Agradável e bem escrito. Não precisa ter pressa.
A moça do onibus - Capítulo 2
Capítulo 2
Corri atrás dela, em uma rua escura como breu, com a chuva e a lama fazendo meus sapatos escorregarem e equilibrando meu corpo para não cair. Seria uma cena cômica se eu caísse. Um jovem advogado recém-formado, que havia conseguido um emprego em um ótimo escritório, mas que caiu na lama perseguindo uma moça que ele acabou de conhecer.
A moça em questão ainda não me viu. Ela seguia de forma apressada pela rua. Era um bairro calmo, mas nunca se sabe o que pode acontecer nessa cidade, qual maníaco estaria à espreita em uma esquina mal iluminada.
A chuva parecia aumentar de intensidade. De um leve chuvisco para algo mais intenso, anunciando que talvez o céu desabasse na minha cabeça.
Eu estava a cinco metros dela, quando resolvi chama-la. Como eu não sabia seu nome, fui obrigado a chamar de “moça de ônibus”, ficando com o rosto vermelho ao usar esse tipo de chamada estúpida.
Ela se virou assustada, mas quando me viu seu olhar passou de medo para estranha surpresa, e foi com grande satisfação que vi um sorriso surgir em seu rosto.
- Moça do ônibus?
- Me desculpa, eu não sabia seu nome.
Ao ver meu rosto vermelho e meu olhar embaraçado, o sorriso aumentou. Seu rosto parecia com o de uma criança travessa com uma bala apetitosa. No caso, a bala era a minha vergonha.
- Você podia ter perguntado meu nome. O ônibus seria o local ideal pra isso, né?
- Eu sei, eu sei. Desculpa. Fiquei tão entretido na conversa que esqueci de perguntar uma coisa tão básica.
- Sem problema. Já que você desceu do ônibus pra vir até aqui, meu nome é Jéssica.
Sorri pra ela. Já tinha recuperado a minha compostura quando a chuva caiu com força total sobre nossas cabeças.
- Merda. Tá chovendo demais. Vamos andando, eu moro logo ali.
Tirei meu paletó e coloquei sobre nossas cabeças, correndo ombro a ombro com ela. Mesma com a chuva intensa, consegui sentir o seu perfume. Era doce, mas não enjoativo.
Corremos em direção a uma pequena casa, no começo de uma rua. Ela abriu o portão e nós entramos na varanda. Mesmo com o paletó, estávamos todos encharcados, eu mais do que ela.
Ela olhou para mim e disse que estava na desvantagem. Eu sabia o nome dela, mas ela não sabia o meu.
- Nossa, que idiotice a minha. Meu nome é Guilherme. É um prazer te conhecer.
- O prazer é meu, Gui. – Eu dei risada. Ninguém me chamava de Gui desde os 13 anos, quando deixei de ser uma criança gordinha para virar um adolescente alto. A voz de Jessica cortou meus pensamentos.
- E então, você vai entrar?
- Não quero incomodar. Vou voltar pro ponto.
- Larga de ser maluco. Não tem mais ônibus essa hora. Você, com esse rostinho, só seria estuprado.
- Então eu pego um Uber.
- Nesse tempo, nessa hora e nesse bairro? Nunca que um motorista passaria por aqui. Entra logo, pô. Você não vai me incomodar.
Jéssica abriu a porta e eu resolvi aceitar o convite. Ela foi até o quarto e voltou com uma toalha branca e com uma bermuda meio velha.
- Espero que não se importe. Era do meu ex e ele nunca veio buscar.
- Então eu tô com sorte. Espero que seu ex não se importe.
- Não é mais dele. Agora é só meu.
Ela deu risada ao dizer a última frase, aquela mesma risada do ônibus, a risada que me deixou embasbacado, tanto da primeira vez como agora.
- O banheiro é no fim do corredor. Pode ficar à vontade.
Agradeci e sai. No banheiro, tomei um banho rápido e coloquei a bermuda. Era meio folgada, mas serviu bem.
Quando voltei para a sala, vi que no sofá estava com um travesseiro e um lençol e que Jéssica estava sentada na cadeira, também de banho tomado. Estava linda com seu pijama de corações rosas. O pijama não escondia muito.
A primeira coisa que vi era que ela estava sem sutiã. Seus peitos não eram grandes, mas eram extremamente bonitos. Dava até para ver as marcas leves de biquíni. Ela não era magra como essas meninas novas, mas as suas curvas eram perfeitas.
Quando ela se levantou, vi que o short do pijama mostrava um bumbum grande e lindo, que meu pau começou a se movimentar dentro da bermuda. Eu tentei controlar, estava sem cueca e não queria parecer um tarado.
Não tive muito sucesso, já que notei o sorriso e o olhar dela. Disfarcei, mas por dentre estava com meus nervos à flor da pele. Meu estômago estava com borboletas. Ela se aproximou do sofá.
- Não é uma cama muito boa, mas é que só tenho um quarto e...
- Não precisava nem se incomodar, Jéssica. Eu já estou dando trabalho demais. Nem sei como eu posso te agradecer.
- Eu sei.
Ela se aproximou e a mão dela encostou na minha. Minha pele formigou de excitação. Meu corpo respondeu mais rápido do que a minha mente, e a minha mão já estava nas costas dela, aproximando seu rosto do meu e o seu corpo do meu corpo.
Senti o calor dela e senti o cheiro do sabonete que ela usou no banho. Quando olhei nos seus olhos verdes, vi o desejo de prazer, um desejo tão poderoso que foi como gasolina no fogo que estava queimando em mim.
No momento em que meus lábios encostaram nos lábios dela, vi que seus olhos se fecharam quase juntos com os meus. Nessa hora minha mente já estava totalmente vazia. Naquele momento só importavam os lábios de Jéssica.