ETHAN
Demorou, mas eu consegui permissão para o passeio ao Parque Nacional Glacier. É um projeto que a escola realiza todos os anos, antes das férias de verão. Particularmente, estou animado, pois ficarei em uma barraca com o Ethan. Todos os anos, os alunos ficam em duplas, ou seja, é a oportunidade perfeita para dormir com ele.
Acho que nunca fui tão feliz na minha vida. Dá até medo de que tudo suma em um estalar de dedos. Enfim, eu preciso focar no futuro e no meu namorado, que continua se destacando nos treinos. Sua saúde está 100%, assim como a sua libido.
Nós aproveitamos que os meus pais saíram para deixar um pastor em uma cidade vizinha, infelizmente, seria uma viagem de poucas horas, mas o suficiente para uma pegação. É a primeira vez que o Jimmy vem para a minha casa. No início, o meu namorado ficou tímido, só que aos poucos foi se soltando.
Eu amo a língua do Jimmy. Ela explora cada parte do meu corpo. Adoro quando ele passa a língua nos meus mamilos, o meu pau fica pulsando loucamente. Enquanto explora o meu corpo com sua boca, os dedos dele penetram o meu cú. Usamos o lubrificante para facilitar a movimentação.
Não demora muito para eu sentir o pênis dele dentro de mim. O meu namorado parece um touro. Seus movimentos são fortes e rápidos. Eu começo a me masturbar e deixo o Jimmy mais feroz.
Ele me põe de quatro no chão e passa mais lubrificante em seu membro. Eu ajudo a penetração ao segurar a minha bunda com as mãos e deixar os caminhos abertos. O Jimmy soca de uma só vez e dou um grito baixo. Parece que o meu namorado gostou e repete o ato mais quatro vezes.
— Acho que vou gozar, gatinho. — avisa Jimmy, voltando a me penetrar mais rápido.
— Aguenta, rapidinho. — peço, enquanto me masturbo e sinto a ejaculação chegando. — Meu Deus! — grito.
— Caralho! — Jimmy urra, antes de desfalecer em cima de mim.
Os nossos corpos grudados devido ao suor e corações batendo em alta velocidade me deixam em paz. De maneira carinhosa, o Jimmy beija a minha cabeça e se declara. Nada mais romântico que carinho pós sexo.
— Ethan! — a minha mãe grita e escuto seus passos subindo a escada.
— Puta que pariu! — o Jimmy exclama, se levantando e colhendo suas roupas do chão. — O que eu faço?
— Cama! — eu falo. Nem sei como eu visto as minhas roupas. — Debaixo da cama, vai.
— Querido. — minha mãe bate à porta. — Filho, você está aí?
— Sim, mãe. Só um minuto. Estou me trocando. Acabei de tomar um banho. — minto e dou uma última olhada no quarto. Vejo o lubrificante e escondo no meu bolso. — Só um minuto. — finalmente, abro a porta do quarto. — Voltaram cedo?
— Foi uma viagem rápida. — ela diz, observando o quarto e olhando para mim. — Se enxuga direito, filho. O seu pai foi para a igreja. Eu vou começar a jantar. — ela avisa indo em direção ao seu quarto.
— Tudo bem. — fecho a porta e tranco.
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JIMMY
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Humilhação. Eu saio da casa do Ethan pelo telhado. Ainda bem que não tem pessoas na rua, principalmente da escola. Já pensou se alguém me vê? Deus me livre. Vai ser comentário para o resto do ensino médio. Eu só quero terminar os meus estudos em paz.
Ainda bem que tenho algumas habilidades de gatuno. Descer não é um problema tão grande. Pela janela, o Ethan observa cada passo e acaba sumindo. Com certeza, vai ficar de olho na mãe. Se a senhora Ward me flagrar aqui é o fim para o meu namoro.
Eu caio no chão igual a um profissional. "Se cuida, Tom Cruise", penso. E obrigado, Futebol Americano pela resistência. Esse corpinho aqui é muito mais do que uma máquina de fazer gol. Vou caminhando tranquilamente pela rua. Até a minha casa são 15 minutos, então, tenho um tempo para pensar.
Gosto de aproveitar essas andanças para colocar as minhas ideias em ordem. Apesar de ser o início de junho, o clima está beirando os 17 graus. Montana é um lugar instável quanto a temperatura.
***
ETHAN:
Ei, tá tudo bem? Desculpa, a viagem foi mais rápida do que imaginei.
JIMMY:
Relaxa, bebê. Eu me atrasei também. A culpa foi minha. Eu que deveria te pedir desculpa.
ETHAN:
EEEEEEEEEEEEEEEEIIIIIIIIIIIIIIII!
FOTO
Você deixou a tua cueca. Vou passar a noite cheirando.
JIMMY:
lol. Idiota! Eu te amo.
***
Eu enviei? Eu enviei a mensagem? Eu disse 'te amo'? Caramba. O Ethan está enviando uma mensagem. Porque eu escrevi 'te amo'? Eu sou o ser mais estúpido do universo. Não estou nem cinco meses namorando com o Ethan. E nada dele responder a mensagem.
***
ETHAN:
EU TE AMO! BOA NOITE!
***
Um sorriso é inevitável. Olho para o céu, que está com uma cor alaranjada e suspiro fundo. O Ethan é incrível. Eu tenho muita sorte dele estar na minha vida. Dou uma passada na casa da Sra. Watanabe para pegar alguns itens para a viagem. Apesar de tudo, eu ainda tenho pessoas boas ao meu lado. O Trevor, a minha vizinha, o Ethan, até mesmo a Betty, que poderia ter nos dedurado, mas está nos ajudando.
***
ETHAN
***
"Someone told me long ago
There's a calm before the storm
I know, it's been comin' for some time
When it's over, so they say
It'll rain a sunny day
I know, shinin' down like water"
A canção 'Have You Ever Seen The Rain?', do Creedence Clearwater Revival toca na pequena caixa de som que tenho no meu quarto. Apesar de ser religioso, o meu pai é apaixonado por clássicos da música. Antes de toda a confusão na antiga cidade, a minha relação com o papai era de comunhão e amor.
Ele sempre me mostrou sua coleção de discos e fitas de música. Algumas bandas nem existiam mais, porém, o meu pai fazia questão de contar as histórias e importância destes grupos musicais. A maior parte é de rock dos anos 80 e 90.
Apesar do quase flagra de onde, eu acordei feliz. Estou arrumando a minha mala para passar uma semana dormindo na mesma barraca que o Jimmy. Ele enviou uma série de memes, como por exemplo, 'armar a barraca' ou 'ficar aquecido'. Não sei o motivo, mas o meu rosto fica vermelho só de imaginar.
O ponto de encontro é às 8h em frente ao colégio. Para esse passeio vão só 30 alunos, porém, posso imaginar o desespero dos professores encarregados de liderar as turmas. Por alguma graça divina, o meu pai me oferece uma carona.
No trajeto, ele liga em uma estação de rádio para quebrar o silêncio constrangedor que existe entre nós desde o dia em que fui expulso da outra escola. Como eu já contei, o meu pai mudou da água para o vinho, nesse caso, um vinho azedo, e difícil de digerir.
Que triste, não é? O Pastor Philip Ward precisa ligar o rádio e ficar zapeando pelas estações para não ter uma conversa com o filho gay. Finalmente, ele para ao reconhecer a melodia de uma música conhecida por nós dois. A mesma música que eu escutava mais cedo, mas, dessa vez, é uma espécie de cover.
***
Yesterday and days before
Sun is cold and rain is hard
I know, been that way for all my time
'Til forever on it goes
Through the circle, fast and slow
I know, it can't stop, I wonder
I wanna know, have you ever seen the rain?
I wanna know, have you ever seen the rain
Comin' down on a sunny day?
***
— I wanna know, have you ever seen the rain? — papai cantarola, enquanto bate os dedos contra o volante do carro. — I wanna know, have you ever seen the rain
Comin' down on a sunny day? — ele aumenta a voz e me olha. — Vai dizer que esqueceu a letra?
— Eu... eu não... — e começo a cantar junto a ele.
Vamos cantando a música e, por um segundo, tenho a impressão que está tudo normal. Pai e filho cantando uma música conhecida. Para você, talvez, só talvez esse fato possa ser trivial, porém, eu estou com vontade de chorar. Faço um esforço descomunal para não derramar uma lágrima.
A sessão karaokê dos Ward's termina quando chegamos na frente da escola. Alguns alunos já estão no aguardo do ônibus. Eu vejo a Betty, encostada no coreto. Eu saio do carro e vou pegar a minha mala.
— Filho, juízo. E avisa quando chegar. — meu pai alerta, mas não espera uma resposta minha e parte com o carro.
Vou caminhando até a Betty. Ela está usando um sobretudo preto. Agora eu entendo mais a minha amiga. A Bettany é uma artista. Sua alma anseia pelo drama. Imagino que essa carapuça de menina forte e que não liga para nada é apenas atuação.
— E aí, Ward. — ela me cumprimenta e dá uma tragada no cigarro.
— Preparada para um final de semana perfeito? — questiono, animado demais para um passeio que tem cunho educacional.
— Nossa. Iupi! — a alegria de Betty não contagia nem um guaxinim.
— Ei, preciso de um favor. — solto e chamo a atenção de Betty, que joga o cigarro fora. — Preciso que me ajude a sentar com o Jimmy.
— Mas você já senta nele. — Betty diz sem cerimônia e me assusta.
— Eu disse sentar com ele e não sentar nele. Meu Deus, garota, onde estão seus modos?
— Tá, enfim. E o que te impede de sentar com o amor da sua vida? — ela questiona e faz uma careta engraçada quando diz 'amor da sua vida?'.
— Brian Trevor. Ele não desgruda do Jimmy. — digo, quase que com ciúmes e a Betty percebe, o que a faz soltar um riso debochado.
— Tudo bem. O Trevor é burrinho, mas é gostoso. Quem sabe eu não sente nele neste fim de semana. Não vai surtar por eu pegar o melhor amigo do teu namorado, né? Já que vou fazer esse serviço de graça. — ela avisa.
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JIMMY
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Estou devendo 50 pratas para o TJ, o zagueiro do time. Eu precisava de alguém para me substituir no treinamento das crianças do projeto 'Futuro Feliz', que o treinador Stuart criou para me ajudar a levantar uma grana. Agora, uma pessoa vai ficar dormindo sozinho na barra, ou seja, não vai ser eu.
Colocamos todas as malas no bagageiro do ônibus. O professor continua sua explicação interminável sobre moral e bons costumes. Calma, professor, eu só quero beijar e dormir abraçadinho com o meu namorado. É pedir demais?
Ao subir no ônibus, escolho um dos assentos no final do corredor. O Trevor entra e atrás dele está o Ethan. Puta merda, Trevor. Ele vai sentar comigo. Ele vai sentar comigo. Eu fico torcendo para um milagre acontecer, quando do nada a Betty puxa o Trevor para sentar com ela. O Ethan me olha e dá com os ombros.
— Esse acento está ocupado? — ele pergunta e pisca.
— Não, Ward. Pode sentar aqui. — digo, dando duas batidinhas no assento.
O cheiro do Ethan é uma coisa de outro mundo. Ele tem um perfume doce e sutil. A gente só sente quando está perto dele. Animado, o meu namorado se aconchega, mas temos que disfarçar, afinal, a viagem está apenas começando. Serão três horas de estrada até chegar ao destino final.
— Quer ouvir uma música? — ele me oferece um dos lados do seu fone.
— Claro. — pego e coloco no meu ouvido. Disfarçando, o Ethan encosta o seu dedo no meu. Isso é o suficiente para me fazer feliz, mas eu quero mais, então, eu seguro a sua mão.
***
I wanna know, have you ever seen the rain?
I wanna know, have you ever seen the rain
Comin' down on a sunny day?