Cap.3
Foi só então que eu notei que nós éramos diferentes. Mais até do que eu pensava.
-Entendi... - de cara, ele me lembrou o meu irmão. Estudioso, trabalhador, idealizador. Mas, não importava o que ele dissesse, eu não conseguia parar de olhar para ele. Era como se ele tivesse me fisgado de cara. Eu só conseguia olhar para a cara dele, e não mais parar de olhar.
-O que foi ?
-O que foi o que ?
-Você não para de me olhar...
-Não... Não é nada... - falei, tomando mais um gole da minha bebida, tentando disfarçar.
-E você, o que faz por aqui ?
-Só dando um passeio mesmo...
-Ah, entendo...
Conversamos sobre mais algumas outras coisas, até que a vontade de ir embora bateu.
-Bem... Acho que já é hora de ir... Já está ficando tarde – falou ele, me olhando.
-Tens razão... - antes dele se levantar, o segurei – deixa eu te fazer uma pergunta ?
-Qual ?
-É... - eu ia perguntar se ele era homossexual ou não, mas achei que não tinha clima pra isso, ainda - nós podemos sair outras vezes ?
-Claro... A sua companhia é agradável. Se quiser a gente pode sair para passear por Paris. Amanhã é sábado, não há absolutamente nada para se fazer.
-Ok... Então você me manda mensagem, aonde a gente deve se encontrar.
-Tudo bem... - começamos a andar em direção a saída. Porém antes que pudessemos sair, ele me fez parar. Pegou no meu rosto, deu um beijo – até mais, Igor... - meu coração parou por alguns segundos quando ele fez aquilo. Eu não sei porquê. Apenas levei minha mão até o rosto, e fiquei olhando ele se distanciar e sentir meu coração bater ultra forte. Um sorriso veio ao meu rosto naquele momento. Aquele garoto tinha algo de especial. Eu já podia saber disso.
NARRADO POR IAGO
Entramos eu e aquela garota aos beijos num quarto de Motel. Era tudo muito afoito, quando menos vi já estava apenas de cueca. Eu não a conhecia. Mas algo entre nós deu liga, e acabou acontecendo tudo aquilo, naquele quarto de motel.
TEMPO DEPOIS
Ainda ofegantes, nos recuperando daquilo tudo, eu tentava entender porquê haviamos feito aquilo.
-O que foi isso ein ? - ela perguntou
-Porquê diz isso...
-Você é muito bom... Acho que o meu coração vai explodir ! - falou, rindo... - nos podemos nos encontrar mais vezes ? Sei lá... Apenas para nos conhecermos melhor – perguntou ela, me olhando nos olhos.
-Claro que sim... - falei sorrindo.
Sentia que aquela garota não seria apenas mais uma na minha vida. Ela seria muito mais que uma apenas.
NARRADO POR MAURICIO
Minha vida nos últimos meses tem sido tão desgatante. Ter que morrer de tanto estudar para continuar a passar na disciplina do meu curso e alcançar os meus sonhos. Não ter ninguém para me fazer companhia é tão ruim.
-E então filho, como você está ? - minha mãe perguntava, no telefone.
-Estou bem mãe, e a senhora ?
-Muito bem... Está estudando bastante ?
-Sim... Bastante...
-E não vai sair ? É fim de semana....
-Não, não tenho companhia...
Eu tinha amigos. Mas nenhuma amizade profunda. Eram apenas amigos de faculdade. Nada mais que isso do lado de fora. Até que, o que eu menos esperava aconteceu. Sai pela primeira vez com alguém em Paris. E não foi com um conhecido.
-Como será que você é ? - dizia, olhando para a foto dele no WhatsApp. Igor, é o nome dele. Um rapaz, por incrível que pareça, brasileiro, que eu conheci na rua. Através de um esbarrão. No início nem reparei nele, parecia apenas mais um rapaz que eu iria conhecer e de repente sumiria da minha vida. Porém ele mostrou interesse em me conhecer. E assim eu consegui o meu primeiro encontro – será se é igual a mim ? Será se é muito diferente ? - notei que ele reparava muito em mim. Que ficava a me olhar por minutos. Aquilo não era normal. Decidi fazer um teste. Num passeio que demos, num bar, na hora de ir embora, beijei o rosto dele. E o nervosismo que ele demonstrou o entregou – ele gostou de mim...
Eu sempre fui meio vida louca. Nunca me impus rótulo nenhum. Se eu me apaixonasse por uma mulher, ficava com ela. Se fosse com um homem, a mesma coisa. E se ele fosse alguém legal, não teria porquê não... Só não perdoaria uma coisa... Se ele fosse um folgado que nada quer da vida.
Continua
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