Cap.15
No início eu não sabia direito o que fazer. Foi como se aquele beijo reacendesse a minha sobriedade. Me separei rapidamente, olhei nos olhos dele, ele estava realmente fazendo aquilo, sem medo nenhum. O olhar dele era intenso, ele parecia confuso, mas apenas se deixou levar. E então eu o beijei, novamente. Dessa vez acabei retribuindo. Algo pulsava dentro de mim por ele. Eu não estava completamente sóbrio, talvez por isso tive coragem para me abrir de verdade, e deixar ser beijado. Ele sabia beijar, era um beijo intenso, envolvente, fogoso. E apaixonante. Me arrependi amargamente, mais uma vez de ter sido um idiota com ele na adolescência. Alguns segundos depois ele se separou. Ainda extremamente bêbado praticamente se jogou sobre o meu ombro, de olhos fechados. Eu, fiz um esforço sobre humano, mas o virei e o coloquei entre as minhas pernas.
- Não me machuque nunca... Daniel - falou, recostando sua cabeça em meu peito. Eu apenas me deixei levar, e abraçei o seu corpo. Porém, uma sensação amarga tomou conta de mim. Eu saiba que já estava machucando ele desde então. Que estava mentindo, o enganando. Será mesmo que aquilo era o melhor ? Será se eu deveria manter aquele segredo ? Mesmo depois disso ? Eu não sei o que deu em mim. De repente uma vontade enorme de ficar abraçado a ele me deu. Eu apenas começei a fazer cafuné no cabelo dele e em poucos minutos pegamos no sono.
MAIS TARDE
Acordei no meio da madrugada, com ele se mexendo no meu peito. Peguei meu celular, que estava ligeiramente molhado. Eram pouco além das 03 da manhã. Eu o olhei, ele parecia dormir profundamente ali. O seu perfume era sentido inteiramente por mim. No sufoco, o levantei levemente e fui caminhando com ele até a cama do quarto dele. O joguei na cama e quando ia sair para ir para o quarto de hóspedes, uma mão segurou o meu braço.
- Não... Fica aqui - eu nem fiz reação, afinal estava com sono. Apenas me joguei na cama e fechei novamente os olhos. E nem o que ele fez alguns segundos depois me fez abrir os olhos. Ele me abraçou e jogou uma de suas pernas sobre mim. Eu apenas mexi os olhos, lentamente. Porém mais uma vez nada fiz. Apenas durmi novamente. Na companhia dele.
NA MANHÃ SEGUINTE
Acordei com a cama mexendo. Quando vi, era ele, se levantando.
- Uhhh - imediatamente minha cabeça começou a doer - droga de ressaca.
- Sua cabeça também está doendo ?
- Está... Que horas são ?
- 10h - arregalei os olhos
- O que ? Eu deveria estar a 2h no trabalho.
- Não se preocupe com isso, fique aqui comigo hoje.
- Tem certeza Marcos. Vai acabar começando um falatório, quase toda semana você meibera do trabalho.
- E você se importa com esse falatório ? - falou, da porta.
- Não, mas...
- Eu também não me importo - e então ele saiu. Eu apenas mais uma vez me joguei na cama, mergulhado naquele mal estar - pegue, tome esse remédio - falou, me entregando uma pílula. Era para dor de cabeça.
- Como foi para ficarmos assim ein ?
- Bebemos muito vinho. Achei três garrafas jogadas lá na varanda - falou, rindo - não te dei muito trabalho ontem de madrugada.
- Como assim ?
- É que... Eu não me lembro de muita coisa. Apenas me lembro de você me carregando para a cama - então ele não lembrava do beijo que havíamos dado. E agora ? Como saberei se ele gostou, ou se fez de vontade própria ?
- Mais ou menos. Mas enfim, deixa para lá.
- É... deixa - Fechei novamente os olhos - Daniel ?
- Oi...
- Você estaria disposto a encarar o relacionamento com alguém ?
- Dependendo de quem for esse alguém - falei. Logo ouvi passos, e a porta do quarto foi fechada. Porquê será que ele havia me perguntado aquilo ?
MINUTOS DEPOIS
Tomávamos café juntos a mesa.
- Vai me deixar em casa após o café ?
- Não sei, se já quiser ir depois do café.
- Ah... Não quero atrapalhar você.
- Não me atrapalha nem um pouco. Já disse que gosto quando você vem a minha casa, fico bem mais alegre na sua presença - ficava feliz em ouvir aquilo.
- Eu também gosto de vir aqui - falei, comendo um pedaço de bolo - mas eu não quero de nenhuma forma atrapalhar você.
- Preste atenção. Nunca você me atrapalhará - falou, olhando em meus olhos de uma forma tão profunda que meu coração acelerou.
- Eu... Eu já tenho a resposta a respeito da proposta de emprego.
- Já ?
- Sim... Eu aceito. Aceito trabalhar ao seu lado - ele sorriu.
- Então sinta-se mais feliz, porque agora você vai vir a minha casa ainda mais vezes - sorri, vendo que ele ficava feliz quando eu vinha até a casa dele.
DIAS DEPOIS
Era o meu primeiro dia como secretário dele. O salário era maior, isso me deixou muito feliz ,pois enfim algumas regalias podiam surgir. Arrumava a minha mesa nova, com as anotações, os cadernos que iria usar, e todo o resto.
- Acredito que você não vai ter problema - falou, entrando na sala - você é bem inteligente.
- Eu também acredito que não.
- Mas por via das dúvidas, qualquer coisa diga a mim.
- Tudo bem - e então ele ficou lá na sala. Mexeu no bolso durante alguns segundos e saiu. Fiquei apenas olhando, e depois de alguns segundos percebi que ele havia deixado cair um papel no chão. Me levantei para pega-lo e devolver. E mesmo sabendo que não devia ler o que não é meu, eu abri. E quase desmaiei com o que li.
- "... Sinto muitíssimo mamãe, porém não posso retornar a Cabo Frio. Minha empresa está fluindo muito bem e... Estou apaixonado pelo meu novo secretário"
Continua
E ai ??? Gostaram ??? Comentem e votem por favor. Beijos