O vizinho — parte 6

Um conto erótico de Bumbum
Categoria: Homossexual
Contém 1750 palavras
Data: 14/02/2016 19:12:08
Última revisão: 14/02/2016 20:15:15

Um imenso abraço a todos. Na verdade, um abraço conjunto, envolvendo toda essa galera que acompanha. E um beijo na bunda também (se me permitem). Vocês são demais. Agora vamos às considerações: Agradeço aqueles que me entenderam. Que entenderam a história. É clichê? Sinceramente, acho que não, e gostei muito do comentário daqueles que concordam comigo. Principalmente o do Lilinho. Mas não estou criticando ninguém. Achei até bom esse momento. Tipo, agora estamos discutindo algo. Isso é genial. Podem botar as problemáticas sem medo. Só não peguem muito pesado porque ainda sou iniciante. Ah, só pra me explicar, se em algum momento acontecer de surgir um clichê, não tenho culpa. Quando vou escrever, penso na primeira frase apenas. E o resto deixo fluir naturalmente. Não curto mudar o rumo. Obrigado, amigos.

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Mas, deixando isso de lado, vamos ao que interessa:

Conto anterior

— Galera, descobri que o Lucas é gay. Outro dia ele pegou no meu pau e agora falou que gosta de mim.

Todos riram muito alto.

— Anem, Lucas, pensei que você fosse homem — Falou Rafael.

— E ele bateu uma pra você, Pedro? — Caçoou Douglas.

Pedro respondeu e todos riram ainda mais alto. Nessa hora, sem chão, sem teto, sem força, sem nada, corri para minha casa e me tranquei no quarto. Ali dentro eu chorei. E chorei muito.

...

Naquele dia, e no outro, e no outro depois desse, e em todo o resto dos dias, decidi não sair de casa para nada. Eu ia apenas para a escola, de mau gosto, e se eu pudesse também não iria. Ali eu não encontraria nenhum dos meus "amigos", mas eu sentia que os alunos ficavam me encarando de forma estranha. Fiquei deprimido sem saber o que era isso. E meus pais e minha avó até ficaram preocupados. E minha irmãzinha sempre batia na porta do quarto perguntando o que estava acontecendo comigo. Eu gritava com ela e a mandava embora.

Por sorte ninguém mais sabia do acontecido além dos "muleques" do futebol. Eu acreditei profundamente que eles me iriam sacanear ainda mais e espalhar para a cidade inteira. Ou pior ainda, contar para os meus pais, o que seria uma catástrofe imensurável. Entretanto, já se havia passado três dias e ninguém tinha ido a mim tirar satisfações, nem me encurralar contra a parede. De certa forma isso me aliviou um bocado. Mas a cara na rua ainda não dava para mim.

E foi então nesse dia que eu recebi uma visita. Já era de tardezinha quando minha mãe bateu na porta do quarto e disse que tinha um garoto no portão. Queria falar comigo.

— Diz que eu tô ocupado, mãe.

— Que? Pode entrar, menino — Ouvi a mãe gritar. — O Lucas tá aqui no quarto. Tá precisando conversar mesmo. Só fica trancado agora. Abra a porta, Lucas.

Cerrei os dentes com força e senti raiva da minha mãe. Como assim já vai mandando o menino entrar? Droga, mãe!

— Espera um pouco — Disse eu sem muita questão de ser educado.

Destranquei a porta.

— Quem é?

— É um amigo seu, ora. Melhora essa cara — Disse a mãe. Deu espaço à visita e voltou para a cozinha.

Nessa hora o Victor apareceu na minha frente. Victor?

— Eai, Lucas, blz?

— Eai, cara. Entra aí.

Sentei-me na cama e me encostei na cabeceira. Victor sentou-se aos pés.

— Tá acontecendo alguma coisa contigo? — Perguntou.

— Não, tá tudo normal. Só to meio cansado por causa da escola — Respondi seco.

— Hum. Mas sua mãe disse que você só fica no quarto agora. Aí pensei...sei lá o quê.

— Relaxa, ela exagerou. Eu to bem.

E sem prosseguir o assunto um silêncio perturbador se estabeleceu. Foi inevitável pensar que cedo ou tarde haveria de surgiu, ali naquele quarto, um assunto passado e terrível para ser remoído. Sempre depois do silêncio isso acontece. Sempre quando já estamos um pouco melhor. No fundo eu torcia para que não. Mas na minha cabeça não surgia um tema alheio e descontraído para substituir aquela possibilidade. Eu não conseguia começar um assunto qualquer. Minha boca parecia travada. E eu não sabia o que se passava na cabeça do Victor.

— Você viu o novo filme que tá no cinema? — Quando Victor disse isso, até me aliviei.

— Não.

Eu estava sendo meio grosso e seco porque quem ri de mim não merece minha educação. Para falar a verdade, o Victor só estava no meu quarto para despistar minha mãe. Se eu o tivesse impedido de entrar, certeza que ela ficaria com suspeita de algo. Aguentei numa boa o Victor estar ali comigo. Mas tratá-lo como se nada tivesse acontecido era pedir demais. Pedir muito mesmo.

— O filme é muito bom — Completou Victor. — Eu não vi, mas ouvi dizer que é. Não me recordo agora é do nome.

Então, outro silêncio. Mas esse durou bem mais que o outro. Foi um silêncio até chato. Mas como o outro, também fora quebrado:

— Lucas — Victor se ajeitou na cama, se virando um pouco mais para mim —, é verdade o que o Pedro disse aquele dia?

Eu soltei um "aff" só na minha cabeça. "Eu sabia", pensei. "Sabia que essa hora iria chegar".

— O que você tem a ver com isso? — Olhei bem nos olhos do Victor.

— É que é difícil de acreditar. Você não é desses.

— Cala a boca. Me deixa em paz.

— Olha, até peço desculpas por ter achado graça aquele dia. Eu pensei que tinha sido só zuação. Foi verdade, né?

— Se foi você não tem nada a ver com isso.

— Eu sei que não tenho nada a ver, mas é que se for verdade, o Pedro pisou na bola feio. Seus pais sabem?

Fiz uma pausa antes de responder:

— Graças a Deus, não.

Victor soltou um sorriso bem curto e honesto.

— E como você está? É por causa disso que só fica no quarto?

E então minhas palavras saíram naturalmente, como se tudo de ruim que eu sentia em relação ao Victor tivesse simplesmente sumido. Eu nem percebi. Mas foi bom, confesso, foi um desabafo que eu precisava muito.

— Sabe, foi terrível ver vocês rindo de mim. E pior ainda o Pedro, que eu gostava muito. E pensei que ele podia gostar de mim também...Sabe, eu fiz aquilo, sim, mas foi por curiosidade. Acontece que depois eu comecei a gostar dele mesmo. Do Pedro.

— Eu sei como é.

"Sabe?", questionei comigo mesmo. E houve outro silêncio.

O Victor era mais velho que eu dois anos. Morava perto da minha casa, mas em outro bairro. Na verdade o que separava a minha cada da dele era uma avenida e uma esquina. Era bem perto. Ainda assim quase nunca nos víamos. Só nos dias de futebol, quando ele vinha com os outros garotos para a minha rua se encontrar com mais alguns outros e formar os times. Futebol eu nunca joguei. Nunca fui bom. Só ficava observando. No dia de jogo, que era compromisso para os garotos, a rua inteira ouvia a euforia.

Eu conhecia o Victor há muito tempo, mas só passei a conversar com ele mais tarde. E até fui à casa dele algumas vezes. No dia do seu aniversário ele me convidou, e outros colegas dele também. Eu fiquei meio perdido, claro, mas todos nós nos conhecíamos e bastou foi tempo para começar a farra. Na festa só foi os meninos, nada de adultos. Foi muito bom.

Os pais do Victor eram bem legais, mas o pai, em específico, era super protetor em relação a ele. Meu Deus, como era! Talvez porque Victor fosse filho único. De qualquer forma, aquela família era agradável e bem descontraída.

"Eu sei como é", voltei a pensar. E a curiosidade me dava um calafrio na espinha.

— Você já gostou do Pedro também? — Então perguntei.

— Não. Não do Pedro. Mas a questão é que eu já deixei de ser correspondido. E sei como é.

Minha testa enrugou. Meu semblante ficou curioso.

— Como assim?

— Eu já gostei de um amigo também. Na verdade tudo aconteceu quase da mesma forma que aconteceu com você, tirando a parte da mão aqui e ali — Nessa hora eu fiquei um pouco constrangido. E percebi que Victor também ficou por mim. Ele então tentou amenizar: — Mas não tem nada demais nisso, Lucas. Eu também já fiz o que você fez, e achei bom — Riu. — Mas não fiz com esse amigo que eu gostava. Com esse eu apenas fui me aproximando e me insinuando. Até ele perceber e me dar um soco um dia.

— Ele te bateu? De verdade?

— Sim. Fez um corte na parte de dentro do meu lábio inferior — Apontou com o dedo. — Sorte que não quebrou nenhum dente. Mas deixa isso pra lá. Sobre você, sei o que ta sentindo e sei como é ruim. Mas vai passar. Se quiser conversar sobre algo, pode me chamar, ou pode ir à minha casa também.

— Pra você me caçoar na frente dos seus amigos? Pra você me chamar de gay?

— Lucas, desculpa por ter achado graça aquele dia. Já pedi e poço de novo. E quero muito que você a aceite. Estou sendo sincero, poxa. Eu fui um idiota. E já disse que pensei que tinha sido só zuação. Mas agora sei que não foi e estou puto com o Pedro. Trouxa, aquele muleque.

Eu fiquei calado. E só conseguia pensar que o Victor estava sendo como o Pedro. Agradando aqui e ali, dizendo coisas boas no início, me animando, para depois me apunhalar pelas costas, como fez. Se eu passasse por isso de novo eu me mataria, certeza. Entretanto, no fundo eu carecia de todas aquelas palavras que o Victor me entregara. Eu precisava ouvir outra voz que não a dos meus pais e a da minha irmã. Eu precisava desabafar. E o Victor me ajudou muito nesse ponto. Por isso, arriscando minha vida, literalmente, decidi dar um voto de confiança a Ele.

— Obrigado, Victor, mas na sua casa acho que ainda não. Ainda tenho receio.

— Não tem problema, se quiser eu venho. E só pra você não ficar preocupado, venho o mais escondido possível. Vejo se tem gente na rua e tudo. Se quiser a gente marca até a hora. Aí você já abre o portão sem precisar que eu bata ou chame e faça barulho. Pode ser? Amanhã, seis da tarde?

Balancei a cabeça positivamente. Victor se levantou, falou um "xau aí" bem suave e saiu. Eu o acompanhei até ao portão. Antes de ir, entretanto, olhou o movimento da rua. Não tinha ninguém. Só aí foi embora de fato.


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Comentários

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ESSE JOGO DE SEDUÇÃO DO VICTOR ACHO MEIO COMPLICADO. QUANDO SE ESTÁ CARENTE A GENTE PODE ACABAR CAINDO NA LÁBIA DO PRIMEIRO QUE OFERECER ALGUMA PALAVRA BONITA QUE A GENTE ESTÁ QUERENDO OUVIR. CUIDADO...

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Gostei sei n esse victor ai deve aprotando alguma.coisa bjs

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Li seu conto e gostei muito. Gostei da escrita e do roteiro. Você transmite muita naturalidade. Parabens!!

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ta muito bom, não li de início seu conto, mas ele está demais. Também estou com pé atrás com o Victor.

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Meu amigo que marimba é essa aí, tô desconfiado desse Victor tô achando q é uma armadilha daqueles mulekes. Abraços e bjs 😄 😘

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Ao mesmo tempo que acho fofo Victor eu fico com pé atrás. Não sei... tem que ver pra crer.

Quando ao clichê, gosto do seu enredo e acho bom, vejo detalhes que demonstra sentimento e msm o povo dizendo ser clichê ainda vejo um conto bem escrito e uma história prazerosa. Parabens. Sou seu fã. Abraço

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