Mais que um amigo... (Capítulo 1)

Um conto erótico de Alexandre
Categoria: Homossexual
Contém 1909 palavras
Data: 18/01/2021 12:44:24

Pessoal, não sei se vocês lembram de mim... Estou aqui hoje para republicar o primeiro capítulo de Mais que um amigo, conto escrito por mim a uns anos atrás e que agora está sendo reescrito no Wattpad por um grande amigo meu. Acompanhem a história por lá, ele vai postar, acredito eu, três vezes por semana. No instagram e no Wattpad ele está como

****

Quando ele apareceu naquele meio de ano na sétima série do ensino fundamental não imaginei que nos tornaríamos tão amigos, afinal ele era mais velho que todos na sala e muito seguro de si. Eu amava passar meu tempo com ele, amava sua voz, seu sorriso, seu jeito malandro e amava a forma com que ele me defendia com unhas e dentes dos valentões.

Victor era o típico cara pegador e com 15, 16 anos ficava com muitas garotas e isso me incomodava. O fato dele me colocar de lado por eu ter dois anos a menos que ele para sair com elas me deixava extremamente puto. Até então eu não sabia o que sentia. Eu era meio bobo, um pouco inocente, apesar de já ter alguns pensamentos, digamos, mais adultos; não com ele, mas com outros caras.

Éramos inseparáveis e, apesar dele ser muito lindo, nunca o olhei com desejo. Seus olhos de um azul claro e límpido me deixavam um pouco hipnotizado e toda aquela admiração nunca me pareceu algo errado. Ele era meu melhor amigo e foi com esse pensamento que eu vivi por muitos anos, até aquele dia, o dia que nos tornamos mais que amigos.

**

Estávamos atrasados.

Eu disse para ele que iríamos perder o ônibus, mas sua teimosia era maior e ele nunca me ouvia. Andávamos rápido, na tentativa de conseguir chegar a tempo na plataforma de embarque.

- Não sei por quê você está com essa cara. – Victor disse me olhando com um sorriso bobo.

Ele gostava de me provocar e eu não conseguia ficar com raiva dele, seja qual fosse o motivo.

- Você não gosta quando eu digo isso, mas eu avisei. – falo apontando para o ônibus que se distanciava.

Victor soltou sua mala e colocou as mãos na cabeça.

- Puta que pariu! Meu pai vai perturbar minha vida. Que caralho!

Onde estava aquele sorrisinho agora?

Sim, Ricardo, o pai dele, nos mataria por termos perdido aquele ônibus. Nós fazíamos uma espécie de estágio na agência de publicidade dele e sempre nos metíamos em alguma confusão do tipo.

O ônibus que perdemos nos levaria até Salto para uma conferência com dezenas de palestras ministradas pelos melhores publicitários da América Latina. Só teria outro ônibus no dia seguinte. Agora estávamos ali, feito dois patetas, sem saber o que fazer. Ele nunca pediria ajuda para o pai dele e eu muito menos. O meu pai jamais iria querer nos levar, ele não poderia deixar o consultório na mão, ele era o único dentista lá.

O olhar de Victor pairou sobre mim e já sabia o que ele queria que eu fizesse.

- De jeito nenhum, Victor! Você se atrasou, você resolve. – tentei dizer o mais sério possível.

Ele fez uma carinha de coitado e disse:

- Pede para o teu namoradinho. Ele precisa servir pra alguma coisa além de te encher o saco.

O olhei incrédulo.

- Ele não me enche o saco, você que implica com ele desde sempre. Sabia que ele gosta de você? Sempre te elogia e agradece por cuidar de mim.

Estava namorando com Cleiton a alguns meses e desde a primeira vez que Victor o viu já fez aquela birra enorme dizendo que ele não era o cara certo pra mim.

- Isso não me interessa. - ele diz andando de um lado para o outro. - O que me interessa é que você ligue pra ele e peça uma carona. Eu pago a gasolina. Nós temos que chegar lá hoje, você sabe disso. Ou quer ficar sem emprego?

A ameaça era inválida. Era mais fácil Ricardo demitir ele do que eu.

Tirei o celular do bolso e pude ver sua expressão de vitória por, mais uma vez, conseguir me convencer a fazer o que ele queria.

**

Cerca de uma hora depois estávamos no carro de Cleiton em direção à Salto. Ele aceitou o desafio de nos levar até lá por quê estava em um dia tranquilo no trabalho em um escritório de advocacia.

Victor estava no banco traseiro com os braços cruzados e uma cara de poucos amigos. Eu não entendia os motivos dele para não gostar do meu namorado, ele era um cara tão legal e nunca abriu a boca para dizer nada que depreciasse meu amigo.

Cleiton entrelaçou seus dedos nos meus e eu pude ouvir a bufada que Victor deu no banco traseiro. Parecia um touro bravo. Na minha cabeça só imaginava ser algum tipo de ciúme de irmão, por quê era quase isso que éramos. E ele nunca demonstrou nenhum tipo de preconceito, ele não era assim, sempre me apoiou, mesmo quando me assumi ainda no ensino médio. Ele não se importava nem quando diziam que éramos namorados, ele sempre falava que sabia muito bem do que gostava e que nada do que dissessem faria isso mudar, que era hétero e sempre seria.

- Vocês vão ficar aqui 4 dias, certo? - Cleiton perguntou quando chegamos algumas horas depois.

Estávamos em frente ao hotel, Victor tirava as malas do carro e nos lançava alguns olhares estranhos.

- Isso, nós vamos embora no sábado de manhã. - respondo sorrindo. - Obrigado por ter aceitado nos trazer.

Ele era um fofo comigo, me tratava super bem e posso dizer que sentia algo por ele, não sei se amor, mas uma vontade de ficar perto, abraçar e receber todo aquele carinho que ele me propiciava.

- Faço qualquer coisa por você.

Victor se aproximou de nós e jogou minha mala no chão.

Cara sem classe.

- Já terminaram a despedida? Temos que fazer o check-in.

Ele nem esperou a resposta, apenas virou de costas e saiu andando em direção a entrada do hotel. Nem, ao menos, agradeceu meu namorado.

Dei um ultimo beijo em Cleiton e segui em direção a recepção. Fizemos o check-in e 5 minutos depois estávamos no quarto. Tinham duas camas de solteiro e Victor já estava tirando as roupas da mala.

Já tinha visto ele nu milhares de vezes e nunca me atentei ao quanto ele era bonito. Seus braços eram enormes, assim como suas coxas e peitoral. Era extremamente lindo. Me sentia um anão perto dele. Ele era bem alto, cerca de 1,90m de altura.

- Vai ficar me secando até que horas? - ouço ele dizer. - Você podia, pelo menos, disfarçar esses olhares aí.

Victor estava com um sorriso convencido estampado no rosto.

- Não estava te secando coisa nenhuma. - digo tentando me defender.

Ele continuou com aquele sorriso bobo e foi para o banho.

Não estava entendendo nem um pouco as atitudes dele nas últimas horas. Estava pior que o normal, geralmente ele não gostava de dividir minha atenção com os outros, mas não daquela forma, aquilo parecia ciúmes puro e descarado.

Passamos o resto do dia naquele quarto, saímos apenas para comer alguma coisa no restaurante do hotel mesmo e voltamos, Victor estava calado e um pouco inquieto, o tipo de reação que ele tinha quando ficava muito tempo sem sexo.

- Será que dá pra você parar de ficar balançando a perna?

Ele continua com os olhos na TV e a perna balançando.

- Para de ser chato. - diz sem tirar os olhos da tela, um jogo de futebol estava sendo transmitido. - Você vai ter que dormir sozinho hoje, sinto muito.

Como assim, dormir sozinho?

- Por quê, Victor, onde você vai? Eu não quero ficar sozinho, eu vou com você.

Tento levantar, mas ele é mais rápido e me segura no lugar.

- De jeito nenhum, não é lugar pra você. Pode ficar quietinho aí.

Ficar quietinho? Ele pensava que eu era o quê? Uma criança?

Levantei da cama e senti seu olhar me seguindo por onde quer que eu fosse. Peguei minha mochila e tirei de lá uma roupa limpa e minha necessaire com itens de banho. Entrei no banheiro e bati a porta. Não ficaria naquele quarto de jeito nenhum. Se eu não saísse com ele iria para qualquer outro lugar sozinho.

Não demorei muito no banho e, quando saí do banheiro, ele não estava mais lá. Sabia que faria isso, mas não me abalei, continuei me arrumando enquanto o notebook iniciava o Windows para que eu pudesse pesquisar algum lugar para ir. Pela pesquisa rápida que fiz descobri que estava próximo a um shopping e foi esse o lugar escolhido para passar algumas horas naquela noite.

Victor era meu melhor amigo e já estava acostumado com suas saídas repentinas, mas não imaginei que ele fosse fazer isso no meio de uma viagem de trabalho. Eu não me importava que ele fosse tentar encontrar alguma mulher, mas queria que ele estivesse ali comigo, queria que estivéssemos conversando, rindo de alguma coisa boba ou ouvindo ele contar algumas daquelas histórias fantasiosos das quais ele sempre era o fodão que não abaixava a cabeça pra ninguém.

Dei uma volta no shopping e por volta das 23:00 já estava deitado, pronto para dormir. As luzes estavam apagadas e o cansaço daquele dia já estava fazendo com que meus olhos fechassem involuntariamente.

Ouvi o som das chaves na porta e continuei imóvel com os olhos fechados. Até que ele tinha chego cedo pra quem disse que eu dormiria sozinho.

Abri os olhos para dar uma espiada no que ele estava fazendo. Victor tirava a camisa e os sapatos, quando ele virou repentinamente em minha direção eu fechei os olhos rapidamente.

Ele entrou no banheiro e fechou a porta.

Eu estava bravo por ele ter saído. Só não sabia o porquê. Estava certo de que ele estava com alguma garota, ele era rápido quando queria levar alguma mulher para a cama, tinha uma lábia que conseguia convencer todas elas.

Cobri a cabeça com o lençol e adormeci com aqueles pensamentos doidos rondando minha mente.

**

- Alê, está acordado? - ouço Victor perguntar.

O quarto estava totalmente escuro e só dava pra enxergar a luzinha vermelha da TV piscando.

- Fala. - respondo, totalmente sonolento.

Ele permaneceu em silêncio por algum tempo e por fim disse:

- Nada, deixa pra lá.

Peguei o celular na cabeceira da cama e o relógio marcava 3:43am.

- Fala logo, Victor! - digo me voltando em direção a cama dele.

Ele estava deitado de costas pra mim, sem camisa e provavelmente sem nada em baixo também. Não conseguia enxergar seu rosto, mas escutei quando ele se moveu. Parecia estar vindo em minha direção e isso se confirmou quando a cama afundou com seu peso.

- O que você está fazendo? - Pergunto, sem reação. Estava meio paralisado.

Victor realmente estava nu, e pude sentir sua ereção tocando minha barriga.

- Estou com tesão, Alexandre. - disse.

Não sabia o que fazer, nem o que dizer. Ele passou as mãos nas minhas costas e acariciou um pouco antes de descer sua mão até minha bunda.

Senti um arrepio percorrer minha espinha.

Aquilo não poderia estar acontecendo, só podia estar dormindo e a qualquer momento acordaria daquele sonho maluco.

Tentei o empurrar, mas ele era mais forte que eu e, bem no fundo, eu não queria que ele me soltasse. Sentir seu corpo tão próximo do meu, de uma forma tão intima, me despertou um sentimento que não esperava. Eu o queria, não só como amigo, o queria como homem.


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