EM ALGUMA SEMANA DE SETEMBRO
Já fazia algumas semanas do início da minha amizade com o Ivson e com as meninas. Eu havia aceitado o convite da Suelen para ir à uma festa na sua casa no Domingo.
Como eu não sabia aonde ela morava, combinamos de ela me buscar no centro comunitário, onde eu iria espera-la. Na festa estariam apenas eu, a Joana e a família dela.
A Manuela não foi pois era evangélica, a Glória pq não quis ir, e o Ivson porque a Suelen não o convidou.
Saí de casa às 4h30 da tarde, e como combinado, ela foi ao local me buscar acompanhada da Joana. Fomos o caminho todo gargalhando e falando besteira, elas já estavam um pouco alteradas pois beberam antes de ir me buscar. Estava andando na rua com cada uma agarrada no meu braço, e fomos assim até chegarmos na casa da Suelen.
Quando cheguei na festa fui logo tomando vodka, na primeira golada, percebi o quanto que estava forte. Cambaleei para trás e as meninas riram.
A festa era simples, como todas em comunidade. Se resumia apenas a álcool, churrasco e música, e eu claro, dancei bastante.
Dancei todos os gêneros musicais que estavam tocando, já fazia algumas horas que estava bebendo e os sinais de embriaguez eram evidentes.
Quando chegasse em casa teria outra briga com minha mãe (Por conta dela, não minha), mas estava pouco me fodendo.
Como uma chuva que chega sem avisar, pude lembrar dele, seu sorriso, sua imaturidade, e suas mãos passeando pelo meu corpo enquanto nós beijávamos.
Agora era assim, uma hora ou outra, eu tinha esses desvaneios com ele. Minha mente e meu corpo o desejavam. Queria que ele estivesse na festa para curtimos juntos.
Desde minha chegada a escola nova, percebi que a Joana tinha uma queda por mim, porém sempre me fiz de cínico. Percebi isso das várias vezes em que ela me disse que quando brigava com seu namorado, dizia para ele que iria "ficar com o novato". Além da Glória ter me alertado também.
Aquele dia na casa da Suelen era a primeira vez dela bebendo e como quase todo principiante, não sabia os seus limites. Mas um pouco e ela perderia a consciência sobre seus atos.
Intervir e pedi para ela parar de beber. Na festa tinha um outro amigo da Suelen, ele também já estava ficando preocupado por ela ter bebido muito. Ela estava tomando Coca-Cola com vodka. Aproveitamos que ela foi dançar e trocamos o copo dela, por um apenas com refrigerante.
Quando voltou da dança, pegou o copo que havíamos trocado e sentou no meu colo sem permissão. Tomou seu refrigerante em um gole só e depois tomou um da minha cerveja.
— É melhor tu para Jô! - Falei para ela
— Eu sei. Mas eu não tô bêbada não. Tô no brilho, mas ainda sei o que eu tô fazendo.
— Eu tô ligado! Mas a primeira vez que tu bebê poxa. Vai acabar vomitando. Sem falar que tua mãe pode reclamar.
— É verdade. Ainda tem isso da minha mãe. Eu vou dar uma maneirada.
Conversamos ainda sobre coisas aleatórias, e após nosso diálogo ela foi novamente dançar. A música era boa, mas já tinha passado muito tempo em pé, queria descansar as canelas.
Dado um tempo, a Joana me chama.
— Enzo vem aqui fora um pouquinho! - Disse a Joana para mim.
Me levantei e a vi saindo para fora da casa. A segui!
— Oi? - Perguntei
— E aí para nós ficar sem perder a amizade?
Eu juro, que se não fosse a bebida eu teria pensado melhor antes de ter dito sim. Dei minha resposta automaticamente e quando vi já estávamos no maior beijo.
Era uma pegada tão louca que parecíamos que íamos fazer outra coisa alí mesmo, estava começando a me excitar (Coisa menos frequente com meninas), mas a consciência veio e me fez parar.
Ao final daquele beijo estávamos nos dois extremamente ofegantes. Não tínhamos percebido, mas sentado do outro lado da calçada haviam quatro crianças, e todas olhavam de olhos arregalados para nós dois. Fiquei envergonhado.
Sentei no chão, seguido da Joana.
— E o seu namorado? - Perguntei para ela, havia me lembrado desse detalhe.
— Terminei com ele!
— Mas é só uma fase! Daqui a pouco vocês voltam!
— Se depender de mim tem mais volta não! - Respondeu ela
Em um mês reataram. Nossa amizade não mudou depois disso e eu me perguntei, que tipo de cara, acaba de ficar com uma garota e logo em seguida dá conselhos a ela sobre seu ex-namorado? Pois é, eu!
ÚLTIMA SEMANA DE OUTUBRO - UM DIA ANTES DA FEIRA
Havíamos faltado aula e fomos todos para minha casa iniciar o trabalho para feira de conhecimentos. Fui buscar todo mundo no centro comunitário, a Manuela, a Glória, a Joana, e ele, o Ivson.
A Suelen não foi pois tinha dito que iria sair do grupo. Inventou uma desculpa qualquer, mas eu sabia que era porque ela ficou com vergonha por não ter dado a contribuição em dinheiro. A Glória também não deu mas participou mesmo assim.
O dinheiro era para ajudar na compra dos materiais, mais não era obrigatório.
Dei café e lanche à todos, e fomos por a mão na massa. Cada um fazia uma coisa, e quando um se cansava de fazer algo, trocava com outro, e assim por diante.
Estávamos eu e a Manuela descansando sentados em frente a minha casa. O Ivson chega senta ao meu lado e joga sua perna por cima da minha.
— Folgado! - Ele da uma gargalhada
— Terminasse tua parte? - Continuei
— Já! É pra fazer mais alguma coisa? - Perguntou ele
— Não sei. Tem mais alguma coisa para fazer Manuela? - Perguntei me virando para ela
— Que eu saiba não. Só tem a maquete ali com as meninas. - Respondeu a Manuela — Ainda tem os cartazes mas ainda tem que ir comprar cartolina.
Só foi ela concluir essa frase e as meninas chamaram ela para ir lá para dentro. Ficamos só eu e o Ivson lá fora, ele ainda com sua perna por cima da minha, que por sinal era pesada e já estava deixando a minha dormente.
— Minha perna já está formigando já boy. - Falei para ele que rapidamente tirou.
Ficamos por um momento à sós sem trocamos uma palavra. Ambos olhando pro chão. Não sei por qual motivo, mas nenhum dos dois deu um pio sequer.
O silêncio acabou quando a Joana apareceu onde estávamos.
— Enzo. Porque tu não vai lá na escola pedir cartolina. Pede a Cláudio que ele dá.
— Quantas? - Perguntei
— Sei lá. Três está bom Manuela - Disse gritando para dentro de casa e por fim concluiu — Trás três!
— Beleza
Calcei minhas sandálias e próximo a porta ouço Ivson dizer.
— Espera aí que eu vou contigo - Disse saindo logo atrás de mim!
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