Obrigada a quem comentou no prólogo:
Ricoh: Obrigada, fico feliz que gostou.
Tiffosi: Muito obrigada.
junynho10: Ah, obrigada rsrs. Sou natural de Bento Gonçalves, porém já morei 6 anos em Florianópolis, e atualmente moro em Nova Iorque, nos EUA.
Eu dei detalhes do corpo dela no projeto original desse capítulo, mas acabou que o capítulo ficou MUITO grande, e achei melhor dividi-lo rsrs.
Obrigada pela leitura e comentário! :)
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AMANDA PDV (ponto de vista):
Prédios, prédios e mais prédios, essa era tão dita cidade maravilhosa?
Para mim era uma simples capital, com alguns pontos turísticos, onde os que mais chamavam atenção eram as praias, passamos pelo Copacabana Palace, um enorme e luxuoso hotel carioca, nem Cristo Redentor ou Pão de Açúcar…o Copacabana Palace foi o único edifício que chamou minha atenção, lembrava um pouco as construções francesas de Paris e Versalhes, porém não chegava aos pés do Hôtel de Crillon em Paris.
Reparei em muitas paredes pixadas, algumas com símbolos e palavras grotescas, dei graças a Deus que o Leblon era um dos bairros nobres cariocas, e apesar de já ter lido relatos na internet ou visto na TV de pessoas sendo assaltadas em bairros nobres do Rio de Janeiro eu certamente me sentia mais segura em um bairro nobre do que em uma favela qualquer, aliás isso é o que me dava mais medo em cidades como o Rio e São Paulo: favelas e as pessoas de lá...pessoas sujas, violentas, grosseiras e obviamente perigosas.
Nós havíamos chegado ao Rio há algumas horas, e estávamos em um Maybach Exelero do meu pai, pela janela, acima, eu avistava uma favela: "casas" de todas as cores, varais com roupas sujas, e pessoas descendo e subindo por aquele morro.
De repente ouvi meu pai me chamar
- Amanda
- Sim?
Os olhos azuis dele, da mesma cor do meu, estavam sérios como sempre
- Nem pense em subir para esse lugar, nunca.
Me assustei um pouco, mas depois o medo deu lugar ao deboche nas minhas feições:
- Eu nunca iria a um lugar desses - disse sorrindo e cruzando as pernas
Meu pai me deu um olhar severo antes de se virar para a frente novamente, anos atrás eu teria medo daquele olhar, mas não nos dias de hoje.
Minha mãe percebeu a faísca de ódio que ocorreu entre eu e meu pai e apertou minha mão
- Pare Amanda - ela me avisou, eu apenas revirei os olhos e voltei a olhar a vista pela janela do carro novamente, em breve chegaríamos a nossa nova casa.
O Edifício Mário Agusttini era lindo, eu tinha que admitir, alto e impotente, "luxo"…era isso que transparecia ao olha-lo, as paredes tinham um tom clássico de branco, os portões eram pretos com grandes iniciais MA gravadas em dourado no meio dos portões, lembrava os portões de palácios europeus, diversas flores e orquídeas enfeitavam a parte externa do prédio, e vasos de estilo romano com pequenas árvores davam um ar de glamour ainda maior.
Algumas varandas eram enfeitadas por mesas e cadeiras em estilo vitoriano com rosas, porém outras já eram mais modernas: com mesas de vidro e até poltronas.
Logo na entrada uma grande fonte em forma de anjos e mulheres nuas era visível, água jorrava pelos lábios daquelas esculturas magníficas.
Um homem negro com fortes traços mestiços, com provavelmente uns 35 ou 40 anos destrancou os grandes portões e veio em nossa direção
- Sejam bem-vindo, Sr e Sra. Häsbach - ele enfatizou o sobrenome da nossa família, provavelmente não acreditando que estava em nossa presença.
Meu pai olhou para trás para ver alguém que provavelmente iria levar o carro para o estacionamento do prédio.
Quando ele me viu, dúvida e admiracão eram visíveis, porém para minha surpresa ele não perguntou quem eu era, nem para mim mesmo ou para os meus pais, ele apenas ficou me olhando, algo que me incomodou.
Depois de um tempo o incarando também, eu me virei, o ignorando, e indo em direção as portas de vidro que davam entrada ao prédio junto com meus pais.
Fiquei admirada com o interior do edifício: portas de vidro reluziam, muitas pessoas estavam sentadas mexendo em notebooks, tablets e computadores, mesas cheias de documentos se espalhavam de forma organizada ao redor do saguão que era enfeitado por vasos pretos de plantas com detalhes prata e dourado.
Ganhei certos olhares, principalmente de homens, talvez por eu não estar vestindo nada mais do que um vestidinho branco curto de renda, sandálias e um grande casaco de pele marrom.
Andamos em direção à um grande balcão de mármore com computadores e documentos espalhados pela mesa, "provavelmente a recepção" pensei comigo mesmo.
Uma mulher gordinha usava um terninho e saia brancas, tinha um crachá escrito seu nome, Vanuza Lima, era uma mulher bonitinha, a pele era de cor oliva e os cabelos castanhos estavam firmente ajeitados em um coque, ela devia ter uns 23 anos.
Ao nos ver ela abriu um sorriso forçado e imediatamente nos entregou as chaves da cobertura, meu pai sequer olhou para o rosto dela, minha mãe a agradeceu com um sorriso sincero.
Começamos a andar em direção a um elevador, "hora de conhecer meu novo lar" pensei com irônia.
Depois de abrirmos a porta, fiquei chocada ao ver que a cobertura estava todo mobiliada; uma grande lareira cinza com detalhes pretos na parede, sofás e poltronas de couro brancas e vermelhas, grandes tapetes sobre o chão, mesas de vidro, vasos de mármore enfeitados com plantas e flores vermelhas, uma enorme TV de plasma acima da lareira e estantes cheias de livros, as paredes eram todas brancas.
- Onde fica meu quarto? - perguntei sem pensar
- A primeira porta a direita do segundo andar - minha mãe respondeu
Rapidamente subi as escadas para o segundo andar, que praticamente tinha a mesma decoração do primeiro.
Ao chegar à uma porta branca eu consegui abri-la com um certo receio…se eu estava chocada ao ver o primeiro e segundo andar todo mobiliado, eu quase desmaiei de raiva ao ver o meu quarto:
Uma grande cama de casal coberta por lençóis vermelhos e travesseiros rosas ficava do lado esquerdo do quarto, do lado direito havia as portas de um closet, uma estante de livros brancas também era visível ao lado, no canto ao lado da cama havia uma mesa amarela com uma cadeira giratória branca, sobre a mesa havia um Macbook, um notebook fechado, caixas de som vermelhas, e alguns cadernos e blocos de notas.
Desci de volta ao segundo andar com raiva
- O que aconteceu? - disse gritando - Porque meu quarto está daquele jeito? E as minhas coisas antigas?
Apesar da decoração e mobília do quarto serem lindos, eu queria decorar do meu jeito, mesmo que ficasse praticamente igual a decoração atual.
- Suas roupas, e lembranças como fotos e outros pertences vão ser trazidos, os móveis vão ser jogados - meu pai disse sem sequer olhar para mim.
- Mark, não seria melhor doarmos? - Minha mãe perguntou, porém não obteve resposta do meu pai.
Eu sai dali e corri em direção ao meu quarto.
Já eram 21:14, eu estava pesquisando sobre a minha nova escola, hoje meu pai invadiu meu quarto e me deu uma carteirinha com minha foto, o estranho era que meu pai conseguiu arrumar uma foto 3x4 minha: na foto eu demonstrava um pequeno sorriso, "outro falso" ri com o pensamento, meu cabelo loiro estava solto com uma parte caindo levemente sobre os meus olhos, eu usava uma simples blusinha vermelha com alçinhas, eu parecia um fantasma de tão branca, provavelmente a única coisa que realmente foi destacada eram meus olhos.
Meu nome estava escrito em uma fonte elegante e azul, e abaixo estava em vermelho "ESTUDANTE".
Acima havia o nome e o brasão da escola: Um fundo azul, dois leões dourados se erguendo sobre duas patas e um lápis prata no meio dos dois animais.
Haviam várias fotos na internet do Colégio Avenues Lorway: Uma enorme construção de vários andares, com áreas de natação no andar anterior, salas de artes e laboratórios no interior, com certeza era uma escola para poucos.
*Em questões de arquitetura a escola é igual a Avenues - The World School em São Paulo (capital), então se quiserem saber como ela é melhor, pesquise por imagens.
Percebi coisas interessantes: Na escola os alunos não usavam uniformes, e para adentrar a escola os alunos, professores, coordenadores, diretores e outros funcionários usavam a carteirinha, até porque a escola era fortemente protegida por sintemas de segurança de última tecnologia, câmeras e guardas. Todo o material, principalmente livros, tinha que ser comprado pela família do aluno ou pelo próprio, bem…isso meus pais já haviam resolvido: livros de Artes, História, Línguas, Matemática, Biologia, Filosofia, Sociologia, Química, Português, Literatura, Geografia e até mesmo de Educação Física e Esportes.
Cansada de tanto pesquisar sobre aquela maldita escola, eu desliguei o Macbook e fui dormir, me enrolando com os lençóis da cama, amanhã seria uma novo dia.
Eu olhava atentamente para a vista sentrada em uma elegante cadeira branca na varanda da sala, a praia afrente do Leblon estava lotada, o que me enojava era que aquelas pessoas sequer eram moradores do Leblon, a maioria eram de bairros de classe baixa e distante dali, provavelmente muitos eram moradores de favelas.
Quiosques, bares, barracas e alguns vendedores ambulantes ofereciam bebidas, doces, salgados e outras especiarias, algumas mulheres de biquínis e homens de sungas se banhavam sobre suas cadeiras de praia e guarda-chuvas, outros corriam, praticavam esportes como vôlei e futebol na areia, enquanto alguns também se exercitavam pelas calçadas cariocas brancas cortadas por listras pretas, já a maioria das crianças brincavam fazendo castelos de areia, estava um bom clima para ir a praia, o vento era suave e mal balançava as folhas das árvores, eu tinha a mesma vista de um ângulo um pouco mais alto no meu quarto.
Eu usava um vestido azul royal curto acima dos joelhos com mangas caídas que deixavam meus pálidos ombros expostos, no pescoço eu usava um fino colar com uma pedrinha azul, eu optei por usar saltos azuis, pensei em usar sandálias ou até tênis, mas no final escolhi saltos.
Arrumei meus cabelos dourados em um coque, com duas mechas soltas de ambos os lados, sendo que uma eu coloquei atrás da minha orelha.
- Minha filha, Roberto está esperando
Eu quase pulei de susto ao ouvir minha mãe falando, rapidamente virei para encara-la, ela usava um longo vestido branco e saltos rosas, usava uma pulseira de brilhantes na mão esquerda, seus cabelos castanhos soltos caiam um pouco abaixo da cintura, seu rosto estava sem nenhuma maquiagem, ela era linda naturalmente.
- Roberto? - perguntei
- O novo motorista, ele está esperando no carro, já são 14:42 minha filha.
Claro...A Avenues Lorway não era um colégio comum, as aulas começavam as 15h e terminavam as 21h, felizmente não iríamos ficar só sentados e assistindo uma aula "normal", a escola tinha várias outras atividades diferenciadas.
- Eu quero ir na limousine
Os olhos da minha mãe se arregalaram
- Qual a necessidade disso? - ela perguntou - Acho um exagero.
Sem perder tempo peguei minha bolsa de ombro feita de couro preto com meus livros e cadernos e o meu iPhone.
- Eu quero e vou, fale para o tal do Roberto por favor - disse sem rodeios, saindo da sala e indo em direção a porta principal, precisava pegar logo um elevador.
Após cruzar o saguão do prédio eu estava passando pela área externa da frente, e novamente aquele homem que nos cumprimentou nos portões, o ser do qual eu nem sabia o nome (e nem tinha interesse em saber) começou a me encarar novamente, rapidamente ele apertou um dos botões na sua cabine e abriu os portões.
- Bom dia - ele me cumprimentou com um grande sorriso, apenas ignorei e sai pelos portões para encontrar um homem de pele parda e cabelos escuros vestido com um terno preto, ele estava confortavelmente encostado em uma Mercedes-Benz S-600 Pullman.
- Vamos? - perguntei de forma fria enquanto entrava na limousine
- Claro senhorita - ele concordou
Eu sempre quis chegar em uma escola em uma limousine como uma daquelas patricinhas estúpidas, mas nunca ter o mesmo QI que elas.
Parei na frente da enorme escola a admirando, nunca tinha visto nada igual.
Por sorte a escola era no próprio Leblon, eu até mesmo poderia ir de apé.
*Como eu disse acima essa escola é idêntica à Avenues: The World School de SP.
Atrai muitos olhares, mesmo sendo uma escola particular e muito cara os estudantes não costumavam chegar em Limousines.
Despachei o motorista e andei em direção a escola, para minha surpresa ouvi assovios e quando me virei vi um jovem negro alto e musculoso de cabeça raspada
- Que loirinha - ele disse lambendo os lábios
Olhei-o da cabeça aos pés antes de me virar e caminhar em direção à entrada da escola.
"Que preto nojento" pensei.
Alunos de todos os tipos andavam pela escola, reconheci grupinhos que ao meu olhar pareciam: góticos, populares, atletas, nerds e os "excluídos".
Eu deveria ir à sala da coordenação para pegar meus horários rapidamente, meu pai me disse que ficava a esquerda do primeiro andar, local que eu estava agora.
Explorando a escola e muitas vezes trombando com aqueles estudantes idiotas eu finalmente consegui achar uma sala com uma placa escrita "COORDENAÇÃO", entrei e dei de cara com uma velha mulher de cabelos grisalhos e olhos castanhos, provavelmente na faixa dos 70 anos.
- Amanda Häsbach? - ela imediatamente perguntou depois de deixar de lado alguns papéis que provavelmente estava lendo antes da minha chegada.
- Sim, com…
- Seu pai me falou sobre você e no nosso banco de dados constam fotos dos alunos e funcionários - a velha senhora me interrompeu - Meu nome é Vânia, sou a coordenadora do Avenues Lorway- ela disse estendendo a mão a qual eu apertei por educação.
- Eu vim pegar meus horários e saber em qual turma que irei estar - eu disse
- Ah sim, bem deixe me ver - ela teclava algo enquanto olhava atentamente para a tela do computador - Bem, Amanda, a sua turma é a 12A no quarto andar, o mapeamento das salas foi atualizado por causa dos novos alunos como você.
- Tudo bem - eu assenti enquanto observava ela retirar algo da impressora
- Aqui estão seus horários de segunda a sexta - ela estendeu a mão em minha direção segurando um papel, peguei o levemente e o analisei: hoje eu teria aula de Matemática, Português, Artes, Literatura, Françês e Espanhol.
Bem, eu era boa em Francês, mas não fluente, e em Espanhol piorou, mesmo eu já tendo viajado para França e Espanha eu não era totalmente fluente nesses dois idiomas, até porque se você soubesse falar Inglês que era a língua universal, você geralmente não teria problemas de comunicação nesses países, claro, os franceses geralmente olhavam de cara torta quando alguém falava inglês com eles, mas...eu não me importava.
- Amanda - a coordenadora Vânia me chamou
- Sim?
- Você deve ir para a sua sala de aula, já são 15:23 - ela disse com delicadeza
Me assustei, já tinha passado tanto tempo assim?
- C-claro - disse enquanto saia da sala.
Após procurar muito eu consegui achar a sala 12A, para minha infelicidade a porta azul da sala estava fechada, olhando no relógio do meu celular vi que era exatas 15:35, suspirei…eu tinha ficado tão distraída vendo a beleza e elegância da escola, as plantas, os armários, os laboratórios, e etc, que não me lembrei das minhas obrigações e deveres.
Ao lado da porta estava o mapeamento, ilustrações de cadeiras vermelhas separadas em 4 fileiras, cada uma com um nome, pelo visto o meu lugar era o último da segunda fileira, ao lado de um tal de Alexandre Blucher e uma Mariana Casemiro.
Bati na porta 3 vezes, quando finalmente foi aberta vi uma mulher parda, magra e alta com luzes no cabelo e óculos que emolduravam seus pequenos olhos castanhos e seu nariz um pouco largo.
- Sim? - ela perguntou, sua voz demonstrava raiva…não gostei do seu tom
- Amanda Häsbach - disse sem rodeios e lhe dei um olhar de desdém
Ela pareceu notar minha atitude e apenas fez sinal para eu entrar.
A sala estava barulhenta, os alunos não paravam de conversar.
- Ei, mais respeito por favor - ela gritou fazendo os alunos calarem a boca - Esta é sua nova colega de classe - ela disse apontando para mim.
Todos me olhavam, eu quero matar essa professora idiota…
Os meninos me olhavam com sorrisos, algumas meninas me olhavam com simpatia e outras com indiferença.
Olhei atentamente para os alunos, haviam vários diferentes: brancos, negros, pardos, mestiços e alguns asiáticos, uns usavam roupas "normais", outros usavam roupas mais extravagantes e chamativas.
Meus olhos de repente pousaram sobre um rapaz…não, aos meus olhos aquele era um anjo ou um cavaleiro de contos de fada:
Ele tinha cabelos ruivos lisos e volumosos clarinhos um pouco comprido que era penteado para trás, a pele pálida e rosada, talvez 1 ou 2 tons menos clara que a minha, um nariz fino e marcante, um rosto que conseguia ser viril, másculo, angelical e delicado ao mesmo tempo, seus lábios eram perfeitamente desenhados, nem grandes nem pequenos, seu corpo era musculoso, seus biceps estavam relaxados sobre a mesa e eu podia ver seu peitoral sendo marcado pela camiseta preta de alguma banda de Rock, KISS se não me engano, usava também uma calça jeans azul escura e um tênis Nike preto com cardaços e detalhes brancos, ele era forte porém sem exageros como um fisiculturista, mesmo sentado ela podia notar que ele era muito alto, provavelmente 1,90 ou até 2 metros, ele certamente frequentava a academia e praticava exercícios.
Mas, a característica que mais me chamava a atenção eram seus intensos olhos azuis brilhantes.
Eu consegui fazer essa análise em menos de 2 segundos, se eu o ficasse encarando ele iria pensar que eu era uma maluca.
- Vá se sentar Amanda! - aquela professora disse rispidamente
Nem me dei o trabalho de olhar para ela, apenas fui em direção a última cadeira da segunda fileira, mas para minha surpresa…um garoto com traços asiáticos estava sentado lá.
- Com licença - eu disse irritada ganhando a atenção dele, do rapaz ruivo e de algumas outras pessoas.
- Sim princesa? - ele disse sorrindo…que idiota.
- Saia da minha classe por favor!
Ele começou a gargalhar chamando a atenção de mais pessoas, inclusive daquela professora.
- Bah, a classe inteira é sua? Hahahaha - ele ria cada vez mais acompanhado por muitas pessoas, provavelmente ele deve ter reconhecido meu sotaque para usar o "Bah".
- Pare Samuel - ele disse batendo no ombro do garoto que estava sentado na minha cadeira, que agora eu sabia que se chamava Samuel - está se referindo a carteira e a cadeira, certo Amanda? - ele perguntou com um sorriso que mostrava duas fileiras perfeitas de dentes brancos.
- Sim - Eu respondi corando
Samuel olhou para seu amigo rindo - Essa é uma gíria lá do Sul, ein Alexandre?
Então esse era o tal Alexandre…
- Mais do Rio Grande do Sul, mas também falamos em Santa Catarina - Alexandre explicou
Eu fiquei sorrindo para mim mesma como uma idiota, claro o sotaque catarinense e gaúcho eram diferentes, mas mesmo assim eu deveria ter percebido o sotaque dele antes.
- Tu é do Sul? - perguntei interessada
- Nasci em Blumenau, mas vim para o Rio quando tinha 8 anos - ele respondeu
Sorridente eu concordei balançando a cabeça
- Tudo bem, foi mal aí loirinha - disse Samuel se retirando da minha classe, ou melhor…"carteira e cadeira".
Eu me sentei finalmente colocando a minha bolsa sobre a carteira.
Olhei para Alexandre que agora conversava distraidamente com seus amigos, uma sensação estranha tomou conta do meu corpo, senti uma formigacão nos meus seios e entre minhas pernas, passei a língua pelos meus lábios que estavam secos, continuei o encarando mais, não me importando se ele fosse me achar louca, não naquele momento.
- Amanda Landucci Häsbach - Ouvi a professora me chamar pelo meu nome completo, porém ela falava com um certo tom de deboche - Se apresente a sala por favor
E novamente…a sala estava toda olhando para mim…essa professora iria me pagar
PDV TERCEIRA PESSOA:
Em uma sala escura como o breu da noite, ele estava sentado em uma poltrona bege esfarrapada que era iluminada por um pequeno feixe de luz que vinha de um buraco na parede.
Seus olhos e pele cinzentas eram como escombros de um prédio demolido; sujos e expessos, sua boca grossa estava aberta, exibindo dentes amarelados com cares.
Livia ficava sempre apavorada ao chegar perto dele, mas era necessário
- Senhor - Ela começou - a garota, filha de Mark Häsbach e Cléo Landucci chegou a capital.
O homem esboçou um sorriso doentio e lascivo, fazendo-a tremer
- Bom…- ele sussurrou olhando para sua mãos enrugadas - Muito bom…e interessante - ele finalizou, encarando Livia com aqueles olhos de pedra.
Ela tomou coragem e tentou dialogar novamente com o homem - S-senhor - porém, uma gargalhada macabra ecoou em toda a sala, fazendo seu pequeno e jovem corpo quase cair para trás.
Para ela as gargalhadas daquele homem até podiam ser comparadas as trombetas do inferno, e pela primeira vez em anos, ela sabia…sabia, que o diabo tinha voltado.
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Obrigada pela leitura! Desculpe por qualquer erro ortográfico.
P.S: Eu não sou racista, mas eu nunca gostei de personagens femininas muito santinhas, perfeitinhas e educadas…meu objetivo sempre foi criar uma personagem "bonitinha…porém ordinária".