Confissões de Uma Casada 6 - Descobrindo Meus Dons. Ser Puta e Muito Mais

Um conto erótico de André
Categoria: Heterossexual
Contém 3705 palavras
Data: 12/07/2017 13:28:31

Ricardo não demorou muito pra chegar. Veio até o quarto, encostou na porta. Me viu folheando umas revistas e suspirou.

-Que horas você chegou?

-Há uma meia hora.-Continuei folheando a revista.-Por que?

-Esperei você até as nove, você não chegou, fui em casa buscar umas roupas. Será que posso arrumar no seu armário?

-Tem necessidade disso?-Olhei pra ele.

-Eu preciso de algumas coisas. Ficar indo e voltando, só pra buscar roupas não dá. Essa noite eu dormi pelado, porque vim de terno e não trouxe nada.

-Dormiu é?-Um sorriso fluiu nos lábios dele.-A janela estava fechada?

-Pior que não.-Ele baixou a cabeça.-Tem uma velhinha no apartamento do lado né?

-Dona Maria. Um amor de pessoa.

-Percebi. Ela veio pedir açúcar.-Eu ri.-E depois trouxe um pedaço do bolo que fez.

-Qual é o problema?

-Nenhum. Só que ela passou a mão na minha bunda.

-Jura?-Levantei rindo.-Coitada, você não tem bunda.

-Engraçadinha. E como fica, me arruma uma parte no armário ou não?

-Vejamos.-Abri uma parte em que ficavam meus sapatos e prateleiras e suspirei.-É pouca coisa certo?

-Sim.

-Então aqui vai caber.-Tirei meus sapatos livrei uma gaveta pra ele.-Mas não acostuma não.

Começamos a nos “ajeitar” no meu apartamento e não demorou, ele estava instalado lá. Só que com isso, perdi minha liberdade. E isso me deixava irritada. Eu gostava de assistir televisão largada na sala, agora tinha que me comportar, porque ele ficava sempre ali. Gostava também de dormir com o rádio ligado, e agora não podia mais porque ele dormia ali. Até minha bagunça tinha que ficar no lugar certo, pra não atrapalhar a dele.

-Ricardo, você é um estorvo sabia?-Falei um dia, enquanto tomava café com ele.

-Por que o elogio?

-Você é um saco, meu apartamento é de solteiro e você fica tomando meu espaço.

-Vamos pra minha casa, lá tem espaço suficiente pra você e sua bagunça.

-Não quero morar lá. Quero morar aqui. Só não quero você aqui.

-Ju, hoje você acordou azeda.-Ele empurrou o vidro de açúcar na minha direção.-Então, quais seus planos pra hoje?

-Não sei. De repente eu vá fazer algo com a Leticia, ou saia com o Fernando. Ainda não confirmei nada.

-Sair com o Fernando? Pra que?

-Não sei. Ele me perguntou se podia me levar em um lugar. Estou curiosa pra saber aonde.

-Vocês estão amigos assim é?

-Não tanto quanto você e a Sônia. Lembra da Sônia? Aquela com quem você saiu quando estávamos namorando e disse que eram só amigos? Depois vi as fotos de vocês no maior amasso em uma festa.

-Isso foi há muito tempo.

-Tem coisa que o tempo não apaga.-Falei irritada.-E é melhor trocar o rumo da conversa, antes que eu me aborreça e o coloque pra fora daqui a patadas.

-Você quer sair pra jantar comigo hoje?

-Tenho trabalho pra fazer hoje a noite.

-A noite?-Ele me olhou intrigado.-Que tipo de trabalho?

-Uma reunião particular.-Falei do mesmo jeito que ele falava antigamente. Com licença, vou ligar pro Fernando e pra Letícia.

À tarde eu saí com Fernando. Ele era uma pessoa incrível, mas eu estava com os dois olhos abertos dessa vez. E fomos pro centro, ele me enfiou em uma loja de lingerie. Estranhei, já havia ido em uma na semana passada. Subimos uma escada nos fundos e quando passamos por uma cortina vermelha, corei até a raiz do cabelo.

-Acho que entramos no lugar errado, melhor voltarmos.

-Não é aqui mesmo. Vem comigo.-Ele foi me levando por corredores repletos de consolos de tudo que é tamanho.-Aqui está, vim te apresentar isso.

-O que é isso?-Ele me deu um aparelhinho que parecia um ovinho e tinha um fio com controle.-Pra que serve?

-Isso é um Bullet.-Ele chamou a vendedora, pediu pilhas e ela tirou duas do bolso e entregou a ele.-Aqui, segura.

-Credo ta vivo.-Falei quando o troço desgramou a tremer na minha mão.-Jesus, Maira e José, onde coloca isso?

-Lá.-Ele indicou com a cabeça e eu fiquei com o rosto ardendo.-Eu devia ter te dado umas doses antes de trazer pra cá.

-Sem graça.-Dei o aparelho na mão dele.-Não sirvo pra isso.

-Serve sim. Vem aqui, tem mais uma coisas que você vai gostar.-Ele me mostrou uns óleos e passou um na minha mão.-Está sentindo?

-Credo, esquenta.-VI um vidro grande cheio de bolinhas.-Aquelas são as famosas bolinhas de óleo?

-Sim. Mas você não pode.

-Por quê?

-Está grávida, não pode.

-Como você sabe dessas coisas?

-Fiz amizade com a dona da loja.-Ele sorriu e encostou no balcão.-Freqüento muito isso aqui.

-Me surpreende que um homem como você, precise de ajuda de brinquedos pra manter a atenção as mulheres.

-O que quer dizer em... um homem como eu?

-Deixa pra lá.

-Bom, eu não preciso da ajuda dos brinquedos pra manter atenção. Só gosto de explorar todo o prazer de uma mulher. Gosto de inovar, de fazê-las gozar. O mercado está cheio de apetrechos interessantes, por que não usar? Acho machismo isso que você disse.

-Também acho.-Vi uma borboleta pendurada na parede.-O que é aquilo?

-Hum? Ah sim é um vibrador.-Ele puxou e mostrou a foto na contra-capa.-Viu como funciona?

-Ah tah.

Nem preciso dizer que ele me deu uma aula. Conversamos sobre tudo. Ele até me mostrou alguns fetiches que eu pensava ser sadomasoquismo e ele me apresentou ao tal do BDSM. Em nenhum momento ele passou dos limites, ou me deu uma cantada vulgar. Saímos da loja com alguns “presentes”.

***

Depois de duas semanas aturando Ricardo, não agüentei e resolvi me mudar pra casa dele. Como eu sabia que podia ser uma estadia breve, não me dei ao luxo de levar tudo e muito menos de vender meu apartamento.

Nesse meio tempo, descobri finalmente o que queria fazer. Desde pequena eu gostava de desenhar. Não era das melhores, mas dava meus rabiscos. Depois da história das lingeries, fiz umas pesquisas. Eu seria designe de Lingeries. Não estilista e sim designer. Queria estudar uma coisa mais complexa, não só tipos de tecidos, combinação de cores ou moda.

Comecei a rabiscar e aos poucos fui criando algumas coisas interessantes. Uma noite, estava pesquisando as lingeries e fazendo uns esboços, quando me bateu um tesão repentino. Coisa de grávida, não sei porque, comecei a molhar e arrepiar. Na hora lembrei dos brinquedos que Fernando me apresentou. Fui até o armário, peguei um e olhei em volta, como se estivesse fazendo algo errado.

Fui pra cama sem saber direito o que ia fazer. Deitei, estava de bermuda e camiseta, tirei toda a roupa e comecei com o óleo. Logo com o contato na mão senti o quanto esquentava. Quando desci para minha boceta, percebi que estava molhada a ponto de escorrer. Peguei um par de pilhas, coloquei no brinquedo e começou a tremer.

Meu corpo já esperava por aquilo, uma espécie de ansiedade. Não sei descrever direito a sensação, quando desci devagar a bolinha até meu clitóris, o primeiro contato me fez tremer. Abri devagar as dobras da vagina e comecei a massagear em volta. Mordi o lábio quando tive aquela sensação que só nós mulheres conhecemos.

Aquela que vem lá de dentro, faz todo o corpo relaxar e ao mesmo tempo se preparar para o gozo. Aquela sensação que muitas vezes quando ainda estamos começando a sentir, são cortadas pelos homens, quando eles gozam, mudam a posição ou simplesmente param com o sexo oral.

Meu corpo vibrava com o tesão, eu não o colocava diretamente no clitóris porque já estava a ponto de doer, mas em volta era uma delícia. Ainda mais quando eu segurava e ele só encostava de leve no ponto mais inchado. Esquentava a área e quando eu menos esperava, estava gozando.

Nem contei quantas vezes gozei. A vantagem no brinquedo, era que eu podia usar quanto tempo quisesse. E mesmo quando as pilhas acabaram, eu pude trocar por outras e continuar.

Nem preciso dizer que dormi leve aquela noite. Me senti outra pessoa quando acordei. E logo pela manhã, liguei para o Fernando.

-Hum, adoro imaginar você usando ele.-Ele falou com uma voz arrastada, cheia de tesão.

-Só você mesmo. Fiquei viciada no troço.

-Ju me promete uma coisa?

-O que?

-Promete que vai me deixar ver você usando qualquer dia?

-Não.-Por um momento lembrei que ele estava apenas querendo me colocar na lista.-Nem sei porque liguei. Mas enfim, agora tenho que trabalhar. Mais tarde conversamos.

Eu estava perdendo o controle só pode. Me transformei em outra mulher e essa mulher não tinha domínio próprio? Onde estava com a cabeça quando pensei em ligar para o Fernando?

Ricardo por sua vez, parecia conformado que eu não o queria mais. Parou com os avanços, com as cantadas. Alguma coisa naquela casa, o fazia não me desejar.

Resolvi tirar uma folga daquela rotina. Quando saí do curso, fui pro meu apartamento, liguei o rádio, acendi umas velas e fui tomar um banho quente. E novamente aquele tesão me atacou. Embaixo do chuveiro mesmo, deslizei os dedos para o meio das minhas pernas, devagar comecei a me estimular. A água escorria pelo meu corpo, ajudava a deslizar. Eu sentia que o líquido que saía de mim era mais escorregadio.

Enquanto eu rebolava e apertava meus seios, gemidos saíam de meus lábios. Nem percebi que alguém tinha entrado em casa. Eu estava prestes a gozar, quando a porta do Box foi aberta e Ricardo apareceu bufando e respirando pesado.

-O que está fazendo aqui?

-Quer uma ajuda?

-Você não serve pra isso.-Eu estava com tanta vergonha, que comecei a tremer.-Sai daqui, me deixa em paz.

-Ah não querida.-Ele entrou no Box comigo e não se importou em molhar a roupa.-Agora não tem mais jeito.

Ele me puxou pra um beijo cheio de língua. Com direito a apertões nos peitos e na bunda. Eu estava louca por um homem, qualquer um que fosse. Ricardo foi o primeiro a aparecer, melhor do que dar pro entregador de pizza.

Ele me ergueu ali mesmo, o chuveiro continuava a jogar água encima de nós. Uma de suas pernas entrou entre as minhas e não demorou, ele estava me penetrando.

Entrou devagar, deixando minha boceta acolher seu pau. Ele ainda respirava pesado, começou a meter rápido e com força. Eu gemi, queria aquilo. O pau dele escorregava pra dentro e pra fora. Ele me segurou um pouco mais acima e começou a arremeter com força. Minhas mãos desceram para os ombros dele e não demorou, estavam arranhando suas costas, os dedos se perdiam entre seus cabelos.

De repente o pau dele cresceu dentro de mim e eu gritei sentindo ele sarrar no meu grelinho enquanto enterrava mais fundo. Gozei finalmente, mas infelizmente ele também gozou.

Devagar ele me desceu, arrematou meus lábios e continuou a me acariciar, enquanto tirava as próprias roupas e me beijava. Deslizou devagar os lábios pela minha nuca, afastou os cabelos e começou a sugar.

Terminamos o banho calados, fechei o registro de água enquanto ele puxava as toalhas e me secava. Saí do Box sem esperá-lo, vesti meu roupão e fui pro quarto.

Não demorou, Ricardo entrou no quarto com uma toalha amarrada na cintura. Eu estava com uma lingerie e joguei o roupão por cima enquanto penteava os cabelos.

-Você vai me ignorar até quando?-Ele perguntou enquanto pegava uma bermuda no armário.

-E vou falar o que com você?-Me virei pra ele.-O que está fazendo aqui? Como sabia que eu estava aqui?

-Fui te buscar no curso e você já estava saindo. Vi que veio pra cá e resolvi te seguir. Quando vi as velas acesas e ouvi seus gemidos, imaginei que havia alguém aqui com você. Fiquei louco de ódio.

-E como eu deveria me sentir, quando encontrei você naquele restaurante com aquela oxigenada?

-Querida, eu sei o que você sentiu. Senti hoje e você estava sozinha.-Ele me puxou pela cintura.-Você está esperando alguém?

-Não. Não era nem pra você estar aqui. Eu quero um pouco de privacidade, será que posso?

-Privacidade?-Ele deslizou o roupão pelos meus ombros.-Não com essas roupas.

E antes que eu o mandasse ir à merda, ele me beijou de novo e caímos na cama. Dessa vez foram só beijos. Quentes, com carícias, beijos que me faziam sentir prazer e ter vontade de trepar com ele de novo.

Minhas roupas foram saindo do caminho devagar. Ele sugou meus seios e parou um instante os admirando. Estavam maiores e eu adorei a forma como ele me olhou cheio de vontade. Desceu devagar e foi tirando minha calcinha, me beijando. Quando abriu minhas pernas, lembrei de como ele era ruim em sexo oral e suspirei. Ah eu nunca mais seria mal chupada.

Enquanto ele dava as famosas “linguadas”, desci o dedo e comecei a estimular meu grelinho, pra ver se ele ficava mais visível. Ricardo começou a lamber entre meus dedos. Bom, o lugar ele achou, agora só falta indicar que ele tinha que continuar ali. Afastei um pouco os grandes lábios, e fui rebolando quando ele saía da linha. Teve um momento que ele desceu e eu não agüentei.

-Caramba, será que vou ter que desenhar?-Apontei pro dito cujo.-É aqui ó.

Ele foi pro lugar certo. Comecei a relaxar enquanto ele seguia a dica e abria ele mesmo as dobras com os dedos. Aí foi uma maravilha. Ele chupou e comecei a sentir de novo aquela sensação que era tão bem vinda.

Ele sugou e mordiscou. Eu gritei de prazer. Quanto mais ele lambia e estimulava, mais eu era empurrada pro orgasmo. Sentia minha boceta pulsar e gozei entre espasmos. Já estava tremendo de tesão e cansaço, quando Ricardo subiu encima de mim e me penetrou. Eu sentia uns desejos estranhos. Quando menos esperei, tomei impulso e o joguei na cama e montei. Comecei a rebolar naquela pica, ele colocava a mão no meu corpo e eu batia nelas.

-Tira a mão. E fica quieto, não estraga a brincadeira.

Ele colocou as mãos atrás da cabeça e quando eu comecei a sentar com força, ele já não conseguia manter as mãos longe. Segurava minha cintura, apertava meus peitos. Virei de costas pra ele, deitei o corpo pra frente e comecei a subir e descer o traseiro, engolindo o pau dele com a boceta. Ele me dava tapas na bunda, apertava com força e me puxava contra sua pica. Senti o pau dele mais fundo. Continuei sentando como se estivesse ligada no piloto automático.

Não demorou e ele gemeu até gozar.

Desmontei de cima dele e deitei ao seu lado. Tínhamos o costume de trepar e ir pro banheiro logo em seguida. Naquele momento eu não queria sair dali. Deitei em seu peito e comecei acariciar os cabelinhos que ele ainda tinha.

Era tudo tão bom entre nós. Não sei o que deu nele pra estragar tudo.

-Por que você fez aquilo?-Perguntei, aquele era o momento para conversar.

-Porque eu sou um idiota Julia.-Ele tomou impulso e começou.-Eu não queria te magoar, mas quando as coisas entraram na rotina, ao invés de conversar com você, comentei com o André. E ele estava sempre falando das escapadas dele, das loucuras que ele fazia. Fiquei tentado a fazer também. Aí apareceu aquela mulher, ela queria se divorciar do marido rico... as coisas foram acontecendo, a mulher é uma caçadora nata.

-Caçadora?

-Sim. O tipo de mulher que sabe conquistar um homem e segurá-lo por interesse. Ela estava saindo do segundo casamento com um milionário. Quando decidiu que eu seria a próxima vítima.

-Vítima você? Não a imagino te forçando a trepar com ela.

-Você queria saber, agora escuta.-Ele me abraçou com mais força e continuou.-Eu não sabia que te amava, quando me casei com você. As coisas foram acontecendo e eu fui deixando. Até que chegou o tempo em que a rotina estava estressante. E logo depois que saí da faculdade e comecei a trabalhar com o André, foi que as coisas pioraram entre nós.

-Mas eu não fiz nada de errado. Não venha me por a culpa.

-Não, você não fez nada. Fui eu. -Ele esfregou o rosto, na tentativa de falar as palavras certas.-Eu queria que você fosse igual aquela mulher. Mais feminina, sensual. Você tinha o jeito de mocinha virgem e aquilo pra mim, tinha perdido a graça. Eu sei que sou um idiota. Você tem razão em me odiar. Eu também me odeio quando lembro daquela cena no restaurante. Sei que você não arrumou uma confusão ali, porque tem a classe que muitas mulheres não têm. Também sei que teve medo de ser fraca na frente de todo mundo.

-Se sabia, por que voltou pra ela?

-Não voltei pra ela, fui pegar meu paletó e as chaves do carro. Quando voltei, você tinha acabado de entrar no carro com aquele cara. E quando você chegou, eu esperava uma briga, gritos, socos. Esperava que você me expulsasse de casa e não quisesse mais me ver. Mas não, você agiu todo o tempo, como se não estivesse nem aí pro que aconteceu.

-Se é por falta de porrada, posso te dar umas agora. Vontade não me falta.

-Eu sei.-Ele riu enquanto acariciava meu cabelo e olhava pra mim.-Fiquei com vergonha do que fiz. Juro pra você. Não tive coragem de te procurar e pedir perdão. Acho que se você tivesse feito tudo ao contrário, há essa hora estaríamos um com raiva do outro e você já estaria livre pra dormir com quem quisesse.

-Se eu soubesse disso, teria arrancado suas calças naquele julgamento. Se bem que seu pai nunca iria concordar com aquilo.

-Sobre isso, aconteceu uma coisa...

-O que?

-Aquele julgamento não foi de verdade. E não me olhe assim, eu não tenho nada com isso. Mas quando soube que meu pai era o juiz, deixei rolar pra ver aonde ia dar.

-Como foi de mentira?

-Ainda não sei. Estou procurando saber como aconteceu tudo. Alguma coisa me diz que tem um dedo da Débora nisso.

-Sua mãe também? Não, essa história está confusa. Volta pra parte em que você estava se sentindo mal. Estava mais interessante.

-Bom... eu estava assistindo uns filmes e vi a capa do nosso DVD de casamento. Não resisti e dei uma olhadinha. Eu nunca havia visto aquela filmagem. Nem sabia daquela declaração que você havia feito no final, sozinha para o Câmera. Logo depois seu advogado entrou em contato comigo, sem saber o que dizer ou falar sobre sua situação, já que você não queria tirar dinheiro de mim, só o meu nome da sua certidão. Levei um tapa sem mão quando lembrei que desde que te conheci, você nunca me pediu nada. Você sempre foi humilde, inocente, você acreditava e confiava em mim e eu joguei tudo pro alto por uma mulher que eu queria que fosse você. E hoje dou graças a Deus por você não ser igual a ela.

-Só porque eu não vou te deixar pobre?

-Não. Porque você tem um coração de verdade. Por que eu lembrei que me senti atraído por você pela sua sinceridade. Por que eu te amo tanto, que penso que nunca vou ter coragem de olhar para outra mulher.

-Ah, falar é tão fácil. Mas nosso casamento foi uma idiotice. Nos casamos por pressão. Acho melhor cada um seguir seu rumo.

-Não consigo sem você.

-Mas vai ter que tentar.

-Estou enlouquecendo a cada dia que passa.-Ele sentou na cama e me ajeitou para que ficasse com a cabeça em seu colo.-Sabe, quando invadiram a casa e deixaram o bilhete, pensei que havia sido a mando seu. E quando vi aquela filmagem, foi aquilo que me fez me sentir um lixo. Era tarde, quase uma hora da manhã. Eu devia estar em casa cuidando de você... se eu estivesse lá, aquilo não teria acontecido. Agora são tantos “se”. Se eu tivesse te procurado pra conversar, se eu tivesse colocado seus desejos em prioridade, se eu não tivesse fantasiado com outra mulher. Se você me desse uma chance.

-Eu não posso te dar uma chance.-Sentei na cama de frente pra ele, não tinha mais medo de olhá-lo nos olhos.-Acho que você foi muito corajoso em falar isso tudo. A maioria dos homens simplesmente diria que estava arrependido e nunca mais ia voltar a fazer. E você lembrou que tem caráter escondido em algum lugar aí dentro. Isso é bom. Mas eu estou me descobrindo agora. E percebi que gosto dessa liberdade. Gosto de ter uma casa só minha. De escolher meus móveis sem a ajuda de um decorador, gosto de não ter que dar satisfação pros vizinhos. E apesar da vizinha do lado viver de nariz enfiado aqui dentro, ela não está nem aí pra roupa que uso, o carro que dirijo ou se tenho empregada... enfim. Eu não gosto de morar naquele condomínio cheio de pessoas pobres.

-Pobres?

-Sim, de que adianta ter tanto dinheiro e ter aquele espírito de porco?

-Podemos nos mudar, sem problemas.

-Não quero me mudar com você. Quero ficar aqui no meu apartamento. Apesar de eu ter comprado com o dinheiro que você me deu, é meu. E você não pode me tirar.

-Nem quero isso meu amor.-Ele acariciou meu rosto.-Você pode ter quantos apartamentos quiser. Eu só não quero mais ficar longe de você.

-Precisei de você por tanto tempo Ricardo.-Me levantei a procura das roupas.-Você nunca estava lá quando eu precisei. Tantos pesadelos tive a noite, pensando que você estava envolvido em algum acidente, ou havia sido assaltado, seqüestrado, qualquer coisa do tipo. E você se divertindo com outra mulher. Levando ela pra sair, dando presentes pra ela. Eu mereço uma recompensa depois disso. E a minha recompensa é não ficar mais presa. Nem a você, nem aquela casa, nem a sua família... Amanhã mesmo vou espremer o Fernando até que ele me conte toda a verdade. E vamos dar entrada nos papéis do divórcio. Dessa vez de verdade.


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O conto tem ótimos diálogos e a protagonista é sarcástica até a alma. Embora não seja um primor em termos de picardia, a história está agradável

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