O beijo que neguei - CAPÍTULO 1

Um conto erótico de Lucas
Categoria: Homossexual
Contém 4776 palavras
Data: 22/03/2020 14:51:10
Assuntos: Gay, Homossexual

OLÁ!

Gente quem puder ler e comentar eu agradeço, mas devo avisar como sempre faço, que esse é um conto em que as coisas demoram um pouco pra desenrolar. Tem sexo, tem romance, tem boyXboy, só não vai ter incesto. Perdoem os erros, e uma ótima leitura a todos!!!

**** CAPÍTULO 1 ****

A chave mais uma vez tinha travado, enquanto eu tentava abri-la. E finalmente quando esta cedeu a pressão das minhas mãos, deparei-me na sala de casa, com minha mãe sentada no sofá com os joelhos unidos, e envelope nas mãos. Ela virou-se de imediato para mim, suas sobrancelhas estavam bem unidas, e seus lábios meio tortos. Não deu tempo de ela dizer o que estava acontecendo, e quando eu percebi já era tarde demais, um homem de mais ou menos um e oitenta e cinco de altura, talvez mais, veio de dentro do corredor, enquanto o barulho da descarga o anunciava. Meus olhos fitaram o rosto quadrado de nariz afilado, mas grande do homem estranho.

Ele como uma pessoa mal educada faria, olhou para dos pés a cabeça sem fazer questão de disfarçar.

- Quem é você? – perguntei engasgado por sentir minhas mãos e nuca transpirarem.

Mamãe se ergueu nessa hora, tirou do meu ombro a mochila que já estava pendente, enquanto o homem estendia a mão para mim. Encarei mamãe, ela desviou os olhos para o homem que sem esperar despejou:

- Seu pai, eu sou seu pai Lucas – disse assim do nada, mamãe confirmou com um gesto de cabeça que não deixava duvidas.

Caí no sofá recém-comprado e o amortecimento bom acolheu minhas costas. Mamãe sentou-se a minha frente e esse homem, ao meu lado. Os dois explicaram pelo menos duas vezes tudo o que eles haviam decidido sobre mim. Ninguém em sã consciência recusa uma proposta de doutorado em Harvard, mamãe tentou me explicar. E meu pai, o homem que simplesmente eu não via há pelo menos dez anos, sorriu. Ele sorriu da minha tragédia. Sua mão apertou meu ombro e com um sorriso ainda maior, explicou que eu ficaria em sua casa enquanto minha mãe fazia o doutorado.

“NINGUÉM EM SÃ CONCIÊNCIA RECUSA UMA PROPOSTA DESSAS”, a voz do meu pai ainda ecoava nos meus ouvidos mesmo eu estando a quilômetros de distancia e dentro de um avião a caminho do aeroporto Santos Dumont. Respirei profundamente ao perceber onde eu estava.

E infelizmente não era apenas mais um pesadelo com o pai desaparecido. Minhas mãos transpiravam. A turbulência do avião pousando, não ajudava em nada a ansiedade no meu peito, menos ainda o piloto avisando sobre a nossa altitude e outras informações inúteis. Ao meu lado um rapaz e uma senhora se preparavam para descer, enquanto eu tentava limpar os olhos do longo sono que havia acabado de travar. Abri a boca algumas vezes antes de acertar a poltrona.

Uma aeromoça se aproximou de mim, segundo ela havia me explicado no embarque, ela me acompanharia até a sala de espera, por conta dos meus quinze anos de idade. Enquanto eu caminhava atrás dela, liguei meu celular no normal. As mensagens do meu pai e da minha mãe eram as mais desinteressantes, mamãe avisando do seu embarque mais tarde, enquanto meu pai me mandava fotos da sua linda família. E pra falar a verdade, meu irmão e eu tínhamos muito em comum, apesar da idade dele. Vinicius, pelas fotos parecia gostar de esportes, sem contar o cachorro husky siberiano ao lado. Olhos azuis vivos, pelo branquíssimo. No celular mamãe ligava pedindo vídeo chamada, mordi meu lábio inferior.

“- Oi mãe.” Atendo sem muita animação.

“- Puxa eles são mesmo pontuais, você chegou aí no horário.” – Ela sorria lívida. “- Filho aproveita bem essa oportunidade, você vai ver quando piscar os olhos mamãe já estará em casa de volta.

“ – Eu sei, mas é que, essa situação com esse homem.” – Os olhos de mamãe se arregalaram no vídeo, os cabelos dela negros e lisos estavam presos em um coque. “ – Eu fico inseguro, a senhora viu a família dele?”

Mamãe começou a sorri e tentar me convencer que a experiência de conviver com meu meio e irmão e com a esposa do meu pai seria boa. Ela só não conseguia explicar como essa situação traumática poderia ser boa. Mesmo assim reforcei meu fingido desejo de que ela fosse mesmo para Harvard, e desse um show! Porque afinal uma oportunidade como aquela não apareceria mais nunca, nem pra ela nem pra mim. Por mais que na realidade eu preferisse nunca ter de viver isso.

Sentado em uma sala apropriada para menores de idade viajando sozinhos, esperei por minha nova família. A aeromoça com uma revista no colo ficou ao meu lado, fingindo não estar mexendo no celular. A sala era grande e com vidros para todo o lado. Eu não consegui evitar, voltei a investigar cada detalhe da foto do meu irmão, da esposa do meu pai e dele mesmo.

Suas mensagens, me deixava a par de cada quilometro que ele vencia para chegar pessoalmente ao aeroporto.

Passei as vistas pelas mensagens de amigos, Marcelo e Rafaela, meus colegas de escola e amigos desde a infância. Ambos tentavam me encher confiança, eu já estava pra fazer um buraco na lábio inferior de tanto morde-lo. Os meninos me mandavam memes no nosso grupo, enquanto Marcelo “a loca”, ficava enchendo a fita do irmão que eu ainda nem conhecia “Eu com um irmaozão desses aí...” pervertido, sorri das suas mensagens. Vinicius não era isso tudo, uma parte do seu rosto parecia ter sofrido alguma coisa, pois era um pouco paralisada, apesar de ele pelas fotos não ser feio.

Igual a mim, ele tinha os cabelos amarronzados quase castanhos claros e no caso dele talvez fosse até mais branco, o nariz do nosso pai pontudo e fino, mas grande. Olhos da mesma cor do cabelo, e branquinho, devia ficar vermelho com facilidade. Devia ter puxado a mãe loiríssima.

- Lucas! – a voz do meu pai já era inconfundível pra mim. Ele vestia um bermudão creme e uma camisa social branca com as mangas sobradas até os cotovelos. Sorrindo de orelha a orelha ele se aproximou de onde eu estava. Levantei na mesma hora, a aeromoça por sua vez mal percebeu.

- Olá... – foi tudo o que eu consegui dizer. A aeromoça se levantou também e cumprimentou meu pai apertando sua mão.

- Ele se comportou? – meu pai gracejou com a moça.

Ela sorriu confirmando com a cabeça:

- Como um verdadeiro cavaleiro... – os dois ainda estavam de mãos apertadas.

Franzi a sobrancelha para ambos. Ou eu estava atordoado demais ou os dois estavam mesmo flertando. Puxei a alça da minha mala de rodinhas e só então eles voltaram os olhos para mim. Sem brincadeira que meu rosto corou, porque pareceu que por minha culpa alguma coisa havia sido interrompida. Meu pai desgrudou da mão da moça e passou o braço por meus ombros. Enquanto eu ia puxando a mala, ele me explicava o quanto cada vez mais os serviços em aeroportos estavam avançando. Deixou escapar que no ano anterior ele e a família dele haviam visitado Madri, e que voltara antes sozinho porque a mulher e o filho ainda iam ficar mais um tempo.

- Conheci essa gracinha lá – ele disse fazendo referencia a aeromoça – não é uma gostosa?

Meu rosto queimou na mesma hora e eu arregalei os olhos. Nunca tinha tido uma conversa desse tipo com ninguém. No máximo, no máximo, eu e Marcelo havíamos pesquisado na net alguns sites pornográficos e trocado em chats clandestinos conversas picantes com estranhos. Mas ouvir meu pai falando tão abertamente e com um olha tão sacana sobre a mulher que havíamos acabado de conhecer, criou na minha garganta um certo engasgo de dúvida.

Uma semana atrás quando ele apareceu na minha casa, caído de paraquedas, pereceu ser outro tipo de homem. Fiquei até pensando se não era evangélico, pelo tanto de vezes que disse palavras sobre a bíblia e citações que só os crentes usam. Caia por terra agora qualquer suspeita a esse respeito.

- Eh, eh, - eu disse sem muito animo confirmando a fala dele.

- Escuta, coloca tuas coisas no porta malas – sorriu para mim – o carro é aquele lá, toma a chave, entra e me espera que eu já volto.

Franzi ainda mais o cenho para a atitude abrupta dele, me abandonando ali em meio a estranhos. O carro dele era um cinza, de quatro portas e grande. Não parecia ser um carro novo, mas talvez fosse por causa da poeira. Abri o porta-malas e joguei minhas coisas lá dentro, salvando meu celular e um livro. O meu suposto pai, pelo visto um incorrigível pervertido, demorou em chegar. Quando eu já estava acabando o segundo capítulo ele bateu no vidro.

O cheiro do seu perfume havia exalado, seus cabelos estavam bagunçados a braguilha da bermuda aberta, e o colarinho todo sujo de um rosa quase vermelho. Meu pai sentou-se ao meu lado, arrumou o cabelo, e tirou de dentro do porta luvas, uma camiseta toda amarrotada, pelo visto de futebol.

- Eu ouvir o toque de um celular aqui dentro do carro – falei pra ele assim que ele ligou o carro, tirando a camisa social que estava, e vestindo uma amarela provavelmente de praticar esportes.

- Deve ser do Vini, - ele franziu o cenho e sorriu para mim, como se eu fosse cumplice de algum segredo – dá uma olhada ai no banco de trás por favor, Lucão.

Minha cabeça quase dá um giro, LUCÃO?!?, balancei a cabeça e me inclinei um pouco para o fundo, o som realmente havia vindo de lá. Mas não achei de primeiro, tirei o cinto de segurança e passei para o fundo, meu pai começou a assoviar alguma música, enquanto tamborilava os dedos no volante. Entre a fresta do estofamento encontrei um smatphone da Sansung.

Ergui ele na altura do meu ombro, e mostrei a ele. Meu pai bateu no banco da frente, ao seu lado, me chamando de volta para sentar lá.

“ – Qual foi velho?!” – A voz rouca me pegou de surpresa um pouco, porque em momento nenhum vi meu pai acionando celular ou coisa alguma, mesmo assim a voz de outro pessoa estavam soando no carro.

- Que porra de celular é esse aqui no meu carro seu moleque? – disse meu pai. – Cê tá pensando o que da vida Vinicius, que meu carro é motel é? Porra!

A voz ficou em silencio, e ouvimos um ressonar. Do nada o louco apertou a buzina do carro com tudo, meus ombros chegaram a tremer um pouco. O celular caiu das minhas mãos e eu corri para pega-lo, sem querer a tela acendeu e uma foto apareceu na tela. Não reconheci de imediata até me lembrar da caveira do Bope, que ficou bem marcada naquele filme Tropa de Elite.

O som da buzina cessou. E a ligação foi encerrada. Meu pai respirou fundo e voltou a assoviar. Enquanto dirigia, em seu rosto nenhum sinal de agressividade ou raiva. Ele parecia dissimular bem a figura de homem sério, sereno e sábio, do escroto.

- Co – lé – gio... Antônio Vieira... – murmurei ao passarmos por um vasto espaço que logo no prédio principal mostrava esses dizeres em letras douradas.

- Você vai estudar aí – ele disse, quebrando o silencio – seu irmão, também estuda aí desde a infância.

Engoli em seco ao ouvir isso, o celular ainda estava na minha mão quando vibrou. Olhei no visor da tela e algumas mensagens se acumulavam. Meu pai guiava o carro enquanto mexia no seu próprio celular, até chegarmos a uma portaria. Rodeada por muros enormes e que não se permitia ver onde terminavam, o porteiro abriu passagem e o carro do meu pai embocou para dentro. Eu olhava para os prédios logo no inicio imaginando quantas pessoas viviam naquelas casas, pois os prédios pareciam ter apartamentos minúsculos. A casa do meu pai, porém, apesar de um prédio não parecia abrigar mais gente do que a família mesmo. Era a única casa naquela vizinhança de onde saia um som destoante do resto do lugar.

Meu pai começou a se arrumar, mas não deu tempo de dentro da casa uma mulher com bobes na cabeça, correu para a porta, meu pai rapidamente empolou a camisa branca e engavetou no porta-luvas.

- Ah chegaram enfim – ela abriu a porta sem nem esperar – tudo bem Lucas? Sou Amanda, esposa do seu pai...

Ela falava um pouco alto por conta da musica ensurdecedora lá de dentro. Meu pai abriu a porta com tudo saindo.

- Vinicius tá de brincadeira? Ouvindo essa bosta numa altura dessas? – ele bufou e correu para dentro de casa me deixando aos cuidados daquela mulher de bobes.

- Vá com calma com ele! – disse Amanda. – Venha Lucas, vou te mostrar a casa, quero que se sinta confortável aqui, eu imagino o quanto tudo isso tá sendo novo para você...

Apertei a mão dela. O barulho parou de uma vez só. Amanda abriu o porta malas e eu a tirei de dentro. Da casa junto com meu pai, outro homem veio com ele. Maior do que eu havia suposto, e também mais malhado. Meu pai na realidade apesar dos longos ombros, e pernas bem torneadas, não tinha músculos a mostra. Não como os de Vini, que apesar de não ser robusto, como alguém que já foi gordo e está modelando as gorduras em massa, ele não, parecia o contrário, ser um magrelo que está ganhando massa.

Seu aperto de mão, revelou o quanto minha presença não significava para ele. Seus olhos se voltaram logo para dentro do carro, através do vidro.

- Cadê o celular? – perguntou se virando para o pai.

- Vocês não vão brigar agora né? – disse Amanda olhando do filho para mim e de mim para o marido.

Eu ergui minha mão, apontando para Vinicius. O puxão que ele deu no aparelho, por pouco não levou minha mão junto.

- Eu achei no banco de trás... – consegui dizer baixinho.

- Ah que gracinha, ele é tímido... Tem certeza que é seu filho Roberto? – sorriu ela – estou brincando tá meu filho, você é a cara do seu irmão e do seu pai, impressionante.

Vinicius não agradeceu, nem disse nada, caminhou para dentro de casa, vestindo apenas um calção. Meu pai, também sem camisa e apenas com o bermudão amarronzado, apontou para a casa.

- Fique a vontade tá Lucão... – ele olhou de esgueira para a esposa – e seja muito bem vindo a casa é também sua. Tanto que fizemos um quarto só para você! – sua voz ganhou uma força maior quando disse isso.

O meio abraço de Amanda nos meus ombros foi bem mais acolhedor que o dele mais cedo no aeroporto. Há horas meu celular vibrava no bolso, mas eu não queria atender. Meus olhos e todos os sentido estavam alertas, ao jardim na frente da casa, a moda dos palacetes norte-americanos, a casa com amplas janelas no segundo piso, por entre uma delas dava para ver o vulto de Vinicius que mais uma vez ligou o som nas alturas. Ouvindo talvez Péricles ou Raça Negra? O que preconceituosamente me fez estranhar.

- Não ligue para o Vini, não. Ele é assim mesmo tá... Está numa fase que só quer saber dos amigos e das namoradas...

Eu assenti, sem entender muito como um homem feito daqueles ainda estava na casa dos pais e sendo tratado como um adolescente.

- Fase, fase de levar surra isso que ele quer... – disse meu pai, com uma das mãos fazendo eco para a boca gritou a toda – ABAIXA ESSE SOM AGORA VINICIUS!

Mais uma vez ele correu para dentro de casa. Meu irmão apesar do tamanho, não tinha mais do que dezoito anos. E estava fazendo cursinho na escola onde estudara a vida toda para passar no curso dos sonhos. Meu pai não dissera isso, na verdade o caminho todo para casa foi feito em completo silencio, para compensar a escassez de informações dona Amanda me contou tudo. Sobre o trabalho do meu pai, que possuía uma media empresa de transportes em convenio com o governo estadual, e do seu próprio de coordenadora escolar.

Entrei na casa ao lado ela, pela porta da frente. A sala toda em porcelanato branco, ou algum piso de textura similar, casava bem com as paredes em um branco gelo. O sofá em L, cumpria a função de fechar mais o centro com um tapete felpudo. Diferente do clima de fora da casa, dentro a temperatura era outra. O ar condicionado parecia estar ligado, e alcançava toda casa. A escada de apenas um lado, envolta por um corrimão prateado, dava acesso ao segundo piso onde ficavam os quartos.

Dois compridos degraus davam acesso a uma mesa grande toda em vidro, desenhada no próprio vidro, por traços fortes de algum desenho desconhecido para mim, lembrando uma coroa de S deitados. No teto imediatamente em cima da mesa, um lustre imenso apagado descansava.

- E aqui é a nossa copa. – Ela me disse puxando o corrimão da porta de vidro que dividia essa sala de jantar da cozinha – nos comemos aqui mesmo, usamos muito pouco a sala de jantar, mas se você quiser fique a vontade.

Eu não me apercebia muito das palavras dela, apenas da visão de lá de fora, não parecia existir nada que dividisse a cozinha do quintal. Mesmo assim, uma porta imensa de vidro transparente fazia esse papel, e eu só percebi isso, porque o cachorro enorme se ergueu diante de nós com as patas na porta.

- Ele é bem maior do que parecia...

- Esse é o Platus, - ela disse passando a mão no vidro – e aquela é a nossa piscina de decoração, já que ninguém a usa... De vez em quando no ano novo ou nos dias mais mornos organizamos churrascos...

Lá de dentro o barulho dos dois chamou minha atenção. Vinícius passou por mim e abriu a geladeira.

- Você é um moleque isso que você é! Conta pra sua mãe... Conta a ela!

- Ah não enche o saco tá! Tudo que eu sei e faço, foi meu professor que ensinou... – sorriu descarado e engoliu a agua de dentro da garrafa mesmo.

- Vocês querem parar! – Amanda suspirou, eu sentei em um dos bancos ali próximo. – Não tem um dia de paz nessa casa, nem quando o seu irmão Vinicius e seu filho Roberto...

Eu nem me apercebi, quando dei por mim já estava caído no chão, com uma bola imensa de pelo babão em cima de mim, rosando. As palavras de Amanda se perderam nos próprios gritos histéricos dela, o cachorro foi puxado para longe de mim, e minha cabeça na mesma hora subiu um galo. Vinicius tinha acabado de abrir a porta, quando cachorro entrou pela fresta aberta por meu irmão. Meu pai puxou o cachorro pela coleirinha no pescoço dele, enquanto Amanda vinha ao meu socorro.

Vinicius soltou um risinho bem diabólico na face e engoliu mais um pouco da agua, estalou do dedos e o cachorro o acompanhou para fora.

- Foi mau ai maninho... – disse pra mim antes de fechar a porta.

Meus olhos se encheram de lagrimas e meu peito começou subir e descer forte, a dor na cabeça era bem fraquinha por conta do tombo, mas tudo aquilo colocava a em evidencia o qual distante eu estava daquela família. Meu pai trouxe gelo e Amanda um copo com agua, ambos se preocuparam e me ajudar, meu pai foi brigar com Vinicius, pediu desculpas por ele. Amanda coitada parecia surpresa com tudo aquilo e também pediu desculpas pelas atitudes infantis do filho. Ela me levou para o segundo piso, e com muito cuidado pressionou na minha cabeça o gelo.

O rosto de Amanda estava vermelho, como se uma sombra de preocupação turvasse seus pensamentos, eu não imaginava o que se passava pela sua cabeça. E na verdade nem queria imaginar! Um marmanjo daqueles... Eu fechei os olhos por alguns minutos, desejando tudo não passar de um sonho!

- Não durma – ela disse – você bateu a cabeça é melhor não dormir por algumas horas... – sorriu.

Eu mal me apercebi, mas estava sentado no confortável sofá da sala. Não vi mais Vinicius pelo resto do dia, fiquei preso no celular conversando com meus amigos e com minha mãe. Não tinha tido coragem ainda de contar a ela sobre a queda. Coitada. Poderia se sentir culpada, por alguma coisa.

“ – O Alé perguntou por você hoje...” – Marcelo me enviou. O nome acendeu em mim um misto de curiosidade e ânsia por saber mais, não respondi imediatamente. “ – Disse que tu nem falou com ele que estava indo embora, se eu poderia passar seu número.” – Engoli em seco ao ler cada palavra digitada pelo Marcelo, o fato de ter um garoto afim de mim, ainda era novo demais. Minha respiração até pesou um pouco mais, e eu sorri sem acreditar.

“ – Mentiroso.” – Enviei.

“ – Estou falando sério, tu é gay e não quer aceitar.” – Marcelo me mandou com um mame da Raven com um arco íris nas mãos.

Sorri para a idiotice dele. O problema, pensei comigo, não era eu não me aceitar como homossexual. Nem como uma bicha mesmo, até porque desde os treze eu já sabia disso. O problema são os outros, me virei em direção a Amanda que sentada com notebook no colo fazia quarentena ao meu lado, para ter a certeza que eu não ia desmaiar. Olhei para a tela do meu celular, e lá estava o print de uma conversa entre Marcelo e o Alé, fiquei respirando fundo sem saber se deveria abrir a foto.

Aproveitei a deixa de Amanda, compenetrada no computador, e abrir a imagem. Não percebi a aproximação de ninguém, mas o demônio do Vincius estava bem ao meu lado. Eu desliguei a tela do celular mesma hora.

- Hum... conversando com os contratinho em mano? – sorriu ele atrevido – já se recuperou da queda.

- Deixa ele Vini, e peça desculpas? – ela disse erguendo uma das sobrancelhas.

Ele abriu ainda mais o sorriso para mim, sua camiseta estava em um dos ombros. Se jogou ao meu lado no sofá e estreitou a aproximação entre nós.

- Desculpe maninho. – Falou em alto e bom som. – Não sabia que você era de porcelana e podia quebrar tão fácil... – acrescentou em tom bem baixinho.

- Fique com ele aqui por um tempo Vini enquanto eu vou lá em cima... – ela se ergueu rápido.

Olhei de esgueira quase pedindo socorro. Ela não mal me olhou. Vinicius apertou ainda mais o braço em volta do meu ombro e se aproximou bem de mim. Seus olhos apertados chegaram s sorrir perverso junto aos lábios.

- Claro mãe! Assim eu conheço melhor meu maninho mais novo... – sorriu mais ainda.

- A não ser que você queira subir... – ela estava na escada, segurando o corrimão e por um momento pensei que fosse algum anjo em meu socorro.

- Eu prefiro... – disse rápido me erguendo – minha cabeça já não dói mais, e eu estou meio cansado da viajem...

Vinicius deitou no sofá tão logo eu me levantei, colocando um dos braços para trás na nuca. Realmente o lado direito do seu rosto devia ter sofrido alguma coisa pois apesar de ele mover os olhos normalmente o lábio desse lado não, se movia com dificuldade. Isso dava a meu irmão mais velho um ar de ainda mais atrevido e perverso. O deixei sozinho na sala, e segui Amanda. Ela balançou a cabeça algumas vezes antes de se virar para mim e tentar me tranquilizar.

- Não se sinta ameaçado por seu irmão, ele só está tentando marcar território, bem coisa de meninos... – sorriu agradável – acredite em mim, Vini seria incapaz de fazer mal a alguém ainda mais do próprio sangue.

Eu tentei sorri sem muito sucesso, pois se essa era a perspectiva então com certeza eu estaria ferrado nas mãos dele, já que meu sangue era apenas metade do dele... Engoli em seco, Amanda abriu a porta de um dos quartos e lá estava minha mala. Que eu havia deixado na sala. Uma cama media encostada a uma das janelas que eu havia visto lá embaixo. Um guarda-roupas embutido na parede e um criado mudo com uma luminária. Tão logo Amanda saiu dizendo que de hora em hora passaria aqui para ver como eu estava, tranquei a porta por dentro. Deitei na cama com o celular rente aos olhos, para ler com mais cuidado o print enviado por Marcelo.

“ – Eu precisava falar com ele...” – dizia a mensagem de Alé – “ – Será que você não pode me passar o contato dele?”...

Marcelo sabia da estória completa e mesmo assim ficava insistindo nisso. Só para eu pensar que de algum modo estranho um garoto com namorada, no terceiro ano do ensino médio sentia alguma coisa por mim, uma criança de quinze... Sorri ao pensamento, quase como se tivesse sido pegado pelo vírus de Marcelo. Engoli em seco e fechei os olhos afundando o rosto no travesseiro.

No corredor ouvir barulho de gente se aproximando da porta. Antes que alguém dissesse alguma coisa, eu mesmo adiantei.

- Não estou dormindo.

- Você quer um suco, ou comer alguma coisa? Acho que seria bom, ficar com o estomago vazio não faz bem... Seu pai saiu por alguns minutos mas daqui a pouco está aí, eu estou no escritório aqui ao lado... Fique a vontade tá bom?

Levantei e fui até a porta, a entreabri quase deixando- aberta por completo, o suficiente para que a dona da casa me visse por completo.

- Obrigado dona Amanda, obrigado mesmo...

- Que isso, Lucas, não me chame de dona, só Amanda tá? A dor na cabeça não incomoda mais? – perguntou e eu neguei com um gesto – oquei então, qualquer coisa que precisar estarei aqui logo ao lado...

Encostei a porta do quarto e voltei para a cama, meus ombros e costas estavam doloridos muito por causa do tombo, mas também pelo tempo de viagem. Sair do interior, para Capital pra só de lá pegar um avião... Respirei mais aliviado estando sozinho, estiquei minhas pernas e braços, ainda vestindo a mesma roupa. Sentei na cama. E trouxe a mala para perto de mim, tirei tudo de que eu precisaria para tomar meu banho.

Logo em frente ao meu quarto, estava uma porta de correr fechada, tentei abri-la, mas não cedeu. Caminhei pelos outros cômodos, o quarto do meu pai e da esposa, a porta estava entreaberta. O que deveria ser o de Vinicius, fechado. E o banheiro entrei com cuidado procurando pelo interruptor de luz, mas não era necessário logo aos pouquinhos a luz foi ascendendo. O box tinha uma distancia grande do vazo sanitário, e da pia. Entre eles um espaço considerável. Além do espelho na parede, apenas o trinco na porta parecia se assemelhar ao do banheiro da minha casa, pelo menos uma coisa familiar, pensei comigo.

Saí do banheiro de alma lavada e ansioso por tirar alguns minutos de cochilo. A luz debaixo da porta da sala ao lado da do meu quarto estava apagada, não bati. Passei direto para meu quarto.

- Oi! – a voz de Vinicius chegou a arrepiar os pelinhos das minhas costas.

- Você só pode ser louco! – deixei escapar sem querer querendo.

- Ah, você nem imagina o quanto maninho, - sorriu sádico – a gente precisa levar um papo reto.

Ele se aproximou de mim, tirou a minha toalha molhada da minha mão, e me empurrando pelos ombros me sentou na cama. Sem muito sucesso sacodi meus ombros para me livrar do aperto das mãos dele nos meus ombros.

- Tira as mãos de mim, agora! – gritei pra ele.

- Porque se não o que? Eu tô doido pra ver o que é que você vai fazer. Luquinhas mariquinhas... – sorriu ainda mais. Minha vontade era de dar um soco no rosto dele, mas aquela paralisia ali tão evidente e perto de mim, me desestabilizaram completamente.

Seus olhos se apertaram, me fitando agressivos. Sem que eu precisasse fazer nada Vinicius tirou as mãos de cima de mim, as colocou na cintura e em pé a minha frente esperou.

- Fala logo que merda você quer e sai por favor. – Consegui formular com algum autocontrole na voz. Meu irmão soltou um riso bem descarado e desarmando os ombros me encarou.

- É o seguinte, eu tô nem ai pra essa estória de irmão, nem quero saber... O negócio é que vou dar uma festinha aqui no final de semana, e você não vai estragar esse rolé, entendeu? Meus pais vão viajar, e é bom que quando eu propor que tu vá com eles, você diga que quer mesmo ir... Entendeu?

Sorri um pouco fraco “vai sonhando seu babaca” penso comigo mesmo enquanto com a cabeça aceno que sim, estou compreendendo muito bem.

- Sim senhor, entendi direitinho. – Sorrio de forma bem verdadeira. E assinto mais uma vez com a cabeça.

Vinicius caminha para fora do quarto e puxa a porta. Deixo minhas costas descasarem na cama, fecho os olhos sorrindo.


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Comentários

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Olá, tudo bem?Você tem algum meio em que eu possa entrar em contato com você?

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Muito bom. Detesto esses protagonista q são Maria mole, choram por tudo. Tem q ter atitude. O pai e o irmão, são dois babacas.

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