é bem diferente. Ele é mais curto, um pouco abaixo do ombro e não é mais preto. Hoje uso direto ele com as pontas com cores diferentes. Às vezes vermelhas, às vezes azuis ou simplesmente dou uma descolorida nas pontas. Meu corpo também mudou. Ganhei mais músculos, não muito, mas tenho o corpo mais definido e o bumbum está maior e mais durinho. Também tenho 8 tatuagens espalhadas pelo corpo. Todas pequenas e em lugares estratégicos. As que mais gosto são o rosto da minha mãe nas costas e uma pequena bandeira com as cores lgbt na nuca, inclusive essa é a única com cores, as outras são todas preto e branco.
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Eu estava para me formar, tinha feito vários cursos nos últimos três anos. Além do inglês , fiz de espanhol e depois foquei em cursos para aprimorar meus conhecimentos na minha área. Um desses cursos foi em Varginha MG. Fiquei 20 dias na cidade durante minhas férias do meio do ano. Mas valeu muito a pena. Eu ganhei muito conhecimento sobre o café arábica. Eu também fiz alguns cursos pela Internet. Principalmente sobre cafeicultura. Não tinha muito como eu fugir disso. Primeiro que eu gostava, segundo que era o que mais tinha na minha região. E claro que eu iria voltar, minha mãe não quis nem pensar na possibilidade de se mudar para São Paulo quando meu pai tocou no assunto. Ele queria muito ter eu e ela perto dele. Apesar de serem separados a muitos anos, o carinho e respeito entre eles eram enorme. Eu não iria ficar mais tempo que o necessário longe da minha mãe. Então meu destino era mesmo voltar ao sítio.
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O maior motivo de eu ter vindo morar aqui não existia mais. Eu não esqueci Fabi, era impossível isso acontecer e eu sentia sua falta. A saudade dela ainda machucava as vezes, mas aquele amor que eu sentia com o tempo acabou. Lembrar dela ou do beijo não doía mais. Graças a Deus isso passou e eu estava pronta para encontrá-la novamente. Mas disso eu tinha medo. Eu não sabia como seria a reação dela ao me ver, nem como eu seria tratada. Mas se ela quiser saber o motivo vou contar, não tenho mais motivos para esconder isso e acho que ela vai me entender.
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Eu também sinto falta do Marcelo. Sei que ele é policial hoje, está noivo, ou talvez até casado. Sei também que ele sente minha falta e não tem mágoa de mim. Eu conheci sua noiva Carla em um destes acasos do destino. Eu estava na rodoviária esperando meu ônibus para ir para Varginha quando uma moça veio até mim e perguntou se eu era a Gabriela mesmo. Eu não a reconheci, mas confirmei que sim, meu nome era Gabriela. E ela disse que eu estava um pouco diferente mas me reconheceu. Disse que seu nome era Carla. Era de Alpinópolis e estudou no mesmo colégio em que eu estudei. Quando ela disse isso eu me lembrei dela. Não recordava seu nome mas já tinha visto ela várias vezes na minha cidade e no colégio. Ela disse que estava chegando em São Paulo, que foi fazer umas compras para loja da sua mãe. Mas o que me surpreendeu foi quando ela disse que seu noivo sempre falava se mim e que sentia minha falta. Quando eu perguntei quem era e ela disse que era Marcelo eu imaginei na hora que provavelmente o beijo dele com Fabi não virou namoro. Ou virou e não deu certo. Já faz muitos anos, muita coisa poderia ter acontecido.
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Eu perguntei a Carla como Marcelo estava e ela me contou. Eu fiquei feliz pelo meu amigo. Carla perguntou se eu não iria voltar para casa. Eu disse que provavelmente sim, mas só no ano seguinte quando eu já estivesse formada. Ela disse que Marcelo iria ficar muito feliz em saber disso. Eu falei que eu sentia falta dele e que eu devia um pedido de desculpas para ele. Que seria uma das primeiras coisas que eu iria fazer quando eu voltasse. Ela falou que com certeza tudo ficaria bem porque Marcelo sempre falava de mim com carinho. Infelizmente não podemos conversar muito mais porque meu ônibus chegou. Eu me despedi rápido dela e fui embarcar.
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Bom eu sabia também que dona Sandra não estava muito bem de saúde. Minha mãe vivia preocupada com ela. Disse que ela provavelmente iria ter que operar para por um marca passo porque seu coração andava bem fraco. Outra coisa que me deixou preocupada foi que apesar dos meus pedidos minha mãe me contou algo sobre Fabi. Não exatamente sobre ela, mas sobre a fazenda. Minha mãe disse que nos últimos anos a safra de café foi muito fraca e a fazenda teve prejuízo. Que Fabi já tinha feito um empréstimo no banco mas que se a próxima safra não fosse muito boa provavelmente ela iria perder a fazenda e ela andava muito estressada por causa disso. Eu realmente fiquei preocupada com aquilo porque a fazenda era tudo para ela e a mãe. Nem queria imaginar como seria se elas a perdessem.
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O fim de ano estava chegando e eu já estava praticamente com meu diploma na mão, só faltava realmente pegar as últimas notas que eu tinha certeza que eu tinha me saído muito bem. Minha madrasta queria fazer uma festa de despedida para mim, mas eu não quis. Eu pedi para ela segurar até o fim do ano, assim eu passaria as festas de fim de ano com eles e as meninas e no início de Janeiro eu voltaria para casa. Ela amou a ideia e meu pai mais ainda. Quem não gostou muito foi minha mãe, mas no fim acabou compreendendo. Ela ficou mais chateada porque ela não poderia vir, D° Sandra ficava praticamente só na cama por causa da sua saúde e minha mãe não queria sair da fazenda com ela daquele jeito. Eu concordei com ela e disse que no dia 2 de Janeiro eu iria e para ficar.
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Aqueles últimos dias foram muito bons, eu fui muito mimada pela minha madrasta e por meu pai. Saí muito com as meninas, Suelen parecia mais minha namorada do que namorada de Cinthia. Ela vivia agarrada comigo. Cinthia levou aquilo de boa, ela sabia o quanto Suelen era apegada comigo. As festas na minha casa foram ótimas. Eu aproveitei bastante meus últimos dias ali. Queria muito que Sophia tivesse com a gente. Eu a convidei e disse que podia trazer sua namorada numa boa, porém ela não pode vir porque os pais a deixava viajar em qualquer época, menos nas festas do final de ano. Eu até entendia, é sempre bom ter a família reunida nessa época. Mas no último dia do ano ela me ligou por chamada de vídeo e conversamos bastante. No fim da chamada estava as duas chorando como se fosse um adeus para sempre. Mas eu tinha certeza que não era, eu iria vê-la novamente. Sophia foi muito importante na minha vida. Talvez depois da minha mãe e Fabi tenha sido a mais importante. Eu com certeza não iria ficar sem vê-la o resto da vida.
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Na minha última noite ali foi muito complicado. Despedir das meninas foi muito triste, principalmente de Suelen. Aquela loirinha tinha ocupado um espaço enorme no meu coração e despedir dela não foi fácil. O pior que ainda tinha Cinthia que também era uma grande amiga, eu gostava muito dela. Foi mais uma sessão de lágrimas, mas prometemos sempre manter contato. Meu pai e minha madrasta estavam com uma carinha triste, era visível isso. Eu também estava triste por deixá-los, mas por outro lado feliz por voltar a viver com minha mãe. Era uma mistura de sentimentos que estava no meu peito.
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Eu iria sair de manhã no outro dia. Meu pai disse que já tinha comprado a passagem e estava tudo certo. Eu estava arrumando minhas malas para viajar quando minha madrasta entrou no meu quarto e se sentou na beirada da cama.
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Tânia: Acho melhor você arrumar suas coisas mais importantes em uma mochila menor. Coloca só o essencial para você sobreviver uns dois dias.
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Gabi: Porque? Não é mais fácil eu levar tudo de uma vez no ônibus, meu pai vai me levar até a rodoviária.
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Tânia: Seu pai mentiu para você a pedido meu. Por favor, não fique chateada. Eu queria te fazer uma surpresa, mas percebi que cometi um erro por causa das malas.
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Gabi: Como assim? Eu não estou entendendo.
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Minha madrasta esticou a mão e me entregou um chaveiro com a chave da R1 dela. Eu conhecia bem aquele chaveiro e aquela chave já que usei a moto bastante nos últimos 2 anos. Principalmente no último quando eu já conseguia andar nela tranquilamente. Eu no início não queria aceitar de jeito algum, mas ela me convenceu. Disse que a moto iria ficar ali parada porque ela não usava mais e como eu gostei dela seria muito mais útil ela na minha mão. A minha meu pai iria usar na loja mas a R1 iria ficar abandonada. Ela acabou me convencendo.
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Depois de uma despedida difícil na manhã seguinte eu estava saindo para voltar para meu lugar. Não sabia o que me esperava mas eu estava realmente animada para começar uma nova etapa da minha vida.
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Continua..
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Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper