(Pedido de Namoro)
Não aconteceu nada demais Carolina! Não tem porque você está com essa cara amarrada – dizia Anna-Lú sem tirar os olhos da estrada e deu de ombros ao ver que não lhe dera ouvidos continuando o percurso calada.
Carol apenas mirava a janela sabia no fundo que, Anna-Lú realmente não havia feito nada, ao menos não de forma premeditada ou voluntária, mas o ciúme a consumia e não podia evitar. E apesar de Anna-Lú não mais ter-se relacionado com nenhuma outra mulher, aquela noite só fez Carol perceber o quanto as mulheres corriam atrás dela. Enquanto a ruiva se derretia e se insinuava, Anna-Lú esbanjava seu charme na forma como se movia, falava e gesticulava era natural exalar aquele ar sedutor e tão cafajeste de ser, estava impregnada a essência de Anna-Lú e era algo com o qual Carol não se acostumava.
Foram diretamente para o apartamento de Carol, o prédio ficava ao norte do centro da cidade, de frente para uma praça bem arborizada, foi a primeira vez que Anna-Lú atentou-se àquele lugar. Estacionou na calçada e Carol achou que ela não fosse subir e surpreendeu-se quando Anna-Lú pediu para que a acompanhasse até a praça. Atravessaram as quatro pistas de avenida e subiram à calçada. A noite banhada pelo luar prateado e mesmo em plena metrópole algumas estrelas se estendiam pelo negro do céu, ao longo da praça pessoas iam e vinham de um lado para o outro, também se espalhavam alguns casais. Uns de mãos dadas caminhavam vagarosamente, outros comiam seus sanduiches sorridentes nos quiosques e outros assentados em um banco qualquer se acariciavam entre olhares confidentes, como se mais nada no mundo existisse.
Vem comigo! – disse Anna-Lú puxando-a e seguindo o caminho que levava em direção ao centro da praça. Só então, Carol percebeu que ali se erguia um caramanchão recoberto de uma bela vegetação, e as pequenas luzes espalhadas por ela davam um toque quase mágico àquele lugar.
Esse lugar é lindo! – falou Carol admirada.
Verdade, não tão lindo quanto você é claro – respondeu Anna-Lú fazendo Carol enrubescer.
Boba! – retrucou carinhosamente.
Com você? Completamente! – falou Anna-Lú abrindo os braços e continuou – Mas...
Mas??? – quis saber Carol.
...É incrível pensar nas mudanças repentinas que acontecem na vida – falou Anna-Lú recostando-se em uma das colunas – depois que deixei a fazenda, lá atrás, à última coisa que eu me imaginaria era estar amarrada a alguém e antes que diga algo, saiba que falo amarrada no bom sentido da palavra. Quero dizer que jamais imaginaria estar apaixonada outra vez, pra falar a verdade eu não admitia em hipótese alguma, e pra ser bem mais sincera até alguns meses atrás meu único plano fora da área profissional era curtir a vida do jeito que eu bem entendesse. Mas... – suspirou e chegou mais perto de Carol e gentilmente acariciou seu rosto – você apareceu e de repente tudo mudou pra mim, simplesmente porque você se apoderou do meu pensamento – disse sorrindo e ainda acariciando o rosto de Carol – me vi completamente louca por você e querendo só estar com você. E hoje, você me disse algo que a principio me magoou, mas analisando cheguei à conclusão que você tem toda razão, realmente e oficialmente não temos nada, então, é meu dever consertar este erro – falou pegando as mãos de Carol entre as suas. Carolina Vandré aceita ser minha namorada?! – perguntou abrindo um largo sorriso.
Carol ficou em silêncio, mas não exatamente muda, apenas tentando balbuciar alguma coisa, foi uma cena até um tanto engraçada para Anna-Lú. Carol não soube o que responder no primeiro momento, em parte pela surpresa e em parte porque sua racionalidade reinava absoluta em sua mente, era como se em sua cabeça existisse um eterno duelo entre a razão e a emoção, se por um lado ela ansiava ter ouvido aquele pedido mais que tudo, por outro lado pensava se ela teria forçado Anna-Lú àquilo, pelo fato de ter feito uma cena e cobrado uma posição mesmo que inconscientemente. Odiava-se a todo instante por ter que esquadrinhar tudo o que ocorria de forma tão fria, mas era de sua personalidade agir assim, andava a se esforçar para mudar, mas era difícil, desejava tanto apenas deixar-se levar.
Hm-hm... – pigarreou Anna-Lú vendo que Carol não respondia. Só então, Carol saiu do mundo obscuro de seus pensamentos.
É tudo o que mais quero senhorita Anna Luiza Garcia... – enfim respondeu sorrindo.
Ufa! Finalmente! Levou uma eternidade, quanto suspense – disse Anna-Lú zombeteira e já enlaçando sua cintura.
Engraçadinha, espero não está forçando a mais convicta solteira do pedaço a nada – respondeu Carol um tanto séria demais.
Ex-solteira! – retrucou e Carol não pôde evitar o sorriso que teimou curvar seus lábios para cima - Ah Carolina, você ainda não me conhece mesmo, mas vamos resolver isso daqui para frente – falou Anna-Lú encaixando a mão entre os cabelos loiros já trazendo Carol para um beijo.
Era imediato para Carol sentir-se a pegar fogo tão logo Anna-Lú se aproximava daquela forma. Um beijo cálido e cadenciado ia-se tornando urgente e ousado, as línguas já dançavam freneticamente anunciando o estado de elevada excitação, as mãos famintas de Anna-Lú percorriam suas curvas já sem o menor pudor. Carol sentiu-se flutuar e fechou os olhos instantaneamente quando os lábios úmidos de Anna-Lú percorreram seu pescoço exposto e entregue aos desejos da mulher por quem estava completamente apaixonada. Voltaram a beijar-se espaçadamente e doce, pararam um instante buscando ar, mas com as testas ainda coladas e os olhos fechados.
Eu amo você - falou Anna-Lú involuntariamente, pois não conseguiu segurar as palavras.
O momento se tornou mágico e um pouco embaraçoso, porém, não houve tempo para a resposta de Carol, pois uma espécie de “clic” seguido de um clarão tirou-as daquele estado anestésico.
Acho que alguém nos fotografou – falou Carol procurando em todas as direções alguém suspeito.
Também acho que sim, mas isso já não me surpreende, há sempre algum desses fotógrafos de sites de fofocas atrás de mim, pra ver qual a próxima besteira que a herdeira do senhor Garcia irá aprontar – falou Anna-Lú com desdém ainda pensando qual seria a resposta de Carol se não tivessem sido interrompidas.
Então quer dizer que a senhorita vive a aprontar?! – perguntou Carol brincalhona.
Claro que não! Esse povo é que adora publicar besteiras a meu respeito – defendeu-se Anna-Lú.
Sei viu – zombou Carol – mas, aqui não é realmente o melhor lugar para o que estávamos fazendo, que tal continuarmos lá em cima, mais especificamente em meu quarto?
Não precisa perguntar duas vezes! – respondeu lhe dando e selinho para logo em seguida a conduzir em direção ao seu apartamento.