Meu casamento ia para o ralo, e mesmo que minha esposa estivesse me traindo, eu ainda era exclusivo a ela, porque não podia correr riscos desnecessários naquele momento. Faltava muito pouco para os astros se alinharem perfeitamente, e quando meu plano se concretizasse, tudo valeria a pena.
Porém, existem oportunidades boas demais para serem recusadas. Paula, uma das amigas da Bianca, era uma delas. Ela era branquinha, com o cabelo negro que tocava sua cintura esculpida pelas horas de exercício. A única coisa que eu preciso dizer para explicar o meu fascínio é que ela era instrutora de pilates. Parafraseando Shakespeare, “Trocaria o meu reino só para lamber a buceta de Paula!”
Ela só tinha um minúsculo defeito. Paula é a pessoa mais burra que existe na face da terra. Acreditava em horóscopo, marketing multinível, mitos sobre vacinas e até na ideia de que a Terra era plana — praticamente qualquer coisa que encontrasse na internet.
Eu assistiria a um documentário sobre a vida dela só para descobrir como ela conseguia navegar o mundo apesar de suas notáveis limitações em compreender até mesmo os conceitos mais básicos.
Mas, como diz o ditado, "cavalo dado não se olha os dentes".
Um dia, minha irmã me telefonou, solicitando ajuda para uma amiga. Essa colega havia iniciado um relacionamento com um homem mais velho que conheceu na academia, que se dizia "day trader".
Para quem não sabe, “day trading” é o ato de comprar e vender ativos financeiros em curto período de tempo, geralmente algumas horas. Só existe uma única forma de ganhar dinheiro com isso, que é vender cursos para paspalhos ensinando day trading. Estudos mostram que quase noventa porcento dos “day traders” perdem dinheiro com suas operações.
Resumindo, ou esse namorado estava no grupo dos paspalhos, ou ele estava no grupo dos charlatães.
E, em pouquíssimo tempo, a amiga da minha irmã estava completamente apaixonada, a ponto de transferir uma quantia considerável de dinheiro para que ele “investisse” em seu nome. Quando ouvi isso, tive que me controlar para não bater com a mão na minha testa.
Minha irmã não precisou me falar nada. Eu sabia que a amiga em questão era Paula, a única capaz de tomar decisões com tão pouco bom senso. “Você acha que isso é golpe?”, minha irmã disse buscando a minha opinião sobre o caso. Eu não achava nada, eu tinha certeza absoluta.
Uma rápida pesquisa no Google pelo nome do suposto investidor revelou processos por fraude e inadimplência. A verdadeira profissão do rapaz era a de estelionatário profissional.
Ao compartilhar minha conclusão, minha irmã entrou em desespero. Paula havia depositado todas as suas economias com esse charlatão. "Meu Deus, o que ela vai fazer agora?", ela me perguntava, angustiada.
Eu tinha um plano, que embora tivesse apenas uma pequena chance de sucesso, poderia recuperar todo o dinheiro de Paula. No judô, o momento de maior vulnerabilidade do seu oponente ocorre exatamente quando ele lança um ataque, ficando exposto a um contragolpe. Para recuperar o dinheiro, teríamos que fraudar o fraudador.
Fiz um passo a passo do que minha irmã precisava fazer. Primeiro passo, era explicar a situação para Paula, o que não seria fácil. Mas, as evidências do golpe eram tantas que até ela, com sua simplicidade característica, conseguiu entender.
O próximo passo seria organizar um jantar, onde Paula apresentaria seu namorado para minha irmã e eu. E quando eu o conheci, ficou claro que meu plano tinha mais chance de sucesso do que eu estimava. Naquela noite não jogaria xadrez contra um mestre. Ele era um velho bombado, com uma cara de estúpido, que vestia um terno tão mixuruca que provavelmente fora comprado em um camelô. Só mesmo Paula para cair na ladainha daquele Bernie Madoff da Shopee.
Começamos o jantar conversando sobre amenidades e política, evitando cuidadosamente qualquer menção ao dinheiro investido. Precisava que ele sentisse que estava no comando da situação.
Depois de um tempo, a conversa derivou para finanças, e eu fingi uma certa aversão ao tema, mencionando perdas significativas em negócios mal-sucedidos no passado. Os olhos do namorado de Paula brilhavam, me lembrando dos desenhos animados onde os personagens gananciosos têm seus olhos substituídos por cifrões. Ele comprou a história de que naquele jantar havia mais vítimas para entrar no seu esquema de pirâmide.
Sem saber que todos ali trabalhavam em conluio, ele apresentou a sua genial metodologia de investimentos, que utilizou para conseguir um retorno de 50% em pouco tempo no portfólio de Paula. “Nossa! 50% de retorno em alguns meses? Isso é incrível”, eu falei com dor no coração por ter que interpretar um personagem tão estúpido. “Eu e minha esposa estamos procurando um lugar para investir, o único problema é que a gente precisaria de um investimento com liquidez.”
Aquela era a deixa para minha irmã entrar em cena, se juntando a mim na sedução do golpista. “Nossa, se o investimento tiver liquidez, eu migraria todo o dinheiro no plano de pensão da minha empresa”, ela disse.
“A liquidez é instantânea, basta vocês me falarem que eu imediatamente faço a transferência para você”, o peixe disse, mordendo completamente a isca. Óbvio que a liquidez era instantânea, já que nunca saía da conta dele.
A parte final do plano, era a mais vital. Confesso que estava bem preocupado, porque dependia de Paula ter memorizado suas falas. “Ah amor, inclusive aproveitando, tem como eu sacar o dinheiro? Eu preciso pagar as contas da reforma do apartamento, mas segunda-feira eu recebo da academia e eu invisto de novo”, disse desempenhando perfeitamente seu papel.
O dinheiro de Paula era uma mixaria comparado às fortunas que prometemos investir. Possuído por Mammon, o demônio da ganância, nosso amigo “171” não pensou duas vezes, pegou o celular, e na nossa frente agendou uma transferência não só do dinheiro que Paula havia investido, mas também do lucro que ele havia inventado que havia conquistado. Ela se livrará do golpe mais rica do que tinha entrado.
O contragolpe foi devastador, terminando a luta com um “Ippon”. Terminamos de jantar, e o namorado de Paula se despediu, dizendo que tinha muito trabalho para fazer no dia seguinte. Foi difícil não rir na cara dele quando ele disse aquelas palavras.
Com a saída do fraudador, começamos a verdadeira comemoração. O sucesso da operação nos deixou eufóricos. Empolgada, Paula estava pronta para gastar todo o lucro daquela noite, em uma festa só nossa. Uma garrafa de vinho rapidamente se transformou em duas, e então em três, até perdermos a conta de quantas havíamos bebido. Como Jesus, Paula realizava o milagre bíblico da multiplicação do vinho.
Já estava bem tarde quando minha irmã não aguentou mais, foi para sua casa. Finalmente, eu e Paula estávamos a sós e eu tentava fisgar mais um peixe naquela noite.
Foi dela a iniciativa de falar sobre relacionamentos, reclamando de sua sorte no amor, dizendo que todos os homens que apareciam em seu caminho eram escrotos. O conceito de denominador comum era complexo demais para ela, talvez se ela compreendesse, seria fácil resolver os seus problemas.
Taticamente, compartilhei com ela que nossas circunstâncias eram semelhantes. Embora ambos estivéssemos comprometidos, nossos relacionamentos se encontravam à beira do abismo. Não contei sobre as traições de Bianca para sua amiga, apenas deixei claro que a vida me afastava de minha esposa, e que muito em breve estaria disponível no mercado.
As semelhanças e a bebida nos aproximavam. Já estávamos conversando um olhando no olho do outro, com as mãos dadas. Era apenas questão de tempo até o evento principal da noite começar.
Paula acreditava que, ao assinar um "contrato de gaveta" comigo, seria promovida ao time principal assim que meu casamento acabasse. Eu dando uma importância maior ao curto prazo, queria apenas curtir aquela noite.
Uma onda de amnésia pareceu tomar conta de Paula, que a fez esquecer que estávamos em público, que eu era o marido de sua amiga, e que ambos já havíamos deixado a adolescência para trás. O surto a fez pular no meu colo e me beijar cheia de paixão. "A conta, por favor", pedi disposto a levar nossa celebração para um lugar mais privado.
Se fosse possível, o Uber que nos levou para o motel teria pago uma gorjeta para mim, recompensando o show que fizemos no seu carro. Mostrando um total desprezo pelas leis de trânsito, Paula foi a viagem inteira montada em cima de mim, me beijando tão intensamente que eu mal conseguia respirar.
Ignorando que havia um desconhecido no carro com a gente, ela me masturbava ali mesmo. O motorista me lançava um joinha, assegurando que eu receberia cinco estrelas ao chegar ao meu destino.
Eu ria, lembrando que toda essa história começou porque minha esposa havia bebido demais e passado vergonha no Uber. Confesso que a viagem com a amiga dela estava sendo bem melhor.
Ao chegar no motel, foi uma pena que nenhum juiz do Guinness estivesse presente, pois certamente eu teria estabelecido o recorde mundial pelo tempo mais rápido para se despir. Paula, mais paciente, dava uma volta pelo nosso pequeno espaço, avaliando a situação. “Olha, eles tem essas cadeiras eróticas, isso é ótimo para postura”, disse ela como se quisesse que eu comprasse uma para o nosso futuro quarto. “Deita aqui, o herói da noite precisa receber sua recompensa.”
Eu me deitei na cadeira, desordenado, influenciado em muito pela bebida. Paula esperou eu me acomodar, e num movimento brusco, enfiou meu pau inteiro em sua boca. Fiquei chocado com a voracidade de Paula, mas o que ela fez a seguir me levou a crer que havia uma bruxa do meu lado.
Totalmente imóvel com meu sexo inteiro em sua boca, as palavras mágicas do seu feitiço eram gemidos. Não era pelo movimento ou atrito que ela me estimulava. Paula estava usando a vibração da sua voz para me dar prazer.
Nunca tinha experimentado nada parecido. Talvez, ela não fosse tão desprovida de inteligência quanto eu pensava. Pelo menos entre quatro paredes, ela sabia técnicas que não estavam disponíveis para os outros mortais.
Como cortesia por ela estar me oferecendo o oral mais transcendental da minha vida, avisei que estava prestes a ejacular, dando tempo de sobra para ela encontrar uma posição mais segura do que a que estava.
O que eu não entendia é que ela não estava transando comigo, Paula era uma artista e meu corpo era seu canvas. Finalmente, ela se moveu, apenas para tornar a distância entre nós dois ainda mais irrisória do que antes. E eu, sendo um objeto na obra prima dela, fui forçado a ejacular diretamente na sua garganta.
Zonzo, buscava qualquer ponto de referência para voltar para o planeta Terra, depois de sofrer aquele golpe de gênio da amiga da minha esposa. Paula se divertia com minha reação, e enquanto aguardava minha recuperação, aproveitava para deslizar sua mão sob toda a extensão do meu corpo, me arranhando e me massageando, exibindo o completo domínio que ela tinha da situação.
No mundo fora daquelas paredes, sua ingenuidade a tornava uma presa fácil para golpistas, mas dentro do quarto, ela se transformava. Ali, exibia uma genialidade surpreendente, sendo o maestro que regia aquela orquestra.
Existiam fortes desejos dentro de mim desde do momento que eu a conheci que precisavam ser saciados. Eu ainda não havia desvendado o mistério de qual sabor a buceta daquela mulher tinha. Deitado na cadeira, pedi para que ela sentasse no meu rosto, e mesmo que eu ainda não estivesse com a plenitude das minhas forças, eu ainda conseguia movimentar minha língua.
No seu ataque no Uber, Bianca disse que eu não sabia como dar prazer a uma mulher. Paula dava sinais claros que discordava da opinião de sua amiga. De forma inconsciente, ela rebolava no meu rosto, maximizando a duração do contato de cada lambida que eu dava. Simplesmente, não estava em sua natureza receber as coisas de forma passiva.
Suas mãos apertavam com tanta força a cadeira e o meu ombro, que me preocupava com a possibilidade sermos obrigados a comprar móveis novos para o motel ou pagar uma conta hospitalar para mim.
A prova cabal de que aquele oral levava Paula ao delírio foi sua duração. Em menos de um minuto, ela empurrou minha cabeça para mais perto que pode e anunciou em alto e bom som que iria gozar.
Se existe uma palavra que resumiu aquela noite foi insanidade. Eu olhava para os espelhos no teto e me perguntava se algum momento, como Alice, eu não tinha atravessado um deles. Eu sofro até hoje por não ter registrado a noite em vídeo, pois até mesmo eu tenho dificuldade em acreditar que os eventos que ocorreram lá foram reais.
Paula estava determinada a me convencer que era a pretendente ideal quando finalmente acabasse o meu casamento. E, aproveitando o meu “test-drive”, eu passei o resto da madrugada descobrindo o que o corpo daquela mulher era capaz.
Em um momento, ela estava quicando em mim, com suas pernas abrindo um completo espacate. No outro, ela sentou em cima de mim de costas, levantou suas pernas em V, e enquanto eu segurava suas pernas para cima com minhas mãos no seu pescoço, ela só rebolava, encaixando e desencaixando os nossos sexos. Outra hora, Paula fez uma parada de mão, me deixando responsável por sustentar o peso dela pelo quadril, e continuar com a nossa interminável sessão de amor.
Estávamos determinados a terminar todo o Kama Sutra naquele quarto. De frente, de trás, de lado, chupando, masturbando, 69, espanhola. Sério, tudo que poderia ser feito entre duas pessoas, a gente fez.
Infelizmente, depois de quatro horas transando e os dois gozarem diversas vezes, fomos obrigados a cruzar o espelho de novo, e voltar ao mundo real. Já amanhecia, Paula foi trabalhar varada, e meu corpo implorava por uma pausa, Com um beijo que revelava nossa exaustão, nos despedimos com promessas de um reencontro.
Eu havia avisado Bianca que ficaria na casa da minha irmã por ter bebido demais, o que ela não pareceu se importar. Mas, quando eu cheguei em casa, ela estava aos prantos. Ela se aproximou rapidamente e, esperando receber um tapa, me preparei para o impacto. Em vez disso, minha esposa me envolveu num abraço, deixando todo seu peso cair em cima de mim.
“Amor… acabaram de ligar do hospital. Minha mãe morreu.”
Finalmente começava a fase final do meu plano.
<Continua>