Foi coisa de vinte minutos e o William chegou todos desesperado e cansado em casa. Assustado me perguntou:
- O que aconteceu meu amor? Porque me ligou todo nervoso? Lembrou de mais alguma coisa?
Eu: Me lembrei do acidente. Da briga com a Carol. Ela estava no escritório ouvindo nossa conversa naquele dia. Depois ela cobrou explicações sobre nós dois William, sobre meus outros relacionamentos. Ela surtou comigo dentro daquele carro, gritou, me bateu e chorou. O acidente aconteceu pois, o Zé se distraiu por um segundo para tentar nos acalmar. Ela ia contar tudo aos meus pais sobre minha sexualidade, achando que eu e você estávamos tendo uma espécie de caso.
Ele: agora é realidade Hick, nós estamos juntos e se o Dr. Roberto não aceitar, você vai morar comigo, sozinho ou desamparado você não fica.
Eu: William não é questão dele aceitar ou não, a questão é que meu pai e meus irmãos são extremamente violentos, eu não sei qual será a reação deles.
- Hick, seus irmãos já sabem como você é, eles também se aproveitaram da sua condição. Será que seu pai gostará de saber disso? Será que o Dr. Roberto vai aprovar o estilo de vida do primogênito dele? Não se deixe ser acuado pelo Gabriel. Quem tem a perder com essas verdades é ele mesmo, você não é casado e não tem filhos Hick, ele sim.
O William me acalmava, me dava ânimo e me inspirava a tomar a decisão certa e me libertar daquela minha prisão interna, meus medos e neuras.
Me deu um abraço forte e um beijo carinhoso, me fazendo lembrar do quanto eu gostava dele, do seu beijo carinhoso, suas mãos macias e seu corpo quente, fazendo eu me sentir protegido.
Eu olhava para seus olhos brilhantes enquanto ele me acariciava e abria um lindo sorriso no rosto.
- Hick uma vez eu te convidei para ir comigo visitar a fazenda de meus avós, não sei se você irá se recordar agora, mas eu me lembro como se fosse ontem.
"Seus avós tem uma fazenda no interior que eles praticam turismo rural, cavalgada, banhos em riachos e cachoeiras, comidas e doces caseiros, passeios pelas matas e florestas além de outras atividades. Os dormitório são pequenos chalés a beira do rio cercado de árvores enormes e centenárias".
Eu: Sim, eu não me lembro, mas gostaria de saber o que houve nessa viagem?
- Então "Luiz Henrique", era final de semana prolongado de feriado da semana santa.
Eu: Calma, por que me chamou pelo nome completo?
Ele rindo respondeu que eu era muito acelerado.
- Seja mais paciente meu amor rsrs.
E continuou!
- Não sei porque eu insistia em te convidar para sair comigo! Você sempre recusou, nunca podia ou me dava qualquer desculpa esfarrapada, mas naquele dia você sorriu e me disse que adoraria ir passar o final de semana numa fazenda comigo. Eu esperei um "mas", mas você só perguntou que horas eu passaria te pegar.
Eu: Ual, eu sou tão chato assim?
Ele: Não, você fazia isso só comigo rsrs.
Ele riu enquanto apertava meu queixo e continuou:
- Fiquei nervoso com sua confirmação, ensaiei várias falas, pensei em coisas que pudessem te fazer gostar ou pelo menos tentar me dar uma chance. Eu teria três dias para te mostrar como eu realmente era e também para expor um sentimento que eu supria por você desde nossa adolescência. Eu fiquei louco tentando me imaginar contando tudo para você. Não tinha noção de qual seria a sua reação, apesar de você saber que eu gostava de você desde sempre, desde o nosso selinho na sua sala de estar rs.
Ele tinha um pouco de tristeza em seus olhos enquanto me contava sobre a tal viagem.
- Tinha tudo pra ser um final de semana perfeito Henrique. Nós dois num chalé juntinhos, a natureza, a ocasião estaria perfeita e quase foi!
Eu: Quase foi?
Ele: Sim! Nós chegamos as nove da manhã, te apresentei para meus avós e depois fomos para nosso chalé. Você estava animado, eu estava feliz por estar ao seu lado. Nós tomamos banho de riacho e andamos a cavalo. Depois tomamos um banho e fomos almoçar com meus avós. Depois do almoço você recebeu várias ligações, torpedos mas não atendeu ou respondeu a nenhum deles.
Eu: Era o Gabi?
Ele: Você ficou estranho, parou de rir, se mostrou preocupado até que um último torpedo te fez querer ir embora. Nós tínhamos acabado de desfazer as malas e você pediu um taxi para te levar até a rodoviária. Aquilo me deu um momento de desespero e agonia, eu tentei te convencer a ficar, implorei a você que me desse a oportunidade de te mostrar que eu queria você e que eu te amava.
Eu: William, eu fui embora naquele dia né? Eu te deixei naquele chalé sozinho.
Ele: Sim, você foi embora. Você me disse que não tinha outra alternativa, pois tinha que resolver algo muito importante. Eu sabia que eram seus irmãos te precionando, mas eu não queria que você fosse. Te fiz um último pedido e você todo constrangido me deu um beijo, um beijo cheio de carinho e amor e disse:
- Não posso ficar William, eu adoraria passar esses dias na tua companhia, mas ainda não posso fazer isso.
Te ajudei a colocar as coisas no carro e fiquei sozinho naquele chalé, não aguentei te ver partir e cobri meu rosto com as palmas da mãos para que não me visse chorar. Fui embora no outro dia com um aperto enorme no coração, magoado e com muita raiva da sua falta de coragem.
- William sinto muito mesmo.
Ele: Eu estava decidido a não te procurar mais Hick, só que, quanto mais eu tentava te esquecer, mais forte era o sentimento e o amor que nutria por você. Você não me dava chance alguma rsrs, mas o fato de estarmos juntos agora, me faz perceber o quanto valeu a pena por tanto sacrifício.
Eu: Nossa William, eu espero não decepcionar você nunca mais meu amor. Eu já decidi sobre as coisas que quero e você é extremamente essencial para a felicidade na minha vida.
Amanhã eu quero resolver tudo isso com meu pai, meus irmãos e o restante da minga família.