Mas, diante do corpo admirável de Michael sobre o dele, com seu sexo inserido profundamente dentro de Addan e seus duros músculos tencionando-se mais e mais, Addan tinha cedido e, ao fazê-lo, tinha finalmente encontrado a si mesmo.
Ele era forte e frágil, autoritário e submisso, era todos esses yins e yangs, como todo mundo.
O afeto que sentia por ele era transformador e mudava a forma com que Addan via todas as coisas.
E aqueles homens felizes e paternais com papinha de bebê sobre as blusas?
E aquelas mulheres que continuavam com expressão de bobas quando falavam de seus maridos , mesmo depois de cinquenta anos de casamento?
E aquelas pessoas que tinham tantos filhos que suas casas mais pareciam zonas sitiadas, mas que não viam a hora de o Natal chegar para poderem ficar um tempo a mais com suas famílias?
Bem, agora Addan os entendia, o caos e o amor desenfreado e, ah, o mundo era um lugar glorioso por causa disso! Esse pensamento o fez franzir a testa.
Como o resto do mundo o trataria? Como ele se alimentaria fora de sua prisão? Onde ficaria durante o dia? O que faria?
A cobertura de Addan, com todas aquelas janelas, não era, certamente, uma opção. Ele precisaria comprar outro lugar, Uma casa, Em Greenwich ou em algum outro lugar no interior.
Mandaria construir um quarto no porão onde Michael pudesse ficar sem ser incomodado. A não ser que... Mas isso também não seria como outra cela? Não estaria ele, à sua maneira, aprisionando-o de certa forma?
Porque o que via para quando saíssem era que ele continuaria vivendo escondido, esperando que Addan fosse vê-lo.
Será que ele não merecia experimentar a vida?
Por seus próprios meios?
Talvez inclusive com os meios de sua própria espécie?
Como Addan poderia encontrá-los?
Michael esticou-se contra seu corpo nu, Quando lhe beijou a clavícula, disse-lhe:
– Eu gostaria que...
– O quê?
– Eu gostaria que te alimentasses como eu, Apreciaria dar-te algo de mim.
– Você me deu...
– Guardarei esta noite como um tesouro para sempre. Addan franziu a testa.
– Haverá outras.
– Esta foi particularmente especial.
Bem, mas é claro que era. Tinha sido a primeira vez dele, pensou Addan com o rosto aceso.
– Eu também acredito que foi.
E nesse momento chegou a última refeição o café da manhã, o último.
Michael levantou-se e levou a bandeja até Addan, Quando deixou a prata sobre o criado- mudo, a vela acendeu-se e, sob a suave luminosidade, Addan observou-o passar a ponta do dedo pelo cabo desenhado do garfo de prata.
Aproxima-se a hora da despedida, Addan pensou, e ele também estava ciente disso.
Addan ficou de pé, tomou-lhe a mão e guiou-o até o banheiro... Depois de abrir a ducha, falou-lhe em sussurros.
– Diga-me como as coisas acontecem. O que acontece quando eles buscam as mulheres?
Michael pareceu confuso, mas logo entendeu o que Addan queria saber.
– Depois da refeição, devo dirigir-me para o canto e algemar-me. Eles comprovam por um buraco na parede. Addan permanece na cama, como no momento da chegada.
Entra o carrinho, colocam-na sobre ele, e eles (as) se vai. Mais tarde, drogam-me. Minhas correntes são soltas, E tudo termina.
– Como as mulheres ou Homens ficam?
– Perdão?
– Elas estão desacordadas(os)? Inconscientes? Como elas(es) estão?
– Estão quietos(as), Têm os olhos abertos, mas não parecem dar-se conta do que acontece ao seu redor.
– Então, esta comida está drogada. Essa comida está drogada. – o que não lhe importava.
Addan podia fingir estar fora de si sem problemas. – Como você sabe quando eles vêm?
– Eles vêm quando devolvo a bandeja e coloco as algemas. - Addan respirou profundamente.
– Então, o que faremos é o seguinte: quero que se algeme, mas deixe uma das algemas do pulso solta...
– Não posso fazer isso, Há sensores. Não estou seguro de como se faz, compreende? No ano passado, uma algema ficou frouxa por causa de uma parte da manga de minhas vestes que ficou presa, Ele soube e disse-me que a arrumasse antes de entrar.
Maldição! Então, Addan teria de fazer tudo sozinho. Sua vantagem era que Fletcher teria de se aproximar para colocá-lo no carrinho.
Addan esperou um pouco mais antes de fechar a ducha. Depois de se secar com a toalha no escuro, conduziu Michael de volta ao quarto.
Agarrou o garfo de prata da bandeja e colocou-o no bolso do roupão... Depois, pensou melhor. Se ele fosse Fletcher, contaria as peças do faqueiro para se assegurar de que nenhuma peça seria usada como arma. Lançou um olhar para a mesa de desenho. Bingo.
Levantou a bandeja e levou-a ao banheiro, onde atirou a maior parte da comida no vaso sanitário e deu descarga, Depois, foi para onde estava Michael, Quando passou junto à mesa dele, agarrou um dos lápis mais afiados e colocou-o no bolso do roupão, Deteve-se diante dele e entregou-lhe a bandeja.
– Chegou a hora. - Os olhos dele levantaram-se e cruzaram-se com os de Addan, Estavam brilhantes por nenhuma outra razão que não a extraordinária cor, lágrimas agarravam-se aos grossos cílios.
Addan deixou a bandeja sobre o criado-mudo e passou os braços em volta de Michael, De alguma forma, todavia, ele o abraçou de volta.
– Tudo vai ficar bem, Vou cuidar de você. - Ao baixar os olhos para encará-lo, Michael sussurrou:
– Amo-te.
– Ah, Deus... também amo você...
– E sentirei saudades por toda a eternidade.
Quando Addan entrou em pânico e começou a lutar para se libertar, uma das lágrimas dele correu pela bochecha de Addan, E logo Michael passou a mão pelo rosto de dele e tudo mergulhou em um frio e imenso branco.
Continua....