Questão de tempo - 2

Um conto erótico de Bib's
Categoria: Homossexual
Contém 10286 palavras
Data: 11/07/2016 17:27:31

Quando eu cheguei ao trabalho, era quase 10 da manhã de quarta-feira e eu estava com vontade de me virar e voltar para casa. Atravessar a cidade no metrô era, geralmente, quase divertido. Eu gostava de ver os mesmos rostos, todas as manhãs e conversar com pessoas que eu mal conhecia. O problema era uma chuva gelada caiu naquela manhã que deixou todo mundo encharcado e mal-humorado e impaciente com o inconveniente de serem embalados em conjunto como sardinhas. Depois que eu cheguei centro, tive que caminhar dois quarteirões até o Cullen’s e pegar o carro do meu patrão. Ele havia me ligado às seis da manhã para me dizer que o mecânico se esqueceu de deixá-lo em sua casa, então eu tinha que fazer isso acontecer.

Eu tinha que levar o carro até o escritório. Pela bilionésima vez lembrei-me por que eu não possuía um automóvel. Dirigir na cidade era um inferno. Entre evitar o tráfego, ter pessoas buzinando para mim e pedestres suicidas, eu estava a ponto de gritar.

Eu tinha que ter cuidado para não bater nos carros estacionados nas ruas apertadas, lembrar da mão de todas as ruas, e não tentar cair em um buraco no qual eu poderia perder uma roda dentro, eu agradeci a Deus que a BMW de Dane era de câmbio automático; do contrário, eu teria morrido. As pessoas quase sempre tocavam seu para-choque traseiro em uma parada, e quando você está dirigindo com um câmbio manual é tão difícil não rolar para trás só um pouquinho e bater em alguém.

Quando uma buzina me assustou, eu passei pelo farol bem na hora.

Parecia que tinha demorado um ano para atravessar 10 blocos.

Eu entrei no lobby e me balancei como um cachorro quando tirei meu sobretudo e bati meus pés. Piper Dowling, a nossa recepcionista, estava me olhando, rindo o tempo todo.

“O que?” Eu perguntei, olhando para ela. Ela era uma visão, como todas as manhãs, com seus cachos cor de mel, olhos azuis, e maquiagem perfeita e impecável que acentuava sua beleza.

“Você está lindo todo molhado, anjo.”

Eu atirei-lhe um olhar, que lhe enviou em ataques de riso. Quando ela se recuperou, me disse que o café ainda estava quente na sala de descanso.

“Bom dia,” Sonja Lawson me chamou de sua mesa enquanto eu passava.

“Oi” eu a cumprimentei, sorrindo. “Como você está nesta manhã?”

Ela deu de ombros e eu parei antes de pendurar meu casaco no cabide vintage.

“O que?” Eu me vi perguntando antes que eu pudesse evitar. Eu realmente não me importava com qual era o problema; eu simplesmente a achava completamente entediante. Ela não saía em encontros, não comprava roupas ou sapatos de grife, e não assistia nenhum dos mesmos programas que eu assistia. Não tínhamos absolutamente nada em comum.

“Bem, nós estamos chegando aos três meses, J, e eu ainda não sei se vou ficar aqui permanentemente ou não.”

Eu não tinha ideia também.

“Quero dizer, a única razão pela qual eu ainda estou aqui é porque o escritório dele é dez vezes mais ocupado do que qualquer um dos outros sócios. Todo mundo quer que ele projete as suas casas, não o Sr. Cogan ou o Sr. Brown.”

“Sherman Cogan é um arquiteto paisagista, Sonja,” Eu suspirei, tendo explicado isso para ela tipo, um milhão de vezes. “E Miles Brown é um designer de interiores. Eles não fazem a mesma coisa.”

“Não, eu sei, mas o escritório de Dane é o mais movimentado, porque ele é o melhor.”

Como de costume, ela não entendia por que, mas eu simplesmente deixei para lá.

“Jory, eu quero ficar aqui.”

“Sim, eu sei.” Ela só me disse isso todos os dias desde que ela começou. A partir do dia que Dane tinha entrado no escritório e ela olhou para cima de sua mesa em seus frios olhos cinzentos, a partir daquele momento ela quis ficar.

Ela suspirou profundamente. “Eu amo todos aqui.”

Eu sabia exatamente quem ela amava e por quem queria ser amada por em troca.

“Jory, por favor.”

“A decisão não tem nada a ver comigo.” Eu disse, sacudindo tanta água como possível antes de caminhar até a minha mesa, chiando por todo o caminho.

“O que você fez, veio nadando para o trabalho?” Ela riu, momentaneamente distraída de sua campanha para permanecer no escritório de Dane.

Eu resmunguei. “Sim, parece que sim.”

“Você sabe do que eu realmente gostaria?”

“Eu não tenho ideia,” eu disse, olhando para ela.

“Seu trabalho.” Ela sorriu.

“E o que eu faria?”

“O meu trabalho.”

“Sim, certo. Você pode me imaginar todo bonito e alegre o dia todo?”

Ela riu de mim quando eu levantei uma sobrancelha. Eu lhe dava muito crédito pelo sorriso que ela mantinha estampado em seu rosto durante oito horas por dia. De jeito nenhum eu era capaz de tal charme forçado. Meu trabalho tinha mais espaço de manobra para ser mal humorado.

Eu entrava em contato com os clientes, assistia a reuniões iniciais, ia com o meu chefe às casas dos clientes, e me certificava de que ninguém sem horário marcado pudesse ver Dane Harcourt em pessoa. Também fazia muitas viagens até a lavanderia e ordenava flores para quem ele estivesse namorando na época.

Escolher presentes de aniversário e Natal também parecia estar em meu trabalho. Eu particularmente não me importava – era divertido. Além disso, eu gostava quando as pessoas elogiavam Dane por seu gosto e ele não tinha ideia do que diabos eles estavam falando, porque ele se esqueceu de me perguntar o que eu comprei. Já que eu carregava um cartão American Express Platinum com o meu nome, e eu era o único que reconciliei sua declaração, nove em dez vezes, ele não tinha ideia do que ele tinha gasto ou com quem. Era bom ser confiável implicitamente, e eu acho que estava um pouco viciado. Quando o interfone de Sonja soou de repente e uma voz irritada perguntou se eu já tinha chegado, fiquei espantado com a rapidez com que todos os meus bons sentimentos desapareceram.

“Sim, eu cheguei,” eu respondi em voz alta, deixando escapar uma respiração profunda e passando meus dedos por meus cachos úmidos antes de me jogar na minha cadeira.

“Venha aqui agora,” Dane disse bruscamente, e desligou o interfone.

Eu gemi alto.

“Shhh,” Sonja me avisou.

“Por quê?”

“Ele vai ouvir você.”

“E daí se ele ouvir?”

“Eu só acho que você deve ser gentil com ele.”

Imediatamente eu comecei a suspeitar. “Por quê?”

“Porque ele pode ter tido uma longa manhã.”

“Por quê?” Eu perguntei de novo, e pude sentir minhas sobrancelhas franzindo.

“Bem,” ela disse, hesitante: “Therese Warner ligou uma hora atrás e me disse que estava vindo.”

“Isso não faria isso,” disse eu, em pé, remexendo em meu sweater e calças para ter certeza que estava bem antes de entrar no escritório dele, verificando meus sapatos. “A menos que você a tenha deixado falar com ele.”

Silêncio, então eu olhei para ela. Ela parecia culpada.

“Ah, merda,” eu gemi. “Você está brincando?”

“Qual é o problema?”

“Sonja,” choraminguei. “Por favor.”

“Eu esqueci que você me disse que ela não estava autorizada.”

Ela respirou fundo, trêmula. “Então, quando ela me disse que estava vindo, eu perguntei se ela queria falar com o Sr. Harcourt. “

“Perfeito,” eu resmunguei. A quarta-feira estava ficando cada vez melhor. “Quer me dizer mais alguma coisa antes de eu entrar?”

“Eu passei a ligação de Reid também.”

Eu esfreguei a ponte do meu nariz e contei até dez. Meu amigo, Evan, sempre disse que o segredo era a visualização. Você tinha que imaginar um lugar feliz e estaria lá em vez de vivendo aquele momento. Infelizmente não parecia estar funcionando. Realmente não era novidade Dane estar irritado; ele estava irritado comigo noventa por cento do tempo. O problema estava aguentar o sermão que sempre seguia. O homem vivia para reiterar meus erros.

“Eu estou morto. Estou morto.”

“Por quê? A culpa é minha, não sua.”

“Mas eu sou responsável por tudo que acontece com ele no trabalho.”

Ela riu. “Ora, J. Você está dando a si mesmo um pouco de importância demais.”

Eu balancei a cabeça. “Não, quero dizer que as coisas que tem a ver com o escritório, essas são o meu bebê. Devo me certificar de que as coisas corram bem por aqui.”

“Eu não acho que seja realmente um grande problema.”

“Se você o conhecesse melhor, saberia qual é o problema de verdade aqui.”

“E qual é?”

“Seguir instruções,” eu disse a ela, enquanto a porta do escritório de Dane abria e ele enchia o umbral. Eu não consegui abafar meu gemido a tempo.

“O significado da palavra agora passou completamente despercebido por você?”

“Não, senhor.” Eu disse me levantando e seguindo-o de volta para seu escritório. Tive o cuidado de fechar a porta silenciosamente atrás de mim.

“Eu quero que você faça os arranjos necessários com a agência de empregos temporários para que a senhorita Lawson seja transferida desse escritório assim que possível. Acho que nosso contato lá é alguém chamado Darcy. Ligue para ela. “

“Como?” Por isso eu não esperava.

“Eu a quero fora do meu escritório. De preferência hoje.” Ele falou asperamente. Era tão cedo para isso.

“Mas ela é tão bo...”

“Eu não me importo para onde ela vai,” disse ele, irritado, me cortando. “Eu só a quero fora daqui. Ela não consegue seguir instruções simples.”

“Por quê? Foi um simples erro deixar a Srta. Warner e o Sr. Reid falarem com você esta manhã,” eu a defendi, sentando-se na cadeira em frente à sua mesa. “Isso não vai acontecer novamente. Vou explicar...”

“Está vendo isso?” ele disse bruscamente, me cortando novamente.

Ele apontou para as flores em sua mesa, que eu não tinha notado.

Eram rosas vermelhas de haste longa num arranjo com miosótis, absolutamente lindo. O vaso no qual estavam era adorável, muito caro.

“A-ham.”

“Sim,” ele me corrigiu. Ele odiava a-ham.

“Sim,” eu disse de novo.

“E?”

“E o que?” Eu perguntei, meu tom um pouco mais ríspido do que eu queria.

Ele levantou uma sobrancelha para mim como se estivesse esperando que eu dissesse alguma coisa. Eu olhei para ele e esperei. Ele entrelaçou os dedos lentamente e continuou a olhar para mim. Olhei em seus frios olhos cinzentos e notei pela bilionésima vez o quão bonito eles eram com os reflexos prateados e como eles escureciam quando ele estava irritado. E então eu entendi.

Ele podia ver que eu tive uma revelação, e sorriu satisfeito.

“Sonja deixou flores para você de novo?”

“Sim.” Ele sorriu, mas não alcançou seus olhos. Eles não brilhavam como quando ele estava realmente feliz. Quando ele estava realmente satisfeito havia um brilho quente que era irresistível.

“Ela tem uma grande paixão por você, sabe.” Eu sorri, porque era bonitinho.

“Sim, eu sei.”

“Mas isso não é...”

“Eu já lhe disse e eu disse a ela que eu não aprecio seus avanços em relação a mim, não importa o quão inocente seja. Dei instruções específicas de que o comportamento precisava parar.” Ele falou muito lentamente, muito secamente, espaçando cada uma de suas palavras, para que eu não deixasse de ouvi-las. “Não é o comportamento adequado para um escritório e não será mais tolerado. Entre as flores, os bilhetes e os chocolates no Dia dos Namorados, eu estou farto.”

“E se eu a fizer prometer?”

“Não,” ele retrucou.

“Mas, chefe, não é apenas...”

“Ligue para Darcy e diga a ela que eu quero que ela seja transferida hoje e quero uma nova recepcionista aqui amanhã. Quero que seja feito antes do almoço.”

“Sério?”

“Sim,” ele me assegurou.

“E se Darcy não tiver mais ninguém para nos enviar? Você está dizendo que prefere atender seu próprio telefone a tê-la aqui?”

“Você atende meu telefone, não ela.”

Este era um excelente argumento.

“Eu quero que ela vá embora,” repetiu ele.

“Mas se eles não tiverem para onde mandá-la? Talvez ela não possa pagar aluguel ou...”

“Eu não me importo.”

“Uau. Isso é um pouco duro, você não acha?”

“Não,” disse ele, irritado, e eu pude ver que sua paciência estava no fim. Eu soube imediatamente que tinha que haver alguma outra coisa o incomodando. Ele odiava ser irritado, odiava se repetir, mas pequenos aborrecimentos nunca chegavam até ele. Ele era uma rocha. “Ela vai embora hoje. Para mim chega. Eu não vou mais ser incomodado todos os dias sem nenhum motivo.”

“Mas...”

“Ela está fora. Já lhe dei todas as chances.”

“Por que ela deveria ser punida, por achar que você irresistível?” Eu pensei que talvez pudesse apelar para a sua vaidade. “Eu acho que seria bom entrar no escritório cedo todas as manhãs e saber que alguém acha você fosse a epítome absoluta de tudo o que está certo com o mundo. Eu sei que eu gostaria. Seria muito lisonjeiro. “

“Ao contrário de outros...” Ele estava falando de mim, é claro. E eu entendi mesmo antes dele deixar no ar entre nós. “Eu não preciso que meu ego seja perpetuamente acariciado. Ela precisa ir, e agora. E além disso, eu não acho que você acharia lisonjeiro, acho que você consideraria mais como assédio. Pelo menos eu espero que você seja íntegro assim.“ Depois de um momento, ele perguntou: “Você é?”

Olhei para baixo e contei até dez novamente para não dizer para onde ele devia ir. Ele podia ser tão arrogante que, às vezes, só de pensar em dar o fora nele tornava quase impossível não o fazer. Quando olhei para cima novamente, ele estava olhando para mim com a carranca sombria que era sua marca registrada. Depois de um minuto eu olhei para ele com os olhos semicerrados, fazendo a sua cabeça parecer pequena, pensando em como seria fácil esmagá-la. Como seria ótimo se seus olhos saltassem quando ela explodisse.

“Você está fazendo aquela coisa com seus olhos.”

“Que coisa?”

“Essa coisa sua, onde você faz a minha cabeça parecer pequena e depois pensa em como seria fácil esmagá-la.”

Eu resmunguei. Ele me conhecia muito bem.

“Ouça, diga para a Srta. Lawson que eu tenho certeza que ela vai ser feliz em outro lugar. Além disso,” ele acrescentou, puxando um envelope da primeira gaveta de sua escrivaninha “entregue isso à Srta. Warner quando ela passar por aqui. Eu não tenho tempo para falar com ela. “

Eu peguei e me levantei para sair.

“Você não quer saber o que é?” ele perguntou lentamente. “Você geralmente é tão curioso.”

Ele quis dizer intrometido.

“Jory?”

“Você quer dizer intrometido.” Eu disse, sem rodeios.

“Foi isso o que eu disse?” Ele estava de volta ao recorte de suas palavras.

“Não.”

“Então, você pretende ser ranzinza o dia todo?”

“Não.”

“Entendo,” ele balançou a cabeça, tomando um fôlego e levantando-se para ir até a janela de seu escritório. “Diga a Srta. Warner que no lugar do meu comparecimento no leilão de solteiros na próxima semana, eu lhe dei um cheque de dez mil dólares. Isso é muito mais do que ela teria obtido se eu tivesse participado, por isso ela deve ficar satisfeita. “

Era uma festa em benefício à pesquisa sobre a cura da AIDS e, na minha opinião, ele estava enganando a si mesmo. Eu já podia ver a Srta. Therese Warner e Srta. Lacey Collins travando uma batalha sobre quem compraria o meu chefe como um companheiro de jantar naquela noite. Eu tinha certeza de que iria passar dos milhares, muito mais do que 10. Therese veria isso como sua oportunidade de falar com ele e convencê-lo de que ele estava errado sobre seu rompimento com ela. Lacey estaria em modo de defesa, tentando manter todas as outras mulheres longe de seu homem. Ela era o sabor do mês, e estava com Dane Harcourt, pelo menos no momento.

“O que você está pensando?”

Olhei para onde ele estava e percebi que ele estava olhando para mim de novo. “Nada.”

“Diga-me,” ele ordenou, andando de volta para sua mesa e passando-me as rosas. “Você acha que não é o suficiente? Eu não estou fazendo tudo que eu posso? Eu deveria fazer mais pela pesquisa da AIDS?”

“Todo mundo deveria, mas não é isso.”

“Bem, então?” Ele esperou, e seus olhos cinzentos estavam de volta aos meus.

“Eu só acho que você teria arrecadado mais dinheiro se você fosse.”

“Por quê?”

Eu sorri, apesar de mim mesmo. Ele parecia estar pescando um elogio. “Não é óbvio?”

“Não para mim.”

“Ok, eu vejo tudo começando com vários lances e, finalmente, a Srta. Warner e Srta. Lawson se digladiando pelo privilégio de sua companhia.”

“Você vê,” disse ele, cansado.

“Eu vejo,” eu disse a ele. Inferno, ele perguntou. “E talvez a Srta. Palmer e a Srta. Smythe vão querer dar um lance também. Vai ser um frenesi.”

“Sei.”

“Você não acha?”

“Bem, nós nunca saberemos, não é?”

“Acho que não.” Dei de ombros, colocando as chaves do carro que eu ainda tinha em minha mão sobre a mesa.

“Além disso, se o Sr. Reid aparecer, ele deve ser removido imediatamente. Já deixei meus sentimentos perfeitamente claros para ele sobre o assunto de visitas não solicitadas nesse escritório. Assim, se ele passar por aqui, sabe o que esperar. Você deve alertar a segurança do prédio imediatamente. Estou sendo claro?“

“Como cristal.”

“Bom.”

“Ele me ligou ontem à noite,” eu disse, lembrando-me de ter visto o número familiar no meu celular após o Detetive Kage ter me deixado em casa. Eu nem tinha ouvido tocar enquanto estava tomando meu banho de uma hora de duração. Eu tinha que lavar todos os vestígios da noite com a água mais quente possível. Foi incrível.

“Quem?”

“Reid.” Eu disse, alcançando a porta.

“Espere,” ele ordenou antes que eu pudesse abri-la. “Quando ele ligou? Depois do trabalho?”

“A-ham.”

“Sim.”

“Sim,” eu repeti, revirando os olhos.

“Ele ligou para o seu celular?”

“Sim, mas eu realmente não falei com ele. Ele deixou um número para eu retornar a ligação.”

“E você ia ligar?”

“Sim,” eu quase explodi com ele. “Eu tenho que dizer para ele não me ligar de novo, porque se você não está falando com ele, então eu, certamente, também não vou falar. Não é da minha conta o que ele quer com você.”

“Você está morrendo de vontade de saber do que se trata, não é?”

Ele podia ser tão vaidoso. Eu estava aqui com esse grande evento acontecendo na minha vida e não ia contar nada a ele, mas ele pensava que eu estava queimando com a necessidade de saber por que o Sr. Caleb Reid estava basicamente perseguindo-o pelas últimas três semanas.

“Jory.”

Eu olhei para ele. “Você está certo, eu costumava querer saber.”

“Mas você não quer mais.”

“Agora não importa muito.” E mesmo enquanto eu percebia o quanto eu estava sendo irracional, eu ainda estava irritado. Logicamente, ficar bravo por ele não se importar com algo que eu nunca diria a ele era ridículo. Infelizmente, eu tirei a nota mínima em Lógica na faculdade. Eu só passei porque tinha me esforçado tanto e minha professora sabia. Eu ainda me lembro dela sacudindo a cabeça, me perguntando como eu não conseguia entender a matéria após passar um tempo com ela e o estudante de graduação a ajudava em sala de aula. Metade do problema tinha sido porque seu assistente tinha estado muito mais interessado em dormir comigo do que em me ajudar a aprender qualquer coisa. Mas eu realmente era tão certo da cabeça que era uma maravilha eu poder andar em linha reta. Tempo não tinha feito nada para melhorar isso.

“Jory.”

“Hmmm?”

“Você está a um milhão de quilômetros de distância. O que está acontecendo com você?”

Esta era a minha abertura para contar tudo. “Nada.”

“Por que você não se importa mais com Reid?”

Eu dei de ombros.

Ele estava analisando os meus olhos. “Sua curiosidade beira a compulsão e você é incessante em seu questionamento. O que mudou?“

“Não é da minha conta.”

“O que eu já disse um milhão de vezes e nunca impediu você.”

“Bem, vai impedir a partir de agora.”

Ele me deu um leve sorriso. “Então, você está crescendo, é isso o que você está me dizendo.”

Eu deixei minha irritação transparecer no exalar agudo da respiração e voltei para a porta.

Ele caminhou até ficar na minha frente. “Ele já te ligou antes?”

“Não.”

“E como ele conseguiu seu número?”

“Alguém deu a ele.”

“Quem?”

“Eu não tenho ideia.” Eu bocejei involuntariamente.

“Srta. Lawson?”

“Eu não sei.”

“Sabe sim,” disse ele, fechando a porta quando eu abri. “E isso é importante para mim e é por isso que vamos nos livrar deste problema.”

“Você está deixando esse problema fora de proporção.”

“Estou? E o meu número está sendo distribuído também?”

“Ninguém além de mim tem esse número aqui no trabalho.” Eu assegurei. “E eu não quero morrer jovem – mais jovem – então não se preocupe. Você está seguro.“

“Seria bom para você saber que alguém se importa tanto com sua privacidade, como você parece se preocupar com a minha.”

“Eu não pareço se importar, chefe,” eu disse firmemente, enfatizando a palavra parece como ele fez. “Eu me importo.”

“Bem, vamos ver, não é?”

Ele estava usando seu tom sarcástico. Fechei os olhos por um segundo para não gritar. Em vez disso, depois que respirei, eu lhe perguntei se isso era tudo. Ele não respondeu, então eu inclinei a cabeça para trás para que eu pudesse ver seu rosto. “É só isso?” Eu repeti.

“É,” disse ele, caminhando de volta para sua mesa.

Deixei seu escritório e sai para o lobby principal com as rosas.

“Para mim, boneco?” Piper perguntou.

Eu grunhiu para ela e voltei.

Mais tarde naquela manhã eu estava procurando por meu marcador verde quando Therese Warner virou a esquina e entrou no escritório exterior. Enquanto se dirigia para a porta de Dane, ela agradeceu Sonja por deixá-la falar com ele no início da manhã.

“Srta. Warner,” Eu chamei antes que ela girasse a maçaneta.

Ela me olhou por cima do ombro enquanto eu contornava a minha mesa. “Tenho negócios a discutir com o Sr. Harcourt.” Seu tom de voz era afiado.

“Não, eu receio que você não tenha.” Entreguei-lhe o envelope. “O Sr. Harcourt lamenta, mas não será capaz de comparecer ao evento na próxima semana, mas pediu para entregar um cheque de dez mil dólares para compensar sua ausência no evento de caridade.”

“Você praticou esse discurso a manhã inteira?” ela disse firmemente.

Engraçado, mas quando ela estava saindo com meu chefe, ela achava maravilhosa a maneira que eu me livrava de seus antigos casos, e nos dávamos muito bem. Eu gostava dela porque ela era tão faladora. A maioria das outras não se preocupavam em falar comigo, exceto para me mandar fazer algo. Oh Jory, seja um amor e faça isso, isso e aquilo para mim. Dane ficará orgulhoso por você estar me fazendo esse pequeno favor. Therese tinha sido diferente. Ela se sentava nas cadeiras do lado de fora do escritório dele e ficava comigo, perguntando se eu estava namorando algum rapaz bonito, dizendo-me que ela desejava que seus cílios fossem tão longos como os meus, com os olhos tão grandes e escuros.

“Eu juro, Jory,” ela se inclinava sobre a mesa “seus olhos parecem chocolate derretido, com esse lindo castanho profundo e essas manchas douradas. Eu odeio você. E todo esse cabelo loiro e espesso que você tem; meu Deus, estou surpresa por você não ter um perseguidor. Você parece mais um modelo do que um assistente. “

E eu ria porque ela era engraçada, mas agora os nossos dias de jogar conversa fora acabaram.

“Não, eu disse a ela.” Estou apenas dizendo o que ele disse.“

Ela pegou o envelope. “Por que ele não vai?”

“Ele não disse.”

“Eu tenho certeza que você sabe, ele te diz tudo.”

Que mentira. “Ele não diz.”

“Ele me contou que diz.”

Pena que Therese não sabia quando estava sendo testada. Ele provavelmente disse que me contava tudo para ver qual seria a sua reação. Eu sabia como ele operava. Pena que ela não soubesse. “Ele não quis dizer isso.”

“Dane sempre quer dizer o que fala.”

“Você acha?”

“Eu tenho que falar com ele,” disse ela, deixando minha mesa e caminhando de volta para a porta. “É muito importante.”

“É mesmo?”

“Eu tenho que falar com ele,” ela murmurou novamente enquanto eu caminhava ao lado dela. “Ele não está atendendo minhas chamadas. Aqui, no clube... ele não atende o celular...”

“Oh,” eu precisava para consolá-la, “não tem nada a ver com você. Ele tem outras coisas acontecendo.”

“Então, eu sou apenas o que, outra irritação por ele?” ela me cortou penosamente.

“Não foi o que eu quis dizer,” eu disse a ela sério. Não há nada mais irritante para mim do que de ter pessoas interpretando mal as minhas palavras ou minha motivação. Eu odiava pessoas que presumiam as coisas.

“Eu preciso vê-lo, Jory,” ela disse suavemente, tentando apelar para mim como se fôssemos amigos.

“Pegue o cheque e vá, Srta. Warner,” eu disse a ela, movendo sua mão suavemente para fora da maçaneta. “Ele não quer vê-la. Não force uma cena da qual você vai se arrepender.”

“Eu queria casar com ele.”

“Eu não tenho dúvida disso.”

“Um dia tudo estava perfeito e, no dia seguinte, ele disse que achava que seria melhor se nós começamos a ver outras pessoas.”

Eu balancei a cabeça. Eu já sabia de tudo isso. Ele dava a todas elas o mesmo discurso, o de “você-é-muito-boa-para-mim” quando precisava de ar e tinha que escapar. A chave para conseguir o homem, como a maioria, era dar-lhe toneladas de espaço e agir como se ele não importasse. Esteja lá quando ele quiser você e desapareça quando ele não a quisesse. Mas nenhuma delas nunca tinha sido capaz de decifrá-la. Elas começavam ultrajantes e distantes e, em seguida, se apaixonavam e queriam sufocá-lo e mantê-lo preso. Ele deixava sua marca tão rapidamente; o desejo de prendê-lo vinha com obsessão e pânico quase todas as noites. E eu o via recuar e depois se retirar atrás de sua agenda com horários imprevisíveis e de mim. Ele gostava de me usar como um escudo, às vezes até mesmo em pessoa. Ele aparecia comigo a tira colo apenas para deixar seu ponto bem claro. Encontros no jantar tornavam-se reuniões no jantar, retiros de fim de semana se tornavam fins de semana de negócios, sempre que ele queria se distanciar... ele me levava como uma barreira. Sempre que ele queria que a pessoa com quem ele estava, ficasse para trás.

“Eu estou tão apaixonada por ele que eu não consigo ver direito.”

Fui trazido de volta rapidamente para o presente. “Sinto muito, Srta. Warner. O que quer que eu diga?”

Ela soltou um suspiro.

O que eu deveria fazer? Tinha que ser uma agonia para ela. Tudo o que ela precisava fazer era abrir o jornal na coluna social para ver uma foto de outra mulher no braço de seu ex-amante. Devia ser enlouquecedor, especialmente porque ele pertenceu a ela há tão pouco tempo atrás.

“Como ele pode simplesmente se desligar e me esquecer tão rapidamente?”

Ela estava deixando a pergunta no ar, dirigindo-se a ninguém em particular. Duvido que ela se lembrasse que eu estava lá. Eu apenas fiquei ao seu lado parecendo estúpido, porque eu não sabia mais o que fazer. Se fôssemos amigos eu poderia consolá-la; sentar à noite com ela, fazê-la sair em encontro às escuras apenas para que ela se distraísse e não ficasse presa em casa, e ficar até tarde e deixando-a chorar no meu ombro por horas. Se ela fosse minha amiga eu a distrairia constantemente por quanto tempo fosse preciso para arrancar Dane Harcourt de sua cabeça. O problema era que Therese Warner não era minha amiga, então eu me sentia estranho e envergonhado e desesperado para sair da sala.

“Bom dia, Sra. Bradley,” disse Sonja atrás de nós.

Nós nos viramos e eu ofereci a mão para a senhora que se juntou a nós na porta do escritório de Dane.

Sra. Miriam Bradley pegou minha mão e apertou-a com força.

Ela parecia genuinamente feliz em me ver, e eu sentia como se eu a conhecesse, por causa das várias vezes tínhamos conversado ao telefone.

“Como você está, Jory?”

“Tudo bem, obrigado. Você está pronta para a sua primeira reunião com o Sr. Harcourt?”

“Eu estive esperando por isso há meses. Estou mais do que pronta.”

“Ótimo,” eu disse alegremente. Eu recuei para o lado para que eu pudesse abrir a porta para ela e ter certeza de Therese não entraria ao mesmo tempo. Não que ela estivesse tentando.

A Sra. Bradley não entrou na sala, mas parou e olhou para Therese. “Já nos conhecemos? Você parece muito familiar para mim.”

Therese sorriu automaticamente. “Eu acho que nós somos membros do mesmo clube em Highland Park. Bem me lembro de ver você lá. Meu pai é Simon Warner.”

“Sim, é isso,” ela sorriu, oferecendo a Therese sua mão. Ela era tão linda e graciosa. Eu conhecia mulheres que não se pareciam tão bem aos 30, muito menos aos 60. Eu não entendia caras que estavam na casa dos 50 e 60, que preferiam esposas-troféus quando havia mulheres deslumbrantes lá fora, de sua própria idade. Mas eu não também não entendia como homens gays que procuravam caras com metade da sua idade. Eu acho que a crise de meia idade era a mesma, não importa quem você queria na cama com você. “Você é Therese Warner. Bem, minha querida, estou tão feliz por finalmente chegar a conhecê-la pessoalmente.”

Therese agradeceu, tensa, tentando não chorar.

“Entre, Sra. Bradley,” Dane chamado de dentro de seu escritório.

Fechei a porta atrás dela depois que ela disse a Therese que esperava poderem jogar uma partida de tênis em breve. Eu me virei para Therese e lhe pedi para ir embora.

“Eu quero que ele me veja.”

“Ele não quer ver você.”

“Por quê? O que eu fiz de errado?”

“Eu tenho certeza que você não fez nada errado.”

“Ele disse alguma coisa?” ela se iluminou imediatamente. Deus, ela estava cheia de esperanças e eu me arrependi por ter aberto a boca.

“Não,” eu murmurei. “Ele não disse uma palavra. Mas ele vai sair de seu escritório em um minuto, e eu acho que você deveria sair antes e tentar falar com ele outra vez.”

“Como é que eu vou fazer isso? Eu não posso ligar para ele aqui e nem em casa. Ele não atende o celular e não fala comigo em público... eu tenho tentado falar com ele e ele simplesmente não... “ Ela parou, começando a chorar.

Eu balancei a cabeça. “Há algo que realmente o está incomodando, Srta. Warner. Eu daria a ele algum tempo, se eu fosse você, para resolver...”

“Então você acha que tudo vai ficar bem, então?”

“Eu não sei se estou em posição de...”

“Mas você o conhece tão bem, Jory,” ela disse, me cortando. “Por favor, me diga o que você pensa.”

Ela queria desesperadamente algum tipo de incentivo. Eu suspirei pesadamente. “Srta. Warner, eu não sei o que...”

A porta do escritório se abriu de repente e Dane saiu. Ele olhou para Therese, as sobrancelhas franzidas, e ela começou a chorar. Ele respirou fundo e esfregou a testa. Eu conhecia bem aquele determinado movimento. Eu era alvo deles frequentemente. Como quando ele falava comigo e eu fazia perguntas em vez de responder. Eu não podia evitar, eu gostava de mergulhar em sua vida. Não que ele me permitisse, mas isso nunca me impediu de tentar.

Ele suspirou profundamente e colocou a mão no ombro de Therese. “Eu quero pedir desculpas pelo que aconteceu sábado, eu não estava bem. Estou com muitos problemas em minha cabeça ultimamente, e sinto muito se isso veio à tona enquanto eu estava falando com você. Estou profundamente arrependido por ter levantado a minha voz para você. Por favor, aceite minhas desculpas. “

“É claro,” ela respirou. Eu a vi derreter só de olhar para ele. Ela se inclinou em direção a ele, mesmo quando ele deu um passo para longe.

“Eu deveria ser mais cuidadoso.” Ele se virou para mim e ia dizer algo, mas parou. Ele apenas olhou para mim e eu olhei para ele por um minuto antes de ficar desconfortável.

“O que?” Eu perguntei, me sentindo estranho de repente.

“O que você fez sobre a Srta. Lawson?”

“Eu não tive a chance de...”

“Faça isso agora,” ele resmungou, voltando-se para Therese e dando-lhe um tapinha no braço antes de deixar cair a sua mão. “Eu sinto muito.”

Ela apenas olhou para ele com uma expressão de dor no rosto.

Seus olhos caíram para o chão e, em seguida, voltaram para mim como se ele quisesse me dizer algo, mas fosse incapaz de encontrar as palavras.

“O que?” Eu repeti, consciente de que Therese estava olhando para mim em vez de para ele.

“Eu estou com fome.”

Eu sorri de repente. Não consegui evitar. “O que você quer?”

“O que você quer?”

Eu balancei a cabeça. “Só vou buscar alguma coisa para você.”

“Algo bom,” ele murmurou.

“Como se eu não soubesse” Eu o provoquei, tentando obter uma resposta.

Ele passou os dedos por seu cabelo espesso, me deu um sorriso torto, e depois recuou de volta para seu escritório e fechou a porta atrás de si.

“Ele está fora de si” eu disse firmemente, percebendo que eu poderia estar certo.

Se Dane pirasse, então minha sanidade estava com morte certa. Ele era a pessoa mais estável que eu conhecia.

“Qual é o problema com ele?” Therese me perguntou enquanto me seguia de volta à minha mesa.

“Ele está fora de si” eu repeti antes de suspirar profundamente. “Talvez você possa ligar para ele mais tarde, hein?”

Ela assentiu com a cabeça e saiu sem dizer uma palavra.

“O que ele quis dizer quando perguntou sobre mim?” Sonja perguntou, olhando para mim tristemente.

Soltei uma respiração profunda antes de lembrá-la sobre as rosas que eu tinha levado para o lobby.

“Oh meu Deus,” disse ela, seus olhos se enchendo. “Ele está muito bravo com isso?”

“Não está bravo, exatamente” eu disse suavemente. “É só que eu acho que nós já temos a resposta sobre a questão de saber se você vai ou não ficar aqui permanentemente.”

“Já temos?”

“Ah, sim,” Eu respondi devagar.

“Mas eu não quero...”

“Sinto muito, Sonja,” Eu cortei rapidamente. “Não há nada que você ou eu possamos fazer sobre isso agora. Ele tomou sua decisão e quando ele faz isso, nós dois sabemos que é definitivo.”

“Só por causa das flores?”

“E todas as outras coisas,” eu suspirei. “Você tem uma queda por ele.”

“Ele sabe?” Ela estava incrédula.

“Todo mundo sabe disso.”

“Sério?”

“É. Você deixou muito claro que está interessada em ter mais do que uma relação profissional com ele.”

“Quem não está?”

Eu pensei sobre isso por um minuto. “Bem, eu por exemplo,” eu disse a ela honestamente.

“Você é homem Jory, e Dane não é gay.”

É, tinha isso.

“Mas eu juro por Deus, você é o único que eu conheço que não o quer. Tanto Célia e Jill são loucas por ele também.”

“Talvez, mas talvez isso também torne possível para mim ser a única pessoa que pode trabalhar para ele. Você, obviamente, não pode.” Eu sabia que Celia Johnson e Jill Kincaid eram ambos loucas por meu chefe, mas elas não trabalhavam para ele, que não sabia que elas queriam atacá-lo. Célia trabalhava para Miles Brown e Jill trabalhava para o terceiro sócio da firma, Sherman Cogan.

“Mas,” sua voz caiu para um sussurro. “Eu acho que ele está começando a gostar de mim.”

Você o irrita como o inferno, pensei, sentado na borda da mesa. “Ele gosta de você, Sonja, nós apenas estamos vamos nos certificar que você sair daqui antes que ele comece a não gostar de você.”

“Você não sabe o que é como estar perto dele todos os dias e não ser capaz de tocá-lo.”

Oh Deus, todas estas apaixonadas no escritório.

A porta do escritório de Dane abriu, e ele e a Sra. Bradley saíram. Ele se aproximou de mim quando eu me levantei, escorregando da mesa de Sonja.

“Eu vou estar fora do escritório até meio-dia, então providencie o almoço para nós e esteja de volta para que possamos repassar a programação para a casa Mamon. Espero encontrar somente você aqui,” disse ele, fazendo questão de olhar direito para mim quando disse isso. “Nós temos muito a fazer.”

“Sim, senhor.”

“Não se atrase.”

“Não.”

“E não se esqueça do meu almoço.”

Eu senti minha carranca, as sobrancelhas franzindo rápido.

“Tudo bem,” ele resmungou.

“Devo trazer uma bebida também?” Eu perguntei sarcasticamente. Eu, obviamente, precisava de instruções por escrito em grandes letras de neon. Já que eu era um idiota e tal.

Ele me deu um sorriso e, em seguida, virou-se e seguiu a Sra. Bradley para fora do escritório. A Sra. Bradley era mais uma apaixonada; ela me perguntou por telefone, mesmo sem ter posto os olhos sobre o homem – suas já demonstrando mais do que interesse profissional – se Dane já tinha saído com algum cliente. Eu disse a ela que não sabia. Ela me confessou que o achava atraente e impossível de esquecer. Depois de ouvir tantas outras confissões, eu tinha apenas sorrido e dei a ela um horário.

“Oh Jory,” Sonja suspirou. “Você não pode simplesmente dizer a ele que sinto muito e isso não vai acontecer de novo?”

Eu balancei minha cabeça e ia tentar dizer algo reconfortante quando meu telefone tocou. Eu contornei a minha mesa e atendi.

“Então, Ação de Graças é em duas semanas. Você sabe disso, não é?”

“Nick,” sorri para o receptor, porque eu nunca esquecia uma voz. Às vezes era uma coisa ruim porque dava à pessoas que eu mal conhecia a sensação de que eu me importava mais do que eu realmente fazia, que era o caso aqui. “Do que você está falando?”

“Estou apenas lembrando que você prometeu.”

“Sinto muito, o que eu prometi?”

Ocara com quem eu tinha saído em dois encontros suspirou pesadamente. Ele era muito gentil, um residente no hospital municipal. “Você vai passar quatro dias comigo. Meus pais têm um chalé em Tahoe, quero dizer, em Incline Village, mas é como se fosse a mesma coisa. Nós podemos esquiar todos os dias. Você vai amar. “

Eu duvidava, já que esqui não era realmente minha praia.

“Huh.”

“E eu sei que você não está empolgado, mas eu realmente quero que você vá e você pode apenas sentar e relaxar e beber todo fim de semana comigo e com meus amigos.”

“Sei.” Eu ri.

“Eu já comprei a passagem.”

“Eu posso reembolsá-lo.”

Ele limpou a garganta. “Vamos lá, Jory. Eu não quero o dinheiro de volta. Se você não usar a passagem, não é como se eu não pudesse usá-la ou...”

“Ah bom.”

“Não ah bom.” Ele riu. “Eu quero que você vá comigo. Tenho uma fantasia recorrente de estar sob um monte de cobertores com você enquanto a neve está caindo lá fora.”

Sorri para o telefone. “Isso é muito romântico.”

“E eu não sei?!”

Eu ri para ele. “Eu vou pensar sobre isso, tudo bem?”

“Ok, é justo. Enquanto isso, eu posso te levar para jantar amanhã à noite?”

“Na verdade eu tenho um...”

“Jory,” ele me cortou, e sua voz caiu para um sussurro.

Ele estava obviamente em algum lugar com outras pessoas e não queria ser ouvido. “Baby, você não pode simplesmente dormir comigo uma vez e me ignorar.”

“Não? A maioria dos caras gosta que seja assim.”

“Eu não sou a maioria dos caras. Quero ver você, quero passar um tempo com você. Tenho este recanto ótimo na minha casa onde você ficar maravilhoso de manhã cedo, tomando café da manhã.”

O que era bom. O problema é que não havia faíscas entre nós. Nem uma gota de química. Eu fiz sexo com ele porque senti que não gostaria de ser um provocador. Eu tinha uma regra pessoal: se você chegava até meu apartamento, o sexo era garantido. Ele esteve lá no segundo encontro e, embora eu realmente não estivesse afim, eu transei com ele de qualquer maneira. Eu sabia que estava em apuros quando terminamos e ele quis passar a noite. Eu menti para tirá-lo da minha cama porque eu não dormia com ninguém. Sexo, sim; deitar abraçadinho, não. Eu nunca amei ou confiei em ninguém o suficiente para deixá-los passar a noite.

“Ouça,” eu disse suavemente. “Por que eu não te ligo mais tarde depois de saber se o meu chefe vai precisar de mim amanhã à noite ou não.”

“Oh, você tem que trabalhar. Desculpe, eu pensei que você estava tentando me dar o fora.”

Eu estava, mas era melhor que ele não soubesse. “Não.”

“Tudo bem. Ótimo. Ligue mais tarde.”

“Vou ligar.” eu menti.

“Talvez eu devesse correr até aí e escrever o número na sua mão para que você não esqueça.”

“Não, não, não.” Eu ri para o receptor. “Não faça isso. Eu tenho que ir buscar almoço para o meu patrão. Não vou nem estar aqui em uns cinco minutos. “

“Então eu vou deixá-lo em seu correio de voz.”

“Você é persistente, Nicky, eu tenho que admitir isso.”

“Você não tem ideia.”

Eu desliguei o telefone, então pensei sobre isso, e estava prestes a ligar de volta e apenas ser honesto, quando Sonja se sentou na minha mesa.

“Fale com Dane mais uma vez, por favor, J.”

Tão engraçado que ela chamasse meu chefe por seu primeiro nome. Eu nunca poderia fazer isso. Não era respeitoso o suficiente.

“Jory, querido, por favor.”

Fechei os olhos e me recostei na cadeira. Será que ela não sabia que discutir com Dane Harcourt quando já tinha tomado sua decisão era como discutir com um urso pardo faminto?

“Se alguém pode fazê-lo mudar de ideia é você, Jory.”

Por que todo mundo sempre diz isso? Por que, quando Sherman queria algo, ele vinha a mim para quebrar o gelo em primeiro lugar? Sherman Cogan e Miles Brown tinham estado neste negócio com Dane Harcourt desde o primeiro dia, e ainda assim eles pisavam em ovos com ele. Um dos homens era um designer de interiores de alto padrão, com anos de projetos milionários bem sucedidos em seu histórico; o outro, um dos melhores arquitetos paisagistas do país. No entanto, ambos adoravam meu chefe porque ele, exclusivamente, trabalhava com residências. Parece que era onde a grana pesada realmente estava. Eu pensava que os edifícios comerciais fossem mais lucrativos, e eu estava certo, mas grandes contratos eram mais difíceis de encontrar do que casas de sociedade. E eu tinha que admitir que era o nome de Harcourt que trazia a maioria das pessoas através de nossas portas, depois de ter visto o seu trabalho na revista Architectural Digest ou da Sunset ou outras revistas. O reconhecimento do nome pertencia ao meu patrão.

Quando eu cheguei para trabalhar para ele há quase cinco anos, eu não tinha ideia de quem era Dane Harcourt. Tudo o que eu sabia era que sua empresa havia anunciado para um assistente e eu precisava de um emprego.

Sendo novo na cidade, eu precisava sair do YMCA e começar a pagar aluguel. Eu tinha três dias para dar um jeito antes que tivesse que morar na rua. Eu tinha distribuído currículos em praticamente todos os lugares e o pânico estava começando a se instalar.

Eu tinha aparecido, com pelo menos uma centena de outros, para preencher duas posições na empresa de design Harcourt, Brown, e Cogan. Debbie Towney era gerente do escritório / contabilidade e ela estava cansada de ser apenas ela e Jill Kincaid, a carga de trabalho era muito pesada. Jill sozinha não poderia atender ao telefone, cuidar de toda a digitação, arquivamento, fotocópias, marcar centenas e centenas de compromissos e ainda permanecer sã. Foi decidido que cada sócio teria seu próprio assistente pessoal, que seria responsável por apenas seu trabalho. Achei que, já que velocidade de digitação não era um pré-requisito para o trabalho, eu poderia me candidatar sem fazer papel de bobo. Eu estava errado.

Eles fizeram um teste de digitação com todos nós. Eu falhei miseravelmente. Fui autorizado a voltar no dia seguinte porque tive uma pontuação perfeita nas partes de vocabulário e ortografia do teste, bem como por meu conhecimento na área de design gráfico. Não que eu fosse um profissional nem nada, mas o Adobe Suite e eu éramos amigos muito próximos. O problema foi que, na manhã seguinte eu tinha encontrado um filhote de cachorro – um husky siberiano mestiço, o veterinário disse mais tarde – andando na rua no meu caminho. Tentei me livrar dele, mas o pequeno bastardo me seguiu por oito blocos. Ele era tenaz e, quando ele quase foi atropelado correndo na Michigan Avenue atrás de mim, eu acabei pegando-o. Os gemidos de alegria me derreteram ali. O cão e eu ficamos ligados. Eu disse que ele tinha sorte por ter bastante pelos, porque estaríamos vivendo na rua em um futuro muito próximo. Ele me olhou com aquela cabecinha torta que os cães fazem quando não têm certeza do que está acontecendo com você.

Já que eu sabia que não tinha nenhuma chance no inferno de conseguir o trabalho de assistente de qualquer maneira, eu levei o meu novo cachorro comigo para a segunda entrevista. Desnecessário dizer que eu era o único que chegou com um cachorro latindo em uma caixinha de papelão para animais. Jill Kincaid me pediu para sair no momento em que Dane Harcourt saiu de seu escritório. Todos sorriram, eu fiquei sem graça, e ele fez uma carranca.

Fui convidado a entrar em seu escritório e me sentei à frente de sua enorme mesa de madeira antiga. Seu escritório era escuro, com um piso de madeira polida que fazia pensar que um estudioso Inglês vivia lá em vez de um arquiteto. Estantes tomavam quase todo o espaço disponível e várias belas pinturas a óleo estavam penduradas nas paredes. Em um canto, havia várias plantas de grande porte, e no outro, ao lado da janela enorme, estavam duas poltronas gigantescas e uma pequena mesa de café que era incrustada com telhas. Os azulejos eram pintados à mão, eu soube mais tarde, e cada peça se encaixava para formar a imagem de um pavão. Tinha pertencido à sua avó e o fazia se sentir bem tê-la em seu escritório, perto dele. Isso o fazia sentir como se ele ainda tinha um pedaço dela com ele. Depois de alguns minutos, ele parou de falar e olhou para mim. Como ele estivesse surpreso consigo mesmo por ter explicado. Mas todo mundo compartilhava as coisas comigo. Era um dom.

Ele começou a me perguntar sobre minhas qualificações e meu novo filhote começou a uivar. Eu respondi da melhor maneira que pude, e ele parecia genuinamente impressionado por eu estar planejando buscar uma graduação em arte, até que começou a me questionar sobre o que eu ia fazer depois que me formasse.

Eu lhe disse que não sabia. Expliquei que eu estava estudando porque eu gostava e isso era tudo. Eu não tinha certeza do que eu realmente queria fazer com a minha vida. Ele respondeu que queria alguém que tivesse certeza de sua escolha de carreira, e não uma pessoa inconstante que poderia estar lá num dia e desaparecer no próximo. Eu neguei que fosse o caso quando o meu cachorro soltou um grito de gelar o sangue.

“Que diabos isso tem de errado?!”

“Ele,” Eu enfatizei “está apenas com medo. Ele não sabe onde está e eu tenho certeza que é assustador.”

“Posso fazer uma pergunta estúpida?”

“Claro.”

“Por quê?”

“Por quê o que?”

“Você sabe perfeitamente o que,” ele sorriu, e eu sabia que poderia gostar do homem. “Por que você trouxe o seu cão para a entrevista?”

“Porque eu o encontrei esta manhã e não tive tempo suficiente para levá-lo de volta para o Y, ou então eu teria me atrasado para ver você, e eu realmente não posso deixá-lo no meu quarto sozinho de qualquer maneira, quer dizer... eu vou ter que levá-lo em segredo hoje à noite. “

“Você o encontrou hoje?”

“A-ham.”

“Sim.”

“Como assim?”

“Eu odeio a palavra a-ham. Diga sim ao invés.”

“Tudo bem,” eu disse lentamente, porque quem odiava a palavra a-ham? “Sim.”

“Quando?”

“No caminho para cá.”

“Você o encontrou agora.”

Eu dei de ombros. “Pelo menos eu parei para comprar uma caixinha para ele. Não queria que ele fizesse cocô em seu escritório.”

“Muito atencioso da sua parte.”

Suspirei profundamente. Isto era um desastre.

“Você encontrou um cão em seu caminho para a entrevista,” disse ele, como se ele estivesse tentando entender.

“Talvez seja um bom presságio.” Eu sorri.

Ele olhou para mim. “Grande crente em sinais, não é?”

“Sim, senhor, eu sou,” eu disse, usando a palavra que ele preferia.

“Porque não o levou para o abrigo?”

Eu olhei para ele. “Como é que isso transmite esperança?”

Seus olhos ficaram fixos nos meus, antes que ele limpasse a garganta.

“Você sabe que o seu cão é escandaloso, boa sorte levando-o em segredo para qualquer lugar.”

“Ele é barulhento porque está enfiado em uma caixa.”

“É mesmo?”

“Claro.”

“Vamos testar a sua teoria.”

“Perdoe-me?”

“Vamos vê-lo.”

“Sério?”

“Absolutamente,” disse Dane, se levantando e andando em torno de sua mesa e sentando na beira. “Se você não deixá-lo sair, parece que ele vai morrer ou algo assim.”

Inclinei-me e abri a tampa da caixa de papelão e Shiloh parou de uivar e se sentou. Ele olhou para nós dois e começou a abanar o rabo. Eu estava prestes a pegá-lo, quando Dane inclinou-se e o pegou. Meu cachorrinho imediatamente começou a lamber seu rosto e, em seguida, empurrou o nariz molhado para os olhos do homem.

“Desculpe,” Eu meio que ri, “ele está apenas feliz em ver você.”

“Ele é bonitinho.”

“Eu sei. Já posso dizer que ele vai ser uma verdadeira dor de cabeça.”

Dane o colocou no chão e Shiloh começou a correr em círculos ao redor da sala. “Diga-me, Sr. –“ ele parou e olhou para mim ,” Keyes, não é?”

“É,” eu respondi, tentando em vão alcançar meu cão enquanto ele corria debaixo dos meus pés. “Mas você pode me chamar de Jory ou J ou o que seja. Eu não me importo.”

“Diga-me, Sr. Keyes, o que você acha que é mais importante: lealdade a mim ou lealdade à Harcourt, Brown, e Cogan? É um jogador de equipe ou está mais inclinado a apoiar o indivíduo?”

Eu pensei um minuto, calculando o que eu achava que ele queria ouvir, mas decidi apenas seguir meu instinto. O que poderia dar errado? “Se eu trabalhar diretamente para você, Sr. Harcourt, então é aí que reside a minha lealdade. Seria seu assistente pessoal, de mais ninguém.”

Ele acenou com a cabeça. “Obrigado, Sr. Keyes, entraremos em contato.”

Agradeci e, em seguida, teria ido embora, mas foi preciso que nós, em um esforço de equipe, pegássemos Shiloh e o colocássemos de volta no suporte. Uma vez feito isso, os gemidos e choro começaram logo em seguida.

“Ele é um fingido” Dane sorriu. “Vai dar o maior trabalho.”

Eu balancei a cabeça, “Eu sei, mas imagine a diversão.”

“Imagine a diversão,” ele repetiu, com a voz terna.

Eu olhei para ele e sorri. “Você foi muito generoso sobre isso.”

Ele acenou com a cabeça. “Como você vai chamá-lo?”

“Shiloh.”

“Fã Guerra Civil?”

“Não,” eu disse, sem rodeios, “de Neil Diamond.”

“Oh.” Ele estava sem palavras e eu ri. Ele era legal.

Um dia depois, o último dia que eu tinha antes fosse forçado a desocupar o apartamento, Jill Kincaid ligou e me ofereceu o cargo de assistente pessoal de Miles Brown. Aceitei imediatamente e pude dizer sim para o cara que eu tinha conhecido em um clube uma semana antes. Ele e outras quatro pessoas estavam se mudando para um apartamento e ele me perguntou se eu queria morar com eles. Eu tinha apenas o suficiente para o primeiro mês de aluguel, se não gastasse um centavo. Depois que eu recebi o telefonema, eu entreguei tudo para o proprietário do meu novo lar, um apartamento minúsculo do outro lado dos trilhos do trem, que parecia o paraíso depois de muito tempo sem ter um lugar para chamar de lar. Naquela noite, eu fiz um trato com meus novos colegas de quarto novos: se eles se alimentassem nós dois, meu cachorro e eu, pelas próximas duas semanas, até que eu recebesse meu primeiro salário, eu ia cuidar dos mantimentos e cozinhar durante um mês. Fiquei chocado quando todos concordaram. Na verdade, a razão era que todos gostavam de mim, eles achavam o meu cão legal, e a ideia de ter uma refeição caseira todas as noites durante um mês agradava a todos.

Quando Shiloh e eu saímos do YMCA, eu senti que finalmente ia dar tudo certo. E eu estava tão agradecido à empresa de Harcourt, Brown, e Cogan.

Quando me apresentei no escritório, Jill me informou que ela tinha se enganado e que eu seria assistente do Sr. Harcourt, em vez de Miles Brown. Ela deveria ter sido sua assistente, mas, aparentemente, ele tinha outros planos. Ela queria saber o que exatamente eu tinha feito por ele durante a minha entrevista. Eu quis dar um tapa nela. Dane me poupou o problema quando ele saiu de sua sala e disse a todos que eu tinha sido a pessoa mais honesta que ele entrevistou. E o cão ajudou. Jill revirou os olhos e a nova assistente de Miles, Celia Johnson, ficou perplexa. Cão? E tinha dito cão?

Logo descobri, pelo fluxo constante de candidatos verificando se a posição tinha sido preenchida, o verdadeiro motivo pelo qual ele me escolheu para ser seu assistente. Eu era, de longe, o único que não estava completamente apaixonado por ele. Mulheres desmaiavam quando ele passava. Jill e Celia queriam desesperadamente o meu trabalho, e não conseguíamos manter uma recepcionista.

A rotação no cargo era de cerca de um a cada dois meses.

Esse era o tempo que levava para realmente irritá-lo.

As garotas se apaixonavam por seu charme casual e aquele sorriso que iluminava seus olhos. Eu as via se inclinar sobre a mesa e conversar com ele e via suas mãos pairarem sobre seus ombros quando ele não estava olhando, querendo tocá-lo, mas não ousando. Todos queriam estar perto dele – todos menos eu. Eu não poderia ter me importado menos, então é claro que eu era a única que ele deixava se aproximar. Ele era natural comigo, porque, gay ou não, eu era um homem e ele não precisava ter cuidado com o contato físico ou com o que saia de sua boca. Ele era dolorosa e brutalmente honesto, áspero ao ponto de me deixar estremecendo por um tempo cada vez que ele falava. Mas ao longo dos meses eu descobri que eu simplesmente gostava dele, e os meus sentimentos surgiram a partir de uma fonte diferente do que paixão ou desejo. Eu entendi, sob todo o estilo e verniz, que o coração do homem era, na verdade, a coisa mais surpreendente sobre ele. Ele escondia bem seu carinho e bondade, mas eu o conhecia melhor do que ninguém. Eu sabia que o homem tinha ficado emocionado quando me levou para casa depois que eu coloquei Shiloh para dormir. Meu doce cão sucumbiu ao câncer em um ano e meio, e eu não podia mais suportar vê-lo sofrer. Eu tinha recebido o aperto forte no ombro quando saí do carro – era tudo que ele me deixava ver – mas era muito mais do que qualquer outra pessoa recebia.

“Jory.”

Minha mente estava à deriva e, quando eu olhei para cima, vi como Sonja Lawson parecia estar sofrendo.

“Por favor, Jory, fale com ele,” ela implorou. “Eu juro que não vou embora até ele voltar. Quero falar com ele. Acho que posso me acertar com ele.”

“Se você acha.” Eu concordei, sabendo muito bem que a coisa toda era impossível. “Fique se quiser, mas vou dizer o que eu acho que você deve fazer.”

“O que é?”

“Fuja,” eu a provoquei.

“Isso não é muito maduro.”

“Estou apenas deixando você saber o que eu acho. Ele queria que você fosse, e você está fazendo exatamente o oposto. Não espere que ele esteja feliz quando voltar do almoço.”

Ela se virou e voltou para sua mesa. Eu me sentia muito triste por ela, mas não havia nada que eu pudesse fazer. Eu já tinha lhe pedido para reconsiderar sua decisão, sem sucesso. Eu sabia que, quando ela o deixasse furioso por estar aqui quando ele voltasse, eu seria o único com problemas. O telefone me salvou de pensar nisso.

“Você quer o número da sala do médico agora?” ele perguntou sem uma saudação.

“Nick, você é seriamente demente,” eu assegurei antes de anotar o número que ele me deu. Depois que ele desligou, eu fui buscar comida mediterrânea, porque isso costumava deixar meu chefe com um humor muito bom.

Eu mal ouvi Sonja quando caminhei de volta para o escritório.

Ela estava chorando e se lamentando e dizendo o quanto ela não queria ir. Eu me desliguei dela depois de alguns minutos, enquanto eu respondia e-mails, verificado o calendário, e ordenando flores para Samantha Palmer, que, aparentemente, ele ia levar à ópera na noite seguinte. Seu nome tinha aparecido no calendário no meu desktop durante o almoço. Pobre Lacey Collins, parecia que o evento beneficente seria seu primeiro e último encontro.

“Jory!”

Minha cabeça se levantou e eu percebi que ela estava chorando.

“Jesus, o que há com você?”

“Ele está arruinando a minha vida!”

“O que?” Eu estava confuso.

“Jory, ele...”

“Ah, vamos lá, Sonja.” Eu meio que ri porque era ridículo. “Ele não a quer e você está sofrendo por qualquer motivo. Supere logo isso. Vá para casa, e amanhã você pode iniciar um novo trabalho com um novo chefe e esquecer tudo sobre Dane Harcourt.”

“Eu estou realmente louca por ele, no entanto.”

E eu olhei para ela e entendi. Ela era uma daquelas meninas bonitas que estava acostumada a ter os homens caindo aos seus pés. O que ela não entendia era que ela não estava mesmo no nível dele. Até mesmo para um encontro. “Oh, pelo amor de Deus, pare com isso.” Eu suspirei, cansado do tema. “Você não tem chance com ele.”

“Jory, eu tenho...”

“Por favor,” sorri ironicamente. “Ele é uma fantasia. Ninguém realmente consegue um homem como esse.”

É claro que, quando eu disse isso, Dane entrou no escritório. Ambos percebemos que ele tinha estado parado no canto por vários minutos. Ouvindo tudo. Eu afundei em minha cadeira; Sonja se esgueirou para fora da sala, resmungando que ela estava indo ver nossa gerente Debbie.

“Excelente,” ele disse a ela.

Eu finalmente olhei para cima e vi que ele ainda estava elevando-se sobre a minha mesa. Eu tive que inclinar minha cabeça para trás para conseguir ver seu rosto. Ele estava olhando para mim sério, seus olhos analisando os meus. Eu vi os músculos de sua mandíbula se contraírem, mas ele não disse uma palavra, apenas olhou para mim. Era enervante, ter sua atenção total e completa, e eu não tinha certeza de que gostava disso. Senti que comecei a me contorcer.

“Você voltou mais cedo,” eu murmurei.

“Quem imaginaria que você pensava tão bem de mim.”

“O que?” Eu perguntei, fingindo que não o tinha ouvido falar, esperando que ele me desse uma saída fácil.

“Você me ouviu.”

Não tive sorte. Eu respirei profundamente. “Sim, bem,” eu disse, meus olhos não se desviando de seu olhar firme. “A inspiração vem e vai.”

“Então,” disse ele, finalmente, desviando o olhar. “Vou poder comer?”

Suspirei alto para que ele não deixasse de perceber minha irritação. Peguei sua refeição de hummus, cuscuz e falafel e todo o resto das coisas que ele amava. O sorriso que eu recebi foi real; aquele que você quase nunca via, que fazia aquela coisa assassina com seus olhos que os deixavam todo líquido e quente.

“Aproveite o seu almoço, senhor.”

Ele olhou para mim e eu não tinha ideia do que fazer, então enfiei a mão na gaveta da minha escrivaninha e tirei meu último pacote de Pop-Tarts. Estendi para ele.

“São com cobertura de morango?”

“Não são sempre?”

Ele pegou de mim e entrou em seu escritório, sem mais uma palavra. Eu sentei lá por um minuto, pensando sobre como eu deveria ter soado quando estava conversando com Sonja. Como se talvez eu tivesse uma queda por ele também.

“Ei,” Jill me chamou no corredor.

Quando olhei para ela, ela estava sorrindo largamente.

“Mais uma coloca o pé na estrada, não é, baby.”

Eu joguei as minhas mãos para o alto e ela começou a rir. E enquanto eu a observava ir embora, percebi que, mesmo que Sonja não tivesse sido aceita, eu fui. As meninas e eu, estávamos no mesmo barco.

Jill, Celia, e eu tínhamos nos tornado próximos após seis meses, Debbie sendo mais difícil de quebrar. Demorou um ano inteiro. No final, porém, era uma dessas coisas. Todas as três ainda cobiçavam o meu emprego, mas ninguém queria que eu fosse a qualquer lugar também. Quando Piper começou e parecia imune aos encantos do meu chefe, parecia que estávamos finalmente no processo de construção de uma equipe forte, que ia durar. Como Olhei para mesa vazia de Sonja e percebi que conheceria alguém novo essa semana. Eu provavelmente deveria ter sugerido a Debbie que ela pedisse à agência de trabalho temporário para enviar um homem.

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Gente , quem quiser que eu envie os livros em Word dessa série. Coloca o email, se não acompanhe aqui comigo.


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Comentários

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MDS Bib's manda pra mim please!!

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Achei super interessante o conto, vai rolar ciúmes pelo que parece se a pessoa para o novo cargo seja um homem. Ancioso pelos próximos capítulos.

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Parece uma fanfic q eu li, Zyan. no animespirit, no final o melhor amigo do detetive é bandido. kage vai abandonar o jory várias vezes antes de ficarem juntos. o chefe arquiteto, vai coloca lo, como sendo irmão.

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