Augusto entrou em casa e veio diretamente até Sheila, todo suado:
– Já estou sabendo, Maria e Fátima vieram mesmo. Estamos bem?
A esposa tentou abraçá-lo, mas ele estava fedendo a curral e ela se afastou:
– Sim! Foi melhor do que eu esperava. Vai tomar banho, por favor. Não vou deixar que se sente à mesa com essa roupa.
Respirando aliviado, pois se preparava para mais brigas, Augusto caminhou sorrindo em direção ao banheiro. Ele não tinha o poder de ler mentes, mas sabia que Sheila deveria ter relevado muita coisa para que os dois pudessem ter uma chance de se acertar.
O que ele não sabia, e muito menos esperava, era a conversa que estava prestes a acontecer. Sheila estava preparada, decidida e pronta para arriscar tudo em busca de redenção.
Continuando…
Parte 26: “Dois corações e uma história."
Enquanto Augusto tomava banho, Sheila, como sempre fizera antes dos problemas que quase arruinaram aquela relação, arrumou o prato do marido. Aquela era uma atitude de carinho, de amor, de cuidado a quem se quer bem. Feijão em cima do arroz e o bife separado, num prato menor. Assim como a salada, também separada.
Augusto não demorou a voltar e logo os dois se sentaram para comer. A tensão era palpável, já que os dois se olhavam, mas ninguém dizia nada. Após uma noite tão agradável e inesperada, o medo de perder aquele frágil vínculo recém reconquistado era maior do que a vontade de resolver as coisas de vez.
Sheila pensava em todas as revelações que Fátima fizera, ainda se sentia excitada e avaliava a melhor forma de abordar o assunto. Inquieta, foi a primeira a falar:
– Você está com a agenda cheia? Precisa voltar durante a tarde?
Augusto, também tenso, estranhou a pergunta:
– Não tenho nada marcado, estava pensando em fazer algumas visitas de rotina, pois sempre aparece alguma coisa para fazer. Uma vacina vencida, um berne para retirar, algum úbere inflamado… por quê? Precisa de alguma coisa?
Criando coragem, mas um pouco receosa, Sheila pediu:
– Eu gostaria que você ficasse, precisamos resolver a nossa situação. Até quando vamos adiar essa conversa? Eu ainda tenho dúvidas e acredito que você também as tenha.
Ele sabia do que ela estava falando e mesmo que não quisesse, não poderia correr. Augusto tentou arrumar uma desculpa:
– Mesmo estando liberada clinicamente, tem certeza de que quer isso mesmo? Precisamos conversar, nos resolver, nisso você tem razão, mas agora é o momento? Estou preocupado com você e com nosso filho, não quero mais nada atrapalhando.
Incisiva, Sheila disparou:
– Muito pelo contrário, gravidez não é doença e meu problema já foi resolvido pela doutora Aline. A incerteza e a angústia é que estão me fazendo mal.
Augusto, pegando Sheila desprevenida, foi direto:
– Então me responda, você é ou não bissexual? Seja honesta comigo.
Quase engasgando com a comida, Sheila tossiu e arfou, surpreendida:
– E… eu… não sei o que dizer.
Repousando os talheres no prato, Augusto insistiu:
– É uma pergunta simples, feita diretamente. Essa é minha dúvida. Então, você já descobriu se é ou não bissexual? – Ele se levantou, indo buscar o saleiro. – Você pode até ter sido seduzida e manipulada, mas eu sei que só aconteceu por que você permitiu. Foi apenas uma vez?
Sheila tentou apelar para o sentimentalismo:
– É claro que foi apenas uma vez, eu já disse que estou arrependida, que nunca deixei de amar você, que nossa …
Muito calmo, totalmente preparado para aquele confronto, Augusto a interrompeu:
– Eu sei que se arrepende e não duvido que me ama, mas o seu arrependimento é por ter sido exposta ou pela minha reação? Afinal de contas, você só confessou quando estava encurralada pelas chantagens do Renato.
Respirando fundo, Sheila se acalmou e decidiu ser honesta:
– Eu entendo o motivo de você pensar assim e realmente, a chantagem do Renato foi o fator definitivo para a minha confissão. Só que eu já estava pronta para confessar e aceitar as consequências. Sendo ou não chantageada, eu já tinha decidido contar a verdade.
Augusto a encarou, avaliando suas expressões. Conhecia bem a esposa e acreditou em suas palavras. Ele foi mais além:
– Vamos mudar a perspectiva, pensar diferente. Se eu concordasse, você gostaria de ter a chance de estar novamente com outra mulher?
Assustada, achando que era uma armadilha, Sheila o olhou desconfiada, não conseguindo responder. Augusto voltou a se sentar, dando tempo e analisando a linguagem corporal da esposa. Percebeu em segundos que ela estava nervosa, com medo de ser honesta. Ele conhecia bem aquele pequeno tremor na bochecha dela, pois quando nervosa, Sheila mordia a parte interna para se acalmar. Augusto disse:
– Se não formos completamente honestos um com o outro, essa conversa não tem sentido.
Vendo que ela continuava na defensiva, desabafou:
– Eu aprendi muito no tempo em que ficamos separados e mesmo sentindo a sua falta e arrasado com o que você fez, esse tempo também serviu para que eu mudasse minha visão sobre algumas coisas. – Ele pegou nas mãos de Sheila, a encorajando. – Mesmo que doa, que machuque, só a honestidade vai me fazer voltar a confiar em você. Não será um processo fácil, mas precisamos encarar de frente.
Sendo honesta, mas mudando o foco, Sheila também o questionou:
– Foi com a Fátima? Foi ela que mudou sua visão?
Talvez, falando primeiro, pudesse criar na esposa a coragem para se abrir. Augusto resolveu responder:
– Sim! E não só ela. Maria e Oscar também. Conhecer o segredo deles, a forma que estão vivendo, abriu os meus olhos para muita coisa. Eles foram pacientes e me ajudaram a entender o que aconteceu com você. Dizer que concordo seria demais, mas pelo menos, serviu para me dar clareza e diminuiu um pouco a minha raiva.
A tranquilidade e a honestidade de Augusto ajudaram Sheila a se sentir confortável. Ela já não estava tão nervosa ou ansiosa. Ela queria saber mais:
– Fátima me contou tudo o que aconteceu entre vocês. Você fez por raiva, apenas para se vingar de mim?
– Talvez no começo, como uma forma de lhe ferir, mas depois, ao começar a entender, a ter minha percepção e meus valores sacudidos, acabei me deixando envolver e até aproveitando.
Augusto não tinha a intenção de atacar, de humilhar a esposa, apenas estava sendo verdadeiro. Ele continuou:
– Vendo Maria e Fátima juntas, conversando com Oscar, me envolvendo com eles, acabei entendendo o quanto minha visão era equivocada, mas também, aprendi que não sou o único culpado das suas frustrações. Posso ter sido um amante ruim e acomodado para você, mas em contrapartida, também não recebi o suficiente para ser cobrado.
Sheila entendeu e se sentiu péssima, tentando se defender:
– Mas eu conversei com você, pedi, mostrei o que estava errado…
Augusto novamente a interrompeu:
– E ao invés de me dar tempo para melhorar, me traiu semanas depois. – Como a intenção era entendimento, não confronto, assim que bateu, ele também assoprou. – Eu paguei na mesma moeda, não posso me fazer de santo. Nossa intenção aqui é outra, saber se ainda podemos seguir em frente.
Cabisbaixa, triste, Sheila falou de uma vez:
– Você tem razão. Eu errei, e muito, me deixei manipular e envolver, mas não posso culpar ninguém. Eu sou uma mulher adulta e feri a pessoa mais importante da minha vida.
Sheila levantou a cabeça, estava com os olhos marejados. Ela encarou o marido:
– Você consegue me perdoar? Consegue me dar outra chance? Eu prometo que passarei a vida tentando me redimir. Prometo cuidar de você e do nosso filho e dar tudo de mim a vocês dois.
Augusto voltou a pergunta inicial:
– Isso depende da sua honestidade. Você é ou não bissexual? – Mas detalhou um pouco mais a pergunta. – Se não for, posso entender que o que aconteceu foi um caso isolado, apenas curiosidade. E se for, estamos nos enganando e eu não serei suficiente. E sendo assim, sinceramente, eu não quero prendê-la a mim, por culpa ou remorso, lhe sentenciando a um futuro de frustrações e arrependimentos.
Augusto se levantou novamente, recolhendo os pratos e os talheres e os colocando na pia. Ele voltou até Sheila e se ajoelhou a sua frente:
– Eu vou trabalhar, assim você pode refletir com calma sobre o que eu falei e me dar uma resposta honesta à noite.
Sheila sabia muito bem a resposta para a dúvida de Augusto. Com medo de fraquejar, disposta a parar de enrolar, e ainda que estivesse com medo da reação dele, mordendo ainda mais a parte interna da bochecha e sacudindo nervosamente a perna, ela o segurou mais forte, não deixando que ele saísse:
– Eu gostei! Me desculpa, mas eu realmente gostei.
Augusto queria que ela admitisse em alto e bom som:
– E do que você gostou?
Sem saída, ela admitiu de forma clara:
– Eu gostei de estar com outra mulher. – Ela abaixou a cabeça, de forma defensiva, temendo uma reação violenta de Augusto. – Se tivesse a oportunidade, se você autorizasse, eu gostaria de repetir.
Completamente calmo, já ciente daquela resposta, Augusto levou a mão até o queixo da esposa e levantou sua cabeça, fazendo com que Sheila o encarasse:
– Foi tão bom assim? Andrea mexeu tanto com você? É com ela que você tem vontade de repetir?
Fazendo cara de nojo, ela protestou:
– Por Deus, não! Eu quero distância daquela mulher.
Augusto, muito pensativo, saiu da posição de joelhos e voltou a se sentar na cadeira, mas ao lado da esposa, passando a segurar em sua mão. Sheila achou melhor se explicar:
– Foi diferente apenas, uma coisa nova e que me surpreendeu. Se estamos sendo honestos, quero colocar tudo para fora de uma vez…
Novamente a interrompendo, ele perguntou:
– É melhor do que fazer amor comigo, seu marido?
Tentando dar credibilidade a sua fala, Sheila o abraçou:
– Não! É que, para mim, uma coisa parece que não tem a ver com a outra. Você pode não acreditar, mas não tinha sentimentos, nenhuma ligação especial, era só sexo. Até eu tenho dificuldade para entender, mas estaria mentindo se dissesse que foi ruim.
Ligando uma coisa à outra, Augusto entendeu o que ela queria dizer. O mesmo aconteceu com ele ao se envolver com Fátima e Maria. Ele também achou bom, prazeroso. Tecnicamente foi até melhor que a maioria das noites de amor com a esposa. Só que, assim como Sheila afirmara, ele também não sentia nada por Maria ou Fátima além de um grande carinho, uma amizade que acabou se fortalecendo ainda mais.
Para Sheila, nem essa amizade existia, pois Andréa a manipulou e mesmo que tenha se arrependido, elas não tinham nenhum tipo de relação como Maria e Augusto, por exemplo. Foi inevitável para ele não pensar em Sheila e Maria juntas, já que as duas se gostavam e eram grandes amigas. Chegou a sentir uma excitação crescente com aquele pensamento: “Se com Andréa já foi bom, talvez, com Maria, ela provasse o verdadeiro prazer de uma relação entre pessoas que se gostam e se respeitam”.
Sheila estava ansiosa, mas não queria provocar Augusto. Estava com medo de que assim que fosse tirado de seus pensamentos, o marido virasse seus canhões para ela.
Antes que ela tomasse a iniciativa, o toque do celular o despertou. Os dois olharam para o visor e viram que era o Oscar que ligava. Como ele estava ligando do telefone comercial da fazenda, não do celular, Augusto precisava atender, sabia que era trabalho.
Ao ser atendido, Oscar não perdeu tempo, pedindo:
– Primo, preciso de ajuda. Venha rápido, temos uma novilha muito mal.
– O que se passa primo? – Questionou Augusto.
– Não sei direito. Ela parece engasgada, barriga grande, estufada, e respira com dificuldade.
Augusto responde:
– Tenho que examinar. Mas pode ser um caso sério de timpanismo.
– O que é isso primo? É grave? – Questionou Óscar preocupado.
Augusto explicou melhor, sendo observado pela esposa:
– Timpanismo é o acúmulo de gases que resulta em uma distensão acentuada do rúmen e retículo, os compartimentos do estômago dos ruminantes. É uma condição até comum em ruminantes, e pode ser conhecido também como empanzinamento ou meteorismo ruminal. A novilha passa mal mesmo e em alguns casos pode pôr a vida do animal em perigo.
– O que eu faço primo? – Óscar parecia angustiado.
Augusto nem pestanejou:
– Espere. Estou a caminho.
Assim que desligou, voltou a falar com a esposa:
– Obrigado por ser honesta. Agora temos como começar a entender tudo o que aconteceu com a gente. Me deixe pensar um pouco, refletir sobre tudo.
Sheila se surpreendeu com a calma e o jeito carinhoso com que Augusto falou com ela. Não esperava aquilo. Ele voltou a pegar nas mãos da esposa:
– Não precisa ter medo de mim. Eu já disse uma vez que jamais colocaria a mão em você. Quando foi que eu lhe dei essa impressão? É a segunda vez que você reage dessa forma, não estou entendendo.
Mesmo se vitimizando, Sheila foi honesta:
– Talvez seja isso que eu mereça. Para aprender, parar de ser burra e de magoar a pessoa que eu mais amo nesse mundo.
Augusto realmente se zangou:
– Nunca mais repita isso, ouviu? Independentemente de qualquer coisa, você é minha esposa, – ele acariciou a barriga dela – a mãe do meu filho, e quem eu jurei proteger. Nunca mais diga um absurdo desse. Agora, preciso ir, tenho um caso de urgência.
Dando um beijo carinhoso em sua testa, ele se levantou e saiu, indo trabalhar, deixando Sheila ainda muito tensa e ansiosa, sem saber o que esperar. Pelo menos, a calma com que Augusto conduziu toda a situação, deixou nela uma sensação muito boa, de que ainda estava sendo amada por ele e a reconciliação era mais do que possível. Sheila foi lavar a louça do almoço, se sentindo mais leve e feliz.
Augusto chegou à fazenda em pouco mais de quinze minutos e foi direto ao curral, encontrando a vaca caída, com a cabeça distendida, a língua para fora e os olhos dilatados. Ele precisava correr contra o tempo, voltando rapidamente até a picape e buscando uma sonda orogástrica, iniciando com ela o procedimento, minutos depois.
Por sorte, o procedimento foi um sucesso e a vaca reagiu rapidamente, afastando a necessidade de soluções mais drásticas, como a Rumenotomia, uma pequena cirurgia veterinária.
Agradecido, já que a perda da vaca seria um prejuízo considerável nas combalidas finanças do laticínio, Oscar obrigou Augusto a entrar e tomar um café. Como não poderia ser diferente, o assunto do momento logo surgiu. Preocupado com o primo, Oscar perguntou:
– E as coisas em casa, como estão? Fiquei sabendo que você e a Sheila parecem estar se acertando.
Augusto confiava no primo, seu melhor amigo, e desabafou:
– Ela confessou, foi honesta. Na verdade, não foi nenhuma surpresa, já que observando Maria e Fátima, eu pude entender muita coisa.
Curioso, Oscar quis ter certeza se entendeu:
– Como assim? Confessou o que?
– Ela assumiu que gostou de estar com outra mulher. Disse que se eu deixar, isso se nos acertarmos, lógico, ela gostaria de repetir.
Oscar, inteligente, entendeu que era hora de ser bem verdadeiro. Desde sempre, ele era o exemplo de Augusto, e queria o melhor para o primo. Ao invés de direcionar, preferiu entender melhor antes de opinar:
– E você? O que pensa sobre tudo isso? Depois do que a gente viveu, de ter estado com Maria e Fátima, você deve ter uma opinião formada já.
Muito indeciso, Augusto realmente não sabia o que dizer:
– Eu não sei, primo. Eu entendo, juro que entendo, mas ainda não consigo processar. Sei lá… ainda estou refém de toda a minha criação conservadora e machista. Eu preciso de ajuda.
Solidário, Oscar o abraçou:
– Qual é o seu medo? O que ainda te perturba?
Cabisbaixo, confuso, Augusto respondeu:
– Meu medo é que tudo isso seja uma cilada, uma armadilha.
– Como assim? – Óscar ainda queria que ele se explicasse mais.
– Tenho medo de ceder e depois descobrir que tudo não passou de uma forma de manipulação para Sheila poder cair na gandaia e se divertir sem culpa...
Oscar o pressionou:
– Seja claro. Tem medo do quê?
Augusto disse meio contrariado:
– Ser um marido trouxa que aceita tudo.
Óscar sabia que não estava tudo dito:
– Seja honesto, eu sei o que se passa na sua cabeça. Admita, sabe que não pode se esconder de mim, eu conheço você.
Vencido, Augusto cedeu:
– E se isso for só o começo? Se a intenção maior for sair com outros homens no futuro? Eu não sei muito bem no que acreditar.
Passando pelo corredor, Maria, ouvindo a conversa, não resistiu e entrou na cozinha:
– Deixa de ser bobo!
Augusto se assustou com a aparição dela, mas Maria não parou:
– Se quisesse isso, ela teria se entregado ao Renato, aceitado a chantagem para manter as aparências. O cara é um crápula, mas é um homem bonito e atraente.
Fátima, que também entrava na cozinha, ouviu a Maria e aproveitou a deixa:
– Sheila é das nossas. Ela sabe a rola que tem em casa e não precisa de outra. Não é isso que ela deseja. Sua curiosidade, seu desejo, vai mais além, reside em outro lugar.
Fátima foi ainda mais honesta do que Augusto poderia esperar:
– Por que não nos deixar tirar a história a limpo para você? Uma visão de fora pode ajudar. Maria é a pessoa perfeita para o trabalho, já que Sheila nos confessou que tudo começou com ela.
Confuso, sem entender, Augusto apenas encarava Maria. Fátima achou melhor contar a história completa:
– É isso mesmo que você ouviu. Maria sempre provocou a Sheila e ela sempre deu abertura. Mas, se continha. Relaxa, nunca aconteceu nada entre as duas, Maria nunca forçou a barra. Diferente da Andréa…
Se Augusto já estava confuso, aquela informação o saturou de vez. Não era nenhuma novidade, Sheila já tinha lhe contado aquilo, mas ele não deu a devida importância no momento. Mais divagando do que realmente perguntando, ele disse:
– Então já era para eu ter sido corno muito antes…
Maria se zangou:
– Você acha que eu sou o que? Uma tarada irresponsável? Acha que eu faria isso com você?
Augusto, sem pensar direito, acabou ofendendo:
– Bom, eu ainda era casado quando todos nós… você sabe, né?
Fátima o repreendeu:
– Que conversa é essa Augusto? Machista hipócrita. Estava indo tão bem, mas acabou falando merda. Na hora de aproveitar, todo zangadinho, querendo dar o troco, não pensou assim, não foi?
Augusto, chegando ao limite, se levantou. Parecia que ia se zangar, mas diferente do que todos imaginavam, foi honesto:
– Você tem razão, me desculpe. – Ele abraçou Maria. – Vocês me ajudaram.
Ele balançava a cabeça como se estivesse arrependido:
– Depois do que fizemos, eu entendi Sheila um pouco melhor. Acho que, no final, vocês me ajudaram mesmo.
Óscar aconselhou:
– Tenha calma. Reflita bem. Não se precipite novamente.
Augusto olhou para eles pensativo e disse:
— Preciso de um tempo, para pensar melhor em tudo.
Se virando para o Oscar, perguntou:
– Se importa se eu for pescar um pouco?
O primo se ofereceu:
– Quer companhia?
Ele sorriu:
– Pode ser… Pode ser até melhor...
Depois, como se estivesse falando consigo mesmo, lembrou de uma frase que havia lido, do Luis Fernando Veríssimo, e murmurou:
“Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.”
Continua…
É PROIBIDO CÓPIA, REPRODUÇÃO OU QUALQUER USO DESTE CONTO SEM AUTORIZAÇÃO – DIREITOS RESERVADOS – PROIBIDA A REPRODUÇÃO EM OUTROS BLOGS OU SITES. PUBLICAÇÃO EXCLUSIVA NA CASA DOS CONTOS ERÓTICOS.