Leica é uma moleca. Uma moleica. Adoro Leica e o sexo de Leica e o sorriso de Leica e tudo de Leica. Leica é louca. E me faz mais ainda.
Leica resolveu me fazer uma surpresa. Ela sabe que fico meio ansioso com surpresas, mas sabe também que esta eu iria amar. Leica sabe das coisas.
Combinamos mais um encontro tórrido, sereno e achocolatado. Parou o carro diante de mim e virou carona. Estava mais sorridente do que sempre, disfarçando o nervoso adolescente. Acariciei-lhe as coxas até sentir a macia penugem já úmida. E gostosa, que lambi os dedos.
– Tenho uma surpresa para você – disse Leica, entre risos e olhos brilhantes.
– Leica, Louca! O que é? – Eu, curioso, curiando, ansioso.
Ela só sorriu.
Porra de farol alto atrás de mim, a me ofuscar pelo espelho. Estou devagar, por que esse fresco não ultrapassa e vai embora com seu facho forte de luz?!
– Relaxe, amor... – a mão firme e suave arrepiando-me as pernas, os pelos pubianos e despertando-me a rigidez.
Estou relaxado.
O retorno no giradouro, a entrada à direita e a luz espelhando-se em meu rosto. Será possível?! Estaríamos sendo seguidos?, penso, num átimo, mas esqueço para esperar a luz vermelha que anuncia o ninho de amor, enquanto o portão desliza, silencioso. A moto parada atrás de nosso carro.
Ah, é a surpresa! Toda a claridade do farol ilumina-me a mente, num repente! Teremos companhia! Fiz-me quieto, nada falei, que Leica é que estava no comando. Mas o coração não consegui conter: gritava, agitado, dentro do peito. Mas a protuberância fálica, também incontível, insistia em fazer a bermuda de circo.
O carro em movimento, dirigindo-se à garagem, cujo número também piscava, a nos chamar, impaciente. Acomodei o veículo, a moto parava atrás; a porta automática nos engolia, e eu dirigia meus olhos aos olhos vivos de Leica: “Hoje teremos plateia, meu amor!” Colhi suas últimas palavras em seu lábios, num beijo de euforia, gratidão e tesão.
Saímos do carro ao mesmo tempo que o piloto descia da moto e livrava-se do capacete, liberando vasta cabeleira. Plateia feminina! Que maravilha!
Em segundos escaneei aquele corpo delgado, a calça preta brilhante moldando em relevo o vértice do entrepernas e arredondando em detalhes a linda bunda. Sob o blusão também preto, que mãos ágeis e brancas desciam o zíper, aparecia sumário top branco, salientando pequenos seios apontados pelo frio da noite. Um rosto de menina-anjo coroava a dádiva divinamente satânica de um corpo feminino docemente sensual. Não tinha a sensualidade madura que eu louvo em Leica, certo... Mas não se pode esperar tanto de uma garota de... o que?!... 18 anos?
Relâmpagos pensamentos, enquanto Leica se aproxima:
– Amor, esta é Sídora, a cuidadora da minha moto, lembra?
Lembro: Leica já me falara sobre o clima que rolou entre as duas, meses atrás – naquela noite nos comemos com ela na imaginação. Agora estava ali, erigida de minha mente, sorriso diabolicamente santo, em muito melhorada do que eu pensava.
Minhas mãos envolveram o corpo perfumado, estreitamo-nos num abraço demorado, senti-lhe os pontudos seios, e ela, com certeza, a rigidez de um falo ansioso, sobre sua pélvis. Senti-lhe o arrepio quando a trouxe para dentro de mim, com um cheiro sob a orelha.
Que delícia deveria ser aquele pequeno monumento de carne! Não entendi bem qual seria o esquema. Leica falara de plateia, e isso permite interpretações várias. Resolvi acompanhar os acontecimentos. Nada perguntei. Até porque eu queria mesmo era matar a saudade muita da minha neguinha, que estava ali, toda nudez sob o flutuante vestido.
Agarrei-me ao seu corpo e meus lábios violaram os seus, num beijo que buscava arrancar de dentro de cada um toda a volúpia acumulada. Ao lado de Sídora, que ainda parecia um tanto contrangida, minhas mãos violaram as intimidades mal escondidas do corpo de minha amante negra, primindo-a contra a parede e roçando-me acintosamente no seu ventre – era preciso deixar claro à garota o espetáculo que acompanharia em pouco; este era apenas o ensaio.
Nossa visitante galgou os degraus na frente, presenteando-nos com toda a sinuosidade de seu rebolado, acompanhada por Leica, eu fechava o cortejo, mão enterrada na umidade de sua caverna, sob o vestido esvoaçante, como fazíamos sempre.
Todos os hormônios estavam em turbilhão. Mal fechamos a porta, atracamo-nos feito dos animais no cio, nossas mãos multiplicando-se em nossos corpos quentes e ávidos. Perdi Sídora de vista; tinha olhos somente para Leica. Que negra linda estava esta noite!
Nossas línguas vadiavam uma na outra, levantei-lhe o vestido, retirando-o pela cabeça. E eis Leica nua e arrepiada, em meus braços. Minha boca desprendeu-se da sua e vagueou corpo abaixo, aureolando túmidos bicos, que a faziam gemer discretamente, e menos discretamente quando, ao sentir-lhe o cheiro de fêmea, afoguei meu rosto sobre o encharcado charco que se abria diante de mim. Minha língua vadiou, gruta adentro, acima, até levar a sua boca seu gosto de cio – como tantas vezes fizemos, no abrir dos trabalhos da noite.
Agora Leica que tirava minha camisa e descia sua boca sobre meu peito; de cima, divisei-lhe abrir rápida e com prática o botão da bermuda, que logo foi ao chão, libertando ansiosa rigidez, que seus lábios e língua envolveram e sugaram.
Todo o vulcão em ebulição estava ainda mais efervescente, porque sabíamo-nos alvos de olhos atentos, a acompanhar cada movimento. Eu não a via, mas sentia o olhar de Síndora em nossa intimidade mais profunda...
Quando sua boca voltou a minha boca e nossos corpos nus apertavam-se com frenesi, fui empurrando-a com o carinho de todas as nossas noites, para o leito que nos aguardava.
Deitei-a com a suavidade firme de sempre, cobrindo-a comigo, para logo me deslizar, corpo abaixo, caminho da furna, fonte de tantos prazeres. Enquanto a sugava e acariciava com a língua suas dobras ferventes, lancei pela vez primeira meu olhar para nossa assistente: sentada ao lado da cama, estava visivelmente perturbada com tamanha lascívia diante de seus olhos. Resistiria quanto?
Leica remexia-se com cadência e safadeza. Como há pouco, levei-lhe notícias gustativas de sua feminilidade, num beijo de boca inteira.
Ao roçar meu peito nos seus seios rígidos, procurava girar-lhe na cama, deixando-a de frente para Sídora, e de forma que eu podia observar nossa plateia, em relances.
Assim, quando penetrei-lhe languidamente a carne e pude acompanhar seu esgar de prazer, de mim tão conhecido, entre os gemidos de minha negra pude ver os inicialmente discretos movimentos de Sídora, aos poucos ganhando energia: acariciava seus seios – um deles escapava do top –, a outra mão mergulhava sob a calça, semidesabotoada.
Leica rugia sob mim, seu abundante líquido umedecia os lençóis. Os movimentos sincronizados que somente nós dois conhecemos, e, em pouco, minha neguinha cruzava as pernas sobre meu corpo, petrificava-se e o grito escapava-lhe da garganta: violento gozo a sacudia por inteiro.
Ofegantes e desabados, agarrávamo-nos mutuamente, em cada partícula de pele suada e cheirosa e quente, meu falo ainda em riste palpitante. As pernas trêmulas de Leica enlaçaram-me e pude sentir o quente de seu clitóris sobre minha coxa. Abraçados, volvemos os olhos para Sídora, que se livrara da calça e do top: sorria indecifrável, seios rígidos enfim soltos, e visível mancha recém-molhada entre as pernas, na calcinha branca.
Não dizíamos palavra. Comíamo-nos com os olhos.
Reuni restinho de força para ligar o ar condicionado; fui à janela, encher meus pulmões com a noite estrelada, quando senti movimentos e ouvi risos e discretos gemidos. Pressenti round. Leica e Sídora comiam-se com a avidez de duas fêmeas que sempre se desejaram e se estavam descobrindo naquele momento.
Era um deslumbre. Um alumbramento, mais que o do poeta Bandeira, que viu uma moça nuinha no banho: eu via duas se devorando, intimidades abertas a mim.
Fui ocupar o lugar antes de Sídora, e, mastro ereto, acompanhei em minúcias cada detalhe da epifania louca e serena que se desenrolava diante de meus olhos, protagonizada por aquelas duas mulheres lindas e sedentas de sexo e desejo, uma pela outra.
Meu dente quebrou, com pequeno ruído, a ponta do tablete de chocolate...